Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

quinta-feira, 30 de julho de 2020

One Time 11

— Faith! — A voz de Ava ressoou um pouco impaciente em meu ouvido, o que queria dizer que provavelmente estava me chamando há algum tempo.

Tirei os olhos dos rabiscos sem sentido que fazia na minha agenda para olhar pra ela. 

— Sim? 

— Onde você estava, hein? Estou te chamando faz minutos. 

Eu estava realmente muito distraída naquele dia, as aulas não conseguiam captar minha total atenção, e quando tentei, o professor mencionou a Síndrome de estocolmo, um estado psicológico em que a vítima de intimidações e derivados passa a ter amor e empatia ao seu agressor. Não era o que eu e Justin tínhamos, descartei quase numa defesa instantânea, mas sabia que pareceria assim para quem eu fosse contar a verdade. "Como a gente se conheceu? Ah, ele foi contratado para me matar e me manipulou para se aproximar de mim, chegou até a incendiar meu quarto comigo dentro uma vez". Insano. Uma história não deve estancar na superfície, é o que eu digo.

E então eu pensei nos contratantes, nossos vizinhos de sempre, pais do meu melhor amigo, Wren Peter. Pensar em Wren sempre me deixava um pouco deprimida, ele não tinha culpa pelo que os pais fizeram, não estava a par do assunto, e me ajudou muito quando pensei que Justin havia morrido — eu sempre estremecia ao relembrar isso —, mas depois que seus pais foram mortos na minha casa e ele acabou na delegacia, nosso relacionamento praticamente morreu. Eu me sentia um pouco culpada por isso, mas como conseguiria olhar em seus olhos sabendo que meu namorado matou seu pai e minha amiga, Caitlin, a sua mãe? De qualquer forma, ele também estivera lá por mim em todos os meus momentos mais difíceis, eu queria ser capaz de fazer isso por ele também. 

Larguei a caneta e peguei o celular mais uma vez. Eu ainda tinha seu contato. Bem, se ele não tivesse mudado de número. Então digitei uma mensagem, hesitante. 

"Oi, Wren. E aí?". Antes que mudasse de ideia, enviei, mordiscando a parte interna do lábio. 

— Faith?

A mensagem não pode ser entregue. Tudo bem, mudou de número. Mas, eu ainda tinha seu e-mail. Podia tentar por ali, mas respondi Ava primeiro, sentindo sua inquietação emanar para mim. 

— Oi, Ava, desculpe. O que houve? 

Seus olhos se estreitaram. 

— Estava te perguntando o que acha dos meus planos de hoje. 

Dei um sorrisinho culpado. 

— Quais são? 

Ela suspirou, mas repetiu pacientemente. 

— Ethan me chamou para ir a casa dele, disse que vai cozinhar para mim. — Uma centelha de empolgação brilhou em seus olhos. 

Nós duas olhamos para trás, em direção a carteira dele. Ele captou o olhar de Ava e lhe deu uma piscadela capaz de desmaiar pessoas a três raios de distância. Depois de acenar, ela se virou de volta para mim, afogueada.

— Eu sinceramente não entendo o que ele vê em mim. 

Revirei os olhos. 

— E eu já te disse que você não se enxerga direito. Mas, voltando aos planos, acho que são ótimos, tenho certeza de que vão se divertir bastante. E não faça nada do que se arrependa depois, ou que não queira, ou não esteja pronta. — Alertei — Qualquer coisa, não hesite em me chamar.

As bochechas dela coraram um pouco e ela desviou os olhos. 

— Tudo bem, mãe. E você o que planeja fazer hoje? — Desviou o assunto para mim, sagaz. 

Dei de ombros, a mensagem de Justin, respondida umas seis horas depois que eu enviara a minha, estava nítida em minha cabeça "Oi, Faith, o turno de hoje será dobrado, não conseguiremos nos ver, mas qualquer coisa me ligue. Tome cuidado". Eu me posicionara de forma enfática, já que já não o via há dois dias, e agora o problema não era só que desaparecesse: "Justin, se você estiver aprontando alguma coisa sem mim, fale agora ou cale-se para sempre. Nada de confabular sozinho!" E ele só me respondera com um: "Não se preocupe, Faith.".

— Estudar? Cuidar dos irmãos de Justin? Ir para o restaurante? Uma dessas coisas. Não sei muito bem ainda. Mas as provas estão se aproximando e eu tenho que me preparar de qualquer forma. 

— Entendo — ela parecia propensa a perguntar sobre meu possível desânimo, mas se calou com a entrada da senhora Rosewood, a professora baixinha, rechonchuda e de humor impecável.

Será que Justin havia tido mais algum contato com Roger? Eu precisava saber, e ele não queria me contar, sempre se esquivava. Será que... Roger estava bem? 

Argh, não era a toa que eu estava distraída. Tantas coisas acontecendo em pouco tempo que eu mal tinha tempo de organizar meus pensamentos, que dirá prestar atenção em aula. 

Concentrei-me novamente no assunto Wren, que era o que eu podia fazer de melhor agora. Digitei um e-mail, apaguei, comecei a digitar de novo, detestei, fiquei de saco cheio e decidi que o último teria que bastar ou eu não enviaria nada.

"Oi, Wren. Quanto tempo! Sinto sua falta. Como você está?". 

Havia a possibilidade dele não me responder ou nem ler o e-mail, mas enviei mesmo assim. Eu sabia que uma maneira mais prática e superficial de saber de seu paradeiro seria pesquisá-lo no Google. Sua família também fora muito influente, e o escândalo com certeza estampara diversas manchetes nos meios de comunicação, assim como deveria ter alguma notícia recente sobre seu estado atual. Era assim que aquele meio funcionava. Eu tive que literalmente me mudar de país para me deixarem em paz, embora meus pais houvessem feito uma linda declaração de que sua filha recuperara o senso e se mudara para o exterior a fim de estudar a arte da medicina, influenciada pelo coração caridoso e os eventos presenciados. 

Mas, eu não queria pesquisar Wren. Não suportaria ver as notícias. Tanto as antigas como as atuais. As pessoas sabem bem serem cruéis. Eu só recorreria a essa medida se estivesse no extremo do desespero. 

Passei o restante das aulas imaginando o que Wren deveria estar fazendo da vida, como se levantara daquele baque, se já havia superado Hanna. Pensei um pouco em como ficara uma confusão na minha família também, na minha antiga faculdade com o falatório dos colegas. Depois os pensamentos se dissolveram nas questões recentes que eu tanto tentava evitar. 

Aquilo estava me deixando ansiosa, eu tinha a sensação de um cerco estar se fechando a minha volta, ameaçando alegremente me enforcar. Qual era o papel de Roger naquilo tudo? E será que estava ao menos vivo? 

Se eu quisesse ficar intacta, precisaria de uma boa distração essa noite. Talvez Jaxon e Jazmyn pudessem me cansar com toda a agitação infantil, e para garantir muita animação eu podia lhes encher de doces.

 — Me deseje sorte. — Os olhos de Ava estavam arregalados quando nos despedimos no portão, direcionando-se para o carro de Ethan, que a esperava.

