Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

One life 14

O tempo me pareceu ter passado incrivelmente rápido quando ele afastou o rosto. Eu estava vergonhosamente ofegante, por isso demorei a criar coragem de abrir os olhos.
Ainda estávamos emaranhados, sem vontade nenhuma de diminuir o contato. A primeira coisa que vi foram seus olhos fixos em meu rosto e pensei ver uma angústia profunda dotada de dúvida neles. Fiquei com medo de perguntar, temendo que estivesse apenas com receio de me dizer que aquilo não era o que ele esperava, que não havia significado muita coisa, embora continuasse a me pressionar contra ele.
– Você é terrivelmente magnífica, Faith Evans – admitiu com exaustão – Extraordinária demais para o seu bem.
Dei um sorriso completamente sem graça, tímida demais para discordar dele. Ele que era excepcional com todo seu ser inumano. Contemplei seu rosto, agraciada por poder fazê-lo de tão perto. Tudo nele era perfeitamente alinhado, era um exagero que fosse tão bonito assim.
– Você está com... – tirei minha mão de seu cabelo, impressionada com tamanha ousadia vinda de mim por colocá-la ali, e passei meu dedo embaixo de seu olho esquerdo onde pensei ter visto alguma sujeira – Não quer sair.
– É uma tatuagem – esclareceu, adivinhando sobre o que eu falava.
Examinando melhor percebi a representação de uma cruz pequenina.
– Não havia percebido essa.
– É recente.
Parei de passar o dedão ali, notando que já estava ficando desnecessário. Meu rosto estava esquentando conforme eu tinha consciência de nossa proximidade. Eu podia sentir as batidas de seu coração contra as minhas, o que fazia com que minha pulsação acelerasse.
Contrariando todos os meus impulsos, fiz menção de me afastar, e assim ele permitiu. Foi assustador o sentimento de fragilidade quando seus braços me deixaram.
– E qual a motivação para esta? – questionei com o olhar no curso da água, constrangida o suficiente para evitar seus olhos.
– Hmm... o mesmo das outras – respondeu hesitante.
– Algum dia vai me contar sobre elas? – pensei alto, reparando que eu estava um pouco fraca, abalada com os últimos acontecimentos. Me sentei novamente depois de guardar minha folha no bolso da frente.
Escutei Justin se sentando ao meu lado e abracei meus joelhos, temendo que minhas mãos inquietas se estendessem para tocá-lo.
– São histórias. Uma característica de alguma pessoa que cruzou meu caminho – revelou devagar, organizando cada palavra com cuidado, aparentando não querer falar demais.
– Seus amigos? Pessoas importantes pra você? – especulei ainda covarde para ver seu rosto.
– Não exatamente, mas fizeram parte da minha vida por qualquer período de tempo.
Não aguentei mais e olhei para ele curiosa. Sua expressão estava cautelosa em meu rosto.
Imaginei se eu teria a honra de ganhar uma representação em seu corpo e qual seria. Acabei me lembrando da garota em seu pulso e meu cérebro trabalhou rapidamente em uma teoria. Todas aquelas tatuagens poderiam representar alguma mulher em sua vida, explicaria sua hesitação para me contar o assunto, e eu já sabia que uma era para sua mãe.
E se eu já tivesse uma tatuagem em minha homenagem? A cruz era recente assim como eu em sua vida, e nos encontramos fora da igreja uma vez...
Ele deu um sorrisinho.
– Posso ouvir seus neurônios trabalhando daqui. Qual sua conclusão?
Pensei três vezes antes de decidir que deveria lhe contar para saber se era verdade.
– São mulheres que passaram em sua vida? – supus.
Ele quase riu.
– Não. Não dessa forma que você está pensando. São apenas pessoas.
Era o máximo que ele diria, sua frase vinha acompanhada de um ponto final, mas eu não estava nem perto de ser saciada. Reprimi minha ganância por respostas antes que pudesse assustá-lo fazendo com que se fechasse completamente de novo.
– Como é o primeiro nome de sua mãe?
Essa poderia não ser a pergunta adequada, seus lábios se comprimiram enquanto ele pensava se deveria responder.
– Hmmm... Patrícia.
Me surpreendi por obter uma resposta, jurava que ele não diria nada.
– E não sabe mais nada sobre ela?
Ele só negou com a cabeça, tentando demonstrar que aquilo não importava. Mas como poderia um filho não querer conhecer a mãe?
O assunto era mais delicado do que o anterior, se o intuito era não assustá-lo eu deveria concluir logo. Só que ele ainda não dera o ponto final..
– Não quer conhece-la? – perguntei lentamente.
Sua reação foi quase reflexiva, mas seu dar de ombros não convenceu, então ele completou:
– Fico pensando se meu pai estava certo, que ela realmente não se importava. Então não consigo ir muito afundo para quebrar a cara depois.
Instintivamente coloquei a mão em cima da sua apoiada na grama rala. Mesmo sendo indiferente, esse era e provavelmente seria o estado mais vulnerável que eu veria nele.
