Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

One Life 20

–  Se vocês não se calarem eu arrancarei a língua dos dois! – ameacei Caleb e Flê que acabavam com minha moral enquanto preparávamos o jantar.
–  Eu só estava dizendo que gostei do partido! – Flê se defendeu, dando uma risadinha.
–  Você tinha que ver Flê, as bochechas dela quase estavam pegando fogo de tão vermelhas quando cheguei. Ele sabe disfarçar, mas você é um caso perdido Faith.
Joguei um tomate nele, torcendo para que estivesse podre e sujasse toda a sua fisionomia de sabichão. Caleb segurou o fruto antes que pudesse atingi-lo.
– Juro que vou matar vocês! – resmunguei cheia das gargalhadas – Não vou te perdoar tão cedo por contar que Justin estava aqui, Fleur!
Ela revirou os olhos, desacreditando da promessa. Eu estava constrangida, mas ambas sabíamos que dois dias depois eu esqueceria de quem era a culpa.
– Tente se compensar me dizendo onde está meu pijama azul.
Caleb lançou um olhar malicioso para Flê, sugerindo situações nada adequadas. Flê explodiu em uma gargalhada enquanto eu me deslocava para frente de meu irmãozinho deferindo-lhe tapas ardidos.
– Parem com isso! – grunhi, batendo o pé de frustração.
Eu não seria respeitada, era fato. Dei-lhes as costas, ouvindo alguns protestos sobre minha saída.
– Estão te aborrecendo, querida? – Bryan estava fechando a porta da entrada quando adentrei seu campo de visão, ansioso para se divertir com uma chacota.
A pergunta indicava que não ouvira nada que me incriminasse. Menos mal.
– Caleb só está pegando no meu pé – fiz cara de tedio e o abracei pronta para desviar sua atenção do assunto.
– Percebi. Pensei que havia um urso sufocando e uma hiena bêbada na cozinha.
Dei risada de sua comparação, tão estranha para ele, e perguntei:
– Como foi seu dia?
Seus olhos se desviram de mim enquanto respondia – o que já sinalizava que não fora nada agradável.
– Produtivo. E o seu?
Agora era minha vez de desviar o rosto.
– Idem. Cadê a mamãe?
– Está resolvendo algumas pendências, mas logo estará em casa.
Deixei que ele subisse para se lavar antes do jantar e me isolei em meu quarto, me preparando para o momento detetive, testando os códigos encontrados da internet no livro de registros. Não conseguia encontrar algum com os símbolos e ou números que havia junto com as letras, como no primeiro e segundo nomes “I3Q4I3 Bieber” e “M@V*A Bieber”. O mais próximo era o Codificador de Júlio César, uma técnica clássica, que substitui as letras do alfabeto pulando três casas, resultando em “G3O4G3” e “K@T*Y”. Deduzi serem George e Kathy, mas não encontrei sentido para os números e símbolos, então não havia como ter certeza. Mas já era um começo.
O tempo parecia ter se passado rápido demais quando Bryan bateu na porta para me avisar que o jantar estava pronto, mas havia se passado uma hora. Desci animada, eu estava com uma sensação boa, eu estava chegando perto. Minha vida medíocre enfim teria um propósito digno, reunir mãe e filho. Era engraçado como eu e Justin parecíamos encontrar o caminho um do outro. Algo em mim dizia que ele me ajudaria a perceber meu destino e eu o ajudaria com seu passado. Pintaríamos nosso céu cinza de azul.
Todos já estavam na mesa me esperando. O silêncio fúnebre que precedia assuntos importantes também.
– Tudo bem, vamos à pauta – Eleanor começou, juntando as mãos e deixando seu prato de lado – Quero todos em pé as oito, pronto às nove e quinze. Nossos convidados deverão chegar às dez. Nenhuma divergência familiar deve ser exposta, nem ao menos um olhar zangado – ela me olhou com um aviso. Eu tinha um pouco de dificuldade em controlar minhas emoções.
