Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

One Life 3

— Desculpe? — o ser energúmeno se fez de desentendido.
— Não está à venda — dei um sorriso duro.
— Diga o seu valor — ele tomou um pouco do martini, a outra mão estava dentro do bolso da calça, uma posição que o deixava mais elegante.
O encarei seria. Percebi Ashley nos olhando sem entender meu comportamento rude, mas não achei conveniente explicar que essa marra dele me tirava do sério, além de todo um mistério que eu não estava a fim de resolver. Ele agia como se fosse inalcançável.
Ao me ver quieta, o rapaz tirou a mão do bolso, me mostrando um cheque assinado com o valor em branco.
— Só dizer.
— Então agora posso saber seu nome? — questionei, debochando.
Seu sorriso se ampliou e ele olhou para o quadro.
— Eu realmente gostei desse aqui, já estou até pensando em que cômodo colocar.
Continuei fitando seu rosto, esperando encontrar alguma coisa que indicasse que ele estava brincando.
— Eu também gosto — cruzei os braços, testando para ver até onde ele levaria isso.
Seus olhos castanhos lampejaram para meu rosto, ele parecia apreciar minha teimosia.
— Se quiser eu imploro de joelhos.
Arqueei a sobrancelha descrente. Ele não parecia ser um homem de meias palavras, e bem que gostaria de vê-lo de joelhos. Entretanto, estava curiosa para saber seu nome. Eu tinha a péssima mania de obsessão ao que me era negado.
— Três mil dólares — disparei com um sorriso presunçoso.
Os olhos de Ashley se arregalaram, ela certamente estava me achando uma doida, não se vendia um quadro de um "anônimo" no mercado a esse preço, muito menos de um anônimo iniciante, e eu sabia muito bem disso.
Os lábios do comprador se comprimiram, contendo um sorriso, mas eu via que o estava divertindo. Ele estendeu sua taça para Ashley.
— Por favor.
Ela segurou o objeto, mais confusa ainda ao ver que ele acatava a oferta. Sua mão se direcionou para dentro do paletó e ele pegou uma caneta dourada, que não parecia nada barata, e começou a escrever no papel retângulo apoiado em sua mão. Em seguida, me passou o papel.
Peguei curiosa e olhei.
— Você escreveu mil dólares a mais, senhor Bieber — li o conteúdo em minha mão.
Justin Drew Bieber, era um blefe?
— Mais mil de gorjeta — explicou, guardando a caneta.
Gorjeta?!
— Espero que não seja um cheque sem fundo — alfinetei, ainda desconfiada.
Mas ele parecia ser tudo, menos caloteiro, era impossível por trás de toda aquela elegância. Até a letra dele, embora estivesse escrito sem apoio, era impecável.
Então, se não estava mentido, estava fazendo um show próprio de exibição para sua pequena fortuna?
— Está ofendendo minha integridade, senhorita. Ninguém seria burro o suficiente para fazer isso com um Evans.
Forcei um sorriso e entreguei o cheque para Ashley. Ela devolveu o martini do agora Bieber e saiu pedindo licença. Não deveria estar um clima agradável.
— Eu mesmo levarei o quadro hoje, quando sair da festa — informou.
Assenti.
— Você não estava tentando comprar minhas desculpas, certo? — semicerrei os olhos, ainda querendo saber onde ele queria chegar com tudo isso.
— Está fazendo de novo — me repreendeu — Mas realmente sinto muito se me entendeu mal.
Eu não acreditava na sinceridade forjada em seu olhar.
— Você é um convidado bem peculiar.
— O que eu posso dizer? Não me enquadro aos padrões.
Ele me encarou de volta, sem perder aquele sorrisinho do rosto. As coisas começaram a ficar complicadas por ele ter aquele beleza exorbitante, e eu comecei a transpirar, mas era tão teimosa que não deixaria ele ganhar esse jogo. Jornalistazinho irritante.
— Acho que começamos com o pé errado. Sou Justin Bieber — estendeu a mão para mim.
— É agora que você me mata?
Ele deu uma risadinha. E minha nossa, eu não achava que ele pudesse ficar mais atraente.
Concentre-se Faith!
— Não, podemos dar um jeito nisso. Vai ser nosso segredinho — sua mão buscou a minha, já que não fiz questão de mover, e em meio segundo seus lábios estavam tocando minha pele.