Acenei para Lucas de longe, notando sua carinha tristonha depois de identificar o trajeto de nossa amiga. Suspirei, o amor era mesmo muito traiçoeiro às vezes. 

Eu estava dirigindo tranquilamente pelas ruas com o plano de chegar em casa e focar toda a minha atenção nos meninos, mas, reparei só naquele momento que o trajeto tomado me fazia passar em frente ao departamento de polícia de Toronto. Antes mesmo que eu planejasse, encostei no meio fio. Girei a chave na ignição e parei um segundo para pensar o que eu estava fazendo. Bem, eu precisava saber se Roger estava vivo. Era mera questão de curiosidade. Claro que eu poderia perguntar ao Justin, mas ele viria com os enigmas de sempre. Uma olhadinha não faria mal nenhum, eu só iria vê-lo mesmo. Se ele realmente estivesse ali. 

E outra, o departamento era todo comprado pelos Cavanagh, então eu não correria risco de ser raptada caso Roger planejasse me fazer mal. Ponderei os prós e contras, mas não consegui pensar em qualquer consequência ruim o bastante, era um ato insignificante. Desci do carro decidida, mas a adrenalina começou a fluir em meu sangue. 

E se Roger não tivesse aparecido mesmo para trabalhar nesses dias? Eu imediatamente saberia que a culpa era de Justin? E o que isso significaria para mim? Talvez apenas que ele soubesse coisas que eu não sabia. Com certeza ele sabia coisas que eu não sabia. Na verdade, esse era um dos problemas. Empurrei a porta de vidro e adentrei o prédio cinzento.

O interior parecia como qualquer órgão público que se prezava, pessoas uniformizadas e ocupadas indo de um lado a outro ou sentadas em cadeiras quase inadequadas para o tempo todo em que deveriam estar ali. Sem falar no ar asqueroso de tédio e esforço para aguentar as horas restantes. Havia uma recepção à direita e me dirigi para lá, encarando com certo nervosismo o homem bigodudo, de pestanas grossas e cabelos castanhos lisos grandes o bastante para quase lhe cobrirem a orelha. Ele não precisava ao menos se esforçar para parecer um policial no uniforme azul escuro, só faltava uma rosquinha na mão. Eu li o nome grudado à blusa: Oficial Somers. 

 — Oi, boa tarde. — Cumprimentei-o, recordando-me de uma das últimas vezes, provavelmente a última, em que entrara num departamento de polícia. Eu me deslocara ao local para denunciar Justin, mas é claro que fora inútil, e hoje eu agradecia por isso, ter sido inútil, digo.

Ele pareceu surpreso ao me descobrir ali, e imaginei que houvesse lhe atrapalhado no meio de um serviço no computador. 

— Boa tarde, senhorita. Como posso ajudá-la? 

Eu não confiava em policiais, era isso, ainda mais por saber que se vendiam aos assassinos, por isso parecia estar com mania de perseguição e podia jurar que vários pares de olhos me encaravam. Até mesmo o oficial Somers parecia me analisar com cautela. Mas deveria ser assim no ambiente, mesmo sem corrupção, não é? Eles eram treinados para esperar o pior. Ninguém entraria num departamento de polícia para contar boas novas ou fazer amizade. 

Soltei o ar disfarçadamente. 

— Eu gostaria de falar com... — Tentei me lembrar do sobrenome de Roger, Justin dissera naquele dia no bar, mas eu não conseguia resgatá-lo — o oficial Roger?

Era, de fato, uma pergunta. Eu ao menos deveria estar ali? Todos os meus nervos começaram a avisar que não, a mensagem central partia detrás da nuca escondida em meus cabelos soltos e mesmo assim tão vulnerável. Mas esperei, ansiosa.

Somers apertou um pouco os olhos, com curiosidade. 

— Claro. — Ele pegou o telefone no gancho e discou — Miller, a senhorita.... — Ele me olhou, esperando, sussurrei "Evans" contra minha própria vontade, começando a balançar a perna ao mesmo tempo que soltava o ar. Se ele atendeu o telefone está vivo. Mas inteiro? — Evans, está aqui para conversar com você. Sim. Tudo bem. — Desligou e seu bigode, que parecia um esquilo, balançou na tentativa de sorrir — Se puder esperar, ele já está vindo. — Apontou para os bancos pretos estofados enfileirados. 

Eu assenti e agradeci antes de me juntar aos cidadãos que aguardavam. Sentei a uma cadeira do cara de dreads e mordi o lábio, sob o olhar vigilante de Somers. Justin ficaria furioso. Mas ele não precisava saber, se ele não me contava algumas coisas eu mesma podia lhe esconder outras. Por outro lado, ele sempre sabia de tudo, então seria uma questão de tempo até descobrir sobre minha visita. 

Estava quase roendo as unhas imaginando o quão desfigurado Roger estaria quando ele brotou na minha frente, circunspecto, mas sem abandonar o andar confiante. Direcionou-me uma espécie de sorriso educado e me sondou em seus olhos castanhos. Em minha breve vistoria concluí que ele estava muito bem, nenhum fio de cabelo a menos, ao que parecia. Soltei o ar de alívio. 

— Olá, senhorita Evans, a que devo a honra da visita? Gostaria de conversar em um lugar mais privado? — Ele deu uma olhada fugaz ao nosso redor, a procura de olhos curiosos.

Neguei com a cabeça. Eu não havia pensado nessa parte. Abri a boca para falar, mas então percebi que eu não poderia mesmo falar nada ali no meio.

— Podemos ir lá fora por um momento?

Ele inclinou a cabeça de leve e contorceu a boca, interpretei que fosse recusar a oferta. 

— Claro. Depois de você. 

Levantei-me desconfortável em deixá-lo atrás de mim, fora da minha vista, mas me encaminhei para a porta. Ali fora, na rua, a vista de todos, ele não poderia tentar nada. Assim que chegamos ao ar gelado na calçada, iniciamos uma caminhada acordada indiretamente, fazendo uma varredura cautelosa a nosso redor antes de expressar qualquer palavra. 

— E então? Bieber te mandou para dar alguma mensagem? Ele quer desistir? — Falou baixo e de certo modo, rude.

Desistir? Então eles haviam acertado alguma coisa? Eu não podia demonstrar o quanto estava por fora do assunto, então bolei rápido um jeito de me esquivar. 

— Ah... Eu só vim saber como as coisas estão indo. 

Ele ficou confuso, mas a irritação não ficou muito atrás.

— Aqui? No departamento? — Ele olhou de novo para os lados antes de falar ainda mais baixo — O local está completamente corrompido e vocês sabem disso. — Estagnou e me encarou de cima — O que pretendem? Voltaram atrás e querem me entregar? 

Um arrepio desceu por minha coluna. Droga,

— Não, não é isso! É só pra... saber como estão indo as coisas mesmo. 

Ele fez uma cara feia pra mim e instintivamente me encolhi, como uma criança que havia aprontado. 

— Entendi, querem demonstrar coragem? Me intimidar? Vocês tem tanto a perder quanto eu vindo aqui, Faith. Espero que saiba disso. Bieber só precisava me ligar de novo e marcar um encontro que eu o atualizaria das novidades. — Ele agitou o cabelo, nervoso — Mas também não sou milagreiro, não tenho mais nada além do que já disse ontem a noite. Vou continuar buscando.

