Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

One Love 30

Tinha certeza que o andar de baixo continuava exatamente da mesma forma que eu vira minutos atrás, mas havia alguma coisa de diferente notável no ar. Ponderava o que poderia ser nos últimos degraus da escada quando fui interceptada por Eleanor e Bryan. Desejei dar meia volta ao reparar nas expressões graves, depois entrei em um acordo comigo mesma de que não era mais obrigada a suportar possíveis broncas dos dois, se eles começassem, simplesmente os deixaria falando sozinhos.
— Gostei do vestido — Eleanor disse, provavelmente para amaciar minha carne primeiro — Podemos ter uma conversa em particular? — indicou ligeiramente para a cozinha.
Apenas cinco minutos, foi tudo o que eu decidi reservar a eles. Os segui até a sala de jantar com o pensamento dividido entre reviver os últimos momentos com Justin e consequentemente elencar teorias, e me preocupar com a conversa que este preparara nas minhas costas. Juntando os dois pontos cheguei a uma única pergunta: Justin teria feito todo aquele discurso e finalizado com beijos só para eu esquecer de que estava furiosa com ele?
— Estamos ansiosos para entregar seu presente. Queríamos guardar até o fim da festa, mas concluímos que não há razão para esperar — Bryan tomou a palavra, enlaçado ao braço de Eleanor. Os dois trocaram um olhar cheio de expectativa, me dando a percepção de que aquele presente fora ideia dos dois. Uma ideia cultivada com calma. No mínimo, me despertou curiosidade. 
Bryan tirou de dentro de seu paletó um envelope dourado e o estendeu na minha direção, exalando um misto de nervosismo e satisfação pessoal. Eles estavam orgulhosos pelo gesto, não dava para negar. Com tanto mistério, não demorei a tomá-lo de sua mão, descartando qualquer tipo de suspense para investigar o conteúdo. Tirei o papel solitário e o li com ceticismo. 
Reli inúmeras vezes, certa de que não havia entendido ou pulado algumas palavras. Quando percebi que o resultado era sempre o mesmo, os encarei a fim de que me explicassem. Bryan segurava a mão de Eleanor nervosamente. 
— Sei que é um pouco tarde para tomar essa atitude — começou, firme — Mas o meu maior medo sempre foi falhar com essa família. Eu nunca quis que carregassem peso algum nas costas, e pensei que podia resolver isso sem tirar o conforto de vocês. Agora entendo que essa decisão não cabia exclusivamente a mim — respirou, apertando os olhos, persuasivo — Faith, só consegui tudo o que temos porque lutei, e não quis abrir mão tão fácil assim. Diante do meu fracasso contínuo em resolver a questão, enxerguei que ceder à essas imposições também é lutar, lutar por vocês. A única coisa no mundo que realmente me importa são vocês. Manter todo esse capital apenas nos deixou em risco e te afastou do lugar ao qual pertence. Então sua mãe e eu decidimos entregar tudo sem nem olhar para trás, recomeçar do zero. Primeiro quisemos te dar uma festa de aniversário que realmente te agrade enquanto ainda temos condição, porque todo esse luxo só vale a pena se você estiver aqui. Sabemos que todo o dano causado nunca será apagado. Eu nunca vou me perdoar pelo falecimento de Bieber, e não sou tão audacioso assim para esperar que me perdoe. Só peço que não se esqueça o quanto te amamos. 
Eleanor estava mesmo limpando lágrimas que disfarçadamente escapuliam por seus olhos. Bryan esperou que ela completasse seu discurso, porém, quando percebeu que chorava, se esforçou para deixá-la fora de vista, fugindo da sensibilidade que antecipadamente ameaçava subir ao seu rosto. Parecia difícil acreditar que a palavra "amor" havia realmente saído de seus lábios. O orgulho de Bryan Evans o precedia, demonstrar sentimentos para ele era o mesmo que andar nu no meio de um campo de batalha congelado. Mas ele finalmente cedia.
