Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

sábado, 15 de julho de 2017

One Love 7

Abri os olhos, tendo visão de um campo extremamente verde. O sol estava alto no céu, brilhando determinado, atingindo a relva, fazendo subir aquele cheiro fresco da grama. Eu me sentei, passando as mãos naquele chão vivo, sentindo cócegas pelo contato pontiagudo em minhas palmas. Estava tão absorta que esqueci até mesmo de me questionar como parara ali. Um vestido rosa bebê florido de alças cobria meu corpo, e não havia calçado algum em meus pés. Senti-me extremamente leve, respirando a brisa natural que batia levemente sobre meus cabelos ondulados.
Algumas copas de árvores interrompiam a extensão do campo a alguns metros de distância, convidando para a floresta que as seguia. E foi de lá que vi surgir um cavalo branco e musculoso montado por alguém. Tive que apertar a vista e cobrir os olhos para distinguir quem era, investigando se representava perigo. Ele chegou rápido demais à minha frente, desafiando a lógica com as trotadas lentas. O observei descer do cavalo, que se afastou ao se encontrar livre — algo que entendi mais tarde como uma forma de nos dar privacidade —, e só reconheci seu rosto assim que se colocou na frente do sol.
— Então ela é uma assassina? — Sua voz confortante veio acompanhada de um sorriso significativo. Um sorriso de expectativa, reencontro e júbilo.
Eu pulei imediatamente sobre os calcanhares, meus batimentos cardíacos ultrapassando os limites do aceitável. Joguei-me em seus braços mesmo sabendo da possibilidade de atravessar o ar e cair de cara no chão. Para o meu regozijo, ele me segurou.
— Olá, Evans — me cumprimentou risonho, encaixando a cabeça em meu pescoço, como eu fazia com o seu. Desta vez, não usava a colônia que, por incrível que pareça, eu me lembrava. Seu cheiro estava levemente amadeirado e fresco, assemelhando-se a essência de algum sabonete.
O apertei forte contra mim, sentindo o jorro de emoções desabar em cima da minha cabeça. Eu tinha tanto a lhe dizer! E realmente tentei, mas só conseguia balbuciar coisas sem sentido. Meus ombros tremiam.
— Ei, você não está chorando, está? — A reprovação delicada veio acompanhada da sensação de suas mãos em meu rosto. Ele afastava a cabeça para me olhar nos olhos. Não permiti que se distanciasse mais do que o necessário, os braços rígidos o cercando com um aperto de urso.
A ponta de seus dedos passava levemente nas maçãs do meu rosto, deixando minhas bochechas úmidas.
— Eu estou? — Gaguejei. Na verdade, pouco me preocupava comigo mesma.
Olhei cada parte do seu rosto, memorizando outra vez os detalhes, me atentando à sua ruga de preocupação no meio da testa. Levei minha mão até ali, não satisfeita em contemplá-lo com os olhos. Acariciei seu cabelo macio milimetricamente arrumado para trás, e desci para a nuca. Ele entrelaçou os braços na minha cintura, facilitando meu percurso. Fiz um caminho até seus ombros, reparando que estava com uma regata branca, o que era uma coisa nova pra mim; nova e maravilhosa. Quisera eu ter o visto vestido daquela forma mais vezes. Afaguei seus braços musculosos e tatuados, reconhecendo as linhas perfeitas de sua pele. Então joguei os meus próprios ao redor do seu pescoço, o esmagando outra vez.
Sua risada foi melodiosa perto do meu ouvido.
— Você está bem? — Perguntou bem humorado e ao mesmo tempo ansioso.
Eu neguei com a cabeça, indecisa entre esmaga-lo junto a mim com todas as forças ou encará-lo infinitamente.
— Você... — Comecei a dizer e engasguei com o bolo na minha garganta, fitando seus olhos.
— Eu...?
Mordi a boca, minha mente bloqueando a informação. Não ainda, se recusava.