Eu assenti. Então eles estavam se encontrando sim, nas minhas costas. Senti a raiva pipocar em minha pele, o que me ajudou a não ficar com tanto receio da reação de Justin quando soubesse o que eu havia feito. Posto quase todo o disfarce a perder. Essa última parte em si me preocupava, o que Faith Evans estaria fazendo na polícia se poderia e deveria recorrer aos Cavanagh se precisasse de ajuda? Eles achariam suspeito, mesmo que qualquer tentativa minha fosse parecer patética. 

— Hm, sim, sei. — Respirei fundo, aceitando a derrota — Bom, te vejo outro dia então, Roger. Obrigada pelo seu tempo. — Cruzei os braços, me sentindo tão ridícula que o peito apertava. 

Roger arqueou as sobrancelhas, me olhando como se eu fosse louca. Talvez eu fosse mesmo, meio idiota também. Só virei as costas e saí, Roger parecia irritado e perplexo demais para dizer outra coisa, então não tinha o que fazer ali. Quando entrei no carro, quis bater minha cabeça no volante por minha atitude completamente impensada e inútil. Bom, eu descobrira que Justin estava sim se encontrando com ele, mas que não para agredi-lo. Contudo, a descoberta me custaria caro. 

Soquei o volante e saí dali, praguejando contra mim mesma e Justin. A culpa era dele, em determinado ponto. Se estivesse conversando comigo e me contando as coisas eu não teria surtado. Passei o caminho de volta inteiro imaginando as consequências daquilo. Roger ligaria para repreendê-lo? Os Cavanagh pediriam explicações? Eu tinha a sensação de que apenas me sentaria para esperar a bomba explodir. 

Portanto, cheguei agitada em casa. E assim que passei pela porta, recebi uma notificação que agravaria meu estado. 

Wren havia respondido meu e-mail. Eu respirei fundo, com uma falta de ar repentina. Expirei pela boca e senti a necessidade de ler a resposta com calma em meu espaço privado. Cumprimentei Bruce, que estava na sala, e respondi meio apressada demais que hoje o turno com as crianças era meu, sim, pode ir ao restaurante. Depois recebi um abraço dos meus projetos de cunhados preferidos, avisei que tomaria um banho e corri escada acima. Fechei a porta do quarto e me lancei na cama. Parei mais um momento para outra golfada de ar e abri a mensagem com a barriga gelada. 

"Oi, Evans, que surpresa. Posso te ajudar com alguma coisa?

Att, 

Wren".

Justo. Wren era muito educado, mas depois de tudo e tanto tempo eu não poderia esperar uma recepção calorosa. Batuquei os dedos no queixo para pensar antes de responder. 

"Tentei te enviar uma mensagem, creio que mudou de número. Pode me passar o novo? Queria colocar os assuntos em dia. Estou com saudades de você."

Imaginei o que ele estaria sentindo com minha reaparição milagrosa, pareceria pura hipocrisia da minha parte ou interesse mesmo, mas Wren me conhecia a vida toda, saberia que eu era melhor do que isso. Abandonei o celular na cama e parti para um banho restaurador, ou assim eu esperava que fosse. Eu mal percebi as coisas que estava fazendo, tão compenetrada em meus pensamentos. Tive várias discussões comigo mesma, por abandonar Wren, por trocar os pés pelas mãos naquela tarde, e depois com Justin, por me esconder coisas sendo que eu havia claramente pedido para que não o fizesse.

Talvez ele só não queira compartilhar as coisas com você. Ou não se lembre de fazê-lo por não achar que fará diferença. Provocou a vozinha cruel em minha mente. 

E chega de banho. 

Depois de me vestir com um pijama confortável para noite, peguei novamente meu aparelho e quase dei um salto ao notar a notificação de Wren. Sem muito alarde, ele me passou o número novo, finalizando com um "Me ligue, se desejar.". 

Fiquei enjoada, já prevendo todos os nomes indelicados que ele poderia usar quando eu ligasse. Ou talvez simplesmente não atenderia. Salvei o número. Eu não poderia lidar com aquilo naquele momento. Precisava vigiar meus pestinhas preferidos.

— Qual é o programa para hoje? — Bruce perguntou enquanto vestia seu casaco na porta, sempre amparado pelo seu sorriso banguela, mesmo tendo todo os dentes na boca. 

— Filmeee! — Jazzy levantou os braços acima da cabeça. 

— De super herói! — Jaxon concordou, imitando passos sincronizados de luta. 

— Só se for da Mulher Maravilha — Jazzy colocou as mãos na cintura. 

— Não. Vingadores! 

E começou. Bruce deu uma risada estrondosa para mim, me desejando boa sorte antes de sair de fininho. Eu arrastei os briguentos para a cozinha, alegando necessitar de sua ajuda para fazer cookies, uma de suas comidas preferidas. A ajuda infantil na maioria das vezes serve mais para atrapalhar, mas, é uma ótima distração para todos. Jaxon riu com maldade quando jogou chocolate em pó demais na massa enquanto Jazzy batia os ovos com uma colher energeticamente a ponto de derramar um pouco no chão. Contudo, o resultado não foi tão terrível assim. 

Esquentei nossa janta no micro-ondas e comemos frango com batatas sentindo o cheiro delicioso de cookies assando. Jazzy e Jaxon disputavam para me contar sobre o dia na escola e eu assenti com murmúrios de incentivo e expressões meticulosamente prontas para a tagarela sem fim. Tentei realmente me abstrair, mas quando eu menos esperava as palavras: WREN-LIGAR, ROGER-CAGADA, CAVANAGH-FERROU e JUSTIN-FALSO me assaltavam. 

Assim que nossa obra comestível estava pronta, levei uma vasilha delas para a sala de cinema. Justin não economizara na compra da casa, e podíamos desfrutar de poltronas enfileiradas e um telão enorme para nossas noites de filmes. Decidi a questão bem democraticamente, como os dois queriam filmes de heróis e não chegavam a um acordo de qual, coloquei Os Incríveis 2, que era uma obra cinematográfica indiscutivelmente incrível

Eles não reclamaram tanto quanto fariam se eu deixasse um dos dois com a vitória e nos acomodamos para passar uma noite tranquila. Não era exatamente o que eu tinha em mente, eu queria correria, a ponto do meu corpo pedir arrego e meu cérebro não ter tempo de vagar, mas as imagens tranquilas não chegavam nem aos pés dos meus planos. 

Contudo, depois de vinte minutos a lâmpada que interligava com a campainha começou a piscar dentro da sala. Era uma estratégia bem útil, naquele cômodo mal ouviríamos ruídos exteriores, então o sistema de alerta visual havia sido sacada de mestre. Claro, Justin sempre pensava em tudo, não? 

— Eu atendo! Será que é o papai? — Jaxon pulou de sua poltrona, proativo. 

Jazzy não quis ficar para trás, e eu mesma tive que ser mais rápida para alcançá-los. Chequei minhas mensagens e não havia nenhuma do Justin avisando que passaria aqui, mas ele podia muito bem ter decidido vir sem avisar. De qualquer forma ordenei que os dois me esperassem abrir, todo cuidado era pouco. Passei-os para trás e girei o trinco.