Senti meu coração dar uma vacilada ao tempo que reprimia a vontade de eximi-lo de uma morte inexistente. Comovida, reagi de acordo com meus impulsos, sufocando meu pai com meus braços, escondi a cabeça em seu peito. Eu não me lembrava qual havia sido a última vez que nos abraçamos, mas estar envolvida por ele me trazia um gosto de chocolate quente e filmes infantis. Quando criança não me importava de exigir seu amor, principalmente ao reencontrá-lo depois de uma de suas longas viagens à trabalho. Ninguém sabia fazer uma birra como eu para obrigá-lo a assistir um filme de minha escolha.
Passado um minuto, Eleanor não resistiu e se juntou ao abraço. Pela primeira vez em muito tempo, me senti imensuravelmente feliz, completa, inteira. E de repente, percebi o quanto me custou cultivar mágoa dos meus próprios pais. Eles tinham seus defeitos, mas me faziam muita falta, ter alguma coisa para me agarrar como uma redenção por parte dos dois era um alívio. Era bom ver que Bryan enfim nos colocava a frente do dinheiro.
— Eu também amo vocês — me afastei um pouco para ver seus olhos, dizendo através da voz embargada — Agradeço pelo gesto, significa muito. Só tenho um pedido — eles esperaram pacientes e receptivos até que eu decidisse continuar — Vocês... podem guardar isso por um tempo? Três dias, no máximo. Talvez não seja necessário ceder a essas exigências, eu já estou resolvendo. 
Recebi dois pares de olhos céticos.
— Ryan conhece as pessoas certas, ele está para receber o contrato.
Depois de um momento daqueles, parecia errado mentir. Me convenci de que se tratava de uma verdade minimamente distorcida.
— Faith... — Bryan hesitou.
Peguei nas mãos deles com um olhar convincente.
— Prometo que posso fazer isso, depois decidimos juntos o que fazer — mais outra verdade alterada.
Eles trocaram um olhar indeciso, mas acho que os ganhei no "decidir juntos".
— Precisamos consultar Caleb primeiro então. Mas penso que podemos esperar mais um pouco se... ficarmos todos juntos.
— Você aceita voltar para casa? — Eleanor completou o pedido, as íris grandes concentradas em meu rosto. Aquele era o mais perto que eu a vira de implorar.
Precisei ponderar. Eu teria que ficar em Boston, por enquanto, e só possuía o restante — quase nada — do meu salário do mês. Não estava mais empregada, para completar. Caitlin me acolheria de bom grado em sua casa, apesar de nossas desavenças, e Hanna também não me negaria a sua. Entretanto, se fosse para ser um peso a alguém, nada mais justo do que àqueles que me colocaram no mundo. Eles não minariam minha liberdade durante algum tempo — curto — para não me espantar de casa, ou assim eu pensava. De qualquer forma, seria uma medida provisória, eu poderia sair quando quisesse.
Acabei por aceitar. Por isso, fui conduzida à uma mesa improvisada na sala de entrada próxima à fênix de gelo. Eu simpatizava um pouco mais com a escultura agora. Aquele era, sem dúvida, o renascimento de muitas coisas.
Todos se reuniram em volta da mesa do bolo quilométrico de glace azul enfeitado com flores. Clark tomou o lado oposto de Maya e Cailtin, abraçando a cintura de sua esposa. Troquei um olhar apreensivo com Caitlin antes de sair em outra caçada a Justin, eu não conseguia interpretá-la de jeito algum e estava me coçando para descobrir qual fora o resultado da conversa. Justin se escondia nas sombras da sala de estar, mais bonito que — Caleb me perdoe — meu irmão naquelas roupas emprestadas.
Quase não me atentei à Chris Evans e Rihanna me ladeando cheios de sorrisos amistosos.
— Você está vendo Caleb e Hanna? — Eleanor me perguntou, esticando o pescoço para todos os cantos.
— Hm, certeza que estão misturados aí — disse, dando uma olhada significativa para Cailtin.