As instruções prosseguiram como sempre. Esse era um dos momentos em que eu me sentia em um quartel general, se me esquecesse de colocar ao menos um brinco de ouro receberia alguns dias de punição.
– Confirmado com a Cassie?
Caleb assentiu vagamente, a atenção toda em seu prato. Eu chutava alto que por causa da provável ultima briguinha nem o convite ele havia feito.
– E você, Faith, escolheu o felizardo?
Todo mau humor repentino de Caleb desapareceu ao passo que ele me olhava com um sorrisinho sugestivo. Lancei-lhe um olhar mal humorado o mais disfarçadamente que eu podia.
– Hm, falei com o Justin, ele se dispôs a vir.
– Justin? – ela buscou em sua mente todos os prováveis homens ao meu redor.
Bryan virou toda a cabeça em minha direção. Caleb cobriu a boca com a mão para conter a risada. Eu estava tornando seu dia bem mais divertido.
– O comprador do meu quadro... Aquele que me chamou para almoçar após a missa... – esclareci, ficando corada conforme suas testas se franziam.
– Bieber, você quis dizer – meu pai me corrigiu, indiretamente indagando o motivo de tamanha intimidade.
– Pensei que não o vira mais – Eleanor ficou confusa.
Caleb estava quase vermelho do tanto de esforço que fazia para se conter.
– Nos esbarramos hoje na rua, pensei que ficariam satisfeitos que eu o convidasse.
Ignorei o olhar incrédulo por minha escolha de palavras do outro lado da mesa antes que jogasse um garfo no olho do meu irmãozinho e entregasse que estava acontecendo alguma coisa.
Minha mãe se permitiu abrir um sorriso, orgulhosa. Bryan ponderava o que achava sobre. Um relacionamento novo na família não parecia fazer parte de seus planos, embora sempre pegassem no meu pé por eu ser solteira. O fato de a ideia se concretizar deveria ser ameaçador para um pai.
– Claro, fico feliz pela iniciativa, quem sabe ele não te chama para sair de novo?
Assenti com indiferença, como se não me importasse. Caleb balançou a cabeça.
Avistei Flê entrando na sala com seu vestido azul meio gasto. Eu gostaria de poder soltar seu cabelo do coque frequente, era liso e preto – já que ela nunca se esquecia de pintá-lo.
– Com licença, queridos. Faith lavei seu pijama semana passada e o guardei no closet, mas agora procurei em todos os lugares e não achei. Tem certeza que não o deixou em algum outro lugar?
Caleb não aguentou, escaparam algumas risadinhas baixas. Flê – como uma amiga fiel – fingiu não ver, e ele justificou lembrar-se de uma piada quando Eleanor olhou.
– Não Flê, não o vejo faz um tempo. Vou dar uma olhada nos meus esconderijos depois.
– Tudo bem. Amanhã procuro de novo também. Boa noite! – ela deu um aceno geral e respondemos em uníssono.
– Com licença – papai afastou a cadeira, aproveitando a deixa para se retirar rápido da mesa.
Não demos muita importância, supondo ser uma estratégia para escapar das lições de Eleanor, que perturbavam a ordem natural e pacífica do jantar.
Ela parecia estar seguindo algum pergaminho mental da Constituição Americana enquanto ditava as regras e fingíamos estar prestando atenção para evitar o escândalo do século sobre como zelar pela imagem da família não era apenas responsabilidade deles.
Mal pude conter a satisfação quando fomos liberados para que dormíssemos imediatamente – ela não queria uma olheira à vista.
– Se eu afundar te puxo junto – avisei para Caleb subindo as escadas e vendo aquele sorrisinho irritante no rosto dele.
Ele riu, levantando as mãos em rendição.
– Não quero te derrubar, mas devo confessar que estou ansioso para o dia de amanhã. Quero conhecer mais meu cunhado.
Revirei os olhos.
– Claro, espero que Cassie esteja aqui também – alfinetei.
Ele mostrou a língua, indo diretamente para seu quarto.