Tentei manter a mesma expressão, visto que ele não desviava seus olhos de águia dos meus.
— Seu nome é um segredo ou você é?
Ele sorriu, e eu sabia que seria minha única resposta.
— Me concede essa dança? — perguntou repentinamente após olhar por sobre meu ombro.
— Oi? — gaguejei.
— Oi, tudo bem? Dança comigo? — ele se inclinou com a mão estendida, fazendo questão que todos soubessem que estava me tirando para dançar.
Que feio seria Faith Evans recursar o pedido de um cavalheiro, seus olhos ardilosos diziam.
Eu iria matá-lo.
Lhe dei minha mão, tentando dar um sorriso simpático pelos olhares que atraíamos. Ele nos conduziu para o centro, onde Hanna e Wren ainda dançavam, entretidos demais para perceber que havíamos nos juntado a eles. Claro, era deles que ele havia tirado a ideia. Se eu ao menos pudesse ter impedido que Hanna aceitasse o pedido...
Coloquei minha mão direita no ombro de Bieber e ele ajeitou seu braço em minha cintura, me puxando levemente para mais perto. Isso fez com que eu ficasse um pouco nervosa. Nosso pequeno contato não era recebido com calma por meu corpo.
— Você costuma ser o tempo todo tão manipulador assim? — falei baixo, disfarçando minha irritação.
— Manipulador? Eu? — ele nos guiou de um lado para o outro, como o ritmo da música mandava.
Ótimo, ele também era um bom condutor de dança.
Fitei seu rosto magnífico, mas estava perto demais para que eu conseguisse olhar por muito tempo sem que tropeçasse em meus próprios pés.
— Imagina, senhor Bieber. 
— Achei que gostasse de um pouco de atenção. 
Certamente éramos o centro das atenções naquele momento, mas não por minha própria vontade.
Mordi a língua, impedindo qualquer impulso que rebaixasse minha linguagem.
— Acho que você não sabe nada sobre mim.
Ele me olhou, mais satisfeito ao notar que meus olhos ardiam cada vez mais de raiva. Ele estava mesmo tentando me matar. Se eu desse o escândalo que me induzia, seria perfeito para sua matéria barata pela manhã.
— Conte-me, senhorita Evans,
Bem na mosca.
— Para você encontrar alguma fofoca boa e escrever uma matéria de como sou indecente? Não, obrigada.
A surpresa foi instantânea em seu rosto, até que ele começou a rir.
— Você acha que sou de algum jornal ou revista? Sério? — agora ele estava debochando.
— Foi a única conclusão que tirei pra você ser completamente perturbador e chato.
Sua risada se intensificou, e eu bolei uma estratégia para sair de seus braços, poderia fingir que estava rindo, empurrá-lo como se estivesse brincando, e ir para long. Ninguém suspeitaria que eu estava na verdade controlando meu impulso homicida.
— Senhorita Evans, não tire conclusões precipitadas sobre o meu caráter quando acaba de me julgar por fazer isto com você.
Qualquer traço de simpatia em meu rosto — por causa do público que tínhamos — se extinguiu.
— Então o que você quer aqui? — eu não gostava dele, nem um pouco. Toda sua beleza era dissimulada por seu gênio.
— Só quero aproveitar a exposição de uma artista talentosa que, por uma grande oportunidade do destino, está reservando um tempo para mim — ele baixou a guarda.
— Destino ou manipulação sua?
Ele deu uma risadinha, mas então encarou o fundo dos meus olhos.
— Faith, conversa comigo.
Sua sinceridade e intensidade me pegaram desprevenida, e precisei de um momento para me recompor.
— Juro, não estou aqui para conseguir uma matéria de como sua vida realmente é, ou retratá-la de uma forma pior. Eu não trabalho para nenhum tipo de revista de fofoca ou coisa parecida. Não sou repórter nem jornalista.
Considerei o que ele dizia, mas antes que chegasse à uma conclusão se deveria confiar em sua palavra, Bieber estava falando de novo:
— Então, está gostando da sua festa?
Suspirei.
— Mudaria algumas coisas, como alguns dos convidados — respondi impetuosa.
Ele não se contentou apenas em sorrir e deu uma risadinha, desviando a cabeça por um momento. Só então percebi que estava olhando seu rosto há muito tempo, e por mais que ele estivesse me desagradando, meu corpo não parecia achar o mesmo, portanto relaxou por estar livre por um momento.
