Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

sábado, 4 de julho de 2020

One Time 10

Vários pensamentos passaram em minha mente. Primeiro pensei que Justin não poderia conhecê-lo porque até onde eu sabia não o havia visto pessoalmente, pelo menos não comigo. Depois imaginei que Ryan deveria ter lhe mostrado uma foto que tirou em segredo ou ambos deram um jeito de encontrá-lo nas minhas costas. Então fiquei nervosa, sabendo que Justin não seria muito educado em abordá-lo, temi por ele. E por fim, me estressei: o que raios ele estava fazendo aqui? Ou era MUITA coincidência que ficássemos nos trombando ou ele realmente estava armando pra cima de mim. E tomando por base minhas experiências de vida aquilo não podia ser mero acaso do destino. 
Justin finalizou a música naquele instante e tirou a correia dos ombros, seus fãs entoaram pedidos de "MAIS UM", mas ele se inclinou ao microfone com um sorriso visivelmente forçado, pelo menos aos meus olhos, e disse:
— Ethan, é sua vez. 
Ethan, fingindo modéstia, saiu do lado de Seth balançando a cabeça e revirando os olhos, subiu ao palco e tomou a guitarra da mão de Justin. Ava me olhou muito empolgada, mas não pude corresponder à seu estado, de olhos nos movimentos ligeiros que Justin dava para descer dali. Ele chegou ao meu lado em uma batida de coração e eu perguntei apenas por praxe em seu ouvido, já que sua atitude já me dava a resposta: 
— Você sabe quem é?
Ele assentiu uma vez, seu casaco estava abandonado no sofá, então apenas enrolou as mangas da camisa até o cotovelo, os olhos fixos como águia em sua presa. A seriedade de sua expressão me deu um enjoo repentino, todo o espírito de descontração abandonado para assumir sua fachada profissional, quase como se colocasse uma máscara fria e impenetrável. Fiquei com mais raiva de Roger por estragar aquilo e soube que eu mesma estava doida para lhe dar um soco na mandíbula. 
Justin estendeu a mão para a minha antes de varrer o recinto com os olhos a procura de mais ameaças, e então marchou, me deixando atrás do seu corpo, até Roger. Dei um aceno de desculpas à Ava, mas com Ethan no palco ela mal me deu atenção. 
— Justin, por favor, não se precipite. — Eu cochichei alarmada pra ele.
E antes que pudesse receber qualquer resposta tranquilizadora, estávamos em frente à Roger. Ele pareceu totalmente à vontade, tomando um gole do seu copo. Ergueu-o em nossa direção como um brinde.
— Oi, Faith. Vocês querem se sentar? Imagino que esse seja seu namorado? — Perguntou em dúvida, mas não de forma tão convincente.
Justin não esboçou reação, mas perguntou diretamente.
— Quem é você e o que você quer?
Roger demonstrou uma surpresa forçada.
— Ah, ela ainda não te falou sobre mim? Sou Roger, novo morador da região.
— Você está seguindo a minha família? E muito cuidado com sua resposta, Roger. Eu obtenho a verdade de qualquer forma, e vai ser pior se você mentir. — A fala esteticamente gentil não enganava.
Mas Roger não pareceu intimidado, pelo contrário, parecia que esperava justamente por isso.
— Bieber, não precisa me temer. Sentem-se para conversarmos, esperei ansiosamente por esse momento.
Fiquei tensa e quase me senti traída por ele realmente ter segundas intenções em nossos encontros "desmotivados". O miserável quase me enganara, Justin estava certo em desconfiar de todos, afinal. Então havia uma pitada de raiva também.
A mandíbula de Justin travou.
— Quem te mandou? Se fosse sensato, você me quereria o mais distante possível.
— Ninguém. Por favor — ainda descontraído —, sentem-se. Vou responder a todas as suas perguntas, vim tratar de negócios.
Analisei nervosa o rosto de Justin, por que ele nos seguiria durante esse tempo se queria apenas um serviço? E por que não procurara diretamente os Cavanagh? Não consegui ler uma dica sequer no rosto de mármore glorioso.
