Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

sábado, 20 de junho de 2020

One Time 9

— ... então por isso concluímos que a provável patologia que acomete o entrevistado é Transtorno bipolar com ansiedade — concluí com um gesto derradeiro.
— Muito bem, meninas, suponho que tenham aconselhado a procura de um profissional para investigar e tratar o caso... ? — Sr. Wright nos olhou por cima dos óculos, a preocupação inevitável de um profissional da área evidente.
Ava e eu trocamos um breve olhar.
— Claro. — Eu respondi.
Ryan praticamente se gabou do diagnóstico inexperiente e achou muito engraçada a minha sugestão de consultar um médico. Na verdade, riu até chorar, literalmente.
— Você é hilária, Faith — deu tapinhas em meu ombro.
Eu pensei em conversar com a Caitlin para que ela o convencesse, mas ainda não tivera oportunidade. 
— Parabéns, então — o professor puxou as palmas, nos dispensando do encargo de encarar em pé a turma.
Respirei aliviada, sentindo um peso ser tirado dos meus ombros como sempre acontecia depois de apresentações de trabalho. Eu admito que me desenvolvo bem na hora de falar, mas a pressão e a falta de confiança em minha capacidade de memorização me deixa de mãos geladas.
Mal havíamos nos sentado e o Sr. Wright já dispensava a turma. Éramos a última dupla do último período, então meus colegas mal conseguiam manter a atenção por mais de alguns segundos, o que me ajudou muito e ao mesmo tempo me irritou — já que se sou obrigada a falar eles deveriam ouvir —, o fim das aulas na sexta feira trazia a bem vinda névoa de júbilo.
— Então, tem esse barzinho novo em frente ao High Park e Ethan me chamou para ir.
Fiquei satisfeita que Lucas ainda não tivesse se juntado a nós.
— Que ótimo, aposto que se divertirão bastante. — As coisas entre os dois parecia cada vez melhores, para a desgraça de Lucas.
— Sim, mas, ele pediu para estender o convite. É a inauguração e o estabelecimento é de um amigo dele, então quanto mais gente, melhor. Você aceita?
Cocei a cabeça, pensando em uma maneira educada de recusar a oferta. Eu planejava passar a noite com Justin, e depois de presenciar sua crise na quarta feira, achava bom ficarmos mais a vontade possível juntos — ou seja, sozinhos em casa.
— Não faça essa cara! Me dê uma força, eu não sei o que será de mim sozinha no meio dos amigos dele. Você sabe, é a primeira vez. — Apressou-me em me convencer.
— Bem, Ava...
— E eu não sei se consigo convencer o Lucas — olhou para os lados antes de cochichar —, ele anda bem estranho e já deixou claro o que pensa de Ethan.
— Hmmm... — Cega.
Estávamos passando pela porta, eu podia ver Lucas se dirigindo para mesma enquanto conversava com Taylor, nosso colega de pele acobreada e dentes pequenos, enquanto Ethan ainda estava sentado na última fileira em uma rodinha, provavelmente espalhando o convite.
— Você deve convidar seu namorado. E se quiser o... — hesitou — Ryan.
Tive que segurar o riso. A menção de Ryan fora pura educação, percebi. Ela não parecia muito confortável com a ideia de dividir a mesa com um provável psicótico.
— Ei, Lucas! Por favor? — Ela piscou amavelmente quando ele nos alcançou, o que o deixou de imediato desconfiado.
— Por favor o quê? — Disparou os olhos para mim, buscando uma pista.
— Vamos num barzinho agora a noite?
— Vamos quem? — Olhadela fugaz em direção à Ethan que começava a se levantar.
Os ombros de Ava arriaram um pouco.
— Bem, eu, você, Faith... acho que o Justin... Ethan...
— Hm, bom, tenho outros planos para hoje a noite.
Ela ergueu uma sobrancelha.
— Tipo o quê? Jogar Call of duty?
Lucas admitia sua paixão por jogos abertamente, era sua coisa preferida para fazer. Ele não tinha uma vida social muito agitada.
— Prioridades — piscou pra ela.
— Qual é, Lucas, vai ser legal. É inauguração, o dono precisa daquela moral. Diga a ele, Faith.
Levantei as mãos, impotente. Eu mesma não estava querendo ir.
— De quem é o bar? — Ele perguntou com curiosidade. Ava não era tão caridosa assim a ponto de sair apoiando todos os comerciantes locais no começo dos negócios tão ativamente.
— Um amigo — descartou a questão, abanando a mão. Sabiamente, pensou que especificar de quem era o amigo não ajudaria em nada.
— Então vocês vão, hein? Será bem divertido mesmo. — Ethan brotou na conversa, passando o braço naturalmente sobre os ombros de Ava — que corou na mesma hora — Fico devendo essa para vocês.
Eu e Lucas nos entreolhamos, decidindo quem protestaria primeiro. Ethan foi mais rápido.
— Nos encontramos aqui na frente daqui uma hora e meia, combinado? — Beijou a bochecha de Ava e correu para alcançar Seth.
Ava deu de ombros, as bochechas muito rosadas.
— Vocês tem que vir comigo. Querem que eu me ajoelhe? — Suplicou, e o desespero no fundo de seus olhos me fez perceber que falava sério.
Contive um suspiro, olhei para a carranca de Lucas e assenti.
— O que você não pede sorrindo que não fazemos chorando?
Seu rosto se iluminou e ela entrelaçou um braço no meu e o outro no Lucas.
— Por isso eu amo vocês.
Lucas me lançou um olhar questionador. Mas, talvez, fosse bom para ele, deveria aceitar de uma vez que Ava era um caso perdido e se entregar a novas experiências com novas pessoas. Um barzinho com universitários podia ser o lugar perfeito. Ficar em casa se lamentando não adiantaria muita coisa. 
Quanto ao Justin... também podia ser benéfico fazer com que saísse um pouco e se distraísse de todas as nossa preocupações. Interagir com gente de fora, adentrar as frivolidades do ambiente jovem.
E claro, Ava parecia mesmo precisar de mim, eu não poderia abandoná-la daquele jeito.
— Faith? — Fiquei extremamente surpresa quando Justin me atendeu no primeiro toque, sua voz atenciosa ecoando do som do meu carro.
Dei a ré no estacionamento da faculdade, seguindo para a fila de carros em direção à saída.
— J, oi... ér, onde você está? — Falei com o máximo de doçura possível. Convencê-lo pessoalmente já era um parto, por ligação, quase impossível.
— Está tudo bem? — Questionou com cautela, ignorando minha pergunta.
— Bom, veja, preciso de você — comecei, hesitante.
— Onde você está, Faith? — Ele assumiu aquele tom de voz firme e meticulosamente concentrado, pronto para correr ao meu socorro.
Pensei em tranquilizá-lo imediatamente, mas deixá-lo no suspense poderia mesmo ser benéfico para mim.
— Estou saindo da faculdade agora. Pode me encontrar na casa da sua mãe?
Ouvi alguns ruídos do outro lado da linha e uma porta sendo fechada.
— Estou indo. — Assegurou-me, sério e ao mesmo tempo tranquilizador.
