Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

One Time 15

— O quê? — Gaguejei em choque. Eu tinha ouvido tudo o que ele dissera, ou o que eu pensava que dissera, mas não conseguia assimilar as palavras. Não parecia verdade, não batia com o que eu havia me preparado durante o dia inteiro, praticamente por semanas. 

Mas ainda que grande parte de mim rejeitasse a realidade do momento, parte significante já se deslumbrava com a possibilidade. Deslumbrar parecia uma palavra muito amena, a bem da verdade, e eu não acho que exista uma palavra que abarque toda a emoção que viajava por meu corpo. 

Justin franziu o cenho de concentração, carregando o semblante de seriedade e intensidade. 

— Case-se comigo, Faith Evans. Eu só tenho uma vida e eu quero vivê-la com você. Você é meu único amor, minha prioridade. Essa é a única vez que direi isso a alguém: meu coração é seu, para sempre. 

Eu não percebi que havia perdido a força nas pernas até me ver de joelhos na frente dele, desmoronando por dentro e por fora. 

— Eu pensei... eu pensei que você havia desistido... que você não queria... — balbuciei com voz fraca, suas palavras começavam a perfurar a névoa confusa em minha mente. 

Olhei para suas mãos, onde estava a caixinha de veludo vermelha aninhando uma aliança prata incrustada com pedras preciosas azuis que se entrelaçavam em toda a sua extensão, no centro tomava a frente uma pedra de diamante que se projetava num desenho rebuscado como uma margarida, e representando o miolo, mais uma pedra preciosa azul clara. Arfei, era a joia mais linda que eu já havia visto na vida, e eu nunca fora muito de me importar com isso. 

— Você ainda não entendeu, Faith? — Olhei pra ele de volta, atordoada. Sua mão livre se estendeu para o meu rosto, acariciando-o e espalhando a umidade que só podia ter transbordado dos meus olhos — Eu sempre vou querer você. Desculpa por te fazer pensar o contrário.

— Então você não vai terminar comigo? — Sussurrei, trêmula. 

Um meio sorriso esticou seus lábios.

— Eu nunca poderia. Esperava que você fizesse isso. 

Neguei com veemência, meu primeiro gesto enfático desde que entrara em seu carro. 

— Eu não posso existir sem você — um calafrio de sinceridade me percorreu.

Seu rosto todo se contorceu, atravessado profundamente com algo parecido com dor. 

— Vai se casar comigo? — Perguntou de novo. 

Eu não sabia de onde viera, mas uma risadinha histérica escapou dos meus lábios. Aquelas palavras me atingiam mais do que qualquer coisa, carregavam um significado eterno, um compromisso divino e terreno, sinal de puro pertencimento e redenção. Tudo o que eu mais desejara era me entregar a ele, com absoluta confiança e por inteiro. Abusando de todos os clichês, acredito com tudo o que eu sou que fui feita para ele e ele foi feito para mim. E nada mais parecia certo se não estivéssemos juntos. 

Estremeci com a força daquela verdade reverberando em meu corpo e me atirei contra ele, encontrando em sua solidez meu lugar no mundo, em seus braços me sinto imbatível, imortal e atemporal. Eu não precisaria de mais nada se estivesse ali para todo o sempre, podia sentir a benção de Deus nos envelopando naquela bolha, eu O havia invocado para se fazer presente naquela relação, e assim eu poderia literalmente enfrentar qualquer coisa. Meu corpo e mente sentiam-se tão dispostos a ponto de empurrar montanhas e derrubar prédios, e não mais ser esmagada por eles. 

Justin se deixou cair no chão com o impacto, mas o movimento foi muito controlado para que eu pensasse ter sido só obra minha. Suas pernas envolveram as minhas e os braços as minhas costas. 

— Você ainda precisa perguntar?! — Respirei profundamente o aroma de seu pescoço, minha fragrância preferida, e me afastei para poder olhar em seus olhos que agora sorriam — É claro que eu quero me casar com você, seu idiota. E só seremos separados quando formos chamados por Deus, estou te avisando! — Minha voz vibrava tanto que era irreconhecível a meus próprios ouvidos, como sinos batendo sem cessar. 

— É tudo o que eu quero — um sorriso enorme rasgou seu rosto e eu pensei que minhas lágrimas estavam caindo em seus próprios olhos ao vê-los umedecerem. O fluxo em meu rosto se tornara constante, mas minhas glândulas lacrimais não poderiam ser responsáveis pela vermelhidão ao redor de seus olhos. 