— Senhorita Evans? — Pálido como folha de papel, cabelo loiro e liso penteado com gel para trás, uma tatuagem de formas abstratas na lateral do pescoço e de cigarro na boca, o homem me cumprimentou. Algo na sua expressão me indicava que ele já sabia que eu era a "senhorita Evans", mas fazia aquilo por praxe.

O homem musculoso ao seu lado, com a pele mais bronzeada e cabelos ondulados amarrados num rabo de cavalo baixo olhou através de mim, enxergando os pequenos atrás, agora encolhidos nas minhas costas. Meu primeiro impulso foi bater a porta na cara de ambos, jogar as crianças em meus ombros e subir correndo as escadas em uma fuga quase inútil. Mas me obriguei a ficar parada e investigar um pouco melhor, para analisar minhas alternativas. De qualquer forma, não eram muitas. Meu desempenho contra dois homens daquele porte ao mesmo tempo poderia não ser muito bom, mas com certeza seria pior preocupando-me em proteger duas crianças. 

Tudo isso se passou em minha cabeça em um segundo ou menos.

— Sim? — Tentei manter a voz firme, e fechei um pouco mais da porta. 

Os dois captaram meu movimento sutil. Preparei-me para batê-la neles, o sangue começando a correr gelado por minhas veias enquanto o coração bombeava um pouco mais rápido. Depois eu poderia gritar para Jaxon e Jazzy correrem para a porta dos fundos e ocupar os homens em uma luta corporal sozinha. Eu esperava que eles pudessem correr até o restaurante de Patricia em segurança, ficava apenas a umas seis quadras da casa. Era um caminho e tanto para crianças de oito e dez anos percorrerem sozinhas, ainda mais a noite, mas, naquela altura, eu só poderia torcer.

Eu só ia esperar um movimento e palavra de ameaça. Coloquei uma mão para trás, no intuito de sinalizar que Jazzy e Jax se afastassem. 

— Somos da Cavanagh, gostaríamos de conversar um pouco, se não se importa. Meu nome é Gunter, e esse é o Felix. — O albino sorriu gentilmente. 

Olhei pra eles com desconfiança, eu não sabia o que era pior, se fossem da Companhia ou não. Se fossem, eu estaria encrencada porque perguntariam sobre minha visita ao departamento de polícia. Se não fossem, provavelmente eram mais inimigos do Justin querendo me matar.

Fiquei nauseada. Eu precisava pedir reforços.

Virei-me para Jazzy sem tirar os dois da minha visão periférica. 

— Querida, por que vocês dois não vão brincar de Caju?

Justin inventara códigos para emergências, palavras de segurança que significavam chamá-lo imediatamente, se eles se sentissem em perigo ou se algum de nós solicitássemos. A palavra utilizada para esse mês fora renovada para: Caju, carência por Justin.

Jazzy arregalou os olhinhos em reconhecimento, segurou a mão de Jaxon e saiu em disparada pela casa, atrás do seu telefone, eu esperava. 

— Pode falar. — Sorri para os dois, deixando claro em minha expressão que eu não os convidaria para entrar. 

Eles trocaram um olhar, o albino soltou uma baforada e assentiu. 

— Gostaríamos de saber se há algum problema. A senhorita precisa de ajuda?

Não escondi minha surpresa, mas o fiz com a cautela. 

— Não. Por que vocês acham? 

Felix colocou as mãos no bolso da calça, aparentando tranquilidade. 

— Notamos que hoje você foi ao departamento de polícia. Você sabe que não precisa deles, certo? A Cavanagh fornece qualquer segurança necessária. 

Tentei não demonstrar culpa, mas eu a sentia saltar em minha testa. Eu havia passado meses fingindo que estava vivendo quando Justin morreu, não é possível que não aprendi nada. 

Pense em uma desculpa, Faith.

— Com certeza, eu sei. Só fui visitar um amigo. Não tem nenhum problema. Obrigada pela preocupação.

Muito bem, sua anta, atraiu mais atenção indesejada. Eu queria bater minha cabeça na parede.

Pelos olhos indecifráveis não dava para saber a receptividade da minha história patética, mas ambos me lançaram sorrisinhos idênticos de lado. 

— Claro. Às vezes não escolhemos bem nossos amigos, não? — Gunter falou em tom de piada. 

Soltei uma risadinha que eu esperava não ter soado tão histérica quanto parecia para mim.

— Ah, sim, é — eu não sabia qual era a melhor estratégia, mantê-los falando para esperar Justin chegar caso quisessem mesmo entrar num embate, ou acabar com aquilo de uma vez. A expectativa estava acabando com meus nervos. 

— Vocês tem lindas crianças aí, não é a toa que Bieber se preocupe. — Ele espiou atrás de mim.

Posicionei-me em sua frente, o instinto de proteção quase me fez chutá-lo na barriga para afastá-lo dali. Eu não podia olhar para trás para saber se Jax e Jazzy já haviam voltado, mas não ouvira a volta ruidosa que sempre faziam, então torci para que não. 

— Sim. — Respondi em um tom cortante.

Gunter me encarou fixamente com uma expressão divertida e soltou a fumaça fedorenta do cigarro bem na minha cara. Eu odeio aquele cheiro. Prendi a respiração e o encarei de volta, num aviso corporal de que para chegar perto deles teria que passar por cima de mim. Por outro lado, eu sabia que ele não se importaria com aquilo. 

Felix suspirou. 

— Muito bem , senhorita Evans, só viemos prestar nossos serviços. A Cavanagh está sempre de olho, gostaríamos que não esquecesse disso. Podem contar conosco. — Aquilo era mais uma ameaça do que proatividade. 

— Eu sei. — Dei um sorriso duro — Obrigada. 

— Tenham uma boa noite — Gunter acenou, e lentamente os dois se afastaram. 

Fechei a porta com um movimento brusco e tranquei. Espiei pela cortina para garantir que ainda se afastavam, e só depois de confirmado consegui me mexer. Escorreguei para o chão, usando a porta como suporte, sem força alguma nas pernas. Era de se esperar que a essa altura eu pudesse controlar melhor meu medo nessas situações. Mas a ideia de Jazzy e Jax em risco tornava tudo muito pior.

Soltei o ar devagar pela boca e então gritei os dois para garantir de que estavam bem. Tive que repetir o chamado quando não apareceram ou responderam, voltando a ficar em alerta. Coloquei-me em pé, mas a meio caminho da escada, os dois desceram, os olhinhos ligeiramente arregalados. 

— Ligamos para o Justin, ele pediu pra gente se esconder no armário. — Jazzy explicou e ambos me abraçaram — Quem eram eles? 
Passei o braço ao redor de ambos, conseguindo enfim respirar. 

— Eram uns colegas do Justin. Está tudo bem. Vocês foram muito bem. 

Nesse exato momento, vi uma sombra emergir pelo corredor da frente, vindo da porta dos fundos. Dei um pulo, o grito se formou em minha garganta, e eu já ia passando os dois para minhas costas quando reconheci. 

— Justin — Arfei. 