– Posso estar errada, mas penso que é melhor enfrentar uma situação e sofrer por esse ato de coragem do que se lamentar pelo que poderia ter acontecido. Se quiser posso te ajudar a procurá-la.
E lá estava o desconforto em sua expressão. Era hora de cessar fogo.
– Claro – sua resposta foi evasiva, não querendo dizer que de fato desejava minha ajuda.
Respeitei seu espaço, fitando o vazio.
– E seu pai, está melhor?
Fiquei lisonjeada que lembrasse de meu pequeno problema e desenrolei um relato de como as coisas estavam em casa. Um assunto acabou puxando outro ininterruptamente, meu tipo de conversa favorita, sem forçar nada apenas para preencher o silêncio. Essa era uma das razões para eu não gostar de interagir com pessoas, conversas vazias e forçadas eram terríveis.
– ... e então lá estava ele pulando com os pés cheios de lama em minha cama. Minha mãe quase arrancou o pescoço de Caleb.
Ele deu risada, nunca entediando-se com as histórias da minha família.
– Caleb era terrível – concluiu.
– Nós dois éramos. E você, era uma criança terrível?
Ele deu uma risadinha sem humor, olhando para o chão, revivendo em sua mente as memórias que não me diria, provavelmente traumáticas. Bieber aparentava ser uma exceção para o costume de se mimar filhos únicos.
– Sua mãe não gostaria que uma criança como eu brincasse com vocês.
– Por que?
Seu sorrisinho pequeno voltou-se para mim.
– Eu era muito violento.
– Hm, temos uma criança rebelde aqui. Aposto que recebia vários castigos.
– Basicamente.
A pergunta se formou em minha cabeça e se direcionou a minha boca rapidamente.
– Você chegou a frequentar orfanatos? – a frase saiu estranha, quase entalada, receando que o assunto o incomodasse.
Mas ele não se deixou perturbar.
– Não. Meu pai não morreu depois que eu completasse a maioridade, mas fiquei com a família dele.
Concordei com a cabeça, imaginando o que seria adequado para lhe dizer num momento desses.
– Espero que tenham sido gentis.
– Sobrevivi – brincou.
Isso queria dizer que havia sido maltratado?
– Olhe – ele apontou para o horizonte.
Os últimos raios de sol se arrastavam pela terra, negando-se a iniciar o findar do dia, refletindo meu sentimento. Minha tarde estava agradável demais para durar pelo menos pelo restante da minha vida.
A ideia de ir embora me sondou, e não pude evitar o desânimo que se apoderava de mim.
– Se você quiser podemos ao menos ficar uma parte da noite para que possa me apresentar suas estrelas – sua sugestão veio como um consolo, qualificando Bieber como um leitor de mentes.
Consenti rápido demais para o meu gosto, estampando claramente a felicidade em meu rosto.
– Tudo bem.
– O que acha de cavalgarmos mais um pouco e comer alguma coisa?
Alguém disse comida?
Me pus de pé num salto, colocando o capacete e as luvas e chegando à Lisa antes que ele pudesse pensar em levantar.
– Voto por invertermos essa ordem – opinei, montando.
Bieber riu, esforçando-se para me acompanhar.
Disparei em direção ao casarão, um pouco triste por deixarmos para trás o canto que escondia nosso segredo, aquele momento composto de instintos e impulsos.
Balancei a cabeça para me livrar da sensação ruim em meu estômago, me centrando em satisfazer o tipo real de necessidade.
– Te desafio para mais uma corrida – escutei a proposta enquanto amarrava Lisa.
– Você sabe que temos que esperar a comida ser digerida, não?
Ele fez um muxoxo.
– Isso é para os fracos.
– Lisa não vai gostar nada que eu vomite nela.
– Duvido.
Entramos na recepção vendo Harold ler um jornal atrás do balcão, assim que ouviu nossa aproximação olhou pra cima e sorriu.
– Então já vão querer um quarto? Tenho uma suíte incrível e...
– Hm, na verdade não, Harold, obrigado – Justin se apressou em interromper.
O senhor ficou confuso, olhando entre nós dois.
Não me diga que... Ah não.
– Gostaríamos de comer alguma coisa.
– Claro! – Harold saiu de sua avaliação caótica e nos conduziu para dentro, apresentando no final do corredor uma espécie de refeitório.
Não era muito grande, tendo em torno de umas seis mesas redondas. Duas mulheres estavam conversando na provável cozinha que tinha uma abertura na parede para que pudessem anotar os pedidos, me recordando da cantina do ensino médio.
– Mary e Margaret, vejam quem veio dar o ar da graça à sua cozinha.
As duas morenas aparentando a idade de minha mãe pararam e olharam para nós dois, não surpresas, mas felizes.
– Justin! Demorou para voltar dessa vez! – uma delas disse enquanto a outra disfarçadamente tentava me avaliar.
Cruzei os braços contra o peito, sem jeito.
– Perdão. Mary, Margaret, conheçam Faith.