Até eu me surpreendi com a nossa conexão perfeita. Caitlin puxou o Parabéns, batendo palmas ardidas. Num geral, o ser humano é volúvel e adora uma bagunça, então não demorou muito para que fosse acompanhada pelo restante dos convidados. É de conhecimento público que um dos momentos mais constrangedores da história é o canto de parabéns, são muitas pessoas sorrindo na sua direção e te aplaudindo, mas naquele dia, eu tinha tantas coisas em mente que sobrevivi praticamente ilesa. Fixei meu olhar nos Peters, finalmente aceitando a possibilidade que nossos mais velhos amigos atentavam contra nossa vida. Seria uma forma de vingança por que eu nunca aceitara seu herdeiro como par romântico? Tendo visão do queixo quadrado e sobrancelhas fundas de Clark, não dava para descartar com toda certeza algum histórico de violência daquele homem.
Fui direto para Caitlin assim que me livrei da obrigação social, levando meu pedaço de bolo comigo.
— Qual é a da mudança de roupa? — ela perguntou curiosa, me avaliando.
Não precisei de muito esforço para adivinhar qual seria sua reação quando eu lhe contasse o que eu fizera nos últimos gloriosos minutos, então preferi deixar para depois.
— Não é importante. E aí, como foi?
Maya foi mais rápida:
— Para mim, ele é culpado. Já lidei com muita gente desse tipo. O filho da mãe não chegou a admitir com todas as letras, óbvio — ela sorriu com certo ar estranho de aprovação — Então a conversa toda foi trabalhada com enigmas. Comentamos como era trágica a perseguição contra os Evans e ele disse que não podia imaginar quem faria uma coisa dessas.
Me atentei aos detalhes que ela me dava, parecendo satisfeita em ter alguma serventia. Clark se despedira das duas com seus votos singelos de que toda a situação pudesse ser resolvida o mais rápido possível. Na opinião de Maya, estava claro que aquele fora seu aval para as duas encerrarem o assunto em nome da Companhia de uma vez por todas. Se fosse como ela dizia, Clark pedira para que pusessem um fim a minha vida bem na minha festa de aniversário. Maya colocara a escuta no bolso do paletó dele, e afirmava de pé junto que o mesmo não percebera. Então Ryan já tinha acesso a tudo o que ele dizia.
Chris Evans se aproximou, pondo um fim abrupto ao nosso assunto. Ele veio se despedir, me desejando uma última vez que tivesse um ótimo aniversário e expressando sua esperança de que nos encontrássemos novamente. Pode ter sido por somente educação, mas me regozijei. Estado este que não durou muito, já que logo em seguida os Peters vieram em minha direção. Travei todos os músculos.
— Querida, sinto informar que já teremos que nos retirar — o rosto de Elizabeth se distorceu em uma tristeza muito bem forjada. Parei de respirar. Ryan, Hanna e Caleb ainda não haviam retornado — Estamos muito cansados da viagem, mas quem sabe não podemos nos ver amanhã? — ela trocou um olhar esperançoso com Clark, o qual não ousava tirar os olhos de mim.
— Claro — respondi automaticamente, fazendo uma leitura da insatisfação na fisionomia de Wren — Você também já vai?
— Infelizmente sim — arqueou a sobrancelha, demonstrando certa indignação. Aparentemente, seus pais estavam lhe obrigando a ir embora.
— Já nos despedimos de seus pais. Esperamos que você fique mais um pouco por aqui para que nos vejamos mais, realmente sentimos sua falta — reprimi o impulso de me afastar quando ela estendeu a mão para a minha carinhosamente.
— Vou ficar mais alguns dias — olhei diretamente nos olhos de Clark.
— Ótimo, então é até logo — ele respondeu com um sorriso pontudo, nada intimidado.
Recebi o abraço de Wren e mal esperei que eles chegassem a porta para me voltar afobada à Caitlin.
— Já avisei Ryan — ela me tranquilizou — Eles estão saindo.
— Sabe se encontraram alguma coisa?
— Ele ainda não me disse.
Praticamente quiquei no chão durante minutos inteiros, mais inquieta que Mark e Mike que passavam os dedos ossudos no glace do bolo quando pensavam não estar sendo observados. Priam apareceu para lhe puxar as orelhas quando o trio-parada-dura finalmente entrou em casa sem disfarçar aquelas expressões de quem estava aprontando. Hanna nos localizou imediatamente, e foi puxando os dois para nossa reunião nada secreta no meio da minha sala.