Os pequenos me imitaram e correram em sua direção, ele os envolveu, mas esquadrinhava o espaço com olhos alertas, procurando inimigos nas sombras. 

— Eles já foram embora, está tudo bem — avisei, ainda um pouco sem fôlego. 

Ele assentiu, mas a cautela nos olhos e o vinco na testa não desapareceu. 

— O que houve, Faith? 

Ôh-ôh. 

Mordi o lábio inferior, pensando como eu poderia lhe contar que a visita fora minha culpa. Bom, se ele não tivesse me escondido coisas eu não teria procurado Roger no departamento. Justin ficou confuso e mais desconfiado ao ver as emoções transpassarem meu rosto. 

— Jazzy, Jax, escolham alguma coisa para assistirmos aqui na sala, depois voltamos para a sala de cinema. — Murmurei, preferindo ter aquela conversa longe dos ouvidos infantis. 

Obedientes e ansiosos para disputar pelo controle, os dois correram para a sala à direita, discutindo suas opções. 

Cruzei os braços, na defensiva, sob a poder de seus olhos apertados.

— Descobri que você não está me contando coisas, sim.

Ele ergueu uma sobrancelha, incrédulo que eu quisesse seguir por esse caminho e não partisse diretamente a explicação. 

Levantei um dedo antes que protestasse. 

— Você está encontrando Roger por aí e aceitou o plano dele, seja qual for. Quando planejava me contar essas coisas? 

Ele respirou fundo pacientemente e inclinou a cabeça para esfregar a testa. 

— Faith, você pode, por favor, me contar o que houve, e depois conversamos sobre outras coisas? Quero saber o que eu preciso fazer agora. Eu deveria estar trabalhando.

Fiquei calada até que me olhasse, de nariz empinado. Mas deveria admitir que ele tinha razão. 

— Gunter e Felix vieram fazer uma visita. Dois empregados da Cavanagh. — Contei, relutante. 

— O que eles queriam? — Investigou, suspeitando de alguma coisa estampada em meu rosto. Ah, lembrei: CULPA. 

Pigarreei. 

— Bom, eu sei que você está me escondendo coisas porque encontrei Roger...... na delegacia. 

Seus olhos se estreitaram. 

— O que você estava fazendo na delegacia? 

— Procurando por Roger — dei de ombros para não me encolher, esperando a repreensão. 

Ele apertou os lábios antes de falar.

— Faith, por que você estava procurando Miller? — Indagou com acidez.

— Precisava saber se você havia feito alguma coisa com ele, não sei. Não foi algo planejado, eu só vi a delegacia e parei. 

— E você não pensou que isso teria consequências, não é? — A voz dele tremeu enquanto tentava aplacar a raiva.

Estalei meus dedos.

— Naquele momento parecia uma atitude inofensiva. Ele pensou que você queria desistir, por eu ter aparecido lá, então descobri que você está cada vez mais me excluindo das coisas. — Reverti a situação para não brilhar sozinha como motivadora do incidente trazendo um pouco da minha irritação à baila. 

Ele estreitou os olhos para mim de novo. 

— E então os Cavanagh vieram aqui para saber o motivo de você procurar a delegacia? — supôs como quem já sabe a resposta, acusando-me. Apenas assenti — E o que você disse? 

— Que estava visitando um amigo meu. Eles basicamente disseram que não sei escolher amigos e que estão de olho. Contente? — Resmunguei. 

Justin respirou fundo, controlando-se, adquiriu mais algumas rugas na testa e deu um passo na minha direção ainda impassível. 

— Faith, você sabe o motivo por eu não te incluir em situações como essa? Para que vocês estejam justamente protegidos. Vê o que acontece quando tenta se envolver? Você quase colocou tudo a perder. Eu vou te contar o que for necessário e quando for necessário. Não posso te passar coisas das quais você não tem a técnica para lidar. — Tomou um segundo para não se deixar dominar pela irritação, depois continuou — Você me chamará para participar de uma cirurgia com você quando for médica? — Não me esperou responder — Não, porque não sou médico ou enfermeiro. Você sabe qual é a minha profissão. Eu sei o que estou fazendo, então se puder, por favor, confiar em mim... 

— Não estou te pedindo para me deixar matar alguém — estremeci com as palavras —, eu só quero saber. Você não faz ideia do quão horrível é não saber. 

Ele deu outro passo, então estava bem na minha frente, com aquele olhar penetrante para prender minha atenção. 

— Não sei se posso te contar alguma coisa com a garantia de que você não irá se precipitar. Exatamente como fez esta tarde, independentemente de qual foi sua ideia genial. Informação às vezes também pode ser perigosa. Você sabe disso, e se lembra muito bem de como as coisas acabaram da última vez em que soube demais. 

Ele estava sugerindo da vez em que tentei me sacrificar e ele se fingiu de morto, claro. Fechei a cara. 

— Da última vez em que agimos em conjunto tudo acabou.... razoavelmente bem. — Engoli em seco, lembrando-me da catástrofe que transformou minha casa em um cemitério e a perda de Maya. Coisas que não poderiam ser nossa responsabilidade, na verdade. 

Sua mandíbula estava tensa e ele desviou os olhos, teimoso como sempre. 

Bufei.

— Se não quiser me contar, não tem problema. Roger não se importa de me falar as coisas. 

O mel de sua íris praticamente faiscou para mim, provocada pela ameaça velada. 

— Evans, você tem que se lembrar que não se trata mais só de você — ele olhou enfaticamente para seus irmãos empoleirados no sofá, rindo de alguma coisa que assistiam —, preciso que você seja responsável. 

Arfei.

— Você acha mesmo que eu não pensaria neles? — Meu rosto queimou de raiva, em parte por arrependimento também, eu sabia que naquela tarde eu os colocara em perigo sem pensar, mas odiaria admitir que ele estava certo — Eu não quero ficar parada aqui no escuro, sem saber direito o que está acontecendo, esperando você resolver tudo sozinho! É a minha vida também, querendo ou não. E se você me quer na sua, precisa me incluir! Preciso saber de você. — Sibilei.

Detestei o fato de recuar assim que ele avançou de novo, e quando dei por mim estava de costas para a parede, encurralada. Ele inclinou a cabeça sobre a minha, depositando toda a força do seu olhar no meu. 

— É isso o que você quer, Faith? Fazer parte de tudo? — Perguntou, destacando cada palavra. Ele realmente queria minha resposta, toda a expressão indicava a gravidade e compromisso do que eu dissesse a seguir, o que me fez questionar o que estava por trás de suas palavras. 

Não hesitei. 

— Quero. Eu escolhi você, escolhi estar aqui, você ainda tem dúvidas disso? Preciso de tudo o que isso significa. 

A única coisa que ele fez por segundos inteiros foi me encarar, buscando algum vacilo em minha certeza. Permaneci firme, imóvel, sustentando seu olhar até que ele relaxasse, assentindo. 

— Muito bem. Preciso viajar amanhã a trabalho, ficarei fora por dois ou três dias. Me garanta que não vai cometer nenhuma imprudência e eu vou te contar o que conversei com Miller. 

Revirei os olhos, mas concordei. 

— Não serei imprudente, me diga de uma vez. 