Dessa forma tiveram a esperada oportunidade de dar uma boa olhada em mim. Estendi minha mão como a boa menina que minha mãe me ensinara a ser, cumprimentando-as.
– Vocês poderiam fazer aquele especial de fim de tarde? – Bieber pediu com aquele sorriso de realizar desejos.
Elas concordaram imediatamente, se enfiando na cozinha com destreza, não sem antes me jogar um último olhar.
Segui Justin até a mesa mais afastada, me sentando em sua frente com os olhos em seu rosto, em busca de mais respostas. Identifiquei aquela ingenuidade que ele forjava sempre que queria desviar alguma coisa.
– E então?
– E então o que? – perguntou inocentemente.
Fiz uma careta.
– Como você os conheceu? Que história foi aquela de quarto? Por que elas ficavam me olhando daquele jeito? – disparei as perguntas uma atrás da outra, cochichando para não ser deselegante.
Ele começou a brincar com o sal em cima da mesa, olhando para o objeto enquanto respondia:
– Eu sempre costumei frequentar esse lugar, acabamos criando laços. Sobre o quarto, Harold fez daqui uma pousada também. E Mary e Margaret são esquisitas desse jeito mesmo. Mais alguma coisa? – respondeu tranquilamente.
A pulga de desconfiança ainda não saíra de minha cabeça, o que eu queria mesmo saber era inconveniente demais para perguntar.
– O que é o especial?
O canto direito de sua boca abriu um sorrisinho e ele me olhou, aparentando alívio que fosse apenas isso, o que me deixou um pouco mais intrigada.
– Muffins de chocolate e suco de laranja.
– E como você sabia que eu gosto dessas coisas?
– Palpite.
Mary e Margaret apareceram com os pedidos em mão, felizes por receberem nossa gratidão em seguida. Do modo que olhavam para Justin me deixava com poucas duvidas de que fariam com o maior prazer tudo o que ele pedisse.
Comemos em um silêncio agradável – isso por que eu conseguia até o momento segurar a aquela duvida idiota em minha boca, embora estivesse custando minha paz.
– Quer mais alguma coisa?
Neguei com a cabeça, feliz em satisfazer o dragão em minha barriga.
– Te dou no máximo meia hora para fazer sua digestão – anunciou bem humorado, olhando no relógio da parede atrás de mim;
– Enquanto isso você pode me contar mais sobre você – sugeri animada – O que você seria se não fosse conciliador?
– Hmm... jogador de Hóquei? – disse em dúvida.
Tentei imaginá-lo como um jogador famoso. Não obtive êxito. Sua preferência de viver nas sombras era o contrário do brilho do estrelato.
– Serio?
– Sim, treinei até minha assinatura para isso.
Dei risada e peguei o guardanapo de papel, estendendo para ele.
– Justin Bieber, me dá um autógrafo!
Seu sorriso a minha encenação foi bem humorado, depois levou a mão ao bolso e pegou uma caneta, fazendo a assinatura que eu bem me lembrava do cheque dado por Dark Inside.
– Você sempre anda com uma caneta – questionei intrigada, pegando meu segundo presente do dia.
– Nunca se sabe quando vai encontrar uma fã – deu uma piscadinha. Pelo meu estado mental, era bom que ele não fizesse mais isso – Mas e você, seria o que?
– Isso você sabe, eu quero mudar para medicina.
– E nunca sonhou ser alguma outra coisa quando criança?
Dei um sorrisinho, lembrando o tanto de vezes que ensaiei em frente ao espelho.
– Bailarina.
– Você dança ballet? – ele não estava surpreso, como se fosse previsível Faith Evans de tutu e sapatilhas.
– Eu não faço mais tão regularmente, e de qualquer forma, gosto um pouco mais de Jazz.
– Vai me dizer que também toca piano? – debochou.
– Eu sou péssima no piano. Prefiro violino. E o que esse tom irônico quer dizer?
– Você é mesmo aquela garota nobre. De qualquer forma, gostaria de ver você praticar.
Fuzilei seus olhos julgadores.
– E você, diferentão, não toca instrumentos?
Ele riu.
– Alguns.
Seu intuito era passar o plural despercebido, mas escutei muito bem, e ao contrário dele, estava impressionada.
– Quais?
– Violão, bateria, trompete, piano e guitarra.
Meu queixo caiu.
– Sempre quis aprender bateria. Então você sempre foi bem ocupado em aulas.
– Na verdade, aprendi sozinho.
Era completamente injusto com o mundo que tantas qualidades se concentrassem em uma pessoa só.
– Estou impressionada – admiti.
– Poderíamos tocar alguma coisa juntos... Quem sabe na nossa fuga de amanhã.
Meu corpo entrou em festa com a possibilidade, só para eu lembrar segundos mais tarde um grande porém.
– Depende da hora.
– Pensei no período da tarde. Estou tirando umas folguinhas do trabalho. Tem algum compromisso?
– Marquei uma visita há uma semana atrás no orfanato.
Sua expressão mudou e ele baixou os olhos para que eu não visse.