– Faith – escutei a voz de meu pai antes que eu pudesse encostar na maçaneta.
Virando para trás o vi com meu pijama azul nas mãos e a expressão impassível.
– Onde estava? – perguntei confusa, pegando de volta.
– No meu escritório.
Bryan parecia estar exageradamente aborrecido com isto, então parti em minha defesa e de Flê.
– Não tive culpa, e Flê pode ter esquecido sem querer, sabe que ela gosta de fazer muitas coisas ao mesmo tempo...
– Claro – ele me interrompeu, não demostrando interesse por meus argumentos.
Talvez essa não fosse a razão de seu mau humor repentino.
– Tudo bem. Obrigada e boa noite.
Ele assentiu ainda carrancudo, me sondando com os olhos. O que eu tinha feito?!
Voltei novamente para a porta, apenas para mais uma tentativa frustrada.
– Faith – sua voz estava mais grave.
Esperei a bronca que o tom sugeria, mas ele só ficou me olhando, procurando informações escondidas. Será que Caleb e eu acabamos por me entregar?
– Hm? – incentivei que dissesse antes que eu me autodestruísse.
– Você saiu hoje?
Ah não, ele sabia.
Achei melhor dizer de uma vez, omitindo apenas uma informação:
– Fiz uma visita ao hospital. Deixei uma doação.
Ele quase abriu um sorriso.
– Levou a imprensa?
Claro que essa seria sua preocupação.
– Não – respondi entediada, recebendo um olhar de repreensão por isso:
– Então por que foi?
– Pai, a vida é mais do que aparências, entretanto, se me permite, dormirei agora para evitar olheiras conforme mamãe pediu.
Sua careta se aprofundou.
– Tudo bem.
Dei um beijo rápido em sua bochecha e entrei no quarto de uma vez, aliviada por ter escapado dessa. Vasculhei o cômodo com os olhos antes de me preparar para dormir e apenas segundos depois entendi o motivo. Uma esperança ecoava inconveniente no fundo da minha mente que Justin pudesse estar escondido nas sombras. Era irracional que eu ainda conseguisse me sentir decepcionada por não estar. De fato, eu preferia que no dia seguinte vivêssemos nas sombras. Eu estava me arrependendo amargamente por tê-lo convidado. Onde eu estava com a cabeça? Minha mãe e suas amigas? Era como nos jogar na cova de leões.
Posso ter me revirado muitas vezes na cama me corroendo de ansiedade, formulando hipóteses e as possíveis respostas, com uma pitada da pior duvida de todas, o que Justin sentia por mim?
Acordei antes mesmo de o celular despertar, com a sensação de que perderia a hora e Justin encararia minha família sozinho. Corri diretamente para o banheiro, tomando um dos banhos mais rápidos da minha vida, decidindo depois que usaria um vestido de renda branco até os joelhos com mangas medias e um salto alto bege fechado. Passei uma maquiagem bem natural e encaracolei um pouco mais meu cabelo, enfeitando com uma tiara, brincos e pulseiras de pérola.
Desci depressa as escadas, tomando cuidado para não tropeçar e deixar a ansiedade me derrubar no chão, começando meu dia num hospital. Eleanor já andava de um lado para o outro, organizando os mínimos detalhes do evento. Assim que me viu, olhou diretamente no relógio para se certificar de que eu estava na hora certa. Um projeto de sorriso presunçoso passou por seu rosto.
– Muito bem, meia hora adiantada, como conseguiu isso? – ela nem me esperou responder e já prosseguiu – E que horas pediu para seu convidado chegar?
– Às dez.
– Seria melhor que ele chegasse antes. Ligue pra ele e peça para que se adiante. Gostei do visual, mudaria algumas coisas, mas não tenho tempo – ela despejou as palavras como se eu fosse uma de suas assistentes e mandou um beijo no ar, desfilando com seu salto preto que combinava com o vestido azul marinho.
– Bom dia para você também – falei baixo com ironia.
– Olha o prodígio dos Evans – a voz de Caleb vinha de trás de mim, nas escadas.