— Considere isso como sua parte no trato agora, por favor — avisou-me com seriedade. 

O que ele queria? Um contrato assinado? 

— Tudo bem — reforcei e levantei o dedo mindinho.

Aliviando um pouco a tensão, o fantasma de um sorriso repuxou um pouco do canto de sua boca e atingiu seus olhos, mas ele uniu o mindinho ao meu. Depois esperei que começasse.  



sábado, 4 de julho de 2020

One Time 10

Vários pensamentos passaram em minha mente. Primeiro pensei que Justin não poderia conhecê-lo porque até onde eu sabia não o havia visto pessoalmente, pelo menos não comigo. Depois imaginei que Ryan deveria ter lhe mostrado uma foto que tirou em segredo ou ambos deram um jeito de encontrá-lo nas minhas costas. Então fiquei nervosa, sabendo que Justin não seria muito educado em abordá-lo, temi por ele. E por fim, me estressei: o que raios ele estava fazendo aqui? Ou era MUITA coincidência que ficássemos nos trombando ou ele realmente estava armando pra cima de mim. E tomando por base minhas experiências de vida aquilo não podia ser mero acaso do destino. 
Justin finalizou a música naquele instante e tirou a correia dos ombros, seus fãs entoaram pedidos de "MAIS UM", mas ele se inclinou ao microfone com um sorriso visivelmente forçado, pelo menos aos meus olhos, e disse:
— Ethan, é sua vez. 
Ethan, fingindo modéstia, saiu do lado de Seth balançando a cabeça e revirando os olhos, subiu ao palco e tomou a guitarra da mão de Justin. Ava me olhou muito empolgada, mas não pude corresponder à seu estado, de olhos nos movimentos ligeiros que Justin dava para descer dali. Ele chegou ao meu lado em uma batida de coração e eu perguntei apenas por praxe em seu ouvido, já que sua atitude já me dava a resposta: 
— Você sabe quem é?
Ele assentiu uma vez, seu casaco estava abandonado no sofá, então apenas enrolou as mangas da camisa até o cotovelo, os olhos fixos como águia em sua presa. A seriedade de sua expressão me deu um enjoo repentino, todo o espírito de descontração abandonado para assumir sua fachada profissional, quase como se colocasse uma máscara fria e impenetrável. Fiquei com mais raiva de Roger por estragar aquilo e soube que eu mesma estava doida para lhe dar um soco na mandíbula. 
Justin estendeu a mão para a minha antes de varrer o recinto com os olhos a procura de mais ameaças, e então marchou, me deixando atrás do seu corpo, até Roger. Dei um aceno de desculpas à Ava, mas com Ethan no palco ela mal me deu atenção. 
— Justin, por favor, não se precipite. — Eu cochichei alarmada pra ele.
E antes que pudesse receber qualquer resposta tranquilizadora, estávamos em frente à Roger. Ele pareceu totalmente à vontade, tomando um gole do seu copo. Ergueu-o em nossa direção como um brinde.
— Oi, Faith. Vocês querem se sentar? Imagino que esse seja seu namorado? — Perguntou em dúvida, mas não de forma tão convincente.
Justin não esboçou reação, mas perguntou diretamente.
— Quem é você e o que você quer?
Roger demonstrou uma surpresa forçada.
— Ah, ela ainda não te falou sobre mim? Sou Roger, novo morador da região.
— Você está seguindo a minha família? E muito cuidado com sua resposta, Roger. Eu obtenho a verdade de qualquer forma, e vai ser pior se você mentir. — A fala esteticamente gentil não enganava.
Mas Roger não pareceu intimidado, pelo contrário, parecia que esperava justamente por isso.
— Bieber, não precisa me temer. Sentem-se para conversarmos, esperei ansiosamente por esse momento.
Fiquei tensa e quase me senti traída por ele realmente ter segundas intenções em nossos encontros "desmotivados". O miserável quase me enganara, Justin estava certo em desconfiar de todos, afinal. Então havia uma pitada de raiva também.
A mandíbula de Justin travou.
— Quem te mandou? Se fosse sensato, você me quereria o mais distante possível.
— Ninguém. Por favor — ainda descontraído —, sentem-se. Vou responder a todas as suas perguntas, vim tratar de negócios.
Analisei nervosa o rosto de Justin, por que ele nos seguiria durante esse tempo se queria apenas um serviço? E por que não procurara diretamente os Cavanagh? Não consegui ler uma dica sequer no rosto de mármore glorioso.
— Muito bem, Roger — Justin puxou um banco para mim e eu esperei cautelosa que ele se preparasse para tomar um também —, vamos nos sentar aqui. Mas assim que eu me levantar, você vai desejar não ter feito esse convite. — Ele sorriu, agradável e bem acomodado. Enfiou a mão de modo sutil no bolso da frente da calça — Agora, pode começar respondendo se estava nos seguido.
Ele tomou um gole do copo antes de responder, e Justin esperou, aparentando paciência.
— Na verdade, sim. Eu precisava te entender um pouco antes de fazer essa proposta com alguma segurança. E mesmo assim, é um risco que estou assumindo aqui. Peço que seja honesto como serei com você.
Justin não lhe deu garantia de nada, num silêncio absoluto, e Roger suspirou para tomar coragem. Cruzou as mãos na mesa, movimento que não passou despercebido aos olhos de seu predador, e disse:
— Sei que você faz parte dos Cavanagh, mas para mim não fazia muito sentido que estivesse aqui por ser um Bieber, não quando ambas as Companhias tem uma rixa que perdura décadas. Então andei fazendo minhas pesquisas e tenho algumas conclusões. — Ele olhou para mim antes de continuar — Você teve problemas com a família quando se apaixonou por Faith, que estava na lista de alvos, não? — Não esperou uma confirmação — E então depois de fingir a própria morte em Boston, veio para cá, entrou em contato com os Cavanagh, o que só posso pensar ser por proteção. Voltou para Boston, buscou seus dois irmãos e vieram todos para cá a fim de serem pupilos dos Cavanagh. — Ele ergueu uma sobrancelha para Justin, esperando uma negativa.
Eu me remexi, inquieta que aquele desconhecido soubesse daquela parcela insana de nossas vidas, mas Justin não pareceu se incomodar, não eram fatos que podiam nos prejudicar em nenhum dos lados, já que já eram conhecidos. Mas o que ele poderia querer com isso?
— Você sabe alguns fatos, espera que isso te salve? — Justin disse enfim, entediado.
— O que eu quero é bem simples, embora difícil de conquistar, e imagino que você também possa estar interessado. Quero acabar com as duas Companhias. Não dá para erradicar uma sem erradicar a outra, já que se acabarmos apenas com uma delas, a outra estará pronta para tomar a dianteira. — Confabulou e tomou outro gole da cerveja, eu identificara pelo cheiro amargo. Com aquelas ideias ele precisaria mesmo estar bêbado para dizê-las em voz alta.
Eu parei de respirar.
— Por que você estaria interessado nisso? — Justin ainda estava indiferente.
Roger assentiu, como se se quisesse confirmar nossos pensamentos.
— Sou do departamento de polícia de Toronto. — Ele puxou sua jaqueta bege de couro para mostrar seu distintivo encaixado no suéter azul escuro.