– Ah sim.
A ideia corroeu minha cabeça, moldada pela negação de conviver com sua ausência.
– Você gostaria de vir comigo? – minha voz saiu fraca, dotada de indecisão. Eu não gostaria de parecer ridícula.
Ele me olhou, abrindo um sorrisinho.
– Posso?
– Claro, eu converso com eles. Precisamos estar lá às duas.
Ele assentiu, pensando no assunto.
– Preciso levar alguma coisa?
– Um sorriso.
Suas bochechas se acumularam nas maçãs do rosto conforme abria um sorriso que me deixou sem fôlego.
– Esse está bom?
Apenas assenti, temendo que minha voz falhasse.
– Ok. Seu tempo acabou, vamos. – se levantou, impaciente.
– Mas não deu meia hora! – protestei, mas ele já estava quase na porta.
Não recebi justificativa, então o segui antes que me trapaceasse. Agradeci por ter neurônios, já que chegando lá fora Bieber rapidamente subiu em Major, pronto para começar, o acompanhei e montei em Lisa.
O céu já começava a escurecer, pitando uma ou duas estrelas naquele azul que ficaria praticamente negro. Quase me distrai com aquele espetáculo e com a sorte cósmica ao meu lado, finalmente conquistei o inconquistável, vencer Justin Bieber.
Dei um berro de comemoração quando passei na marca inicial primeiro que ele e ouvi sua risada.
– Tudo bem Faith, sorte de principiante – me provocou.
– Principiante? Saiba aceitar uma derrota, meu querido.
Ele sorriu, dando de ombros.
Seguimos nosso caminho lentamente, e admito ter ficado me gabando para ele durante o percurso. Acabei sendo desafiada para inúmeras atividades por ele, basquete, ping pong e até mesmo cozinhar. Como meu ego estava inflado demais para provar meu valor, aceitei todas. Pressupondo que todas as sugestões vinham dele, provavelmente eu me arrependeria depois.
Só terminamos nossas provocações quando o céu estava inteiramente escuro.
– Agora é a hora de me contar sobre suas estrelas – com habilidade ele desceu do cavalo e o amarrou.
O imitei, tirando as luvas e o capacete, sem esquecer de agradecer à Lisa pela vitória. Ficamos simplesmente em pé no meio do campo com os olhos no céu.
– Tudo bem, está vendo aquela ali? – apontei – Chama Ice. No dia em que a nomeei, eu havia brigado com quase todo mundo da minha casa, estava frio, mas mesmo assim me refugiei na sacada, fiquei observando o céu, e diante daquela imensidão percebi que eu não poderia me dar o privilégio de ficar triste por coisas tão banais.
Lhe apresentei Willy Wonka, a primeira estrela que denominei quando tinha uns doze anos, justamente por causa do filme A fábrica de chocolate, e as demais que vieram após este dia.
– E como consegue diferenciá-las? São iguais demais.
– Não, a posição delas no céu, que muda de muitos em muitos anos, a intensidade do brilho também... São diferentes. Você entenderia se parasse para ver.
– Vai nomear alguma hoje?
– Pode ser que sim... – procurei alguma disponível bem colocada, imaginando qual nome poderia definir esse dia. Haviam tantas concepções em minha cabeça que eu ficava confusa, eram muitas emoções para apenas um dia.
– Tenho algumas sugestões – escutei sua voz baixa próxima a mim concomitante com a sensação de seus dedos lentamente tocando os meus.
Olhei para ele e confirmei sua proximidade, me deixando nervosa.
– Quais são? – e minha pulsação já martelava em meus ouvidos.
Sua mão se entrelaçou à minha, causando reações nada naturais em mim. Assim ele as levantou unidas e pousou em meu peito, com as costas da sua mão contra minha camisa.
– Heart beat.
Droga, ele sentia muito bem a aceleração que causava em meu coração.
Ele sorriu, olhando para minhas bochechas, levantou a mão esquerda e passou o dedão bem em cima do acumulo de sangue.
– Ou blush.
Baixei os olhos sem graça e ouvi sua risadinha, logo em seguida fui assaltada por uma serie de arrepios que acompanhavam o contorno de sua mão em minha nuca.
– Quem sabe Feel?
O calor de sua pele me avisou que se aproximava. Entrei em êxtase por saber o que aquilo queria dizer, e para minha própria surpresa me inclinei, no intuito de facilitar o toque de nossa boca.
A frustração foi instantânea quando ele se afastou, disperso pelo som de seu telefone. Vi quando seu maxilar travou, e com devido esforço, sorriu para mim.
– Hora de ir.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

One life 13

Me joguei no sofá com a cara nas almofadas, desgastada emocional e fisicamente.
Escutei Flê dar uma risadinha, afagando minha cabeça.
- Manhã difícil? - especulou.
- Terrível.
Recebi um combo de constrangimentos sem pedir. Incluía comentários pela faculdade sobre meu quase beijo com Charles e o mistério de quem seria o "o galã dos olhos claros", um escândalo de Hanna por ela saber disso por outros, mais um escândalo de Hanna por meu relato de contato físico com Bieber, e para finalizar, um pedido de desculpas à Charles.