Ele estava com um terno bege, combinando comigo.
– E então, declaração de paz ou vai ser guerra?
Ele deu uma risadinha, me abraçando pelos ombros.
– Se iniciarmos uma guerra, a Suíça vai intervir – apontou para Eleanor que agora ia em direção à cozinha.
Ela olhou no exato momento, suspirando de alívio quando viu Caleb.
– Ótimo que combinaram. Falando disso, seria bom seus tons combinarem com o de seus parceiros, providenciem isso! – instruiu antes de desaparecer atrás da parede.
Deixem os ombros relaxarem de cansaço.
– Eu não vou ligar e pedir para Justin chegar meia hora antes e com uma cor que combine com a minha – reclamei para Caleb.
– Acho melhor não mesmo, ou ele nem vai querer vir. Já vai assustá-lo antes que Eleanor possa dar seu show? Aposto que não dura nem cinco segundos diante dela, aliás.
Fiz careta para ele.
– Justin é muito mais forte do que você pensa.
– Depende do aspecto que você fala prefiro nem descobrir.
Dei um soco em seu ombro, me retirando em seguida. Caleb conseguia ser insuportável quando queria. Importunamente acabei parando na frente de minha mãe justamente quando ela precisava de alguns favores com a relação de nomes, sua paranoia avisava que não estavam todos ali. Comecei a conferir um por um e verificar se os convites haviam sido enviados, apenas para acalmá-la, pois não daria para tomar uma solução tão em cima da hora caso algo estivesse errado.
Embora estivesse entretida, meu pé balançava impacientemente a espera de Justin. Parei de verificar as horas e prestar atenção na porta antes que ficasse louca, até que ouvi a exclamação de minha mãe:
– Você!!! Não posso dizer a honra que é tê-lo aqui em minha casa novamente. Faith também estava ansiosa para que isso acontecesse!
O escândalo só poderia significar que...
Quando olhei, Justin estava beijando a mão de Eleanor que sorria deslumbrada. Direcionei-me em questão de segundos para a entrada, quase me desequilibrando por isso, atraindo seu olhar para mim. Seus olhos se apertaram minimamente, os lábios esboçando um sorrisinho engraçado por minha falta de jeito.
– Olha quem chegou Faith – minha mãe se virou, me procurando, exigindo com os olhos que eu me juntasse a ele imediatamente. Mal sabia ela que isso não era necessário de ser pedido.
Andei em passos rápidos até ele, examinando toda a sua glória de perto moldada por um terno cinza.
– Bieber, fico lisonjeada que nos dê a graça de sua presença – curvei um pouco minha cabeça, lembrando-me que um contato maior seria inadequado na frente de meus pais, visto que pensavam não sermos ‘’íntimos’’.
Ele me estendeu a mão com os olhos bem humorados, lembrando-se que eu não gostava mais dessa forma de cumprimento. De mal grado, cedi, recebendo o mais leve dos beijos nas costas da minha mão esquerda, que foi o suficiente para arrepiar meu braço.
– Eu que agradeço essa dádiva que me concedeu. Você está magnífica.
Eu jurava ter ouvido um suspiro de Eleanor.
– Com licença. Faith, o faça companhia, tenho algumas coisas para terminar – ela se retirou satisfeita.
Assim que suas costas se viraram para nós, lhe lancei um olhar zangado. Ele deu uma risadinha, dando de ombros.
– A culpa não foi minha, e cá entre nós, beijar sua mão é a última coisa que passaria em minha cabeça ao te ver vestida desse jeito – segredou, passando os olhos por mim.
Meu sangue pulsou, não apenas para colorir minhas bochechas.
Respirei fundo, tomando consciência do quanto seria difícil manter certa distancia dele no momento.
– Onde está seu pai? – seus olhos procuraram pela casa, despreocupados.
– Hm, acho que no escritório, ele fica um pouco perturbado com toda a bagunça de Eleanor – revelei – Fico feliz que tenha chegado mais cedo que o combinado, minha mãe tinha ordenado que eu te pedisse isso, mas não achei conveniente.