Fiz então o mais lógico dos movimentos. Entrelacei a mão em seu cabelo e puxei seu rosto para mais perto, atendendo ao pedido de cada célula em meu corpo. Ele entreabriu os lábios e terminou de encurtar a distância, deixando apenas um dos braços para contornar minha cintura, usando a mão contrária para acompanhar a curva das minhas costas.
Não o beijei com calma. Eu estava literalmente desesperada, temendo que a qualquer momento aquilo acabasse. E ele acompanhou meu ritmo, me beijando como se estivesse conhecendo minha boca pela primeira vez de novo, abrindo caminho para sua língua com confiança e precisão. Imaginando haver ainda algum espaço entre nós, me conduziu para trás, esperando encontrar qualquer estrutura que me encurralasse, me deixando totalmente em suas mãos. Aquele também era meu desejo, ser exclusivamente sua para todo o sempre.  
Eventualmente, eu tropecei nos meus pés e fomos os dois ao chão. Suas mãos se apoiaram na grama antes que seu corpo me esmagasse, e nossa risada preencheu o campo, sobressaindo-se ao piar dos pássaros.
Usamos aquele tempo para tomar de volta o fôlego, mas ele não saiu de cima de mim, fazendo uma flexão para passar o nariz no meu, e só depois se jogar ao meu lado, passando um braço em cima dos meus ombros. Rolei para cima dele, enfiando minha perna no meio das suas, o abraçando de todos os modos.
Os raios de sol refletiram em nós dois, mas eu sabia não ser sua responsabilidade o calor que me lambia por dentro, concentrado nas partes em que eu tinha contato com seu corpo. Sua mão agora caminhava por minha perna, sem tecido algum que o impedisse até a metade da coxa onde o vestido, que me parecia extremamente frágil, terminava. As ondas de energia provocadas por seus dedos alcançavam meu coração, despertando-o. Presa por seus olhos líquidos e o sorriso despreocupado, fui atacada por uma sensação estranha desde os fios do meu cabelo até o dedão do pé. Demorei um pouco até reconhecê-la.
Eu estava, sem dúvida alguma, irrevogavelmente feliz.
— De que assassina você estava falando? — Perguntei.
Inicialmente, a confusão enevoou seus olhos, até que compreendesse, ampliando o sorriso. Ele brincou com meu cabelo.
— Eu quis ser épico. São as primeiras palavras que te dirigi.
Meu lábio se repuxou.
— E o que estava fazendo com um cavalo branco na floresta?
Meu corpo se retraiu, rejeitando o possível aparecimento da sanidade. Não era o caminho que eu iria querer seguir. Aquela era uma questão secundária. De que me importaria se estivesse com uma melancia na cabeça? Desde que estivesse ali.
Ele fez menção de rir, demonstrando ser uma pergunta idiota. No fim, não soube me responder.
O gosto amargo na minha boca se espalhou, desfigurando minha fisionomia. Firmei meu abraço nele, em um pânico doloroso. Eu sabia que dizer aquelas palavras concretizaria o fato, então fiz o possível para mantê-las em minha boca.
Meu esforço não foi o suficiente.
— Estou sonhando, não é? — Minha voz soou estranha.
Não dava para negar por muito tempo. Aquele a quem me prendia desesperadamente era Justin, e ele não estava mais alcançável para mim, numa maneira mais amena de se dizer.
Justin deu um sorriso terno, acariciando meu rosto.
— E isso importa?
Forcei o choro súbito pela garganta. Eu não ia deixar lágrimas embaçarem minha visão de novo e perder qualquer segundo de vê-lo.
— Se eu acordar importa. Eu não consigo mais fazer isso, Justin — agonizei.
— Isso o quê?
— Sobreviver.
Ele fez um muxoxo.
— Não me venha com essa. Está tudo bem. Sua vida era bem melhor antes que eu parecesse. Retome os trilhos.
Apertei a boca numa linha firme, sentindo que oscilávamos. Neguei repetidas vezes com a cabeça, usando de toda a minha força para segurar sua camisa. Meus dedos protestaram.