— Muito bem, Roger — Justin puxou um banco para mim e eu esperei cautelosa que ele se preparasse para tomar um também —, vamos nos sentar aqui. Mas assim que eu me levantar, você vai desejar não ter feito esse convite. — Ele sorriu, agradável e bem acomodado. Enfiou a mão de modo sutil no bolso da frente da calça — Agora, pode começar respondendo se estava nos seguido.
Ele tomou um gole do copo antes de responder, e Justin esperou, aparentando paciência.
— Na verdade, sim. Eu precisava te entender um pouco antes de fazer essa proposta com alguma segurança. E mesmo assim, é um risco que estou assumindo aqui. Peço que seja honesto como serei com você.
Justin não lhe deu garantia de nada, num silêncio absoluto, e Roger suspirou para tomar coragem. Cruzou as mãos na mesa, movimento que não passou despercebido aos olhos de seu predador, e disse:
— Sei que você faz parte dos Cavanagh, mas para mim não fazia muito sentido que estivesse aqui por ser um Bieber, não quando ambas as Companhias tem uma rixa que perdura décadas. Então andei fazendo minhas pesquisas e tenho algumas conclusões. — Ele olhou para mim antes de continuar — Você teve problemas com a família quando se apaixonou por Faith, que estava na lista de alvos, não? — Não esperou uma confirmação — E então depois de fingir a própria morte em Boston, veio para cá, entrou em contato com os Cavanagh, o que só posso pensar ser por proteção. Voltou para Boston, buscou seus dois irmãos e vieram todos para cá a fim de serem pupilos dos Cavanagh. — Ele ergueu uma sobrancelha para Justin, esperando uma negativa.
Eu me remexi, inquieta que aquele desconhecido soubesse daquela parcela insana de nossas vidas, mas Justin não pareceu se incomodar, não eram fatos que podiam nos prejudicar em nenhum dos lados, já que já eram conhecidos. Mas o que ele poderia querer com isso?
— Você sabe alguns fatos, espera que isso te salve? — Justin disse enfim, entediado.
— O que eu quero é bem simples, embora difícil de conquistar, e imagino que você também possa estar interessado. Quero acabar com as duas Companhias. Não dá para erradicar uma sem erradicar a outra, já que se acabarmos apenas com uma delas, a outra estará pronta para tomar a dianteira. — Confabulou e tomou outro gole da cerveja, eu identificara pelo cheiro amargo. Com aquelas ideias ele precisaria mesmo estar bêbado para dizê-las em voz alta.
Eu parei de respirar.
— Por que você estaria interessado nisso? — Justin ainda estava indiferente.
Roger assentiu, como se se quisesse confirmar nossos pensamentos.
— Sou do departamento de polícia de Toronto. — Ele puxou sua jaqueta bege de couro para mostrar seu distintivo encaixado no suéter azul escuro.
Tive o instinto mais insano: pular da cadeira, segurar Justin no colo e sair correndo dali. E novamente eu sabia que temer as autoridades não podia ser coisa boa.
— Hm, e....?
De fato, os Cavanagh possuíam o departamento de polícia na mão, então...
— Não concordo como as coisas ocorrem. Juramos proteger a cidade e fazemos tratos com assassinos pra acobertar seus crimes? Em troca de propina? É contra tudo o que eu acredito.
Justin apertou os olhos numa fenda, concentrando-os com intensidade em Roger.
— E o que você quer que eu faça? Te dê parabéns pela ética?
— Não acho que você queira continuar nos negócios. Está procurando uma forma de se livrar deles, não está? Se me ajudar você estará se ajudando.
Como raios ele sabia....? Minha barriga congelou. Justin estava sendo cuidadoso o bastante para que ninguém suspeitasse de suas intenções. E se um cara do departamento de polícia havia notado, que dirá os Cavanagh? Tentei manter o pavor sob controle. Ele podia estar blefando, e com minhas reações eu podia entregar os pontos. E o que nos garantia de que ele não estava apenas verificando para os Cavanagh uma suspeita que os mesmos tinham? Era difícil acreditar que o alecrim dourado pudesse ser cultivado em meio a tanta sujeira.
Evitei olhar para Justin também, sabendo que o movimento seria precipitado. Por outro lado, prestei atenção na respiração dele, que permaneceu tranquila.
— O que te faz pensar isso, Roger? — Indagou meramente curioso.
— Andei observando vocês para isso e tenho um instinto profissional, é claro.