Fiquei perplexa ao observar uma gotícula de água se formar sobre seus cílios inferiores. Justin nunca chorava, resultado de sua criação rígida, então meu espanto era justificado. Eu não parecia mais estar ligada a terra ou ao meu próprio corpo, e a sensação foi reforçada quando ele alcançou meus lábios num átimo, dando-me um beijo de ternura vigoroso, diferente de qualquer um que já havíamos experimentado juntos. Nosso contato ia além de qualquer sensação física, mesmo que se temperasse dela. Estávamos pintando juntos, criando nosso próprio tempo e espaço ali no mundo eterno e singular. Ele se afastou cedo demais para sorrir pra mim. 

— Posso colocar a aliança em seu dedo? 

Eu me ajeitei sobre os joelhos imediatamente, feito uma criança ansiosa para receber seu presente de natal. Ele deu uma risadinha de júbilo, movendo-se com muito mais elegância do que eu. Tirou a aliança da caixinha com a mão direita sob meus olhos deslumbrados e a estendeu para mim. Sem capacidade de pensar em qual mão se usava uma aliança de noivado, abri as duas na sua frente, meus dedos tremiam como se eu estivesse passando mal. Ele riu de novo antes de escolher o dedo anelar da mão direita. O metal deslizou por ele até se encaixar com perfeição, aquele parecera sempre ter sido seu lugar, como se eu não fosse completa antes. Meu coração explodiu de regozijo. 

Justin interrompeu o momento colocando na palma da mesma mão outra aliança prata, essa bem simples, e me estendeu seu dedo anelar direito. Eu sorri para ele antes de imitá-lo. Depois, coloquei minha mão sobre a sua, analisando-as juntas.

— Você gostou? — Ele perguntou distraidamente, a emoção tão bem controlada na voz saltava em seu rosto.

— São lindas — e então o fitei, encontrando em sua íris um reflexo da minha própria comoção, estávamos em harmonia. 

— É uma promessa, Faith. Até meu coração parar de bater. 

Um nó se estreitou em minha garganta, embora eu ainda não houvesse parado de chorar. Levei as mãos ao redor de seu pescoço, como se pudesse fazê-lo cumprir a força. 

— É só o que eu peço — falei baixinho — Nunca mais me deixe, nunca mais se afaste de mim, por favor. 

Ele colocou a caixinha no chão e segurou minha cintura, me puxando mais para perto. Colocou minhas pernas em cima das suas, de forma que pudéssemos ficar apenas a alguns centímetros de distância. O nariz quase tocava o meu quando ele respondeu, concentrando toda sua atenção em mim. 

— Eu senti vergonha de mim mesmo por não ser quem você merece. E a coisa mais importante para mim no mundo inteiro é sua felicidade. Não estava conseguindo uma forma de mudar essa vida que tanto te faz infeliz, então pensei que seria melhor se me afastasse de uma vez. Mas todas essas distâncias me doeram e eu pensei o tempo todo em você — ele tocou meus fios de cabelo delicadamente, colocando-os atrás da orelha — E me vi pensando em alternativas que ao menos te protegessem e... então lá estava você pedindo o tempo todo para ser incluída em tudo. Como se não tivesse medo de nada — ele sorriu quase com repreensão, levando os dedos para o meu queixo — E eu pensei que, bem, é verdade que se você fosse minha esposa — a palavra fez seus olhos brilharem e eu senti um aperto agradável no peito — seria mais fácil ainda. Você já tem um alvo nas costas, sempre vão tentar te usar para me atingir — ele disse aquilo como um pedido de desculpas — e ninguém poderá ignorar as consequências de enfrentar uma Bieber. 

Eu não pensei em todas as implicações de ter aquele sobrenome, eu só conseguia me focar na parte de ter o mesmo sobrenome que o dele, e nunca imaginei que existisse felicidade maior que aquela.

Ele beijou minha testa repentinamente e então ficou mais sério. 

— É claro que nossos treinamentos serão mais afincos agora. Eu vou dar minha vida por você, mas sei que não sou onipresente, então preciso que você saiba um pouco mais de defesa.

Projetei um beicinho. 

— Então tudo se trata de uma estratégia, hein? 

Seus traços relaxaram novamente. 

— Minha maior estratégia é ter você para mim, Faith. Eu enumerei todos os motivos para ser egoísta a esse ponto, mas a maior verdade é essa — ele apontou com o queixo para trás e eu olhei o quadro que pintara com tanta perfeição — Você é tudo o que eu penso, desde o primeiro dia em que coloquei os olhos em você naquela festa em Boston, descendo aquelas escadas com o vestido vermelho e me roubando de mim mesmo. Preciso te ter de todas as formas humanamente possíveis. 

Minhas bochechas ruborizaram de imenso prazer e eu acariciei seu cabelo. O primeiro dia em que o vira parecia ter acontecido a uma era atrás, mas eu ainda o acho estupidamente perfeito. Com uma intensidade maior agora, de fato.