Mesmo que não estivesse em perigo, senti-me absolutamente segura, um calorzinho agradável no peito.
Mordi o lábio, contendo um riso histérico, ele me mataria. Quer dizer, no sentido figurado da palavra, eu esperava. A culpa não era inteiramente minha, de fato. Eu só havia dito que precisava dele, e era verdade. Precisava que me acompanhasse essa noite. Se ele assumiu a questão em outros termos, era sua responsabilidade.
Repeti a mesma coisa para mim mesma durante o caminho, e não fiquei bem surpresa quando cheguei e percebi que seu carro já estava estacionado em frente à casa. Justin dirigia feito louco, principalmente se estivesse com pressa. Desci do carro tentando controlar minha cara de culpada, mas assim que ele desceu ao meu encontro transmutou a ansiedade para a suspeita. Joguei-me em seus braços e lhe dei um selinho rápido, esperando amansar a fera.
— Preciso de você essa noite.
— Sim, estou aqui. O que houve? Você tomou algum passo impensado? Esqueceu de me contar alguma coisa?
— Não exatamente — aceitar o pedido de Ava poderia ser considerado um passo impensado, talvez —, nós precisamos ir a um lugar.
— Aonde? — Estreitou os olhos.
— Você se lembra de Ava, certo? Ela precisa de um apoio hoje, num estabelecimento. Eu prometi que ia, vamos nos encontrar daqui a uma hora mais ou menos. E, bem, você vai comigo. — Pensei que seria melhor não lhe dar uma escolha.
Ele arqueou a sobrancelha, me encarando incrédulo, um sentimento reservado na sua íris que não consegui identificar.
— Faith...
— Justin, você disse que estava aqui por mim, e é isso que preciso que faça. Então, você quer tomar um banho antes de irmos ou está pronto? Eu mesma preciso de um banho. E para não fugir de mim, vai tomar banho no seu quarto aqui, se quiser um.
Justin me censurou de olhos apertados.
— Desde quando você é tão autoritária assim?
Peguei sua mão e fui puxando em direção à porta da casa.
— Só você pode? Direitos iguais.
Ele resmungou alguma coisa e eu fingi não ouvir, me sentindo bem triunfante com a falta de sua resistência implacável. Se ele resolvesse ser teimoso, nenhum show que eu desse poderia convencê-lo de me acompanhar. Respirei aliviada pelo êxito do meu plano patético — não tanto assim porque ainda esperava o surto de negação. 
Não encontramos ninguém no início da casa, mas os sons denunciaram a presença das crianças com Bruce na sala de jogos. Alvos de gritinhos felizes e sorrisos sedutores, fomos convencidos a jogar algumas partidas de pebolim, Jazzy e eu contra Justin e Jaxon e eu fiquei muito tentada a cancelar nossos planos ao ver o brilho leve nos meus olhos caramelos preferidos. Mas o desespero de Ava estava bem fresco em minha memória.
— J, vou subir para tomar um banho, não acho que você precise, fique mais um pouco aqui com eles. — Sugeri. Ele exalava seu aroma penetrante de colônia, como sempre, e estava magnífico na calça social clássica e camisa vinho slim sem a gravata, os dois primeiros botões desabotoados lhe davam um ar despojado de tirar o fôlego — eu esperava que seu casaco estivesse no carro, além de ser um atentado a minha saúde mental, era à sua saúde física.
Ele concordou e eu acelerei o passo ao perceber que só tinha quarenta minutos para chegar ao ponto de encontro. O frio de novembro estava cada vez pior, então selecionei meus trajes de inverno, os primeiros que encontrei, e tomei um banho quase negligente. Descobri que eu estava animada com a programação, se eu não estava enganada, aquela era a primeira vez que Justin sairia comigo e meus amigos na faculdade. Para ser sincera, além de Ryan e Caitlin, Hanna e Caleb, não saíamos para socializar com mais ninguém juntos. Não percebi que aquilo seria tão importante para mim.
Cheguei à sala de jogos faltando vinte minutos para o horário combinado. Agora os três jogavam guitar hero, Justin assumia a guitarra, Jaxon a bateria e Jazzy o microfone, Bruce assistia de braços cruzados e sorriso no rosto. Justin me viu pela visão periférica e interrompeu o jogo no mesmo instante. Houveram diversos protestos, mas ele prometeu que retornaria no dia seguinte para continuarem. Bruce e eu o fitamos a fim de identificar a veracidade da afirmação.
— Agora você poder me dizer do que se trata e quem estará lá? — Ele questionou assim que fechamos a porta do carro ao mesmo tempo.
— Ava, Ethan, eu espero que Lucas, e uma galera da faculdade. É um barzinho em inauguração de um amigo de Ethan. Vamos nos encontrar com eles na frente da faculdade.
— Hmm.... E por quê preciso estar presente? — Ele parecia mesmo intrigado, na verdade, levemente reprovava, que fosse solicitado para o evento.
— Bom, você é meu namorado, não meu guarda costas, então é meio compreensível que eu queira que esteja comigo. — Diversas vezes eu tinha mais impressão de que era um dos seguranças contratados por Bryan, oscilando em suas posturas comigo. E eu não planejava deixar as coisas afundarem daquela forma.
Ele não rebateu, franzindo o cenho enquanto encarava a estrada.
— E como foi seu dia hoje? — Puxei o assunto, sabendo que ele não faria muita coisa para matar o silêncio.
— Hm, o mesmo de sempre. E o seu?
— Apresentei o trabalho de psicopatologia hoje. O professor quis saber se recomendei Ryan a procurar um médico. Eu tentei, mas ele não me escuta. — Dei de ombros.
O canto do seu lábio se ergueu minimamente.
— Eu imagino que não. Ele está bem, de qualquer forma.
Justin tinha a mesma opinião de Ryan em procurar um médico, eles não confiavam muito em hospitais e consultórios, mesmo naqueles que eram "conveniados" com as Companhias. Na verdade, não confiavam em praticamente ninguém. Seria muito benéfico que eu me especializasse na profissão para poder cuidar dos dois cabeças duras. E ainda assim sentia que teria dificuldade, já que as antas eram mais irredutíveis do que portas.
— Vocês dois são muito teimosos. — Me queixei.
Já estávamos em frente à faculdade, alguns carros se acumulavam no meio fio, alguns jovens se equilibravam em pé nas portas para conversar uns com os outros aos gritos e risos, a atmosfera preenchida pela descontração. Eu não podia ver o carro de Lucas e Ava, mas até onde eu sabia Ava devia estar no carro de Ethan, já mais para frente. Liguei para Lucas, a fim de usar meu tom autoritário.
— Oi, Faith. — Atendeu desanimado.
— Onde você está? — Perguntei, risonha.
— Oi, Faith! — Ouvi a voz vibrante de Ava ao fundo.
— Ava te fez buscá-la para garantir que fosse, não é?
Ela não costumava ser tão obstinada assim, devia estar bem aflita.
 Sim, daqui alguns minutos estaremos na faculdade. Você já chegou?
No fundo eu sabia que ele estava se sentindo muito por ela ter escolhido pegar carona com ele do que com Ethan, pelo menos começaria a noite bem.
— Sim, até daqui a pouco então.