— É claro. — Justin pareceu mais sombrio com a menção de sermos seguidos — Quero deixar outra coisa bem clara para você — ele se inclinou pela mesa — se eu tiver a menor dúvida de que você está por perto de algum dos meus de novo, não haverá distintivo algum capaz de garantir sua existência na terra. Ouviu bem? — Olhou em volta teatralmente — Para sua sorte estamos em um local e noite que eu não gostaria de manchar com seu sangue. Seja mais esperto e fique na sua, senhor Brown.
Roger também não pareceu surpreso por Justin saber seu sobrenome, embora eu tenha ficado um pouco. Justin começou a se levantar e eu o imitei, já sabendo que a noite de diversão acabava ali.
— Me ligue, Bieber. Nós trabalharíamos bem juntos. — Roger estendeu a mão, ofertando um cartão.
Justin olhou para a mão dele com uma expressão mortal e depois o encarou pelo mínimo tempo possível, tomou meus dedos nos seus e começou a me guinchar para fora. Dei uma olhada por sobre o ombro, seria repreendida depois por ir embora sem me despedir de Ava e Lucas, eu sabia, mas estava sem escolhas. Ava ainda parecia muito concentrada em seu astro do rock e Lucas não estava a vista. Passamos perto do balcão e Justin entregou uma nota para um dos homens ali, dizendo o número da mesa.
Já no carro, eu sentia o clima carregado, os pensamentos não pronunciados de Justin preenchiam todo o ar. Emanava dele uma ira contagiosa e nociva, e eu fiquei sem saber o que dizer. Então olhei para as mangas da camisa que ele não abaixou.
— Você esqueceu o casaco. Vou mandar uma mensagem para Ava.
E assim o fiz com uma explicação esfarrapada de que tivemos que sair às pressas por uma emergência familiar e acrescentei o pedido de que guardasse o casaco de Justin para mim, podia me entregar na segunda feira.
Ocorreu-me uma inspiração:
— Você acha que... ele está dizendo a verdade? — Perguntei baixinho.
Com o queixo duro, Justin não tirou os olhos da estrada, usando sua melhor expressão de transtorno comedido. Eu tinha certeza que ele queria muito socar alguma coisa. Ele respirou fundo, parecendo reunir o máximo de forças para me responder quando já não achei mais que o faria:
— Não sei. — Confessou, ainda mais irritado por isso. Ele detestava não saber.
— Como você sabia o sobrenome dele? E como conhecia a fisionomia? — Fui impelida em parte pela curiosidade, em parte querendo também reforçar de que ele ainda assim conseguira surpreender essa noite.
— Ryan me mostrou uma foto — claro — e fiz minhas pesquisas, também.
— Então você já sabia que ele era policial?
— Sim.
— Por que não me contou? O que você fez sobre isso? — Fiquei incomodada que ele não repartira comigo as teorias da conspiração, eu havia lhe contado que Roger aparecera no restaurante de Pattie.
— Não fiz muita coisa além de pegar alguns dados dele. Pelas informações que obtive não fiquei tão em alerta quanto deveria. Me perdoe. — Murmurou com alta repugnância por si mesmo.
Acariciei seu rosto tenso com as pontas dos dedos.
— Justin, não foi culpa sua que ele realmente nos seguiu. Mas e agora, o que faremos?
Ele estalou a língua.
— Estou pensando. Pode ser uma armadilha, mas se não for... Para receber essa tipo de ajuda, precisaria de muito cuidado. Pode ser até pior do que não ter ajuda nenhuma. E acabar com os Biebers e Cavanaghs em uma tacada só? — Bufou — Seria mais fácil nos mudarmos para outro planeta. Contudo, não é impossível...
Segui sua linha de raciocínio, só conseguindo pensar em desastres sangrentos para toda a nossa linha familiar e amizades. Se nos virássemos contra os Cavanagh também, eu tinha certeza de que daríamos um ótimo motivo para as duas Companhias se unirem uma vez na vida, o propósito de nos erradicar da face da terra. Estremeci. 
Quando dei por mim, estávamos na frente de casa. Justin mantinha a mão no voltante, o carro ligado, compenetrado no horizonte. 
— Imagino que não vá ficar. — Declarei o óbvio, desanimada. 