— Sempre teimosa — sorriu, beijando minha testa.
Era isso, eu estragara a fantasia.
A próxima vez que abri os olhos estava na minha cama em Minnesota. Não acordei desnorteada como geralmente acontece após um sonho tão real, eu percebera ainda dentro dele que sonhava.
Consciência maldita.
Eu me lembrava de ter lido um livro de ficção em que o personagem tinha a habilidade de adentrar o sonho de sua amada, e quis ardentemente que Justin houvesse de fato estado comigo nesta realidade paralela, como mais uma de nossas fugas esporádicas.
Minha mão agarrava o lençol enquanto a outra apertava a região do coração. O vazio parecia engolir meu fôlego e toda qualquer emoção que eu pudesse sentir além de dor; uma dor aguda e crescente alastrando meu peito. Pensei que estivesse finalmente morrendo, tendo um enfarto, que fosse; e esperei impacientemente pelo fim.
Depois do que pareceram horas, eu continuava ali, arquejando por ar, uma reação involuntária idiota do meu instinto de sobrevivência; então percebi que não passaria. Não podia ao menos contar com a ajuda das lágrimas para ao menos colocar toda aquela porcaria para fora. Mais um fator para que eu desejasse viver dentro do meu sonho.
Empurrei-me para fora da cama, rastejando pelo chão até chegar à porta. Apoiei-me no trinco para conseguir levantar, cambaleando para fora entorpecida. A escuridão ainda caía sobre o apartamento, comicamente invertendo a ordem geralmente estabelecida entre o consciente e o subconsciente, sendo o oposto de toda a luminosidade vívida do sonho.
Cheguei à cozinha e abri a geladeira, tirando a garrafa de Everclear do fundo com graduação alcoólica entre 75,5% e 95%. Eu possuía um pequeno estoque para momentos emergenciais, conseguido pelo mercado negro das boates. Por seu alto teor alcoólico, a bebida é proibida em quase todo o país.
Tirei a tampa ali mesmo, e não me dei ao trabalho de pegar um copo, tomando um gole diretamente do bico. Parecia que, desprovida de inteligência, eu havia enfiado brasa pela boca. A chama desceu diretamente para o meu estômago vazio como uma bomba, deixando um caminho de destruição para trás. Lembrei-me tarde demais que não havia jantado. Vi algumas estrelas quando minha cabeça rodou e me apoiei na geladeira para não cair. De fato, a bebida era horrível, amarga demais para ser tomada esportivamente. Eu já havia tomado outras vezes. Justificadamente, não me lembrava delas.
Voltei para o quarto aos tropeços, escorando nas paredes ao dar mais goladas. Então à primeira vista, pensei estar tendo alucinações. Pisquei os olhos muitas vezes e os apertei para ter certeza de estar em foco. A porta de Caitlin estava entreaberta, e aquele que a pressionava contra a parede era Ryan. A perna dela estava enganchada em sua cintura. Eles riram de alguma coisa que não entendi, provavelmente apenas de empolgação, e ela fez “Shh” antes que o beijasse outra vez. Eu não estava nem mesmo bêbada ainda — acho —, então a indisposição que senti não tinha relação com o álcool.
Deixei aquela cena para trás, enojada, eu tinha outro objetivo naquele momento, e não seriam os dois a me atrapalhar. Enrosquei no pé da cama antes de conseguir me sentar devidamente, e um palavrão escapou da minha boca. Meu último pensamento são foi praguejar contra o quadro tão realista na Companhia, claramente o responsável pelo meu sonho daquela noite.

— Ugh... Eu... — as palavras vieram soltas e confusas para meus ouvidos, longe, como se houvessem dois colchões em cima de mim — Faith... O que... — Uma mão me alcançou, chacoalhando meu braço — Faith! Faith Angel Evans! — A voz ficou mais clara e distingui certa irritação nela.
Tentei dizer um “cala a boca”. Minha língua não obedeceu.