— Você deveria me deixar te mostrar tudo o que enxergo em você, tanto de quem você é hoje quanto quem pode se tornar. Eu acredito em você, Justin. E não me importo nada de lutar com você, contra o que for. Mesmo que seja contra você mesmo. Que tal me deixar decidir onde e com quem quero estar? — peguei a ponta do seu nariz e o apertei como punição. Ele fez uma careta enquanto ria do meu castigo. Depois, segurei seu rosto com as duas mãos, obrigando-o a prestar muita atenção — Se você tentar me afastar de você de novo, e nós dois sabemos que essa é a segunda vez que faz isso, eu juro que te dou uma surra que vai deixar os assassinos no chinelo. Ouviu bem?

Claramente ele achou muita graça do que eu disse, mas assentiu solenemente. 

— Temos um acordo — mas traços sombrios permearam seu rosto — E você tem certeza que quer saber de tudo? Que me aceita assim? E está disposta a encarar meus defeitos e as frustrações da minha jornada?

Revirei os olhos para a incerteza. 

— Para onde mais eu iria, J? — beijei seus lábios com uma leve pressão, depois acariciei sua bochecha macia — Eu quero você, com tudo o que isso significa. 

Funcionou, seu rosto estava novamente tomado daquela expressão sublime. 

— Você é mesmo meu anjo descido diretamente do Céu.

— Eu te amo — concluí simplesmente e o ataquei de novo. 

Entrelacei-me a ele de todas as maneiras possíveis, para que não houvesse distância alguma entre nós. Toda a agonia de não poder mais estar com ele agora fazia parte do passado e o alívio que isso gerava era quase tão arrebatador quanto pensar que eu me tornaria sua esposa. 

Sua esposa. Só de pensar na palavra eu sentia um tremor de alegria. Eu funguei e limpei meu rosto antes de beijá-lo até que precisássemos mesmo de um tempo para respirar, e mesmo assim, distribuí beijinhos por seu rosto, seu pescoço, cabeça... Ele quase ronronava de contentamento. 

— Então.... eu estava pensando em datas — começou ainda ofegante, os dedos trilhando um caminho feliz por minhas costas. 

Interrompi por um segundo o que fazia. Claro, estar noiva — ai meu Deus — significava casar. E para casar precisávamos de uma data. Preparativos. Anúncios. Tantas providências!!! Hanna se divertiria muito com todas elas, bem como Eleanor. Meu pai talvez enfartaria com Caleb ao descobrirem que eu escolhera Justin para o resto da vida mesmo.

— Você já pensou em uma? — Perguntei, voltando com a linha de beijos. 

Quanto tempo um noivado normalmente durava? Um ano e meio? Um ano? Será que até lá já teríamos resolvido toda a questão com a família Bieber e Cavanagh? Ou precisaria ser um noivado maior até resolvermos tudo? 

— Hmm... O que acha daqui a um mês, no máximo?

Eu me afastei para olhá-lo diretamente, os olhos arregalados. 

— Você precisa de mais tempo para se acostumar com a ideia? Para pensar melhor? — Seus olhos se apertaram um pouquinho hesitantes.

Respirei.

— Não preciso pensar melhor em nada, tenho certeza do que eu quero. 

Ele deu um sorrisinho.

— Faith, se eu pudesse me casaria com você amanhã, tenho pressa em todos os sentidos do termo — suas mãos pressionaram com um pouco mais de força minha cintura, causando um arrepio por todo o meu corpo.

Virei um pimentão. 

— Hã... Você quer dizer que... 

Ele entendeu o que eu havia pensado e riu. 

— Não quero apressar as coisas porque quero ter seu corpo de uma vez por todas. Não apenas — eu escondi o rosto em seu peito, envergonhada. Se eu fosse pensar nessa linha, também queria que fosse o mais rápido possível.... — Apenas penso que não há motivos para adiar, pelo contrário — sua respiração soprava em meu cabelo, ele apoiou o queixo no topo da minha cabeça. 

Fiz desenhos circulares em seu pescoço, sem querer citar o que eu estava pensando para não estragar o momento. Se eu pensasse na ideia de estar casada com ele em um mês, não sentia medo, apenas júbilo, um nervosismo justificável e ansiedade. Mas... 

— Você não acha que podemos... ter problemas? Com certas pessoas? De situações não resolvidas? — murmurei. 

Ele suspirou, os braços me apertaram com mais firmeza de novo, mas dessa vez como se pudesse me proteger de tudo.