— Isso não vai dar muito certo. — Justin comentou depois que desliguei o telefone, olhando distraído para fora.
— O quê?
— Vai ser uma noite bem dramática para o seu amigo. Provavelmente eu não serei muito útil ali.
— Pelo contrário, você pode dar alguns conselhos para ele, sobre como seguir em frente, ser desapegado, essas coisas. Você é ótimo nisso.
Ele disparou os olhos para mim, cético.
— Isso é algum tipo de acusação? Por que estou te sentindo tão inquisidora essa noite?
— Porque você está devendo, vou te manter na linha.
Justin soltou uma risadinha, balançando a cabeça.
— Você é absurda às vezes.
Eu me sentia realizada quando ele ria, e dessa vez não foi diferente. Justin estava mais leve e suscetível hoje, eu não sabia o motivo, mas aproveitaria o máximo.
A meia dúzia de carros seguiu em procissão logo em seguida, o carro de Lucas bem atrás de nós e eu liguei o rádio para lotar o ambiente o máximo possível da exultação do lazer. Escolhi uma rádio Pop, como a pessoa eclética que era e notei a careta que ele fez. Eu ri.
— Não seja tão julgador, não gosta de The script? — Fiz um microfone com a mão e cantei inclinada na direção dele:
— Como entramos nessa confusão, é um teste de Deus
Alguém nos ajude porque estamos fazendo de tudo
Tentando fazer dar certo
Mas, cara, estes tempos estão difíceis
— Muito melodramático. — Desdenhou, mas sua expressão estava meio peculiar. Ele me olhou de rabo de olho e deu um sorrisinho — Mas você é afinada.
Dei um tapinha em seu braço e continuei. 
— Estamos sorrindo, mas estamos prestes a chorar 
Mesmo depois de todos esses anos...
— Está ótimo já. — Ele mudou de rádio. 
— Ei!
— Através da hora mais escura
 Sua graça não brilhou sobre mim
 Sinto bastante frio, muito frio
 Ninguém se importa comigo
Ele cantou Megadeath, fechando os olhos por segundos para enfatizar. Embora eu adorasse o som de sua voz e particularmente também fosse fã de Rock, ele estava em um período bem sensível para ouvir coisas como aquela letra. Apertei os olhos para ele. 
— Aham, e o Pop que é melodramático, né?
O canto da sua boca se contraiu, contendo um sorrisinho.
Mas fiquei realmente saturada com o outro verso:
— As coisas estarão melhores quando eu estiver morto
 Não tente entender, conhecendo você, eu provavelmente estou errado
— Tá bom, já chega. — Mudei de volta para a outra estação. 
Recebi um olhar zangado, mas era minha vez de cantar, estava no final de For the first time, bem conveniente:
— Oh, esses tempos estão difíceis 
Yeah, eles estão nos deixando malucos 
Não desista de mim, amor
Ele moveu a cabeça só para atestar que estava ouvindo minha serenata, a expressão complacente resignada enquanto estacionava no meio fio. Havíamos chegado. Expulsei a inquietação por ele não ter me olhado nos olhos para afirmar que "imagine, Faith, eu nunca desistiria de você", aliás, era só uma música.
Ava e Lucas vieram de imediato para o nosso lado quando desceram do carro, ambos retraídos pela presença de Justin. Ele devia mesmo começar a socializar com meus amigos. Depois dos cumprimentos todos ficaram em silêncio, eu teria que ser a cola. Pensei em um assunto para jogar na roda, mas antes que abrisse a boca para comentar sobre o tempo, Ethan acenou a dois metros de nós. 
— Cara, é um prazer te ter aqui. — Ele estendeu a mão para Justin, totalmente a vontade.
Justin deu um sorriso contido cortês. 
— Igualmente, Ethan. 
Ethan olhou pra mim, levemente surpreso pela familiaridade de seu interlocutor com o nome e eu levantei um ombro de indiferença. Justin prestava muita atenção em tudo e todos que nos rondavam, sempre compelido a estar um passo a frente. 
— Então, vamos lá. — Colocou o braço em volta da cintura de Ava, de modo que Lucas se recolheu para o meu lado instintivamente. 
Contive um suspiro e seguimos para o estabelecimento com paredes de tijolos artesanais. A fachada apresentava uma placa preta retangular, luzes de neon vermelha anunciavam o: BarView, a placa grande no cavalete lembrava em letras garrafais: INAUGURAÇÃO. O ambiente lá dentro se iluminava a meia luz, as paredes rústicas cobertas por discos de vinil e prateleiras cheias de frascos de bebidas alcoólicas. Mesas redondas e pequenas se espalhavam com bancos altos todos revestidos de madeira, nos cantos sofás esparsos pretos prometiam maior comodidade, os quais já estavam em grande parte ocupados. 
De frente para a porta, no fundo do estabelecimento, depois do balcão de bar, estava um palco de tamanho razoável, no momento, um cara barbudo de óculos escuros, guitarra na mão, solava The Jack - Ac Dc. A cabeça de Justin balançou no ritmo, e eu praticamente senti seu humor melhorar em 100%. Nós trocamos um olhar de aprovação quando o cidadão começou a cantar em sua voz rasgante e manhosa. 
— Ethan! — Um homem de ombros largos, rabo de cavalo nas madeixas lisas, calças justas e jaqueta de couro se aproximou do amigo, o sorriso orgulhoso no rosto não deixava dúvidas de que era o dono do lugar. 
Eles deram um aperto de mão ruidoso e tapinhas nas costas naquele cumprimento masculino de empolgação. Depois seus olhos brilharam para a turba que Ethan trazia. Em media uma dúzia de pessoas. Lucas poderia enumerar diversas razões pelas quais não gostava de Ethan, mas nunca poderia dizer que ele não era um bom amigo. 
— Nossa, cara, valeu! Sejam bem vindos, se acomodem! 
As pessoas já se esgueiravam para a mesa, com ruídos de contentamento. 
— Essa é sua namorada? — O amigo de Ethan olhou para Ava com curiosidade e simpatia. 
Ainda que a pouca luz, eu podia ver Ava se tornar um pimentão ao passo que Lucas fechou mais a cara. 
— Ava. — Ethan se limitou a dizer, colocando uma mão nas costas dela como um incentivo para cumprimentá-lo.
Em seguida, o homem nos conduziu ao sofá mais perto do palco. Seth e Liam vieram junto, como bons seguidores de Ethan, e eu fiquei agradecida por Lucas não ser o único sem companhia romântica. Ele se sentou no canto do sofá, ao meu lado, Ava estava do outro lado da mesa redonda baixa no sofá em meia lua, entre Ethan e Seth. Justin parecia um pouco incomodado por estar espremido entre mim e Ethan, ele gostava de bastante espaço. Coloquei a mão em seu joelho e lhe dei um sorriso incentivador. 
Logo uma garçonete esteriotipada baixou um balde cheio de gelo e bebidas diversas dentro, afirmando que era cortesia do "Sr. Rickman", a mesa reagiu a uivos. Justin prontamente solicitou uma porção de batata frita e eu lhe dei um beijo na bochecha de agradecimento. 