— Algo mais? — e novamente eu era alvo do seu olhar penetrante.
— Talvez a música — admiti, baixando minhas armaduras aos poucos.
Ele mordeu a boca por dentro, tentando não sorrir. Maldito rosto.
— Para não ter que dançar com os convidados, imagino.
— Não somente. Você não é o centro de tudo, sabia?
— Agora sim você me ofendeu — ele franziu a testa, fingindo estar chateado.
Ignorei.
— Eu gostaria mais de algo como Nirvana, Metallica...
— Você gosta de Rock — murmurou com surpresa.
Dei de ombros.
— Gosto. Tenho minhas fases, mas rock sempre foi uma boa.
— Mais alguma coisa?
— A comida. Estou morrendo por uma porção de batata frita — confessei.
Ele sorriu um pouco com minha sinceridade, nem eu sabia de onde tinha vindo isso, mas era estranhamente fácil me abrir para seus olhos agora agradáveis. Estava torcendo para que fosse recíproco e ele não tivesse mentido sobre trabalhar em alguma revista. Eu já podia imaginar a capa "Faith Evans, ingrata e anti-social, detesta sua festa".
— Não sou o único a não me encaixar aos padrões.
— Mas é o único estranho — retruquei.
Ele riu pelo nariz e balançou a cabeça.
— Você me odeia e nem me conhece.
— Eu não te odeio... Nem gosto de você — desviei os olhos para o chão, fazendo descaso.
— E não quer me conhecer?
Ele estava fazendo o olhar sedutor propositalmente? E que raio de pergunta era aquela?
— Não acho que você deixaria — me esquivei, seja lá qual fosse sua intenção.
— Quem disse? — desafiou, apertando um pouco mais o braço na minha cintura.
Meu estômago se agitou.
— Eu sei.
Um sorriso brilhou em seu rosto enquanto ele me avaliava.
— Então, o que você está escondendo? — disparei a pergunta.
— O que quer dizer?
— Se não é um jornalista, é um espião tentando favorecer alguém no mercado da arte?
Ele riu, balançando a cabeça.
— Acho que você não sabe nada sobre mim — me imitou presunçoso.
— Conte-me então, senhor Bieber — prossegui com o jogo, sarcástica.
— Tente algumas perguntas não muito específicas.
O encarei, arqueando a sobrancelha. Meu costume de pedir explicações sem precisar gastar saliva.
— Você não parece ser uma pessoa que queremos decepcionar — explicou com uma piscadela.
Ele estava mesmo tentando me seduzir? Depois de tentar me matar de irritação?
— Não entendo o por que me decepcionaria.
— Apenas pergunte.
Pensei um pouco, arquitetando uma pergunta que ele responderia tranquilamente.
— Você trabalha? Estuda?
Seus olhos se desviram e percebi que ali havia algum segredo também.
— Trabalho, apenas — ele me sondou, não querendo dizer demais.
— Em que?
Seu sorrisinho reapareceu.
— Sem perguntas específicas, lembra? Mas garanto que não é em canais de informação, revista, jornal, televisão e derivados. - acrescentou antes que eu pudesse acusá-lo novamente.
Mesmo assim, qual seria o motivo de não querer contar seu trabalho? Teria vergonha? Seria ilegal? Precisava de um disfarce?
Ele poderia ser algum concorrente do meu pai. Entretanto, se fosse não faria sentido ser convidado para a festa, faria?
— Você é algum tipo de bandido? — supus.
Ele deu uma risadinha, a mão que segurava a minha me fez dar uma volta.
— Não seja absurda, Evans.
— Você é estranho — afirmei outra vez.
— Obrigado, você também é encantadora — ele concentrou seus olhos de tal modo em mim que me deixou sem graça e totalmente desastrada.
Era a quota. Eu já havia abusado demais da minha auto concentração. Tropecei em meus pés, mas antes que pudesse cair, ele levou as mãos às minhas costas, se inclinando sobre mim, como se fosse um passo planejado desde o início.
— Cuidado.
Olhei seu rosto tão perto, me surpreendendo ainda mais com a beleza esculpida bem na sua cara que me fez perder um pouco do ar. Como alguém tão ugh poderia ter um rosto assim?
Fiz menção de levantar e assim ele permitiu, em seguida me soltei com um sorrisinho.