— Não acho que devemos esperar tudo se resolver para tomar esse passo. Na verdade, essa incerteza é uma das motivações a favor de ser o mais rápido possível. É melhor para te proteger e... — ele lutou para achar as palavras adequadas e eu esperei — não quero correr o risco de perder isso. De acabar não realizando tudo o que eu queria.

Eu me encolhi ao entender o teor de suas palavras. Estávamos envolvidos em questões muito perigosas para sermos presunçosos o bastante em pensar que não havia chances de perder. Justin sempre fora muito confiante com seus planos, e sua falta de confiança me deixava mais nervosa. Era muito arriscado. E eu não sabia mais se valia a pena. Não queria colocar sua vida em risco por um capricho meu.

— Talvez seja melhor pararmos com isso então. Parar de mexer no cacho de abelha — sussurrei. Imaginar o que podia acontecer com ele por isso fez a cor sumir imediatamente do meu rosto, meus músculos perderam a força.

Justin beijou meus cabelos. 

— Não acho que seja possível, Faith. Eles nunca vão confiar em mim, é uma questão de tempo para um impasse — eu estremeci e então ele mudou o tom da conversa — Mas não fique pensando nessas coisas, o que importa somos nós dois. Tirando essa questão, você acha que é muito cedo? Não estamos prontos? 

Me obriguei a descartar os fantasmas de minhas preocupações, isolando-os para lidar com eles depois. Uni as mãos em seu peito e descansei o queixo nelas, olhando para seus olhos de mel, tão lindos, tão meus. 

— Eu nunca vou querer mais ninguém — falei convicta — Por mim, poderíamos nos casar agora. Mas... e você? Realmente acha que estamos prontos? Tem certeza... de mim? Você sabe que eu considero o casamento eterno mesmo. 

Um vinco surgiu em sua testa. 

— Eu vou ter que me esforçar muito para te provar que nunca mais houve nem haverá mais ninguém? Se você desacredita das minhas palavras, minhas atitudes provarão cada vez mais a partir de agora que eu sou completamente seu — a ponta dos seus dedos acompanhou o desenho das minhas sobrancelhas e então abriu um sorriso arrasador como se eu já não estivesse fraca o bastante — Casamento para daqui a um mês então? Se conseguirmos, até antes? Quero um casamento digno, com festa e tudo o que temos direito. 

Assenti, o estômago se embrulhando com a ansiedade agradável. 

— Sim, de acordo. Bom, só tem uma coisa.... 

— Seus pais — adivinhou — Vou conversar com eles no jantar de quinta.

O nó nas tripas daquela vez foi de medo da reação deles. Eu não voltaria atrás, mas também gostaria que eles viessem para o casamento.

Casamento. 

— Que bom que você sabe defesa pessoal. Eles vão te matar, provavelmente. 

Justin pareceu achar a ideia muito empolgante. 

— Não tem problema, a única coisa que tenho medo é de perder você — seus dedos deslizaram por baixo do meu cabelo, em minha nuca. Os arrepios me assaltaram de imediato. 

Eu sorri toda besta. 

— Que bom — e então me lembrei sobre outra coisa do jantar de quinta e fiz uma leve careta — Ah... tenho uma coisa a dizer. 

De imediato ele ficou desconfiado, contraindo os lábios. 

— O quê? Voltou a perseguir o Roger? Invadiu a casa do oficial Somers? 

Lhe mostrei a língua. 

— Não. É que... — desviei os olhos do rosto dele, voltando a desenhar em seu peito e vistoriando meus movimentos como se pintasse um quadro muito importante — eu acabei convidando algumas pessoas para o jantar de quinta, no calor do momento — era melhor já falar de Rafael também. 

— Hmm.... Quem são? — Perguntou hesitante, provavelmente imaginava possíveis convidados que não lhe seriam agradáveis, pela minha dificuldade em anunciar o fato. 

— Bom... só o Rafael... — olhei novamente seus olhos para avaliar suas reações, não houve nem uma centelha de emoção, enigmático — e o Wren com a namorada — confessei de uma vez. 

Foi uma careta praticamente espontânea a que surgiu no rosto dele. Mordi a boca, vendo a irritação faiscar do seu olhar, embora deva admitir que ele de fato estava se esforçando para contê-la. Eu esperei que me repreendesse, enquanto me fitava, mas a linha em sua boca ficava cada vez mais rígida, como alguém muito empenhado em não vomitar. 

A espera só foi me deixando cada vez mais tensa e estava prestes a chacoalhar seus ombros e implorar que dissesse qualquer coisa quando ele respirou fundo, a serenidade sendo socada a força em suas linhas. 

— Wren... Sim, fiquei sabendo que voltaram a conversar — a voz estava muito controlada, mas não se preocupou em esconder totalmente a acusação.