— Ah, ele pediu para avisar também que quer Ethan no palco assim que possível para cantar Another Brick In the Wall ou ele vai vir te buscar. — Ela piscou para Ethan e ele revirou os olhos para a provocação do amigo. 
Vi Ava contrair a mandíbula de leve e escondi o sorriso passando a mão disfarçadamente no queixo. 
— Claro que ele canta. — Lucas resmungou tão baixinho ao meu lado que eu não tive certeza se estava inventando aquilo. 
— E quem mais quiser também pode ser aventurar na experiência. — A garçonete ofereceu com um aceno de cabeça sugestivo para o palco antes de se retirar. 
Lancei para Justin meu olhar pidoncho e de imediato as palavras saltaram em sua testa: Nem pensar. Mas eu sabia mesmo ser impertinente — ali estava ele como prova viva disto —, e encheria seu saco até arrastar seu talento ao palco e deixar todos de queixo caído.
Justin pegou duas latas de Canada dry, a bebida tônica a base de gengibre e me passou uma, em seguida, gesticulou com os olhos e sobrancelhas para Lucas. Meu amigo estava definitivamente amuado, o rosto todo virado para o barbudo que entoava mais um canto de Ac Dc
— Me ajuda. — Falei sem emitir som, esperando que ele lesse meus lábios. 
Depois de franzir os lábios em resistência, ele pegou outra latinha e estendeu na direção do carrancudo. Lucas pareceu surpreso com a oferta, mas não recusou. 
— E então, você gosta de Ac Dc?
Se antes ele parecia surpreso, quase gaguejou com a novidade da interação. 
— Ah, sim, eles são um clássico. 
Justin tomou um gole da bebida antes de prosseguir o assunto, passou um braço em volta dos meus ombros e se inclinou sobre mim para não ter que gritar tanto. Tenho que confessar que fiquei ligeiramente sem ar, sua perfeição estampada bem ali na minha cara, tive que me conter severamente para não segurar seu queixo e virar em direção a mim, momento em que encostaria minha boca na sua e... 
— E você toca algum instrumento?
Expirei, eu não podia ficar pensando aquelas coisas ou perderia o controle. Mas ele tinha um perfume tão bom...
— Ah, não. Sempre quis, mas não tive muita paciência e tempo. Você toca?
— Um pouco. — Justin respondeu com modéstia. 
Fazia algum tempo que ele não me agraciava com seu dom, eu estava sedenta para vê-lo interagir ativamente com a música de novo. 
— Você não acha que ele deveria se apresentar lá em cima? — Perguntei para Lucas, buscando um pouco de apoio. 
— Ah, com certeza! Eu gostaria de ver isso. — Embora mais motivado por educação e lealdade a mim, havia um pouco de curiosidade em sua voz. 
Justin fez uma careta para mim enquanto lambia o lábio inferior para resgatar alguma gota da tônica, imaginei, mas meus batimentos cardíacos sofreram um ataque muito injusto por isso. 
— Vamos garantir que ele seja o primeiro então. — Dei uma piscadela para meu deus grego e bebi o refrigerante, precisando me refrescar. 
A fim de nos distrair da ideia, Justin resgatou o assunto, disparando bandas de rock para Lucas e comparando seus gostos. Descobrimos que ele já havia visto um show do Metallica ao vivo e sonhava em ver um do Megadeath. Seguimos destrinchando letras, álbuns e os integrantes conforme os minutos avançavam, Lucas foi o próximo a fornecer a bebida, nos passando uma rodada de Molson Canadian, a cerveja canadense "oficial". Naquele tempo morando no país, descobri que os canadenses eram tão patriotas quando os estadunidenses. 
Pelo rabo de olho investiguei o desempenho de Ava com o grupinho que ela tanto temia, mas se saía muito bem na interação, Ethan não a deixava de fora e soube introduzi-la nas conversas. Quando a batata frita chegou e todos se concentraram mais na mesa de centro, viramos uma grande roda de conversa sobre trivialidades, rindo sobre uma piada muito idiota que Seth contara e repreendendo Liam com caretas enojadas por sua descrição minuciosa da vez que derrubou cerveja no chão, escorregou no líquido e acabou rasgando o ânus — sangrou copiosamente e levou diversos pontos. 
As conversas também eram gritadas de uma mesa para a outra enquanto outras pessoas se embalavam nas canções concomitantemente. Uma confusão de profundo deleite. Quando dei por mim, Lucas estava em outra rodinha, em uma conversa muito animada com Taylor e Ava passeava com Ethan pelo recinto conforme os assuntos surgiam entre os colegas. Liam, já um pouco passado no álcool, contava para Justin suas melhores visitas ao hospital enquanto eu acariciava diligentemente a nuca deste. Observei satisfeita suas bochechas coradas de riso e bebida, contente comigo mesma pela minha ideia brilhante. Parecia insano que ele estivesse ali, desfrutando do mesmo ambiente despreocupado dos meus colegas, embora se destacasse visivelmente deles pela postura sempre ereta demais que demonstrava extrema responsabilidade e experiência, além de um fascínio sobrenatural em seus olhos misteriosos. Aos poucos, contudo, eu via suas amarras de seriedade se dissipando para dar lugar àquela áurea tranquila e divertida que ele tinha raras vezes — principalmente ultimamente — e eu tanto amava. Seus risos fáceis eram os mais sinceros e lindos, um tanto ingênuos e maliciosos. 
Então quando o cantor barbudo anunciou que precisava molhar a garganta e pediu um substituto, Ethan estava no banheiro. Dei um salto, acenei freneticamente e o denunciei:
— Ele canta também!
Lucas emitiu um urro de concordância e logo nossos convivas incentivavam com murmúrios. Justin me fuzilou com os olhos, mas não resistiu ao meu puxão até que estivesse no palco. Eu mal acreditei quando ele passou a correia da guitarra pelos ombros, contentíssima com o show iminente. Aquela noite parecia mais um delírio coletivo. Ele franziu a testa de concentração e por um momento senti um frio na barriga imaginando que ele começaria a cantar Master of Puppets
Na verdade, ele começou com um solo lento que logo identifiquei como Nothing Else Matters - Metallica. Dessa eu gostava mais. Fiquei parada na frente do palco abobada vendo a expressão compenetrada e os dedos ágeis pressionando as cordas, seu corpo se movimentando ligeiramente de acordo com a melodia, como se fizesse parte dela. E quando o maldito abriu a boca para cantar, seu público foi a loucura, e eu literalmente me derreti com a tonalidade rouca e pegajosa. Ele viu isso e me deu uma piscadela. Tive que buscar meu coração no chão. 
— Para sempre confiando em quem nós somos
 E nada mais importa
 Eu nunca me abri deste jeito
 A vida é nossa, nós a vivemos do nosso jeito
Eu definitivamente preferia que ele cantasse aquela. Quase me assustei quando Ava apareceu de repente em meu cotovelo. 
— Uau, Faith, você nunca me disse que ele era um cantor. — Falou alto em meu ouvido. 
Não consegui desviar os olhos do meu guitarrista reluzente, mas fiz meu melhor para responder:
— Não há nada que esse homem não possa fazer. 
Ela deu uma risadinha do meu delírio. 
— Ah sim, aposto que nossas coleguinhas concordam. 