— Você não sabe o que acabamos de passar — ela disse, histérica, agitando os cabelos.
Mais de uma pessoa fez “shh” para ela, todos nós paranoicos olhando para os lados a fim de identificar ouvidos bisbilhoteiros.
— Não acho que seja o lugar certo para contar — Caleb repreendeu.
— Não há lugar para dizer uma coisa dessas — retrucou, fazendo ela mesma uma vistoria para verificar a disponibilidade de liberar a informação.
— Vocês demoraram — me queixei.
Inconscientemente, formávamos um mini círculo em nossas posições, protegendo a informação clandestina.
— Aquele homem é muito bom em esconder cofre. E depois eu tive que descobrir em qual deles escondera o contrato. Como adivinharíamos que estava no closet da esposa na gaveta das roupas íntimas? — Ryan justificou.
— Você está dizendo que... — gaguejei.
O olhar de pena de Ryan misturado com a expressão de animosidade de Caleb falaram por si só. Mesmo que estivesse trabalhando em aceitar aquela possibilidade, foi como levar uma rasteira. Os Peters não tinham motivo para quererem o nosso mal, sempre os acolhemos muito bem, os convidávamos para todas as nossas festas, eram um dos poucos considerados como amigos. Em relação ao dinheiro, também não ficavam muito atrás de nós, Eleanor e Elizabeth adoravam tomar chá para esbanjarem uma a outra as compras do dia, e como uma infeliz testemunha, eu podia dizer que a competição era acirrada. Mas eu não suportaria se...
— Wren também está envolvido? — falei em meio a um sussurro.
Caleb levantou os ombros.
— Não tem como saber. A assinatura é do pai dele, mas duvido que não esteja a par do assunto.
Engoli em seco, sentindo o gosto amargo de traição infestar minha boca. Para manter minha sanidade, preferi não tirar conclusões precipitadas em relação ao meu melhor amigo de infância. Seus pais lhe deixavam de fora de várias coisas, essa podia ser uma delas. Tinha que ser uma delas.
— O que faremos agora? — meu irmão me olhou fixamente. Por baixo de toda a fachada bruta, ele também estava ferido com aquilo, Wren também era seu amigo.
Ponderei um pouco, e em algum momento meus olhos se cruzaram com os de Bryan do outro lado da sala. Ele reparou em nossa rodinha tensa com desconfiança. Soltei um suspiro, decidindo.
— Vamos esperar a festa acabar e contar aos nossos pais.

Não fiquei furiosa com Clark Peter “apenas” por encomendar minha morte, mas por estragar uma festa que tinha tudo para ser ótima para mim. Só seria melhor se Justin pudesse sair das sombras e segurar minha mão enquanto dançávamos sem pensar no amanhã. Trabalhar em uma aparência relaxada por mais três horas foi mais difícil do que eu pensava. Ninguém parecia querer ir embora. Cloe se sentiu a vontade em se infiltrar no meu grupo de amigos, que depois daquela descoberta não queria deixar meu lado, e então qualquer menção que pudéssemos fazer aos Peters foi banida. Logo Jean também se juntou a nós e fomos em massa para a pista de dança. Justin soubera que a outra cópia do contrato fora encontrada devido a uma mensagem enviada pelo celular de Cait — já que ele era esperto o suficiente para ter um celular a prova d’água que não estragara em nossa pequena aventura na piscina — e a partir daí tive mais motivos para manter um olho no peixe e outro no gato. Usei meu próprio aparelho, antes guardado na bolsa de Cait, para lhe proibir terminantemente de dar mais algum passo, pensaríamos melhor depois que acabasse todo o circo. 
E quando todos finalmente estavam indo embora, pedi para que passassem a noite na minha casa. Maya ficaria comigo a todo custo, mas em relação a Cait e ao Ryan, eu os queria a minha vista para que não pudessem ser convencidos de algum plano elaborado por Justin sem me consultar. Justin aceitou fácil demais quando sugeri que me esperasse no meu quarto, subindo quase que imediatamente. Só pude torcer para que já não estivesse bolando alguma coisa nas minhas costas.