- Desculpa digo eu, não sabia que tinha namorado - ele dissera.
Descobri mais tarde que foi péssimo responder apenas "imagina" por que todos agora queriam saber quem eu estava namorando. Como se não bastasse todos esses desastres, recebi nota baixa em "História da arte V" me lembrando o quanto eu queria mudar de curso.
- Quer contar?
Choraminguei, recordando que prometa uma explicação para Flê hoje.
- Tudo bem, ainda não está pronta, eu entendo, mas pelo menos vá almoçar, depois suba para ver o pacote que chegou a você.
Pacote? Eu não havia encomendado nada.
Embora estivesse curiosa, obedeci as ordens de Flê para não me causar mais problemas. Mastiguei devagar a salada maravilhosa que ela me tinha feito, agradecendo por isso no fim.
Subindo para meu quarto, me deparei com uma caixa quadrada media no meio da cama, e assim que abri a tampa vi o bilhete:
" Querida Faith,
meu saldo se encontra negativo com sua pessoa, portanto convido-lhe para uma tarde de fuga comigo. Os trajes para nosso passeio devem te dar uma pista. Se aceita, vista-se e me encontre bem em frente a sua casa às 13:00. Prometo compensar minha falha,
Jb."
Percebi um sorriso se formando em meu rosto, sendo ampliado quando examinei os equipamentos de cavalgar. Apenas por um momento cogitei se deveria aceitar o convite, imaginando com que cara eu o olharia depois do que acontecera. Só de pensar minhas bochechas se avermelhavam. E se ele perguntasse o que havia significado? Mesmo que tivesse passado boa parte da noite refletindo sobre isso não cheguei a lugar algum. A única coisa que eu sabia é que havia sido bom. Muito bom. Inexplicavelmente bom. Talvez se o visse as peças se encaixariam e eu parasse de ficar confusa. Eu sempre odiei ficar confusa.
Estava decidido, eu iria. Só era óbvio que nosso último combinado tivesse me traumatizado, então esperei - impaciente por quinze minutos andando em círculos pelo quarto - até uma hora para olhar na sacada e ver se ele estava mesmo lá fora antes de me trocar.
Fiquei aliviada quando o vi encostado em seu porshe elegantemente, com os braços cruzados fitava minha janela, dessa forma acabou me flagrando. Seu sorrisinho curioso deu um desarranjo em meu coração e minha barriga se embrulhou. Isso seria mais difícil do que eu imaginava.
Mais rápido do que eu achava possível, me vesti com aquela calça bege, a camiseta branca e a espécie de bota preta. Fiz um rabo de cavalo alto, verificando se não havia nenhum fio fora do lugar a não ser minha franja falsa do lado esquerdo. Peguei minha bolsa preta transversal, segurei o capacete e as luvas nas mãos, descendo as escadas aos pulos.
- Flê vou sair com amigos, estou com meu celular, não sei bem a hora que volto, te amo! - gritei pro sobre o ombro rapidamente, impedindo que me fizesse perguntas desnecessárias.
- Tudo bem... - escutei sua resposta confusa enquanto fechava a porta.
Bieber também já estava vestido de acordo, parecendo mais estar pronto para um comercial de TV. Aquela camiseta branca colava em seu corpo de uma maneira que me fazia agradecer aos Céus por ter olhos.
- Você não tem relógio, Evans? O que é uma hora pra você? - ele me provocou, levantando a sobrancelha.
Fiz uma careta não só para sua frase, mas também para a reação que tive enquanto me aproximava.
- Como eu teria certeza que não me daria bolo de novo?
Ele deu um passo a frente com aqueles olhos penetrantes e eu perdi o fôlego.
- Não confia em minha palavra? Estou chocado.
Entrei em pânico por um segundo sem saber como deveria cumprimentá-lo, mas calmamente ele beijou minha mão.
- Pronta? - não fiquei surpresa quando deu a volta no carro, abrindo a porta para mim, superficialmente ele era um cavalheiro.
Entrei sem pestanejar, somente perturbada pelas questões voando como abelhas em minha cabeça. Seria ruim se ele comentasse sobre noite passada, entretanto também seria se não falasse nada. Ele estava indiferente a isso? Não havia significado nada pra ele?
- Então não veio de moto - falei o primeiro assunto que veio na minha cabeça, fugindo os outros pensamentos idiotas.
- Não achei que seu coração aguentasse novamente  - ele colocou o cinto, debochando de mim.
Mas por que falava do meu coração? Sabia que quase me matara de infarto ontem? Podia ouvi-lo agora?
- E como foi seu dia? - ele estava tranquilo, mas muito tranquilo para quem quase acabou com minha moral universitária.
Não era possível que não suspeitasse de como tinha atrapalhado toda a minha manhã. Ele só queria que eu admitisse como virou tudo de cabeça para baixo?