Seu tom de voz me alertou e a imitei na varredura a nossa volta. Realmente, praticamente todo o sexo feminino se concentrava muito compenetradamente no palco, trocando risinhos luxuriantes umas com as outras. 
De repente não achei mais minha ideia recente tão genial. É claro, nenhuma delas era cega, eu deveria ter imaginado. 
— Relaxa, ele só tem olhos para você. 
Mas quando voltamos nossa direção para o palco ele estava encarando fixamente um ponto acima do meu ombro. Segui seu olhar já elaborando uma carranca furiosa quando localizei Roger numa das mesas do fundo, sorrindo despreocupadamente, desavisado, com incentivo para minha arma mortal particular.

quinta-feira, 4 de junho de 2020

One Time 8

Concentrei-me no barulho do motor, tentando deixar com que o som me acalmasse os nervos, o grave constante que subia por meus pés e ricocheteava pelos ossos. Não estava funcionando, a cada segundo meus olhos relampejavam para o retrovisor, a busca de perseguidores em potencial, para ser mais exata, Roger e o Cavanagh-empregado. 
Eu dirigia para a casa de Justin em meu Nissan Micra chumbo, recapitulando os acontecimentos da noite para lhe passar em detalhes. Não havia muita coisa, para ser sincera, isso sem contar a tensão perene em meus ombros. Roger se comportara muito bem como um cliente ordinário, bem simpático, diga-se de passagem, e até deixara uma gorjete generosa. Cada vez que eu me dirigia à sua mesa ele arranjava um jeito de conversar, atitude bem comum em pessoas carentes de atenção que procuravam o restaurante. Às vezes eu tinha a impressão de que alguns estavam ali mais pela interação com os garçons do que pela comida. E, bem, o coleguinha de Justin não me dirigiu mais a palavra, apenas direcionava olhares fugazes em direção a Roger e uma vez ou outra nossos olhos se encontravam. "Estou aqui", ele dizia. Mas não de um jeito tranquilo, de forma que eu tinha certeza de preferir quando os abutres permaneciam invisíveis.
Não tive incidentes no trajeto, contudo, e cheguei em segurança ao meu destino. Estacionei no meio fio e descartei a ideia de bater na porta enquanto me aproximava da mesma. Embora Justin não houvesse me respondido, eu havia mandado a mensagem avisando que estava indo, afinal. Usei minha chave para destrancar a porta e paralisei na entrada. A luz da sala estava acesa, sim, mas não havia ninguém ali, além do som perturbador descendo as escadas escuras.
— Cego por mim, você não vê nada
Apenas chame meu nome, pois eu ouvirei seu grito 
Mestre!
As guitarras choravam nas caixinhas de som espalhadas pela sala, bem como nos andares de cima. Justin havia instalado um ótimo sistema sonoro por toda a casa, como o bom amador de música. O que gelava meu estômago naquele momento era a escolha da música, a qual eu tinha quase certeza de que ele não ouvia desde.... Bom, desde antes de me revelar ser um assassino. Quando eu ainda era um de seus alvos e seu apreço por vida humana não passava do valor de uma barata.
— Me experimente e você verá
Você só precisa de mais
Você está dedicado a 
Como eu estou matando você!
Além da música, extremamente alta, eu ouvia algo mais. Apurei meus ouvidos, distinguindo ruídos de objetos se chocando contra algo sólido, despedaçando-se logo em seguida.  Alguém havia invadido a casa e estava lutando com Justin? Quantas pessoas? Com o coração agitado, a ponto de martelar nos ouvidos, pensei rapidamente o que eu deveria fazer. Eu não ficaria parada, embora meu corpo desejasse muito bem essa opção, deveria ajudá-lo.  Por outro lado, sabia que não era tão competente assim para o trabalho, então seria preferível que tivesse reforços.
Digitei o número de Ryan com os dedos trêmulos, rezando baixinho para que me atendesse durante os quatro infinitos toques.
— Oi, Fai.... — Ele começou e eu o interrompi logo:
— Ryan, estou na casa do Justin, tem alguma coisa errada. Acho que ele está lutando contra alguém muito feio lá em cima. Estou indo, venha o mais rápido que puder! — Atropelei as palavras e desliguei antes do seu protesto se verbalizar.
Atravessei a sala e apanhei o atiçador da lareira, correndo e ao mesmo tempo tentando suavizar meus passos para não ser ouvida. A altura da música camuflava grande parte dos outros sons, mas eu não os subestimaria.
— Venha rastejando rápido 
Obedeça seu mestre
Sua vida queima rápido 
Obedeça seu mestre 
Mestre!
A adrenalina já corria por meu sangue de súbito gelado quando percebi a luta emanar do segundo andar, última porta. Alguma lembrança centelhou num canto a parte da minha mente, mas foi incapaz de vir a tona diante da situação emergencial a minha frente. A luz do quarto estava acesa, e já ansiosa o bastante com o bem estar dele para me conter, me esgueirei para a entrada do cômodo aberto e vislumbrei pelos olhos arregalados o caos.
Os móveis estavam revirados e quebrados, espalhados em clara desordem violenta. De fato, Justin ainda desferia golpes em alguns deles enquanto eu observava, acabava de chutar a estrutura da cama do avesso, partindo a madeira em vários pedaços. Eu já havia visto aquela performance uma vez em Boston, quando ele destruiu o restaurante de Patricia após a morte de Chris, o irmão de Caitlin, seu amigo, assassinado pela própria Companhia Bieber por tentar livrar-se do ofício. Mas não deixava de ser assustadora, a raiva se esvaindo de seus poros e transfigurando-se para o mundo físico de modo palpável.
Sua visão periférica identificou a minha presença, e me vi alvo de um par de olhos desvairados, injetados de fúria. Prendi a respiração.
— O que você está fazendo aqui, Faith? — Indagou baixo, a voz rouca de intensidade.
Abri a boca para responder algumas vezes, esquecendo-me por um momento até de quem eu era, impactada como estava. Ele desceu os olhos para as minhas mãos, agarrando bravamente o atiçador como se fosse um taco de beisebol e arqueou a sobrancelha.
Pigarreei.
— Eu achei que você... achei que estava.... lutando contra alguém. — Respondi tão baixo quanto ele.
Um sorrisinho irônico surgiu em sua expressão impenetrável.
— Pode-se dizer que sim. — Comprimiu os lábios.
Inicialmente pensei que ele fosse começar a bater nas coisas de novo, que estavam quase tão prejudicadas a ponto de não valer mais a pena. Mas a respiração ofegante subindo por seu peito parecia exalar o grande cansaço. Antes que ele pudesse decidir, contudo, deixei o atiçador no chão e encurtei o espaço entre nós para abraçá-lo, recolhendo seus pedacinhos no meu coração. Ele estava rígido, mas aos poucos relaxou o corpo contra o meu, abraçando-me de volta.
— Está tudo bem, J. Eu estou aqui com você.