— E então? — Eleanor me incentivou a dizer.
Fiz com que se sentassem na mesa de jantar e andei de um lado para o outro enquanto achava as palavras certas a dizer. Dei um sinal com a cabeça para Hanna e ela tirou o papel elegante dobrado dentro de sua bolsa.
— Todos que estão aqui participaram da tarefa de conseguir essa informação — justifiquei a presença de Ryan, Cait, Hanna e Maya antes que eles pudessem fazer alguma objeção, mas já se encontravam ocupados demais em analisar o documento minuciosamente.
Eleanor soltou um arfar, cobrindo as mãos com a boca. Bryan limpou seu rosto de qualquer expressão, e ainda assim, me deu calafrios. Ele me olhou.
— Temos como saber que a procedência desse documento é confiável? Por que o nome da Companhia me soa familiar?
Ainda havia essa questão. Eu não fora totalmente honesta em relação ao Justin com eles, e não estava planejando mudar isso. Talvez daqui alguns anos, quem sabe.
— Uma colega de Maya conseguiu uma foto pra gente do mesmo documento na Companhia. E Ryan conseguiu esse que temos aqui em um dos cofres de Clark essa noite. A Companhia não tem nenhum interesse aparente em falsificar essa informação assim — pensei alto, confirmando a teoria com Maya. Ela assentiu imperceptivelmente, acuada como estava na cadeira entre Ryan e Caitlin.
Bryan digeriu a informação e partiu sem dificuldades para a outra:
— Seja honesta, Faith, Justin Bieber tinha alguma coisa a ver com eles?
Toda a atenção da sala de jantar se reverteu para mim. Pensei rápido.
— Eles são parentes, como pode perceber. Foi ele quem me avisou que era a Companhia e tentou me ajudar a solucionar, foi contra eles e por isso... — pigarreei — deu no que deu.
A finalização que dei os deixou desconfortável, e por isso me livrei de maiores detalhes. Bryan cruzou as mãos sobre a mesa e repousou o queixo, as costas eretas e os olhos apertados. Sua postura pensativa e importante, um detalhe que não faltava em suas reuniões na empresa. Não havia uma só alma que descreditasse palavras vindas de um sujeito com uma pinta daquelas.
— Envolver a polícia não vai resolver de muita coisa, o departamento está corrompido. Então... — suspirou — Vamos confrontá-los amanhã. No caso, hoje, tendo em vista que são quatro da manhã. Podemos chamá-los para um almoço e eles só saem daqui até que... seja seguro.
— Não acha que é perigoso? — Eleanor perguntou desnorteada, ainda impactada com a revelação.
— Vocês terão o elemento surpresa, seguranças, e se posso dizer, nós três temos algumas habilidades para essas coisas, senhor — Ryan se manifestou — Sempre soubemos desse meio e nos preparamos para defesa.
Bryan ficou algum tempo analisando Ryan, provavelmente se questionando se três membros da Companhia estavam sentados na nossa mesa de jantar. Acabou guardando o pensamento para mais tarde, elencando prioridades.
— Tudo bem. O mais adequado agora seria dormir, nos prepararmos para mais tarde. Vão precisar de ajuda para se acomodar? Podem escolher qualquer quarto, Fleur troca os lençóis ao menos semanalmente.
Decidimos que Ryan e Caitlin dividiriam um dos quartos de hóspede do segundo andar — como eles preferiram — e Hanna ficaria com o outro. Ela dormiria no meu quarto, mas eu já alocaria Maya — essa preferência lhe deixou meio bicuda —.
— Eu não acredito que perdi sua valsa épica com Chris Evans — reclamou no meio das escadas.
Passei meu braço sobre seu ombro.
— Sei que alguém filmou, você vai ver isso logo. Tenho que te agradecer, aliás. Já te disse que é a melhor amiga do mundo?
Hanna tentou não sorrir, enfezada que eu a enxotasse do meu quarto, mas fracassou e deu uma piscadela.