Estreitei os olhos. 

— Eu te contaria, mas você estava muito ocupado me evitando — devolvi. 

Ele deu um sorrisinho duro por uma fração de segundos. 

— Você sabe o que penso dele, certo? 

— E você sabe que ele é meu amigo de infância, certo?

— Eu sei? — Arqueou a sobrancelha. 

— Nós sabemos. Ele é inocente — bati o pé, em sentido figurado. 

Justin sondou meu rosto, mas me mantive muito firme, acompanhando o movimento do seu peito conforme respirava. Ele balançou a cabeça levemente. 

— Não sei como a sua inocência não te matou ainda, Faith — eu esperava que sua voz soasse mais cortante. Estava até que suportável. 

Revirei os olhos, esperando mais um pouco de bronca, uma negativa, um discurso sobre o que os pais dele fizeram, qualquer coisa. Fui surpreendida quando sua mão acariciou minha bochecha e a expressão ficou ainda mais leve, quase livre do estresse.

Empertiguei os ombros, eu não queria incentiva-lo, mas fiquei chocada demais para ficar quieta: 

— Só isso? Não vai dizer que ele não pode vir? Que eu não deveria ter voltado a falar com ele? 

Seu sorrisinho presunçoso terminou de extinguir qualquer traço de desavença. 

— Ah, não vou deixar ninguém atrapalhar um momento como esse, eu acabei de te pedir em casamento e você aceitou — deu de ombros, o movimento indiferente não combinava com a exultação visível em todas as suas linhas de expressão — Posso lidar com Wren depois, acho que ele precisa mesmo renovar suas opiniões pessoalmente sobre mim, se se atreveu a voltar a falar com você. 

Dei um tapinha em seu peito apesar de sentir os cantos da boca se erguerem num sorriso pela primeira frase. 

— Seja bonzinho — repousei a mão direita em seu rosto e mesmo que não houvesse me esquecido da aliança, fiquei radiante ao vê-la ali em contraste com sua pele de porcelana. Demoraria a me acostumar com ela, sabia disso, e me agradava por ser assim. Meu coração transbordava ao vê-la em meu dedo. 

Não tinha a ver com o fato de ser uma joia linda, das que Eleanor daria um dedo para obter, era o que ela representava. Que ele me queria pra sempre, que seríamos um só diante dos olhos de todo o mundo. Bem no fundo da minha mente, recordei-me de um porão na mansão dos Biebers em Boston, quando resolvi me entregar pensando que resolveria todos os problemas da vida, o carrasco que fora designado a me torturar estivera prestes a arrancar meu anelar direito "para que Justin pulasse a aliança de compromisso e fosse direto ao casamento". 

Estremeci com a lembrança e fiquei ainda mais grata ao ver o dedo ali, lindo com o objeto de devoção do meu.... noivo.

Estremeci outra vez, agora de felicidade. 

— Você está com frio? — Justin passou a mão em minhas costas repetidas vezes, preocupado em me aquecer. 

Neguei e abri um sorrisinho. 

— Ah não, mas tenho outras ideias se você quiser mesmo me aquecer. 

Manifestamos ternura antes que ele puxasse meu rosto para me dar outro beijo tão bom quanto o primeiro, talvez até melhor. Movemos nossos lábios com sincronia e eu me ajeitei sobre ele, tentando não machucá-lo com meus cotovelos e não esmagá-lo com meu peso. Justin não estava tão preocupado assim consigo mesmo, ao passo que me puxava mais de encontro a si pela cintura, a outra mão se entrelaçou em meu cabelo, fixando-me sobre sua boca. Sorrateira, sua língua deslizou entre meus lábios receptivos e dançou com habilidade com a minha, movimentos que deixariam bailarinos profissionais invejosos. 

Sua mão se desenroscou do meu cabelo e desceu decidida pelo meu tronco até encontrar minha coxa e puxá-la para cima, apertando-a com firmeza. Arquejei, motivada pelo movimento inesperado. Aproveitando minha surpresa, sua boca desenhou uma trilha em minha mandíbula até se enterrar em minha orelha. Ao mesmo tempo, sua mão esquerda imitou o movimento anterior com a outra coxa e eu derreti sobre ele. Meus cabelos caíam sobre seu rosto como um leque, tornando sua respiração muito concentrada no pé do meu ouvido, e a minha assumiu uma velocidade vergonhosa quando ele temperou sua sessão de tortura com lambidas e mordidas sutis em minha orelha. Eu me contorci, o corpo inteiro desejando aderir uma parte dele. De repente nossas roupas pareciam extremamente inadequadas, muito quentes para a estação, sobretudos de pele no meio do deserto.