Suas mãos se fecharam em torno da minha blusa, me agarrando como se eu fosse sua âncora na terra. Eu precisava saber o que ele tinha, mas estava com receio de saber. Pela resposta que me dera imaginava que fosse alguma coisa consigo mesmo. Mas o quê? Ele tinha feito alguma coisa ruim? Alguém tinha lhe feito alguma coisa? De qualquer forma, esperei um pouco, até que sua respiração se regularizasse pelo menos, não queria retardar seu progresso em se acalmar.
Justin não fez menção de me soltar, entalhando-se a mim de maneira vulnerável. Embora me satisfizesse sentir-me útil em sua vida, eu não gostava de vê-lo daquele jeito, a ponto de recorrer a mim. Ele tinha uma necessidade visível de ser forte o tempo inteiro, uma rocha inabalável, qualquer fragilidade aparente já era motivo de alerta. A coisa não deveria estar muito boa para que explodisse.
Acariciei seus cabelos na nuca desnuda, sentindo a leve umidade pelo esforço que fizera.
— Quer me contar? — Tentei com a entonação mansa.
Não houve resposta e me perguntei se ele havia me ouvido ou se simplesmente não queria dizer nada. Passou-se alguns segundos até que expirasse, então se afastou, as duas mãos na cabeça e os olhos fechados.
— Eu não aguento mais. — Percebi o que disse mais por leitura labial, sua voz quase inaudível.
— O quê? — Perguntei com delicadeza, com medo de pressioná-lo demais.
Seu cenho se franziu cada vez mais ao passo que balançava a cabeça. Eu queria tocá-lo de novo, mas me contive, esperando que encontrasse o eixo, podia perceber que lutava dentro de si mesmo e não sabia bem o que poderia fazer. Nesse meio tempo, com o silêncio proporcionado notei que Master of Puppets havia chegado ao fim, e quase suspirei aliviada por isso, mas ao apurar meus ouvidos para identificar a próxima música fiquei ainda mais tensa.
— Faltando alguém dentro de mim 
Mortalmente perdido, isso não pode ser real 
Não posso suportar esse inferno que sinto 
O vazio está me preenchendo
Fade to black não parecia ser uma música muito mais animadora para o momento, a última coisa que eu queria eram aquelas palavras ecoando em seus ouvidos e desejei mudar a faixa, ou melhor, simplesmente desligar. Entretanto, o controle não estava a vista.
— Eu não sei mais quem eu sou, Faith. — Agora eu podia ouvi-lo, mas ainda muito baixo. Gostaria de não ter ouvido, não aquilo.
As palavras se retorceram em minhas entranhas, eu odiava vê-lo sofrendo. Dane-se, pensei, e me aproximei de novo, tomando sua mão com propriedade, um incentivo para que olhasse em meus olhos, ansiosa.
— Eu sei quem você é. Me diz o que está acontecendo, por favor.
— Ao ponto da agonia 
As trevas crescem tomando a aurora 
Eu era eu mesmo, mas agora se foi 
Ninguém além de mim pode me salvar, mas já é tarde demais 
Agora eu não consigo pensar, penso por que eu deveria tentar
Ele me olhou, relutante e apertou minha mão.
— Eu me sinto.... — Procurou as palavras — perdido. Não posso ser as duas coisas.
Cheguei mais perto dele, abaixando um pouco a cabeça para manter seus olhos nos meus, já que sua tendência era abaixá-los.
— O que aconteceu?
Ele desviou a cabeça para o lado, me evitando, ainda indeciso de compartilhar comigo.
— Não aconteceu nada. Eu só... — respirou fundo — está cada vez mais difícil fazer o que eu faço. Eu me sinto... mal? Alguma coisa, sim, por algumas das pessoas que tenho que... você sabe. E era tão simples antes... — encarou seus pés — George estava certo, afinal, não dá para ter um bom desempenho com sentimentos. — soou amargo, reproduzindo uma careta.
Senti um arrepio descer a coluna ao ouvir o nome de seu avô e pelas suas palavras me lembrar de uma noite extremamente desagradável, em alguns pontos. No dia anterior a sua suposta morte fomos a um baile encontrar George para conseguir o meu contrato. Aquele velho asqueroso sugeriu que Justin me entregasse a ele como uma prova de que não haveria mais problemas sentimentais o atrapalhando no trabalho. Constatei muito aliviada que haveriam esses problemas sim.
Agora, conseguia entender um pouco do que ele falava, cada vez mais consciente da vida humana, naturalmente encontrava dificuldades em realizar as atividades exigidas. As tatuagens em seu corpo já eram um indício de sua humanidade antes mesmo de nos conhecermos, ele costumava tatuar suas vítimas que haviam lhe marcado, para que tivessem suas histórias contadas de alguma forma. Encontrava-se preso naquele limbo, um assassino, mas também um amado filho, irmão, neto e namorado. Justin parecia viver duas vidas diferentes ao mesmo tempo, não era estranho que tivesse uma crise existencial.
— Você vai conseguir sair disso, não falta muito. — Eu disse, mas não fazia ideia de como e quando aquilo seria possível, era mais um desejo.
— Eu não sei, Faith. Ao menos estou certo por querer as duas coisas? Não devia simplesmente me render à minha natureza e acabar com tudo isso de uma vez? — Sua íris clara me encarou, e praticamente vi a escuridão se aproximando para eclipsar aquele brilho de vida que ele adquirira com o tempo.
Aquilo me deixou sem fôlego e agarrei sua outra mão com vigor, como se pudesse fazê-lo ficar pela força.
— Não, você sabe que há muitas implicações nisso. Não seria a solução para nada.
Terrivelmente sério, a ponto de me preocupar, ele fez menção de responder, mas foi interrompido quando o alarme da casa disparou. Uma invasão. Meu instinto foi arregalar os olhos de terror e me esconder atrás dele, enquanto o mesmo xingava e resgatava o celular do bolso para acessar o dispositivo de segurança instalado ali.
— Estão vindo da porta de entrada. Não saia daqui! — Me instruiu e num segundo desapareceu.
Assim que o perdi de vista, contudo, me lembrei. Ryan. A conclusão lógica era de que fosse ele, já que eu mesma o havia chamado minutos atrás para nos resgatar de um ataque. E se não fosse.... Bem, abafei a voz paranoica.
— Justin! — Chamei para avisar, mas ele com certeza já estava longe, então corri para fora antes que os dois se matassem.
No topo da escada, me deparei com uma cena um tanto curiosa. Ryan estava no chão, preso entre as pernas de um Justin intrigado e irritado, interrompendo um soco no meio. Caitlin estava logo atrás com o outro atiçador da lareira erguido acima da cabeça, confusa, abaixava o instrumento com cautela. Eu tinha certeza de que ela não se importaria de golpear Justin sem dó se ele agredisse Ryan, embora não fosse o alvo que estivesse esperando.
— ..... foi.... — Ryan olhou para os lados e me identificou parada feito idiota — ela! — Apontou para mim, quase acusador — Faith me disse que alguém havia invadido sua casa e eu vim ajudar.
Três pares de olhos me encararam, Justin franziu o cenho, entendendo de pronto minha motivação e reprovando mesmo assim. O que ele esperava que eu fizesse? Deixasse que nós dois morrêssemos se de fato estivéssemos sendo atacados? Eu disse isso a ele sem palavras.
— Eu achei que...