- Ótima - menti, querendo me dar um soco para deter as besteiras que se passavam em minha cabeça.
Seus olhos passaram em mim rapidamente com uma expressão de estranheza.
- Pensei que seria ruim.
Ele achava que ficar 14 sem sua presença era perturbador? Onde estava sua modéstia?
- Por que?
- Bom, você me disse que não gosta mais do curso - agora ele estava mais confuso.
Ah, isso.
- Hm... Sim. Quero dizer, foi um saco.
Suspirei de frustração. Eu era péssima.
Relaxe Faith, não seja neurótica.
- E o seu? - soltei a pergunta, torcendo para que eu parecesse mais normal.
- Melhor agora - seu sorriso arrasador se direcionou a mim por um momento, e eu dei graças por não ser eu ao volante.
Ele estava brincando?
Quis me jogar do carro. Estava claro que eu não estava lidando bem com a situação, diferente de como ele lidava. Se Justin podia ser indiferente a tudo, eu também podia. Me concentrei em minha respiração, invocando o estado de espírito adequado.
- E você gosta de andar a cavalo? - perguntou após perceber o silêncio.
- Serio que primeiro você planeja e depois pergunta se agrada?
Ele riu.
- Quem sabe você pode planejar o que faremos da próxima vez.
Eu estava quase no controle e ele soltava uma dessas. Não pude impedir ficar contente por escutar que teria uma próxima vez, e a partir de então considerei os programas que eu gostaria de fazer. Deus, minha criatividade era péssima.
- Não conheço seus horários. Por acaso não deveria estar trabalhando agora?
- Achei que já tinha percebido que gosto de infringir as regras, Faith.
- Se acabar demitido não coloque a culpa em mim.
- Minha cara, se tem uma coisa que você é, é culpada.
Ter ficado feliz por ser a responsável dele estar colocando em risco seu emprego não poderia ser bom sinal.
- Como já estou te roubando de suas responsabilidades, eu poderia fazer o serviço completo, não acha?
Sua desconfiança apareceu, como sempre.
- O que quer dizer?
- Umas respostas cairiam bem.
- Por que você sempre tem perguntas? - se queixou, fazendo parecer o maior martírio.
- Ei, a única diferença entre nós dois é que eu respondo as que você faz - protestei.
Sua risadinha deixava claro que ele concordava comigo, embora não fosse admitir.
- E chegamos.
Esperei que terminasse de estacionar o carro e desci, dando uma olhava no lugar. Eu não podia ver muita coisa, apenas os portões de madeira abertos, um caminho de pedras e palmeiras.
- Você não respondeu minha pergunta - me lembrou guiando-me para dentro do rancho Wild West.
- Gosto de montar, sempre gostei. Meu pai me ensinou - respondi seguindo pelo caminho de pedras, curiosa para ver como era.
Consegui ter uma visão melhor, notando que era menos sofisticado do que eu costumava ir, e gostei disso. Soava mais como um lar, espaçoso e acolhedor. No final do caminho de pedras tinha um casarão laranja com janelas e portas de vidro envolto por coqueiros, o lago estava logo à nossa direita translúcido de tal forma que parecia nos chamar para um mergulho, dando a volta na propriedade.
- Fico contente por ter acertado.
- Você acredita bastante no seu taco, não?
Ele conteve uma risada e desviou os olhos. Soube assim que identificara outra interpretação para minha frase ingênua.
- Completamente - respondeu animado demais.
Assim que passamos pela porta de vidro, fomos recebidos por um senhor do cabelo grisalho e um sorriso puído atrás de um balcão, ele conhecia Justin e pareceu muito feliz em encontrá-lo.
O interior do casarão era consequentemente claro, as paredes pintadas de amarelo continham os mais diversos quadros de cavalos e paisagens naturais, com móveis claros e aconchegantes. Deixei minha bolsa na recepção e segui Harold, que nos conduziu pela porta de trás até dois cavalos preparados no campo extenso, os estábulos estavam à esquerda, e havia uma espécie de mini floresta atrás com uma trilha no meio.
- Essa é a Lisa - ele passou a mão no cavalo da direito amarrado à um tronco de árvore -  E esse é o Major - acariciou o outro - Precisam de ajuda?
- Não estou certo se a senhoria precisa - Justin me olhou fingindo uma expressão de seria preocupação.
Eu apreciaria muito quando o deixasse comendo areia.
- Não preciso, obrigada. Se Justin tentar me alcançar precisaremos apenas de um ambulância.
Os dois riram e Bieber fingiu ressentimento.
- Bom divertimento para os dois, qualquer coisa estarei lá dentro.
Assim que Harold saiu, ele me fitou com desafio.
- Logo depois de você, querida.
Seu olhar não me intimidou, apenas me deixou exibida. Primeiro acariciei Lisa, conversando com ela e acostumando-a comigo, como a sela já estava ali, coloquei o capacete e as luvas, usei como impulso o estribo e subi com facilidade, aquilo para mim era mais fácil do que andar de bicicleta. Eu já havia sofrido alguns acidentes com bicicleta, com cavalo não. Portanto, cavalguei sem olhar pra trás, sentindo aquele ar puro bater em meu rosto, me lembrando de como era bom estar em contato com a natureza.