— Chega de dança — declarei quase ofegante.
— Bem na hora certa. Algumas pessoas estão indo embora e seu pai não para de te encarar — ele olhou por sobre meu ombro.
Suspirei e olhei para trás, vendo os pares de olhos cobradores me fitando intensamente, como se pudessem furar minhas costas. Eu deveria ir para lá, imediatamente.
Me virei novamente com um pedido de desculpas para Bieber, mas ele não estava mais ali.
Fiquei confusa por um momento, mas caminhei até a porta para me despedir do casal que conversava com meus pais enquanto tentava entender todo aquele momento insólito que acabara de acontecer com o rapaz de olhos castanhos. Não cheguei à lugar algum.
— Quadros maravilhosos, senhorita Evans, quando estiver disposta à vendê-los não esqueça de nos contatar — o homem com o terno preto murmurou com sua voz grossa meio falha.
Assenti com um sorriso educado.
— Foi uma honra ter a presença de vocês esta noite.
Demos apertos de mão como despedida, e no momento em que viraram as costas, voltei minha cabeça para trás levemente, procurando aquela incógnita intrigante.
— O que está procurando, Faith? Por que está tão inquieta? — minha mãe segurou meu braço, chamando minha atenção.
Assim que a olhei e abri a boca para responder, meu pai interrompeu.
— Quem era o rapaz que estava dançando com você este tempo todo?
— Achei que você conhecesse todas as pessoas que convida — investiguei.
— Não tenho como saber o nome de todos, Faith Angel. Quem era?
— Justin Bieber.
Observei sua reação, procurando algum sinal de reconhecimento. Eu gostaria que meu pai me informasse sobre ele, mas não havia nada além de uma curiosidade mórbida.
— Por que eu o chamei? O que ele faz?
— Isso quem deveria me dizer era você.  Mas ele comprou um quadro.
— Essa não é uma noite de vendas — ele apertou os olhos, questionando meu comportamento com meus quadros. Sempre me controlando mais do que a relação paternal exigia.
— Ele estava disposto a qualquer valor. Quatro mil dólares.
Seus olhos se arregalaram disfarçadamente, mas ele nunca se deixava ser vencido.
— Poderíamos ter conseguido um pouco mais.
Concordei com a cabeça, sabendo que era inútil discutir.
— Como faremos a entrega?
— Ele mesmo levará.
— Então suponho que o carro não seja tão humilde.
— Quem você convida que é humilde? — sorri com uma crítica implícita.
— Você deve ter uma boa roda de amigos — justificou-se orgulhoso.
— Essas pessoas não são suas amigas pai, não seja ingênuo. Talvez os Peters.
O sorriso em seu rosto sumiu e eu segurei o riso.
— Se comportem vocês dois — Eleanor sussurrou, interrompendo — Estamos em uma festa e há convidados se aproximando — o sorriso em seu rosto já estava montado, avistando nossa próxima vítima.
Nossa demora na porta deve ter espantado os convidados, estavam todos indo embora. Eu deveria admitir que estava aliviada. Era ruim forçar tantos sorrisos, minha bochecha estava doendo. Talvez se fosse uma festa organizada por mim eu apreciasse um pouco mais. Todas essas pessoas "importantes" me deixavam nervosa. Eles tinham uma postura de superioridade que conseguia te dominar se não estivesse fortalecido.
— Onde está o rapaz que comprou o quadro? Aliás, você pegou o cheque? — meu pai disse discretamente após o homem da careca brilhante sair.
— Você não acha que ele parece o Pitbull? — comentei distraída, dando uma risadinha.
O olhar mortal que recebi dos meus pais me fez parar de rir. Ao que parece essa festa carecia de senso de humor.
— Ela só está nervosa, Bryan, sabe disso — a figura maternal veio em minha defesa — Não se preocupe querida, ele já vai aparecer.
— Qual foi o quadro comprado?
— Dark Inside — revelei com um sorrisinho cheio de dignidade.
Eles certamente ficaram surpresos, mas uma espécie de Oprah surgiu para os cumprimentos.
Alguns minutos depois a família Peter veio em nossa direção, mas sem Wren. Hanna também não havia aparecido ainda, percebi com satisfação, e os dois não estavam mais na 'pista de dança'. Eu já esperava que ela fosse ser a última convidada, tínhamos alguns surtos para dar. Por ''puro acaso'', ela não parecia estar mais disponível.