— Todo mundo sabe disso. Queria poder ter visto ele também, mas sei que não faltarão oportunidades, aposto que se apaixonou por você. O que foi que ele disse mesmo? Vão se casar no final de semana que vem? Eu sou a maior cupido que você respeita! — Me apertou contra ela.
Fomos cada um para um canto. Ryan havia levado nossas malas para a casa de Caitlin, entretanto, os pijamas reserva de Eleanor nos quartos de hóspedes foi suficiente. Abri com ansiedade a porta do meu quarto, os olhos entrando primeiro que meus pés. A primeira vista, nada. Esperei que Maya nos trancasse para chamar:
— Águia no pedaço?
Escutei sua risadinha do meu lado esquerdo.
— Que chamado é esse?
Segui sua voz até o closet e o abri, encontrando-o sentado no chão com o celular em mãos.
— E você? Está se preparando para sair do armário?
A ponta da sua boca se ergueu num sorriso malicioso.
— Está querendo que eu te prove alguma coisa, Faith?
— Você é ridículo — desaprovei, encontrando dois pijamas para mim e Maya. Ele não se levantou.
— Pode me dizer o veredicto?
Me encostei na parede, exausta demais para explicar sem apoio algum. Firmei os dedos ao redor das roupas, olhando para o nada.
— Bryan quer um almoço para hoje, oportunidade em que fará uma espécie de inquisição. Não faço ideia se vai funcionar, mas não tenho plano nenhum também.
— Quer uma opinião profissional? — indagou, recebendo minha atenção imediata — Encurralá-los é uma boa saída. Não estarão esperando por isso. Claro que seria melhor se você me deixasse ir agora fazer uma visita. Eu acabaria com o problema em questão de segundos.
Deslizei até o chão, desabando ali com as pernas estendidas. Suspirei. O que diríamos aos Peters? Bryan esperaria a digestão ser feita para jogar o contrato na mesa e exigir explicações? E se eles confirmassem tudo, o que faríamos? Atiraríamos uma das facas de cozinha no peito de cada um? Imploraríamos que nos deixassem em paz? E se não confirmassem, os deixaríamos partir mesmo sabendo que mentiam?
Justin se arrastou até o meu lado, cutucando meu ombro com o seu.
— Pessoas são cruéis, Faith. Temos uma natureza repugnante, e alguns simplesmente escolhem abraçá-la.
— Sei disso. Mas é só que... — desisti de explicar no meio, tendo certeza que choraria se tentasse.
— Não esperava isso deles. Compreendo. De qualquer forma, nunca fui com a cara de nenhum mesmo.
— Você nunca vai com a cara de ninguém — protestei, lhe olhando cética.
Abriu um sorriso presunçoso.
— É verdade.
Revirei os olhos, deixando passar a oportunidade de uma risadinha. Pensei que aquilo era injusto. Eu nunca podia estar plenamente feliz. Alguma coisa tinha que tentar estragar minha satisfação particular. Justin milagrosamente estava na minha frente, e Wren, uma das pessoas que mais cuidou de mim quando o perdi, ousava tornar o momento sombrio.
— Mas quer saber de uma coisa? — ele me esperou olhá-lo novamente para continuar — Gostei de quase toda a sua família.
— Hm, é mesmo? — duvidei.
— Particularmente dos gêmeos. As garotas também não ficam muito atrás.
— Claro — declarei como óbvio — Elas são lindas.
— Se me permite dizer, tudo o que achei bonito nelas lembra você. — Ahhh, Justin, meu coração. — Mas não é por causa da aparência física que digo ter gostado delas. O jeito que te olham é admirável, com tamanho zelo devoto. O mesmo, embora em níveis diferentes, para o restante deles. 
Dei um sorrisinho.
— Eles são adoráveis.
Secretamente revivi o desejo de apresentá-lo à minha família. Priam e Cloe com certeza aprovariam, não discordariam de mim por achá-lo a primeira maravilha do mundo. Os meninos ficariam com um pé atrás, mas acabariam se dando bem com ele. Justin naturalmente tinha carisma, mesmo que o utilizasse para meios nada honrados. Não duvidava nada que todas as pessoas representadas em suas tatuagens se deram bem com ele à primeira vista.