E então ele estava me beijando de novo, desfazendo minha linha de raciocínio. Tanto que eu mal percebi a mudança na gravidade, de algum modo eu estava na vertical de novo e ele nos impulsionou para cima, tudo sem a mínima necessidade de ajuda da minha parte. Abri os olhos surpresa ao notar que ele estava em pé, me carregando como a um coala. 

— O que está fazendo? — Perguntei, a voz ridiculamente falha.

Ele pressionou os lábios mais uma vez contra os meus e eu me esqueci que estava esperando uma resposta até que se afastasse de novo e respondesse pretensioso. 

— Mantendo seus votos. Não nadamos até aqui para morrer na praia. E eu estava quase convencido a morrer. 

As palavras enigmáticas fizeram sentido apesar da minha confusão mental devido a sua expressão quase vulgar. Meu coração disparou repentinamente. 

— Tem razão — concordei envergonhada, embora quisesse gritar "VAMOS MORRER DE UMA VEZ". 

— Vou te alimentar e depois podemos ir lá em casa dar as boas novas. O que acha? 

Apertei meus braços ao redor de seu pescoço, completamente feliz. Qualquer ideia que envolvesse estar junto dele me faria bem. E anunciar a novidade a nossa família tornava tudo mais emocionante ainda.

— Uma ótima ideia. 

Apesar das suas palavras, quando chegamos às escadas ele começou a subir para o último andar. Bem... A menos que... Hm, o que ele considerava me alimentar? Justin viu a confusão no meu rosto e se divertiu muito com ela. Eu ainda não havia achado uma forma de perguntar quando ele parou em frente ao seu quarto, o que me deixou ligeiramente mais tensa. Suas sobrancelhas se arquearam para mim e ele empurrou a porta com a ponta do pé. Arfei assim que pude ter uma visão ampla do cômodo. 

Pequenas velas redondas vermelhas aromáticas estavam espalhadas por todas as superfícies, criando uma iluminação mais rústica e romântica. Em cima do seu tapete grosso e creme estavam dois aparelhos de fondue em pleno funcionamento, misturando-se ao aroma das velas, chocolate e queijo, além de frutas, carnes e vegetais. Meu estômago se remexeu inquieto de fome. Para completar, uma garrafa de champanhe com duas taças de cristal em volta e pétalas de rosa distribuídas aleatoriamente por toda a cena. 

— Justin! — Engasguei. 

Eu não duvidava de sua capacidade romântica e de surpreender, mas, ele havia mesmo se superado. 

— Eu não sei o que faria com tudo isso se você dissesse não — franziu a testa com preocupação fajuta.

— Por isso você fez em um quarto diferente? Para que eu não me sentisse pressionada?

Ele me desceu do seu colo, risonho. 

— Era lá que eu estava pintando seu quadro também. Podemos? 

Agarrei sua mão e me apressei para nos unirmos àquele conto de fadas. Para quem não queria que eu morresse na praia, ele me apresentara um Titanic e tanto. Tirei o calçado antes de pisar no tapete enquanto ele tirava o casaco para jogá-lo negligentemente sobre sua cama. O movimento fez com que seu perfume viajasse pelo ar agradavelmente quente a minha volta e eu dei um suspiro profundo para extrair o máximo do aroma. O imitei com o casaco, apreciando a visão dele puxando as mangas da camisa social cinza até os cotovelos — um coisa incrivelmente tentadora de presenciar —. Fiquei encarando a criatura totalmente impecável, chocada e lisonjeada com o fato dele me querer. 

Ao captar meu olhar, piscou pra mim e me deu um selinho. Eu fiquei inclinada para o ar quando ele se afastou antes que eu estivesse satisfeita — se é que algum dia poderia estar —, provocando-lhe outra risada gutural. Estávamos cheios de sorrisos e risadas naquela noite, uma das mais felizes que já havíamos vivido sem dúvidas. Sentamo-nos lado a lado em frente aos aparelhos e Justin colocou um prato branco na frente de cada um. Depois espetou um pedaço de frango e mergulhou no queijo. Assim que estendeu o alimento na minha direção, o abocanhei, gemendo de contentamento. O sabor impecável e quente foi muito bem vindo na minha língua. 

— Ficou bom? — Justin confirmou. 

Uni as pontas dos dedos e encostei nos meus próprios lábios, afastando-os abertos em seguida como se explodissem, sinalizando o quão magnífico estava.

— É óbvio que você puxou pra sua mãe — completei depois que terminei de mastigar. 

Suas covinhas apareceram. Peguei o outro espeto para retribuir a gentileza enquanto ele enchia nossas taças com champanhe. E logo depois de comer a carne que eu espetara para ele, entrelaçamos os braços para tomar um gole do líquido juntos, feito um ensaio para o dia do casamento. 