— Senhorita Evans, o senhor Bieber a aguarda na sala de estar para a retirada do quadro comprado — Ashley apareceu na porta assim que o casal vizinho saiu.
— Obrigada. Deixem-me cuidar disso — disse aos meus pais, percebendo sua menção de ir comigo.
— Não podemos conhecer o homem que te monopolizou uma parte da festa e ainda comprou um quadro? — meu pai protestou.
— Lógico que podem, mas apenas estou dizendo para não interferirem no meu negócio, por favor.
Bryan simbolizou uma chave com a mão, trancando os lábios.
Eu o conhecia bem demais para cair nessa.
Me direcionei à sala seguida pelos dois, e em todo o caminho não vi Hanna e Wren, já Bieber estava em frente ao quadro com as duas mãos no bolso da calça.
— Reconsiderando, senhor Bieber?
Ele olhou para mim assim que ouviu minha voz e sorriu.
— Estou apenas admirando o que é meu.
— Fico honrada que realmente tenha gostado.
Seus olhos se direcionaram ao meu pai com uma emoção bem escondida, mas que estava ali. Eu supunha ser interesse, admiração, algo que sempre estava presente na expressão das pessoas que viam meu pai e o conheciam, o homem que saiu do quase nada com uma empresa de ar condicionado de qualidade, e que agora abrangia os mais diversos produtos eletrodomésticos.
— Senhor Evans — ele se aproximou, estendendo a mão com uma postura impecavelmente educada.
— Bieber, não é? — ele assentiu — Belo cabelo.
— Obrigado, senhor. Senhora Evans — ele beijou a mão da minha mãe que abriu um sorriso considerável ao olhar para o rosto dele. 
Mamãe havia encontrado outro candidato para jogar em cima de mim, mas eu duvidava que ultrapassasse Wren em seu conceito.
— Ficamos gratos por comprar o primeiro quadro da Faith — minha mãe murmurou — Tem certeza que gostaria de levar você mesmo e agora?
— Vou começar a familiariza-lo comigo — respondeu humorado. 
Ashley entrou no cômodo acompanhada de nosso motorista Etienne. Ele era um senhor simpático de cabelo grisalho, tendo em média uns 55 anos — eu nunca perguntei sua idade, mamãe dizia que isso ofendia as pessoas, sempre achei que era uma coisa que importava mais a ela do que a qualquer um. No momento, Etienne carregava uma escada para alcançar o quadro e retirá-lo da parede. 
— Então fez uma venda, menina? — ele sorriu para mim, e dava para ver em seu olhar que era sincero.
— Sim, senhor. Pode tirá-lo, por favor, para nosso comprador? 
— Com toda certeza. Você fez uma bela compra, rapaz — ele murmurou para Bieber que assentiu, concordando.
Após ajustar a escada dobrável, ele subiu, e com cuidado tirou Dark Inside do prego. Bieber estava ao pé da escada estendendo a mão para quadro, facilitando a descida de Etienne.
— Obrigado — respondeu instantaneamente, descendo os degraus — Cuide bem dessa obra, é uma das minhas preferidas — ele direcionou seus olhos escuros para o garoto que agora detinha o meu quadro. 
Esse também era um de meus preferidos e eu era absolutamente grata pelo apoio que Etienne me dava, algumas vezes até mais que meus pais. 
— Pode ter certeza, senhor.
— Quer que eu busque o seu carro, chefe?
— Não precisa, meu motorista já está me esperando, obrigado. Aliás, Evans, eu preciso ir. Agradeço muito por essa noite. Vocês são muito hospitaleiros — Bieber disse um pouco apressado de repente, e eu me perguntei para o que. Não era possível que ele tivesse um lugar para ir a essa hora da noite. 
— Eu te acompanho ao portão — eu disse educadamente, previamente sem outra intenção. Após alguns segundos percebi que isso poderia me ser útil para conseguir algumas respostas. 
Meus pais me olharam com aprovação. Na maioria das vezes eu me sentia uma marionete, eles estavam sempre me observando e até me controlando com o olhar. Cada fala, cada gesto meu deveria ser previamente ensaiado. 
— Não gostaria de incomodar — ele me olhou sorrindo e pude reparar em seus olhos que estava querendo competir no quesito educação. 