- Nada mal, mas eu esperava mais.
Era óbvio que Bieber já tinha me alcançado, segurando a rédea com apenas uma mão, levando de carona seu ego.
- Eu vou rir muito quando você cair. Major, você é melhor do que isso!
- Engraçadinha. Vamos apostar uma corrida ou seu show de exibição acaba aqui?
Não falei nada, apenas puxei a rédea com um pouco mais de força, tomando cuidado para não machucar Lisa.
Demos a volta completa no campo um ao lado do outro, não por falta de esforço meu, além do mais ele ficava me provocando o trajeto inteiro, coisa que me motivava a ir mais rápido, mas ele não ficava para trás. Fora a competição, a sensação era libertadora, e eu desejei estar de cabelo solto para melhor sentir o vento, aquele odor livre da globalização fazia com que o tempo parasse, me fazendo sentir como se tivesse nove anos novamente fugindo dos meus problemas tão pequenos, como não querer comer legumes no jantar.  
Era só olhar para o lado onde estava aquele garoto com aquele sorriso que brilhava tanto quanto o próprio sol, que minha atenção a todo o trajeto se extraia, provando que as coisas haviam mudado.
- Sorte sua que Lisa e Major tem o mesmo limite, ou você comeria esterco - avisei quando chegamos na marca inicial.
- Achei que já havíamos conversado que desculpas são para perdedores, Faith - ele me provocou.
Revirei os olhos desviando do esplendor que era ele montando num cavalo. Eu queria que fosse ruim em alguma coisa, que ficasse feio, que tivesse algum defeito.
- Então você conhece Harold - observei.
- Conheço.
Espiei seu rosto para saber o motivo da resposta curta e direta, da forma que os vira pensei que gostaria ao menos de exaltar seus atributos, mas os olhos de Justin estavam longe, naquele estado pensativo que ele ficava as vezes.
Desisti de puxar assunto, frustrada por tudo nele parecer ser segredo. De qualquer forma, era compreensível que assim fosse, com sua estrutura familiar aparentemente caótica, ele não tinha facilidade em confiar, e eu deveria respeitar isso. Só gostaria que soubesse que podia confiar em mim.
- Tem um pequeno riacho ali, o que acha de pararmos um pouco? - sugeriu apontando para o arco de árvores que introduzia a trilha da pequena floresta.
- Claro.
Seguimos ainda em silêncio para o som de água escorrendo. Amarramos os cavalos na árvore mais próxima e nos sentamos bem em frente ao riacho límpido e cristalino, distraídos demais para lembrar da sujeira que faria em nossa calça. Passei a mão na água, vendo seu curso vir do lago que circulava todo o campo, e imaginei onde pararia.
- Sempre gostei de água. Ela me acalma.  
Justin estava falando sobre si sem nenhum incentivo meu?!
Não tirei os olhos de onde estavam, agindo naturalmente para mostrá-lo como aquilo não era tão difícil como pensava.
- Hm. Então gosta de praia e cachoeiras também?
- Basicamente. Aliás poderia entrar na nossa lista de fuga.
Fiquei surpresa em como a palavra "nossa" soou incrível pra mim, me fazendo abrir um sorriso pequeno.
- Com certeza. Então você já tem uma lista em mente? - precipitadamente me encantei com o fato de perder tempo listando coisas que poderíamos fazer juntos.
- Tenho algumas ideias.
Não consegui guardar a satisfação só para mim e tive que olhá-lo com um sorriso, mostrando o quanto aquilo era significativo.
- Claro que não vou pedir sua aprovação antes - ele já adiantou com a expressão divertida.
- Me surpreenderia se você pedisse. Parece amar essa coisa de enigmas.
Seu sorriso se ampliou, satisfeito que eu tivesse percebido.
- E quem não ama?
- Eu, por exemplo. Não gosto de ser duvidosa, quero ser transparente para que não se decepcionem depois com quem eu sou. Mas tenho fetiche por desvendar enigmas.
Ele desviou os olhos, franzindo a testa minimamente. 
- Não acho que você seja completamente transparente. Você é aventureira, mas medrosa; marrenta, mas sensível; cheia de si, mas se importa com a opinião alheia - então me fitou novamente - Você é imprevisível.
Eu poderia me ofender, mas o fascínio em sua voz estava explícito, até mesmo no modo que me olhava. Fiquei sem graça, não sabendo se ser seu objeto de estudo era bom ou ruim.
- Se eu sou imprevisível, imagina você, não tenho nem pistas para dar palpites.
- Sou bem previsível na verdade - discordou.
- Enigmático e previsível não combinam na mesma sentença, sabia?
Ele deu de ombros, considerando.
- Talvez.
- Bom, só se você for aqueles tipos de mágicos que fazem todo um suspense para tirar um coelho da cartola. Um enigma previsível.