Casamento. 

Os olhos dele faiscavam a meia luz, tão intensos e expressivos como eu nunca vira antes, eu podia enxergá-lo novamente sem máscaras, completamente exposto e receptivo a mim. Sua alma reluzia dos sentimentos mais puros e leves, e saber que aquelas sensações eram provocadas por mim, me fazia mais bem do que minha própria felicidade. 

Passamos a refeição inteira alimentando um ao outro e esgotamos juntos a garrafa de champanhe. Justin fez menção de se levantar para pegar outra no frigobar, mas eu não estava pronta para deixá-lo se distanciar por milímetros que fossem. Partimos para o doce e um fio de chocolate escorregou do morango para o meu queixo

— Não se preocupe com isso — Justin me parou quando eu me inclinei para pegar o guardanapo.

Em seguida seus lábios estavam na área suja. Eu quase engasguei ao tentar engolir rápido a fruta em minha boca, transformando a pequena carícia em um beijo lento, daqueles que desnorteia os sentidos e te faz perder o ar em poucos segundos. Por mais que o fondue salgado estivesse realmente saboroso, minha parte preferida foi o doce, dividimos algumas frutas, repartindo-as ao mesmo tempo com nossos lábios juntinhos e recebi muito beijos por todo o meu rosto, pescoço e alguns na clavícula. Como não sou egoísta, retribuí com muita boa vontade os carinhos, e em poucos momentos estávamos deitados em seu tapete macio. 

— Onde você quer realizar o casamento? Aqui? Paris? Dubai? Veneza? Rio de Janeiro? — Seus dedos subiram e desceram por meu braço ao passo que eu repousava metade do corpo em cima do seu.

Eu fiquei muda de início pelas possibilidades e o fitei. Ele sorriu. 

— Vou te levar aonde quiser, podemos pagar as passagens e estadia dos convidados que não puderem arcar com as despesas. Ou simplesmente de todos os convidados. 

— Bryan não te deixaria pagar tudo — retruquei ainda sem saber o que dizer sobre o lugar. 

Ele deu de ombros.

— Não me importo. Se ele quiser ajudar tudo bem, mas não vou contar com isso. Não será um problema se ele não ajudar. Para onde quer ir, Faith? E a lua de mel? Diga e você terá. 

Eu abri a boca várias vezes para dizer alguma coisa, mas só conseguia pensar em uma frase:

— Você é um sonho, Justin — passei a perna ao redor de sua cintura e envolvi a lateral de seu pescoço com uma mão — Me prometa que eu nunca vou acordar. 

Seu indicador tocou a ponta do meu nariz, depois fez o contorno da minha boca distraidamente. 

— Eu sou seu, Faith, pesadelo ou não — falou baixinho, o hálito quente soprando em meu rosto. 

Por instinto me aproximei mais. 

— Meu único pesadelo é ficar sem você. 

Uma pausa agradável para mais um beijo apaixonado e eu nem me lembrava mais a sensação de ter ossos firmes dentro do corpo.

— Decidiu o lugar? — Insistiu, respirando em meu pescoço. 

Como ele podia esperar que eu tivesse qualquer pensamento lógico naquele momento? 

— Hmm... Te respondo amanhã? Para onde você quer ir? — eu esquecia cada palavra que havia pronunciado logo após proferi-las, então não sabia se ele acharia coerência nelas.

— Para onde você estiver — mordiscou meu pescoço e então deu uma risadinha quando me arrepiei inteira — Vamos contar para os outros de uma vez? Você está mesmo irresistível essa noite, mais do que o normal. 

Refiz mentalmente minhas escolhas de beleza naquele dia e tive certeza de que não havia nada inovador. Na verdade, meu desânimo me deixara mais desleixada com a aparência. Se não falava apenas para me agradar, devia estar embriagado por nosso contentamento.

— São seus olhos. Vamos. 

Mas nenhum de nós se mexeu. Quer dizer, não para ir embora. Sua mão puxou meu queixo de modo que iniciássemos mais um beijo. Só depois de estarmos completamente sem fôlego ele se afastou, acariciou minha bochecha e beijou minha testa. Por mim eu ficaria lhe encarando pelo resto da noite, mas, sendo mais forte do que eu — em todos os sentidos — ele tomou impulso, puxou minhas pernas para o seu colo e levantou-se me segurando como se fosse me ninar. Eu ofeguei de surpresa, mas mal me acostumara com a posição e meus pés já estavam no chão. Ele claramente estava satisfeito pelo meu choque momentâneo.

— Me ajuda a levar as coisas para baixo? 