– Sei como essas coisas funcionam. Eu sou seu convidado, preciso estar aqui antes dos outros que suponho chegar as dez – falou tranquilamente, colocando as mãos no bolso e adentrando a casa, ainda dando uma olhada.
– Sabe? – perguntei receosa, indo atrás dele. Saberia sobre o que as amigas de minha mãe pensariam que éramos?
– Claro. Se estou certo, represento sua mais nova paixão – ele se virou levemente para me olhar, um sorriso orgulhoso no rosto – Confere?
Abaixei a cabeça, constrangida.
– Confere – confessei.
– Não é bem apenas uma representação, creio que se aproxima muito da realidade. Acertei de novo?
Olhei pra ele, reparando em sua expressão vangloriosa, entendendo onde estava querendo chegar. Eu não confessaria de novo o quão frágil eu era diante de sua presença.
– Me diz você. É real?
Sua resposta foi um sorrisinho. Então Caleb apareceu.
– Bieber, que honra revê-lo! – bradou com um sorriso largo.
Quase choraminguei, seria uma manhã longa.
Caleb não o soltou tão cedo, alugando seus ouvidos com conversas aleatórias para quem não o conhecesse, mas eu sabia que era um teste. Surpreendeu-me Justin estar tão disposto a responder as perguntas, aparentando gostar do assunto.
– Cassie! – eu nunca havia ficado tão feliz em ver minha cunhada na vida como naquele momento, acolhendo-a para dentro de casa e quase empurrando em cima de Caleb para que os dois saíssem para seu drama rotineiro.
Ele a abraçou de lado e deu um beijo em sua cabeça.
– Essa é minha Cassie, a mulher dos meus olhos – ele sorriu para ela, apresentando para Justin. Os olhos dela chegaram a brilhar – Esse é o Justin, o... Amigo da Faith.
Fechei a expressão para ele, avisando que não fizesse graça.
Eles trocaram um aperto de mão, mas meus planos não ocorreram como o planejado:
– Então Justin, você tem alguma mulher que te enche os olhos? – perguntou ingênuo.
Travei o maxilar, fitando meu irmão com um olhar mortal. Pela visão periférica vi Justin dar uma risadinha.
– Com licença, vou cumprimentar o dono da casa – ele pediu, saindo elegantemente até a ponta da escada onde Bryan descia.
Eu não sabia se corria atrás dele para evitar algum desastre ou espancava meu irmão. O impulso falou mais alto e fuzilei Caleb com o olhar até que ele se sentisse uma formiga.
– O que raios você está fazendo Caleb Evans?
Cassie segurou o riso, imparcial na briga.
Ele levantou as mãos, rindo.
– Só queria arrumar uma confissão para adiantar o relacionamento de vocês irmãzinha. Quero apenas ajudar.
– Você ajuda mais embaixo de sete palmos de terra, seu idiota – bati o pé no chão, frustrada que não pudesse ser na cara dele.
– Cassie querida, fico feliz que tenha vindo! – Eleanor falou, saindo da cozinha em nossa direção, assim fui obrigada a engolir toda a fúria.
Seus braços deram o mais carinhoso dos abraços e ela se virou para nós.
– Tudo pronto, todos a postos, os convidados estão chegando! – anunciou empolgada, deslocando-se para o lado de meu pai.
Justin veio lentamente para o meu lado, a expressão forjada em educação. Ele combinava muito mais com essa família que eu. Seu braço se estendeu para mim e enlacei o meu ali de bom grado.
– O que falou com meu pai? – falei baixo, incapaz de conter meus nervos.
– Nada demais. Respire fundo, Evans – ele me deu uma olhadinha, me tranquilizando. Funcionaria mais se não fosse dotado daquela formalidade que eu odiava.
O passado de minha mãe então infestou a casa, variando entre as mais nobres e simples. Era claro qual delas eu preferia, mas quando se tratava de questões do coração, não havia distinção:
– E quando começaram a namorar? – era a pergunta que todas queriam saber. A do chapéu de enterro foi a mais direta.