Tive o instinto mais insano: pular da cadeira, segurar Justin no colo e sair correndo dali. E novamente eu sabia que temer as autoridades não podia ser coisa boa.
— Hm, e....?
De fato, os Cavanagh possuíam o departamento de polícia na mão, então...
— Não concordo como as coisas ocorrem. Juramos proteger a cidade e fazemos tratos com assassinos pra acobertar seus crimes? Em troca de propina? É contra tudo o que eu acredito.
Justin apertou os olhos numa fenda, concentrando-os com intensidade em Roger.
— E o que você quer que eu faça? Te dê parabéns pela ética?
— Não acho que você queira continuar nos negócios. Está procurando uma forma de se livrar deles, não está? Se me ajudar você estará se ajudando.
Como raios ele sabia....? Minha barriga congelou. Justin estava sendo cuidadoso o bastante para que ninguém suspeitasse de suas intenções. E se um cara do departamento de polícia havia notado, que dirá os Cavanagh? Tentei manter o pavor sob controle. Ele podia estar blefando, e com minhas reações eu podia entregar os pontos. E o que nos garantia de que ele não estava apenas verificando para os Cavanagh uma suspeita que os mesmos tinham? Era difícil acreditar que o alecrim dourado pudesse ser cultivado em meio a tanta sujeira.
Evitei olhar para Justin também, sabendo que o movimento seria precipitado. Por outro lado, prestei atenção na respiração dele, que permaneceu tranquila.
— O que te faz pensar isso, Roger? — Indagou meramente curioso.
— Andei observando vocês para isso e tenho um instinto profissional, é claro.
— É claro. — Justin pareceu mais sombrio com a menção de sermos seguidos — Quero deixar outra coisa bem clara para você — ele se inclinou pela mesa — se eu tiver a menor dúvida de que você está por perto de algum dos meus de novo, não haverá distintivo algum capaz de garantir sua existência na terra. Ouviu bem? — Olhou em volta teatralmente — Para sua sorte estamos em um local e noite que eu não gostaria de manchar com seu sangue. Seja mais esperto e fique na sua, senhor Brown.
Roger também não pareceu surpreso por Justin saber seu sobrenome, embora eu tenha ficado um pouco. Justin começou a se levantar e eu o imitei, já sabendo que a noite de diversão acabava ali.
— Me ligue, Bieber. Nós trabalharíamos bem juntos. — Roger estendeu a mão, ofertando um cartão.
Justin olhou para a mão dele com uma expressão mortal e depois o encarou pelo mínimo tempo possível, tomou meus dedos nos seus e começou a me guinchar para fora. Dei uma olhada por sobre o ombro, seria repreendida depois por ir embora sem me despedir de Ava e Lucas, eu sabia, mas estava sem escolhas. Ava ainda parecia muito concentrada em seu astro do rock e Lucas não estava a vista. Passamos perto do balcão e Justin entregou uma nota para um dos homens ali, dizendo o número da mesa.
Já no carro, eu sentia o clima carregado, os pensamentos não pronunciados de Justin preenchiam todo o ar. Emanava dele uma ira contagiosa e nociva, e eu fiquei sem saber o que dizer. Então olhei para as mangas da camisa que ele não abaixou.
— Você esqueceu o casaco. Vou mandar uma mensagem para Ava.
E assim o fiz com uma explicação esfarrapada de que tivemos que sair às pressas por uma emergência familiar e acrescentei o pedido de que guardasse o casaco de Justin para mim, podia me entregar na segunda feira.
Ocorreu-me uma inspiração:
— Você acha que... ele está dizendo a verdade? — Perguntei baixinho.
Com o queixo duro, Justin não tirou os olhos da estrada, usando sua melhor expressão de transtorno comedido. Eu tinha certeza que ele queria muito socar alguma coisa. Ele respirou fundo, parecendo reunir o máximo de forças para me responder quando já não achei mais que o faria:
— Não sei. — Confessou, ainda mais irritado por isso. Ele detestava não saber.
— Como você sabia o sobrenome dele? E como conhecia a fisionomia? — Fui impelida em parte pela curiosidade, em parte querendo também reforçar de que ele ainda assim conseguira surpreender essa noite.
— Ryan me mostrou uma foto — claro — e fiz minhas pesquisas, também.
— Então você já sabia que ele era policial?
— Sim.
— Por que não me contou? O que você fez sobre isso? — Fiquei incomodada que ele não repartira comigo as teorias da conspiração, eu havia lhe contado que Roger aparecera no restaurante de Pattie.
— Não fiz muita coisa além de pegar alguns dados dele. Pelas informações que obtive não fiquei tão em alerta quanto deveria. Me perdoe. — Murmurou com alta repugnância por si mesmo.
Acariciei seu rosto tenso com as pontas dos dedos.
— Justin, não foi culpa sua que ele realmente nos seguiu. Mas e agora, o que faremos?
Ele estalou a língua.
— Estou pensando. Pode ser uma armadilha, mas se não for... Para receber essa tipo de ajuda, precisaria de muito cuidado. Pode ser até pior do que não ter ajuda nenhuma. E acabar com os Biebers e Cavanaghs em uma tacada só? — Bufou — Seria mais fácil nos mudarmos para outro planeta. Contudo, não é impossível...
Segui sua linha de raciocínio, só conseguindo pensar em desastres sangrentos para toda a nossa linha familiar e amizades. Se nos virássemos contra os Cavanagh também, eu tinha certeza de que daríamos um ótimo motivo para as duas Companhias se unirem uma vez na vida, o propósito de nos erradicar da face da terra. Estremeci. 
Quando dei por mim, estávamos na frente de casa. Justin mantinha a mão no voltante, o carro ligado, compenetrado no horizonte. 
— Imagino que não vá ficar. — Declarei o óbvio, desanimada. 
— Não. — A resposta foi vaga, ele já trilhava milhares de alternativas em sua mente, ficaria incomunicável por um tempinho. Eu já imaginava que passaria a noite em claro. 
Suspirei.
— Tudo bem. Boa noite. 
— Boa noite. 
Fiquei imóvel esperando que ele olhasse para mim e, após perceber que eu ainda estava ali, me olhou curioso. Aproveitei a oportunidade para segurar seu queixo e lhe dar uma recordação minha para a noite não ser tão fria. Não fui gentil, agarrando com a mão livre seus cabelos curtos enquanto me inclinava sobre a marcha do carro para aproximar-me o máximo possível. De início ele se surpreendeu com a intensidade, mas retribuiu meu beijo de igual modo após alguns segundos. Arquejei entre seus lábios, mal tomando tempo para respirar, desfrutando o quanto podia da textura macia e quente. Eu não consigo descrever como é transcendental beijá-lo, meu corpo inteiro reage sempre da mesma forma, eletrizado pela energia que emana de sua pele, e literalmente, me sinto derreter até não sobrar mais nada de mim, como se pudéssemos nos fundir até sermos um. Eu não me incomodaria nem um pouco de morar nele. 
Ofeguei quando ele se afastou rápido demais, empurrando meu rosto delicadamente. 
— Você é minha responsabilidade, Faith. Irei protegê-la a todo custo. — Garantiu um pouco sem fôlego, olhando em meus olhos. 
E com aquela promessa de segurança, caminhei ainda aturdida por seus resquícios em mim. 