— Eu só estava fazendo uma reforma lá em cima. — Justin disse, vago, e se levantou, estendendo a mão para o amigo.
Nossos salvadores lançaram olhares desconfiados para mim, não acreditando na história. Estava claro que Justin não queria tornar público sua descarga emocional então só dei de ombros.
— Entendi.
— Obrigada, Ryan, mesmo assim. — Eu agradeci, subitamente envergonhada.
— E você trouxe a Caitlin para um suposto combate? — Justin censurou, medindo o amigo.
Caitlin bufou.
— Como assim ele me trouxe? Eu simplesmente vim. Você está se esquecendo que sou faixa preta?
Ryan assentiu, impotente.
— Você já tentou contrariar ela? É impossível, Justin, vá por mim.
Eu já havia descido as escadas e me portei atrás dele, passando a mão em seus ombros duros para tentar relaxá-lo. Foi revigorador sentir os músculos arrefecerem um pouco sob meu toque.
— Bom, vocês já viram que estamos seguros. Obrigado. — Disse, resignado, e gesticulou com a mão em direção a porta arrombada, um sinal evidente para os dois irem embora.
— Ah tá. — Ryan pegou o atiçador das mãos de Caitlin, guardando em seguida na lareira — Vamos ficar para jantar. Quem sabe assistir alguma coisa, não é, gatinha?
Caitlin levantou um ombro e foi até ele, os dois afundaram no sofá confortavelmente. Eu devia admitir que combinavam, a atitude despreocupada e ousada estava presente nos dois. Uma dupla e tanto para tirar Justin do sério. Prevendo as reações possíveis da bomba relógio em minhas mãos, me inclinei e beijei sua bochecha macia, recebendo sua carranca por cima do ombro.
Talvez fosse bom, Justin precisava estar rodeado dos amigos para se lembrar de quem era. Seriam mais provas para apresentar a ele quando pudéssemos retomar nossa conversa.
— Eles já estão aqui, não? Mal não fará. — Argumentei.
Ryan já estava ligando a televisão, apoiando os pés na mesa do centro.
Justin suspirou em rendição, revirando os olhos.
— Creio que você já jantou no restaurante com Patricia.
— Sim, mas posso me esforçar a comer se vocês pedirem pizza. — Respondi animada.
Ele deu um sorrisinho, achando graça em meu apetite infinito.
— Imagino que sim. O que vocês acham, pizza então?
— Claro! Pizza napolitana. — Ryan votou e Caitlin concordou com a cabeça.
— E porção de batata frita. — Acrescentei, ampliando seu sorriso.
Justin ligou para a pizzaria do seu próprio celular e eu fiquei ao seu lado, como leal escudeira, acariciando seu rosto, braço, pescoço, cabelos com movimentos circulares, sua textura agradável contra meus dedos. Pela força do pensamento, tentei extrair dele todos os pensamentos negativos, todo o sofrimento que se abatia sobre seu espírito sempre tão preocupado. Eu tinha um medo absurdo de perdê-lo e não permitiria que suas teorias o afastassem de mim.
Ele desligou o telefone.
— Hmmm, você estava tentando fazer com que eu me atrapalhasse? — Pegou meus dedos no meio de uma carícia, beijando os nós.
— Se você interpretou assim.... — Eu ri. 
Ele beijou minha testa rapidamente e nos juntamos aos outros dois no sofá. Justin já havia vestido sua compostura imperecível de novo, recolhendo depressa seus estilhaços para não virem a público. Mas eu sabia que estavam ali, espetando suas entranhas de modo bem incômodo, e o toquei em cada oportunidade possível para que soubesse que eu não o deixaria. 
— Bem, eu preciso contar a vocês uma coisa. — Eu comecei quando Ryan terminou de contar orgulhoso como se controlara para não socar o rosto de um colega sabichão naquele dia. — Hoje Roger foi jantar no restaurante. — Todos pareceram confusos, revirando as gavetas de memórias para designar um rosto àquele nome. Ryan foi o primeiro a demonstrar traços de compreensão — O "salvador" de Jazzy. — Imediatamente Justin apertou os olhos — Ele não fez nada! — Adiantei depressa, antes que iniciassem uma caçada — Foi extremamente simpático, na verdade, me contou que se mudou para aquelas redondezas recentemente. Só achei que deveria comentar que o vi — uma olhadela incisava para Justin —. E também aconteceu uma coisa estranha.... Um funcionário dos Cavanagh veio falar comigo.
— Além do Justin, você diz? — Ryan inquiriu, confuso. 
— É claro que não foi o Justin, se fosse, por qual motivo eu estaria contando? — Questionei a lógica de Ryan, impaciente. 
Ele levantou uma mão em rendição. 
— Era exatamente esse meu pensamento. 
Nós três o encaramos e eu dei uma risadinha do absurdo. 
— Não foi o Justin, Ryan. Foi um grandalhão de aparentemente 30 anos, olhos cinzentos, cabelos espetados.... — Descrevi na esperança de Justin identificá-lo. 
Ele pensou um pouco, então completou, atento:
— Kilian. 
— Kilian? — Ryan repetiu, zombeteiro — Com esse nome, ele não pode mesmo ser boa pessoa. 
Caitlin lhe deu um peteleco pela piadinha fora de hora e eu segurei o riso. Justin o ignorou, me instigando a continuar com um gesto do queixo. 
— Então, ele se apresentou como um membro dos Cavanagh e perguntou se algo estava me incomodando, Roger, particularmente. Depois que eu neguei, me mostrou a mesa que estava sentado caso precisasse de alguma coisa. Não foi nada tão estranho, a não ser o fato de ser sim estranho. Digo, eles nunca falaram comigo, nem se deixaram notar, então fiquei me perguntando o que motivou a mudança. Pode não ser nada também, mas... — estalei os dedos, pensativa. O cleck em sequência me fez lembrar de que isso engrossava as juntas, então parei. 
Justin alisou o queixo depilado, os olhos vidrados enquanto refletia. 
— Eu realmente pedi para que estivessem mais atentos, depois de sermos seguidos na segunda feira, mas... Não entendi o motivo da aproximação notável. 
— Você acha que isso pode significar alguma coisa? Tipo, eles estão querendo demonstrar que estão mesmo observando? Para te agradar ou deixar claro para quem quer que queira se aproximar? — Caitlin questionou, amarrando habilmente seu cabelo em um coque.
— Me agradar não. Eu posso ser um troféu nas mãos deles, mas ainda sou um Bieber, então não tão bem visto assim. 
Todos nos ocupamos de acordar os neurônios para as reflexões, olhando para o nada de modo a nos voltarmos para nós mesmos e chegarmos a conclusões de modo efetivo. Ryan bateu a mão na coxa de Caitlin após alguns segundos, quebrando o transe.
— Pode ser que não seja por algum motivo em especial. E mesmo que seja, provavelmente não é maléfico pra gente. Então, eu voto para escolhermos o filme agora. 
Acatamos a ideia com certa relutância antes de relaxarmos no programa atual. Por outro lado, Justin nunca estava relaxado, e eu o vi arquivar o assunto num canto da mente. Qualquer detalhe era suficiente para deixá-lo inquieto, e esse não seria diferente.