Antes que eu pudesse entrar em pânico, Justin se adiantava:
– Nos conhecemos na exposição dos quadros dela, inclusive não me contive e comprei deles.
Passeamos por toda a sala conversando com cada penteado de cabelo novo, enquanto eu só queria fugir daquele mar de exibição. Depois de contar à Mikaela como o negócio na empresa de conciliação ia bem, Justin me arrastava para o próximo instrumento de tortura, foi quando a agonia me fez verbalizar a ideia:
– Nós não podemos fugir? – cochichei perto do seu ouvido. Não foi uma boa ideia, os pensamentos do que poderíamos fazer longe disso tudo se limitaram a uma coisa, a vontade desesperada que eu estava de tocá-lo livremente. Seu perfume quase me matava.
Ele riu, me olhando com a sobrancelha arqueada.
– A festa é de sua família, Faith. Aliás, acho que você terá que me pagar por todo esse trabalho de publicidade – fingiu uma queixa.
Era verdade, ele estava falando com todos enquanto eu soltava umas duas ou três palavras.
– Eu nunca fui boa de relações públicas, como recompensa peça o que quiser – meus olhos atrevidos voaram diretamente para a sua boca tão bem desenhada.
Que seja um beijo, que seja um beijo, que seja um beijo...
– Hmm... Vou ter que pensar sobre isso, te falo mais tarde.
Era pior vê-lo sorrir com a atenção toda em sua boca, e quase perdi o ar por isso.
– Agora, postura, ainda não chegamos ao fim do nosso percurso. Mas posso te garantir que você está impecável – por um momento seus olhos foram intensos de tal maneira que me desprenderam do mundo, como se ele enxergasse minha alma.
– Faith! Como você consegue ficar mais bonita a cada dia?! – Anastasia nos parou no meio do caminho, abrindo os braços para mim. Essa era uma das que eu gostava, mas no momento estava sendo inconveniente.
Afastei meus olhos dele sem nenhuma vontade.
- Anastasia, digo o mesmo!
A abracei, e assim que nos soltamos tive visão de Amalia vindo em minha direção, mas um pouco mais próxima do que deveria. Percebi então caía com seu suco de laranja bem em cima de mim. O líquido escorreu pelo meu vestido enquanto eu tentava firmá-la em meus braços.
– Ah meu Deus! Perdão, Faith, perdão! Eu sou muito desastrada, ai meu Deus! – ela passou a mão pelo meu vestido assim que se estabilizou no chão, tentando a todo custo amenizar o estrago, a expressão distorcida em agonia.  
O incidente não havia chamado muita atenção, mas eu não poderia ficar com o vestido sujo na festa de Eleanor nem em pensamento.
– Está tudo bem Amalia, acontece, eu vou me trocar rapidinho, não foi nada – tentei tranquilizá-la, mas suas desculpas prosseguiram.
– Não se preocupe senhora, por que não te arranjamos mais um pouco de suco? – Justin tocou carinhosamente em seu braço, indicando para a grande mesa atrás de nós.
Troquei um olhar de gratidão com ele e corri para fora da sala antes que minha mãe visse e fizesse um escândalo. Subi as escadas com a certeza que teria que lavar o corpo, o suco adocicado colava em minha barriga, me deixando agoniada.
Peguei o vestido cor-de-pele que era minha segunda opção para hoje e fui para o banheiro, exagerando um pouco na temperatura da água, como o cheiro de queimado e a fumaça me indicava. Terminei rapidamente e coloquei o vestido, com um pouco de dificuldade pelo corpo ainda estar úmido, então abri a porta para o quarto e fiquei paralisada com o que vi.
O cheiro de queimado não estava apenas no banheiro, estava em todo o quarto, mas não era o chuveiro o responsável pelo odor, e sim as labaredas de fogo que lambiam as paredes.
Ofeguei de pânico.