— Sim, claro. 

Justin equilibrou os pratos, a garrafa de champanhe e um dos aparelhos sozinho, me pedindo para lidar apenas com um aparelho e as duas taças. Eu coloquei as taças embaixo do braço e tentei segurar o aparelho sem derramar nada no chão. Quatro lances de escada depois e muito suor da minha parte pelo medo de ser atrapalhada, conseguimos chegar a cozinha sem acidentes. 

Levávamos nossos casacos em nossos ombros, então nos vestimos com eles e de lá saímos diretamente para seu carro de mãos dadas. 

— Então.... Eu fui de carro para a faculdade hoje, podemos buscá-lo primeiro? Eu esqueci que estava de carro quando você me ligou pedindo para me buscar. E eu preferia mesmo pegar uma carona com você — confessei. 

Previsivelmente ele riu, mas concordou. Entrei em seu carro pela segunda vez naquele dia, mas com um espírito completamente diferente, como se fosse uma vida depois e não poucas horas. Eu me sentia desfilando sobre as nuvens fofinhas e cheirosas. 

Liguei o som, distraída com sua presença até ele chamar atenção para o que tocava.

— Ah sim, bem propício — Justin sorriu para mim e cantarolou em sua voz aveludada enquanto ligava o carro — Ouço o eco de uma promessa que fiz "Quando você é forte, pode seguir sozinho", mas essas palavras soam distante quando olho em seu rosto — ele me fitou enfatizando — Não, eu não quero seguir sozinho. 

Levei a mão à sua nuca, acariciando sua pele, tão focada no nosso presente feliz quanto no futuro promissor. Apenas nós dois, nenhuma preocupação. 

— Nunca pensei que colocaria meu coração na linha, mas tudo sobre você me diz que desta vez... — ele me convidou a cantar junto com uma rápida olhada e eu o fiz sem titubear — É pra sempre, desta vez eu sei e não há dúvidas em minha mente, pra sempre até que minha vida se acabe. Garota, vou te amar pra sempre — praticamente gritávamos no espaço estreito de seu carro, cada vez mais empolgados.

Seguimos até a faculdade no mesmo embalo, naquele show particular, interrompendo o momento para que eu pudesse pegar meu carro. Suspirei de infelicidade por ter de me afastar um pouquinho e lhe dei um selinho para tomar coragem. 

— Quer apostar corrida? — Perguntou animado.

A neve já tornava o asfalto branco com uma fina camada, interrompida apenas pela marca dos pneus alheios. 

— Vai nessa.

Eu claramente bateria o carro se tentasse aumentar um pouco da velocidade, e queria sobreviver ao menos até o casamento. 

Casamento. 

Tremi ao correr até meu carro. A neve caía a minha volta, mas eu mal notava a temperatura. Meu corpo reagia apenas ao nosso eminente matrimônio. Eu precisaria de um tempo sozinha para refletir calmamente sobre os acontecimentos da noite, o silêncio e vazio em meu carro parecia perfeito para isso, se eu não estivesse tão focada no veículo a frente do meu e encarasse o para-brisa com tanta determinação como se pudesse ver através do seu insulfilm escuro.

Encarei a aliança em meu dedo apertado contra o volante ainda naquele estado de perplexidade maravilhada. Faith Angel Evans Bieber. Parecia muito bonito para mim. Mais do que adequado. Perfeito. Completo. Estava quase conseguindo destravar meus pensamentos coerentes quando chegamos na casa de Pattie. Só então me dei conta de que estava prestes a contar a sua família e isso trouxe mais concretude para o sonho. 

Mal havia desligado o carro quando desci, ao mesmo tempo que meu noivo e lhe dei a mão, ansiosa. Justin, sempre tão calmo e inabalável, exalava a mesma carga elétrica que eu, não havia traço em sua face que não sorrisse. 

— Chamei Ryan e Caitlin para virem também. Dez minutos, eles disseram. Vamos contar ao mesmo tempo? Consegue esconder a aliança até lá? — Ele já estava fazendo menção de tirar a sua. 

Fiz uma careta enquanto o imitava. 

— Se você prometer que essa é a única vez que vamos tirar na vida. 

Seus dentes faiscaram pra mim. 

— Prometo que só tiraremos de livre e espontânea vontade quando for para passar à mão esquerda — ele tomou a dita cuja, beijando meu anelar. 

Derreti-me, mais distraída ainda quando tive clara visão de seus olhos de mel. Eu o agarraria ali de novo, entretanto, parecendo prever a agitação hormonal, ele abriu a porta com um sorrisinho malicioso.

Respirei fundo antes de entrar e me tornar oficialmente noiva a olhos externos.