— E aí? — Jazzy levantou um ombro, fazendo uma pose digna das passarelas. 
Ela se recusara a aceitar a minha ajuda para se arrumar. Levara uma boa parte da tarde para pintar as unhas de rosa com glitter por cima, usava calça da mesma cor que o esmalte, casaco branco e bota esquimó cinza. Para completar, brincos em formato de floco de neve e uma touca de pompom rosa. Prestei atenção na maquiagem, pronta para intervir caso estivesse inadequada, mas a sombra rosa leve e o gloss eram inofensivos. Eu me surpreendia em como ela estava crescendo rápido, a caminho de completar seus 11 anos de idade, e eu sabia que as mudanças eram quase assustadoras a partir dali. Não estava preparada para aquilo. Parei por aí por me sentir chorosa e Jazzy já estava impaciente ao aguardar o veredicto. 
— Eles vão te confundir com algumas das modelos, Jazzy. Está linda!
Ela jogou o cabelo de luzes naturais com uma autoestima intocável.
— A tia Caitlin que se cuide. 
Eu gargalhei e mal havia conseguido controlar o riso quando chegamos no andar de baixo. Jaxon recusara veementemente participar do programa para à noite, e Bruce se ofereceu ansioso para ficar com o menino. Diane tomaria conta do restaurante para que Pattie pudesse ir conosco, então fomos as três no meu carro. Justin prometera que se possível iria depois do expediente, mas fora tão vago que eu não esperava encontrá-lo lá. Eu sabia que ele estava muito preocupado com nosso encontro do dia anterior, na verdade ainda me surpreendia que tivesse deixado Roger ali sem usar de violência. 
Então pensei em todas as horas desde o fato em que ele ficara sozinho e percebi que não havia garantia alguma de que ele não havia voltado para resolver a questão daquele modo. Eu esperava que não, e que me incluísse nos planos. 
Ryan havia guardado nossos lugares bem na cara da passarela, e Jazzy teve uma reação digna de fã. Foi mais engraçado ainda quando Ryan lhe contou que Caitlin estava nos esperando nos bastidores para darmos uma olhada nos preparativos, nos passou dois crachás e lá fui eu com uma criança saltitante mais parecida com uma pulga. Eu já havia visitado Caitlin nos bastidores algumas outras vezes, e não estava nada muito diferente do caos de sempre. Meninas esteticamente padronizadas correndo de um lado para o outro a busca de saltos, algum retoque na maquiagem diante da fileira de cadeiras com espelhos e maquiadores prontos, ajustes nas roupas, ou só se movimentando para expulsar a ansiedade. 
Caitlin estava pronta em um sobretudo bege com gola peluda, usava uma meia calça preta grossa e salto alto preto, apenas. O batom vermelho destacava seu rosto e a maquiagem escura acrescia ao ar de mistério.  
— Tia Caitlin! —  Jazzy gritou animada, correndo para abraçar sua modelo favorita. Eu as alcancei assim que terminavam o cumprimento — Vocês não tá com frio?
Cait sorriu e levantou um ombro. 
— Vou sobreviver. Você está linda! Oi Faith, obrigada por vir. — Ela me deu um beijinho rápido na bochecha, provavelmente sem querer estragar sua produção, já que pelo menos eu compreenderia isso. Disfarçadamente, desamassava a roupa e organizava as ondas artificiais do cabelo.
— Está preparada? — Perguntei sorrindo abertamente. Eu mesma sentia um friozinho na barriga, aquela noite era importante, podia ser o primeiro passo para Caitlin fazer parte das Angels
Cait arregalou os olhos e balançou as mãos como se pudesse expulsar o nervosismo. Nós demos risadinhas em solidariedade. 
— Justin veio?
Epa. 
— Ele ainda não chegou — falei sem muito alarde. Eu achava que Caitlin ainda não sabia sobre nosso incidente do dia anterior, então ele não teria nada para apaziguar a desaprovação se não viesse. 
Como esperado, Caitlin torceu a boca, mas com um movimento de cabeça decidiu não ter tempo para isso. 
— Você quer dar uma olhada por aí, Jazzy? 
Como se precisasse perguntar. Jazzy mal esperou por sua guia, serpenteando entre as pessoas. Eu acompanhei o trajeto, sem grandes novidades para meus olhos já acostumados, o ambiente me trouxe saudades de Hanna, minha melhor amiga de Boston, ela adorava moda, quase tanto quanto Artes. O pensamento me deixou um pouco deprimida por lembrar de que eu ainda não havia visitado sua galeria. O exílio possuía suas desvantagens. Era muito arriscado colocarmos os pés nos Estados Unidos enquanto perdurasse aquele "problema". Eu me recusava a pensar que não voltaria para lá. 
Sentia falta de coisas inumeráveis do meu lugar de origem, às vezes me encontrava saudosa até do prédio de Harvard, dos incômodos gerados por Clarissa, e — preferia morrer a dizer aquilo em voz alta ou confessar para alguém — até das festas fúteis de Eleanor e Bryan. Principalmente das conversas sinceras e ombro amigo de Caleb. Ah, e as comidas e cafuné de Flê e os conselhos bem vindos de Etienne.  
O nó na garganta me obrigou a abandonar a linha de pensamento autodestrutiva e levei Jazzy de volta aos nossos lugares a pedido de Cait, o desfile estava prestes a começar. Tentei me concentrar, desejando do fundo do coração que Cait atingisse seus objetivos.
— Está tudo bem, querida? — Pattie se inclinou para mim, falando baixo.
— Claro. — Transmiti um sorriso confiante, mas com medo de que ela me desvendasse com facilidade, desviei os olhos para a passarela. 
A música de loja de roupas teve o volume diminuído quando um apresentador tomou a dianteira, anunciando que aquela era a coleção de inverno de Alex S Yu. Eu já havia dado uma espiada lá atrás, e embora Jazzy também, ela suspirava de prazer, batia palmas sem som e expressava repetidamente sua aprovação pelos looks. Suas reações eram contagiantes, quase compensavam a ausência — já um pouco comum — de Justin.
E quando Caitlin entrou, não fomos capazes de conter os pulos e uivos de Jazzy, aceitos pelos telespectadores mais simpáticos. Para o delírio de sua cópia mirim, Cait lhe jogou um beijo e uma piscadela, mas pelo sorriso deslumbrado de Ryan, ele acatara como sua a demonstração de afeto. Fiquei extremamente orgulhosa do andar elegante de minha confidente. Eu não sabia quem era o funcionário da Victoria's Secret, mas até um cego enxergaria o talento fascinante de Beadles. 
Me vi compenetrada no instante em que vivia, esforçando-me a relaxar as preocupações de que estivéssemos sendo seguidos, marcados de morte por pessoas poderosas e impedidos de manter contato imediato com algumas partes físicas do meu coração. Era ótimo ter de desviar o foco para outra pessoa e questões mais leves como um contrato inofensivo e lucrativo. A superfície em meio ao afogamento.