— Não. — A resposta foi vaga, ele já trilhava milhares de alternativas em sua mente, ficaria incomunicável por um tempinho. Eu já imaginava que passaria a noite em claro. 
Suspirei.
— Tudo bem. Boa noite. 
— Boa noite. 
Fiquei imóvel esperando que ele olhasse para mim e, após perceber que eu ainda estava ali, me olhou curioso. Aproveitei a oportunidade para segurar seu queixo e lhe dar uma recordação minha para a noite não ser tão fria. Não fui gentil, agarrando com a mão livre seus cabelos curtos enquanto me inclinava sobre a marcha do carro para aproximar-me o máximo possível. De início ele se surpreendeu com a intensidade, mas retribuiu meu beijo de igual modo após alguns segundos. Arquejei entre seus lábios, mal tomando tempo para respirar, desfrutando o quanto podia da textura macia e quente. Eu não consigo descrever como é transcendental beijá-lo, meu corpo inteiro reage sempre da mesma forma, eletrizado pela energia que emana de sua pele, e literalmente, me sinto derreter até não sobrar mais nada de mim, como se pudéssemos nos fundir até sermos um. Eu não me incomodaria nem um pouco de morar nele. 
Ofeguei quando ele se afastou rápido demais, empurrando meu rosto delicadamente. 
— Você é minha responsabilidade, Faith. Irei protegê-la a todo custo. — Garantiu um pouco sem fôlego, olhando em meus olhos. 
E com aquela promessa de segurança, caminhei ainda aturdida por seus resquícios em mim. 

— E aí? — Jazzy levantou um ombro, fazendo uma pose digna das passarelas. 
Ela se recusara a aceitar a minha ajuda para se arrumar. Levara uma boa parte da tarde para pintar as unhas de rosa com glitter por cima, usava calça da mesma cor que o esmalte, casaco branco e bota esquimó cinza. Para completar, brincos em formato de floco de neve e uma touca de pompom rosa. Prestei atenção na maquiagem, pronta para intervir caso estivesse inadequada, mas a sombra rosa leve e o gloss eram inofensivos. Eu me surpreendia em como ela estava crescendo rápido, a caminho de completar seus 11 anos de idade, e eu sabia que as mudanças eram quase assustadoras a partir dali. Não estava preparada para aquilo. Parei por aí por me sentir chorosa e Jazzy já estava impaciente ao aguardar o veredicto. 
— Eles vão te confundir com algumas das modelos, Jazzy. Está linda!
Ela jogou o cabelo de luzes naturais com uma autoestima intocável.
— A tia Caitlin que se cuide. 
Eu gargalhei e mal havia conseguido controlar o riso quando chegamos no andar de baixo. Jaxon recusara veementemente participar do programa para à noite, e Bruce se ofereceu ansioso para ficar com o menino. Diane tomaria conta do restaurante para que Pattie pudesse ir conosco, então fomos as três no meu carro. Justin prometera que se possível iria depois do expediente, mas fora tão vago que eu não esperava encontrá-lo lá. Eu sabia que ele estava muito preocupado com nosso encontro do dia anterior, na verdade ainda me surpreendia que tivesse deixado Roger ali sem usar de violência. 
Então pensei em todas as horas desde o fato em que ele ficara sozinho e percebi que não havia garantia alguma de que ele não havia voltado para resolver a questão daquele modo. Eu esperava que não, e que me incluísse nos planos. 
Ryan havia guardado nossos lugares bem na cara da passarela, e Jazzy teve uma reação digna de fã. Foi mais engraçado ainda quando Ryan lhe contou que Caitlin estava nos esperando nos bastidores para darmos uma olhada nos preparativos, nos passou dois crachás e lá fui eu com uma criança saltitante mais parecida com uma pulga. Eu já havia visitado Caitlin nos bastidores algumas outras vezes, e não estava nada muito diferente do caos de sempre. Meninas esteticamente padronizadas correndo de um lado para o outro a busca de saltos, algum retoque na maquiagem diante da fileira de cadeiras com espelhos e maquiadores prontos, ajustes nas roupas, ou só se movimentando para expulsar a ansiedade. 
Caitlin estava pronta em um sobretudo bege com gola peluda, usava uma meia calça preta grossa e salto alto preto, apenas. O batom vermelho destacava seu rosto e a maquiagem escura acrescia ao ar de mistério.  