POR QUE RAIOS MEU QUARTO ESTAVA PEGANDO FOGO??? COMO ISSO ACONTECEU EM UM SEGUNDO?
A cortina da sacada estava toda comprometida, ao que parecia o closet também, minha cama e o sofá, meus livros, a televisão.... Parei de reparar nos estragos quando lentamente tomei noção do que eu também corria risco. Pensei em correr até a porta, mas as chamas já a consumiam, a maçaneta derretia, a sacada também não era um meio viável de escapatória. Eu estava sem saída.
Peguei a tela de pintura ao lado da cama em chamas e joguei contra a porta, na esperança de abri-la. Não aconteceu. Corri até a escrivaninha quando vi o livro de registros prestes a ser devorado pelo fogo e o peguei, depois me afastei, pensando.
Tudo bem Faith, pensa, pensa.
Com a outra mão peguei minha caixa de jóias, atirando contra a porta da sacada. POR QUE EU NÃO ESCOLHI UMA PORTA DE VIDRO NA SACADA??????
Pensei em escapar pela janela pequena do banheiro, mas ao me virar para ele, vi que a entrada não era mais possível. Peguei tudo o que podia ver na minha frente que não se consumia e joguei contra a porta, inclusive perfumes. Pelo menos faria mais barulho e aumentaria minhas chances de ser ouvida. Até que todos os objetos já estavam comprometidos. Eu estava parada no meio do quarto, sem soluções cabíveis a não ser gritar, embora isto fosse levar mais rápido meu oxigênio. Abaixei-me no chão como vira na TV que ajudava a respirar melhor em incêndios.
- CALEB! SOCORRO! MÃE! PAI ALGUÉM!!! – gritei com toda a força, esperando que ouvissem.
Não era possível que com tantas pessoas numa casa eles não percebessem sinais de fogo no segundo andar. A não ser que tivesse se inciado no primeiro...
Não, isso não seria possível, o fogo não teria alcançado meu quarto tão rápido. 
Eu não podia ouvir se a ajuda estava chegando, o único som era da destruição causada pelo calor que aumentava cada vez mais a minha volta. A fumaça estava ficando densa, e eu comecei a tossir, sentindo minha garganta arranhar.
Droga Faith, droga, droga. Por que isso está acontecendo?
- SOCORRO!!!! – tentei de novo. Não foi uma boa ideia. Respirei mais o ar poluído, fazendo com que meus pulmões reclamassem por oxigênio.
Eu não morreria queimada, muito menos de repente.
Comecei a rezar, ainda varrendo os olhos pelo quarto para tentar pensar em uma solução. O pânico me consumia por inteira, fazendo com que eu não conseguisse raciocinar direito a não ser implorar para que não morresse, não agora, não assim. O desespero falou mais alto, e utilizei mais da minha quota de oxigênio:
- SOCORRO!!!
Foi demais, meus órgãos estavam enfraquecendo, minha garganta ardia, o fogo se aproximava. Eu precisava respirar. Eu não estava morrendo, não, eu não estava morrendo. Meu Deus, eu não posso morrer.
Me aterrorizei quando meus olhos quiseram se fechar. Talvez fosse até melhor, desmaiar por falta de oxigênio e não sentir quando o fogo queimasse minha carne até não sobrar mais nada.
CALA A BOCA FAITH, VOCÊ NÃO VAI MORRER!!!!
- JUSTIN!!!! - não ouvi o som da minha voz quando tentei.
Ah não, por que minha voz não saía?
A fumaça estava tão forte para deixar o quarto tão escuro?
- CALEB!!!
Eu precisava deitar no chão, haveria mais ar, mas haveria mais fogo.
Agarrei o livro de registros contra meu peito, me deitando no chão, ofegando. Mas ali também não havia oxigênio.
- JUSTIN!
A tosse aumentou até que não consegui mais identificar nada a minha frente, não tinha como saber se o fogo estava perto.
O que estava acontecendo?
Justin!!!
A escuridão se aproximou, não percebi quando ela me engoliu. 

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