A pizza chegou quase ao mesmo tempo em que foi decidido o filme, Ryan adorava comédia de terror, o que pensando bem era exatamente sua cara, rir enquanto membros são mutilados, e não vimos muitos motivos para rebater. Zumbilândia, ele selecionou com um sorriso de empolgação sinistro, e foi totalmente inadequado misturar aquele tema com a refeição. Sangue, miolos e ferimentos graves não são visões que estimulam mastigar e engolir alimentos. 
Justin e Ryan não pareciam ter problema algum, enquanto Caitlin e eu perdemos totalmente o apetite. A parte boa foram as risadas tão genuínas e quase infantis de ambos. Agradeci Ryan mentalmente por ter decidido ficar e cogitei a possibilidade do mesmo ter adivinhado que Justin precisava daquilo. Ryan era seu amigo há anos e o conhecia tão bem quanto eu, então provavelmente identificara que havia alguma coisa de errado. 
Justin ainda estava com o ar risonho quando o filme acabou e os dois decidiram ir embora. Eu não fiz menção de aproveitar a deixa, e Justin também não mencionou o fato. Pelo contrário, quando a porta foi fechada, tomou minha mão e foi me puxando escada acima. 
— Faz algum tempinho que não treinamos juntos, o que acha? — Sugeriu, já abrindo a porta de sua sala de treino, muito semelhante àquela que tinha em Boston. 
Era mesmo a sua cara recorrer à violência ao invés de uma boa e velha conversa sobre sentimentos. Mas se aquela era sua porta, eu passaria pacientemente até chegarmos de volta ao ponto que paramos.
Subi no tatame depois de tirar meus sapatos, decidindo ficar de meia embora a casa tivesse o aquecedor em funcionamento. Ele ignorou a prateleira com os itens para um treino mais esportivo — aparador e luvas, por exemplo — e também passou reto pelo saco de pancadas. Usava uma calça moletom cinza e camiseta regata preta, então parecia pronto para o exercício. Eu estava em desvantagem, com uma calça leggin por baixo da calça jeans e minha blusa de manga longa rendada branca. Para ser mais justo, amarrei os cabelos com o elástico em meu bolso e tirei a calça jeans sob suas espiadas maliciosas. 
— Parece que nunca viu uma mulher tirar as calças, hein? — Comentei no impulso, envergonhada de ser observada. Quando me ouvi, me arrependi. Que escolha infeliz de palavras!
Ele ampliou o sorriso e passou a língua pelo lábio inferior. 
— Não tanto quanto eu gostaria, senhorita Evans.
Safado! Fechei a cara para ele, assaltada pela recordação de sua confissão das diversas mulheres que passaram pela sua vida — ou melhor, cama. Levantei o braço para lhe dar um tapa, o qual ele segurou com habilidade, fitando meus olhos com diversão. 
— Você esqueceu a primeira lição? Não parta para o ataque óbvio movida por fortes emoções.  
Fiz careta e tentei socar seu estômago, sem sucesso também, já que agarrou meu punho. Arqueou uma sobrancelha, "só isso, mesmo?". Impulsionei meus braços para trás, puxando-o na minha direção e levantei meu joelho par acertá-lo nas partes baixas sem dó — meu golpe preferido e um dos mais eficazes. Porém, quase sem perceber como havia feito aquilo, ele afastou o quadril a tempo e me girou de costas no mesmo movimento, cruzando meus braços sobre meu peito. Senti sua respiração em meu pescoço e na ponta da orelha e meus hormônios imediatamente se apresentaram muito prestativos em arrepiar a pele e gelar o estômago. 
— Quase bom, Faith, eu sei que você pode dar mais. — Falou em meu ouvido. 
Resisti ao impulso de me derreter em seus braços e clareei a mente. Levantei o joelho e mirei um chute no seu, deixei o pé na horizontal e o plantei a dois dedos acima, sem me preocupar muito se lesionaria seus ligamentos. Quando lutava contra ele, eu deveria fazer na força do ódio ou seria aniquilada. E, a bem da verdade, ódio era o que não faltava para ele e suas mulheres sem calças. 
Por estar com a perna esticada, ele se afastou e deu mais um passo para trás antes que eu pudesse chutar seu estômago. Em contrapartida, agarrou meu tornozelo no ar e o girou para baixo. 
Sujeita a lei da gravidade, eu perdi o equilíbrio e caí de costas no tatame, repentinamente sem ar. Arquejei para respirar e quando dei por mim, ele estava entre minhas pernas com a mão em meu pescoço. Apesar do choque de adrenalina iminente, senti meu tronco reclamar da dor do impacto. Justin inclinou a cabeça, crítico e convencido. 
— A única mulher que eu quero ver tirar as calças é você. — Enfatizou, espreitando meus quadris para demonstrar. 
Agradeci por já estar vermelha de esforço. Tirei proveito de sua distração, girei o quadril para o lado ao passo que tirava sua mão do meu pescoço e chutava sua barriga. Ele recuou mais por espontânea vontade ao perceber meu punho pronto para lhe socar a garganta, quase deitado no chão. Avancei sobre ele, sentando em cima de sua barriga e levando as duas mãos para seu próprio pescoço, muito satisfeita com meu desempenho. 
Ele sorriu, apreciando o desafio. 
— Você só se esqueceu de uma coisa, Angel. Se está com vantagem, permaneça nela — ele apertou minha barriga e eu a contraí, momento em que levou o braço para baixo da minha axila e levantou o tronco para o lado, girando-me de volta para o chão — e se afaste o mais rápido possível para pedir ajuda. 
Mais preparado dessa vez, ele segurou meus punhos acima da minha cabeça, seu aperto parecia uma barra de ferro, e eu me contorci feito uma minhoca para me libertar, já que dessa vez ele também decidira sentar em cima da minha barriga. Ele me observou lutar em silêncio, com aquele sorrisinho irritante na boca. Meus cabelos estavam desgranhados, eu sabia, vários fios acariciavam minha face em pura desordem e começavam a grudar na transpiração escapulindo por meus poros. Minha linda blusa de renda não deveria estar muito limpa e bonita agora, então eu provavelmente só estava pagando mico. 
Desisti por um momento, cansada e ele me encarou, descrente. 
— Desistiu? — Estalou a língua repetidas vezes, em som de desaprovação — Você precisa estar pronta, Faith. — O tom de seriedade espreitou sua expressão. 
— Pronta para o quê?
Ele quase voltou a sorrir de novo ao me ouvir ofegante e se inclinou para beijar a ponta do meu nariz. 
— Pronta. — Repetiu, descendo para mordiscar meu lábio. 
Tentei me libertar outra vez e assim ele permitiu, rolei por cima dele e segurei seu rosto com as duas mãos, firmando sua atenção inteira em mim. 
— Você precisa estar pronto, Justin. Porque eu vou lutar por você até não ter mais forças para nada. É uma promessa. Eu sei quem você é e o que você pode ser, e vou te mostrar isso. 
E sem lhe dar tempo de reagir, me abaixei para beijá-lo. Sua mão na base das minhas costas me puxando para baixo a fim de unir nosso corpo reforçou minhas palavras. Se fosse para afundar, afundaríamos juntos.