- Se eu for o mágico isso te torna a criança sentada na primeira fileira apontando o dedo e revelando meus truques.
Demos risada das comparações idiotas, por mais realistas que pudessem ser.
- Isso quer dizer que você realmente vai acabar com a minha vida, não é? - apesar de ser brincadeira, seu tom era pensativo, como se estivesse finalmente admitindo para si mesmo.
Mas como eu poia destruí-lo?
- Não tenho vontade de te assassinar, fique tranquilo.
Sua testa se franziu e ele olhou para o chão com um sorrisinho um pouco desconfortável. Era claro que tentava imaginar uma banana como eu ferindo um abacaxi como ele. Quase impossível.
Varri distraidamente nossa volta com os olhos, encantada com a beleza natural da qual Justin parecia fazer parte, se encaixando muito bem na paisagem, no encanto extraordinário da vida. Acabei me lembrando de uma coisa quando me centrei nas árvores.
- Por que tenho cara de outono?
Minha pergunta repentina o pegou desprevenido, mas a onda de tranquilidade que esse lugar aparentava ter sobre ele fez com que não hesitasse muito. Ele deu um sorrisinho, examinando meu rosto.
- O outono não é tão frio, fechado e escuro, nem exatamente tem calor com extravagância, não tem aquela exibição da primavera delicada. O outono é a passagem das estações, então ele tem um pouco de tudo, pode passar despercebido por isso, mas simplesmente é fascinante para quem observa.
Minhas bochechas queimaram de vergonha, fazendo com meu coração desse um tranco. Então ser outono era bom.
- Eu sou inverno e sua amiga Hanna é verão - ele continuou vendo que eu havia ficado sem fala.
A relação em minha cabeça veio mais rápido do que eu pudesse deter. Queria dizer que Justin já era parte de mim assim como Hanna, eu precisava dos dois.
- Também acho que a Hanna tem cara de verão - foi minha resposta genial.
Ele se levantou, pegando uma folha que caía da árvore atrás de nós. Então me estendeu a mão para que eu me levantasse e eu o fiz sem rodeios, apenas repreendendo meu corpo pelo ola que fez quando nossa pele entrou em contato.
- Pra você nunca esquecer de ser outono - ele colocou a folha em minha mão.
Olhei pra aquilo como se fosse o melhor presente que eu recebera na vida, e praticamente era, contendo todas as palavras ditas, nosso momento roubado e a representação de nós dois. O outono não seria nada sem o inverno.
Ele fechou a mão em volta da minha que continha a folha, frisando suas palavras. A temperatura da minha mão embaixo da sua contradizia nossas observações, suando como se fosse o meio do verão. Levantei o olhar para demonstrar o quanto aquele gesto tinha significado e dei de cara com seus olhos fixos em meu rosto, mais intensos do que deveriam para estar apenas curioso quanto minha reação com seu presente.
O "obrigada" ficou preso em minha garganta, perdendo-se em nosso instante paralelo quando ele puxou-me pela mão lentamente em sua direção, me prendendo em seus olhos para saber exatamente o que eu pensava.
A questão era que eu não estava pensando, de novo ele acessava a linha tênue de minha racionalidade, dessa vez apenas com a intensidade no olhar. Talvez ele fosse mesmo mágico.
Seus movimentos foram lentos para que eu tivesse noção de tudo o que estava acontecendo e empurrá-lo se necessário. Contudo, naquele momento eu tinha muitas vontades, nenhuma delas envolvia distanciá-lo de mim. 
Senti minha pele gritar a sua quando sua mão esquerda segurou minha cintura, me puxando mais ainda para perto de seu corpo, deixando-nos cara a cara.
Nossa respiração virou uma só, definitivamente a minha estava desregulada, esperando que ele agisse. Eu já estava impaciente, aquilo era tortura, o que ele queria? Um pedido formal?
Justin olhou minha boca e apertou a mão em minha cintura, colando meu corpo ao seu. Me desfiz em seus braços, tudo dentro de mim se intensificava, todo o meu ser implorava.
Seus olhos voltaram aos meus e ele provavelmente viu o pedido, pois deu um sorrisinho e soltou minha mão, passando a sua para minha nuca, onde meus pelos se arrepiaram sob seus dedos. Ele aproximou o rosto, encostando nossos lábios minimamente, experimentando a sensação. O frenesi veio em seguida pra ambos, e finalmente nossa boca se encaixou com perfeição, para se mover em seguia em uma sincronia que eu não esperava. Dessa vez, não pude ficar quieta, minha mão que ainda segurava a folha se apoiou em seu peito e a esquerda afundou em seu cabelo.
Ali me entreguei, desnorteada por seu cheiro, seu corpo, seu toque. Sua mão se apossou das minhas costas assim que recebi sua língua em minha boca, como se eu já não estivesse tonta o suficiente, queimando em desejo, falecendo em sua presença que não me lembrava nada de frio. Ele era o fogo consumindo toda partícula do meu corpo, e envolvida por sua essência desejei queimar para sempre.