— Tia Caitlin! —  Jazzy gritou animada, correndo para abraçar sua modelo favorita. Eu as alcancei assim que terminavam o cumprimento — Vocês não tá com frio?
Cait sorriu e levantou um ombro. 
— Vou sobreviver. Você está linda! Oi Faith, obrigada por vir. — Ela me deu um beijinho rápido na bochecha, provavelmente sem querer estragar sua produção, já que pelo menos eu compreenderia isso. Disfarçadamente, desamassava a roupa e organizava as ondas artificiais do cabelo.
— Está preparada? — Perguntei sorrindo abertamente. Eu mesma sentia um friozinho na barriga, aquela noite era importante, podia ser o primeiro passo para Caitlin fazer parte das Angels
Cait arregalou os olhos e balançou as mãos como se pudesse expulsar o nervosismo. Nós demos risadinhas em solidariedade. 
— Justin veio?
Epa. 
— Ele ainda não chegou — falei sem muito alarde. Eu achava que Caitlin ainda não sabia sobre nosso incidente do dia anterior, então ele não teria nada para apaziguar a desaprovação se não viesse. 
Como esperado, Caitlin torceu a boca, mas com um movimento de cabeça decidiu não ter tempo para isso. 
— Você quer dar uma olhada por aí, Jazzy? 
Como se precisasse perguntar. Jazzy mal esperou por sua guia, serpenteando entre as pessoas. Eu acompanhei o trajeto, sem grandes novidades para meus olhos já acostumados, o ambiente me trouxe saudades de Hanna, minha melhor amiga de Boston, ela adorava moda, quase tanto quanto Artes. O pensamento me deixou um pouco deprimida por lembrar de que eu ainda não havia visitado sua galeria. O exílio possuía suas desvantagens. Era muito arriscado colocarmos os pés nos Estados Unidos enquanto perdurasse aquele "problema". Eu me recusava a pensar que não voltaria para lá. 
Sentia falta de coisas inumeráveis do meu lugar de origem, às vezes me encontrava saudosa até do prédio de Harvard, dos incômodos gerados por Clarissa, e — preferia morrer a dizer aquilo em voz alta ou confessar para alguém — até das festas fúteis de Eleanor e Bryan. Principalmente das conversas sinceras e ombro amigo de Caleb. Ah, e as comidas e cafuné de Flê e os conselhos bem vindos de Etienne.  
O nó na garganta me obrigou a abandonar a linha de pensamento autodestrutiva e levei Jazzy de volta aos nossos lugares a pedido de Cait, o desfile estava prestes a começar. Tentei me concentrar, desejando do fundo do coração que Cait atingisse seus objetivos.
— Está tudo bem, querida? — Pattie se inclinou para mim, falando baixo.
— Claro. — Transmiti um sorriso confiante, mas com medo de que ela me desvendasse com facilidade, desviei os olhos para a passarela. 
A música de loja de roupas teve o volume diminuído quando um apresentador tomou a dianteira, anunciando que aquela era a coleção de inverno de Alex S Yu. Eu já havia dado uma espiada lá atrás, e embora Jazzy também, ela suspirava de prazer, batia palmas sem som e expressava repetidamente sua aprovação pelos looks. Suas reações eram contagiantes, quase compensavam a ausência — já um pouco comum — de Justin.
E quando Caitlin entrou, não fomos capazes de conter os pulos e uivos de Jazzy, aceitos pelos telespectadores mais simpáticos. Para o delírio de sua cópia mirim, Cait lhe jogou um beijo e uma piscadela, mas pelo sorriso deslumbrado de Ryan, ele acatara como sua a demonstração de afeto. Fiquei extremamente orgulhosa do andar elegante de minha confidente. Eu não sabia quem era o funcionário da Victoria's Secret, mas até um cego enxergaria o talento fascinante de Beadles. 
Me vi compenetrada no instante em que vivia, esforçando-me a relaxar as preocupações de que estivéssemos sendo seguidos, marcados de morte por pessoas poderosas e impedidos de manter contato imediato com algumas partes físicas do meu coração. Era ótimo ter de desviar o foco para outra pessoa e questões mais leves como um contrato inofensivo e lucrativo. A superfície em meio ao afogamento.



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