Eu quase pude ouvir um suspiro de Eleanor. Educação era um requisito para esta família, Bieber atingiu o ponto certo. 
— Eu insisto, vamos? — imaginei se ele havia adivinhado minhas intenções e planejava escapar das minhas perguntas, mas eu tinha certeza de que não diria nada que não quisesse. 
— Será uma honra.
Nesse momento eu soube que minha mãe estava com as mãos coçando para bater palmas. Saí na frente para não participar mais do show enquanto ele se despedia dos meus pais. Abri a porta e esperei pacientemente, sentindo os protestos dos meus pés que já estavam há muito no salto alto.
— Que expressão é essa, Faith Evans? Algum problema? — Bieber se aproximou de mim, forjando uma preocupação que encobria seu divertimento. 
— Fique em pé por horas em saltos de 15 cm e vai entender qual é o problema — andei na sua frente e ele veio logo atrás com uma risadinha. 
— Você ainda está com fome, não é?
— Se você quer dizer que fico mal humorada quando estou com fome... Você está certo — admiti, isso não era uma coisa que eu pudesse negar.
— Geralmente estou.
Já estávamos no meio do quintal e eu ainda não havia feito pergunta nenhuma.
— O que foi aquele show de educação? — olhei cética.
Seu rosto sob o brilho da lua era ainda mais bonito, seus olhos se destacavam numa complexidade de verde, mel e caramelo.
— Não queria te deixar fazendo um solo.
Balancei a cabeça, me concentrando.
— Se estava querendo conquistar o coração da minha mãe, conseguiu.
— Por que eu iria querer conquistar sua mãe?
Isso destruiu qualquer suposição minha de que ele estava interessado em mim, e surpreendentemente isso me decepcionou. Deveria ser meu ego sendo ferido.
— Você realmente acha que eu tenho a resposta para isso? — devolvi rápido antes que ele percebesse meu pequeno caos de surpresa e desapontamento.
— Estamos jogando ''responda com perguntas''? — sua testa se franziu.
— Você quer jogar?
— Já começamos?
Seu sorriso era uma resposta para sua própria pergunta. 
— Você é sempre tão idiota assim?
Sem querer eu estava dando continuidade ao seu joguinho, mas eu gostava naturalmente de fazer perguntas irônicas.
— Por um acaso está interessada? — ele arqueou as sobrancelhas duas vezes com uma expressão sugestiva.
Eu ri, revirando os olhos. 
— Ok, você é estranho e idiota — declarei.
— E você perdeu — ele sorriu presunçoso.
— Eu não estava jogando. 
— Ah querida, isso é desculpa de perdedores.
Parei por um segundo, perplexa.
— Era brincadeira — ele disse risonho.
— Você gosta de brincar com fogo — reprovei.
— Se você é o fogo eu já estou queimando — ele piscou um olho, me deixando muda. Esse homem estava me confundindo.
Tentei respirar e pensar em algo para dizer.
— Meu motorista está esperando. Eu tenho que ir — Bieber disse antes que o silêncio ficasse incômodo. Ele devia estar acostumado com esse tipo de situação, deixar garotas sem fala por seu charme exagerado.
— Vai ir embora sem me revelar algumas verdades mesmo? — desengasguei.
— Você está querendo meu número de telefone? — ele sorriu com malícia.
— Por que eu iria querer?
E lá estava novamente aquela risadinha maldita.
— Você ganhou essa rodada.
Eu ri, desacreditando que ele ainda estava pensando no jogo idiota.
— Boa noite, senhorita Evans, esta noite foi espetacular. Adorei o quadro — ele apontou para o mesmo.
— Meu pai disse que não te conhece — disparei, eu não teria mais chances para isso e a curiosidade estava me sufocando. 
Bieber abriu um sorriso de puro prazer, segurou o quadro com uma mão só e pegou minha mão direita com a outra, beijando com delicadeza.
— Tenha um sono revigorador.
— Você é inacreditável — cruzei os braços, emburrada.
Ele quase riu e virou as costas, saindo pelo portão e entrando em uma limosine elegantemente após colocar o quadro lá dentro. Antes que o carro saísse, o vidro se abaixou e seu olho esquerdo deu uma piscadinha para mim.
— Inacreditável — repeti, murmurando sozinha e balançando a cabeça.
A incógnita da noite acabava de escapar por entre meus dedos, levando meu quadro e minhas respostas. 

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