Não quis pensar nisso, eu possuía uma incógnita desde o ano passado em relação às suas tatuagens, e não sabia se ainda era adequado perguntar. Deixei o closet e encontrei Maya deitada no meu sofá, já dormindo. Separei de lado o pijama que lhe havia preparado e peguei uma manta para cobri-la. Se não estivesse com calor, serviria para manter sua privacidade.
Me troquei no banheiro e escovei os dentes mecanicamente de modo que pudesse deixar a mente livre para minhas complicações. Justin estava sentado na minha cama só com a calça jeans quando voltei, encarando com atenção seu aparelho celular. As formas delineadas de seu tórax eram mais do que bem-vindas para meus olhos, principalmente naquele momento em que eu ardia por uma distração.
— Pensei que não se importaria que eu dormisse com você de novo — explicou ao me notar parada na porta encarando-o — Não vou te deixar sozinha com Maya.
Longe de mim reclamar de uma coisa dessas.
Subi para o seu lado contente.
— Quer que eu te arranje uma bermuda de Caleb? — ofereci, mesmo sabendo que seria complicado um feito desses.
— Não é necessário, estou bem assim.
Assenti, me acomodando nos travesseiros. Justin me imitou, guardando seu celular no bolso da frente, voltado para mim. Dessa forma, pude ver suas tatuagens quase totalmente interligadas agora. Certamente havia mais algumas no tórax e o braço direito também estava fechado.
— Você fez de novo, não é?
Ele entendeu a pergunta.
— É complicado.
O que seria dele sem seus enigmas? O fato de não ter me incomodado tanto quanto teria no passado me assustou. Acabei perdendo as travas na língua.
— Ano passado você disse que... — e perdi a coragem.
— Sim? — me incentivou, no mínimo, curioso. Um curioso na defensiva.
Concluí que eu tinha direito de saber. Tomei ar e me obriguei a continuar falando quase tudo de uma vez.
— Você disse que já tinha uma tatuagem para mim em seu corpo. Nunca deixei de me perguntar qual seria.
Ele demorou um ponto para decidir que podia me contar, e quando o fez, abriu um meio sorriso torto reservado.
— Me referia à você no meu coração, por mais piegas que isso possa parecer.
Fui atingida em cheio no meio do peito, o que resultou numa expressão meio abobada por minha parte.
— Não acho piegas.
Foi engraçado ver que aquilo o aliviou. Ele se preocupava demasiadamente com sua imagem. Um membro inato dos Evans. Ao contrário de mim. Zelar por minha reputação sempre me deixou aborrecida. Caleb e Wren achavam engraçadas as minhas crises por não estar vestindo o que eu queria, principalmente na adolescência. Eleanor tinha dificuldades em aceitar minha fase emo. Roupas pretas? Não, Faith, isso aqui não é um enterro.
A menção mental de Wren me deprimiu mais um pouco, e Justin percebeu o agravo em meu rosto. Sem pedir permissão ou dar aviso prévio se aproximou de mim, me envolvendo em seus braços fortes. Era exatamente o que eu precisava. Deitei a cabeça em seu peito — que por incrível que pareça ainda exalava sua colônia envolvente — e fechei os olhos a fim de privar o estímulo visual para meu cérebro processar mais intensamente os outros sentidos.
— É impressão minha ou a relação com seus pais melhorou? — seu hálito quente soprou em meu cabelo.
Contei a ele o que havia acontecido e como isso me fizera sentir. Não queria parecer fraca ou volúvel demais, e não foi assim que ele me interpretou.  
— Você é mais valiosa do que qualquer coisa, sabemos disso — concordou — Sou honrado em poder segurá-la em meus braços agora — falou sério.
Fiquei sem palavras, então me limitei a desfrutar das batidas do nosso coração. Eu tinha muito a resolver dali em diante quando acordasse, mas a verdade era que não me importava em ficar presa para sempre naquele sonho.