— Eu sei que você pode me ouvir, abre a porcaria do olho! — A mão no meu braço me puxou daquela água entorpecente e quilos de areia foram jogados em meus olhos.
— Caitlin... Vaza! — Pensei ter ordenado.
Ouvi seus passos tão alto que machucaram meus ouvidos. Logo a seguir, houve uma explosão de luz no quarto. Instintivamente levei a mão na frente dos olhos
— Porra! O que você tá fazendo?!
— Você prometeu! — Respondeu insistente — Agora se levante e vá tomar um banho para irmos. Você cheira a cachaça a três metros de distância.
— Prometi o quê?!
— Olha pra mim, Faith!
Entreabri o olho esquerdo, vendo entre as frestas dos meus dedos. A claridade doía, então eu não podia ter certeza, mas pensava vê-la com um blazer preto e uma calça skinny branca. Não foi uma boa dica. Ela estava indo trabalhar? Eu nem sabia em dia estávamos.
— Tá, você tá arrumada, e daí?
Ela apoiou a mão na cintura, jogando a cabeça para trás com um som entre um arfar e uma risada irônica.
— Você tinha que estar de ressaca hoje, né? Não interessa, levanta agora e vamos pra igreja comigo.
Igreja?
— Boa noite, Caitlin — cobri minha cabeça com o travesseiro, esperando que ela fosse embora.
Erroneamente, ela o pegou e jogou para longe.
— Eu não quero saber da sua aversão repentina por santuários hoje, você vai!
Tentei por um segundo entender o motivo dela estar tão mal humorada. Só por que eu não queria ir à igreja? E por que deveria? O que me motivava a ir? Qual era o sentido? Pelo que deveria agradecer a um Deus que permitia tanta dor e sofrimento aos seus filhos?
— Beadles, dá o fora — falei nocivamente devagar.
Minha barriga girou. Apertei a boca. Eu não podia vomitar no meio de uma discussão, perderia completamente a moral. Já não bastava essa gritaria toda piorar o latejar na minha cabeça prestes a se desintegrar.
Ela riu de nervoso.
— Qual é o seu problema? — disse, parecendo se achar superior a mim.
— Tenho vários, mas, no momento, é você invadindo meu quarto e agindo como uma louca.
— Você tem certeza de que a louca sou eu?
Ela conseguiu minha atenção. Fingi não estar quase cega com aquela luz toda e a encarei com seriedade.
— O que caralhos você quer dizer com isso agora? É exatamente o que me parece. Você está surtando por que não quero ir à igreja com você! Alô?!
Ótimo, agora eu também estava gritando. Meu corpo já entrara em decomposição.
Caitlin revirou os olhos.
— Eu tô cansada de te ver assim.
— Simples, não veja!
Repentinamente, Ryan estava entrando no quarto. Ele tocou o braço dela com delicadeza.
— Vamos, Cait, deixa pra lá.
Eu estava de ressaca, não burra. Ryan morava no apartamento ao lado, e não devíamos estar gritando tanto a ponto de trazê-lo aqui, o que significava que ele já estava no nosso apartamento antes. Em um dia comum, não me pareceria estranho. Ryan praticamente vivia mais conosco do que no seu próprio lugar. No início, Caitlin e eu pensamos que ele deveria se mudar de uma vez, mesmo que para dormir no sofá. Depois, ao encontrar uma garota diferente a cada sábado de manhã andando pelos corredores, decidimos estar contentes com aquela condição. Aquele detalhe então não deveria ter me chamado a atenção, mas minha mente tentava puxar alguma coisa lá do fundo das gavetas.
— Ela tomou Everclear, Ry, quase a garrafa toda — me dedurou, pegando a garrafa vazia do chão. Se ela disse quase... Olhei para o lado da cama, me deparando com o piso molhado mesmo longe da poça de vômito em cima do meu chinelo. Bom, pelo menos todo aquele cheiro de álcool não vinha apenas de mim e abafava o cheiro de bicho morto. Mas era um bom dinheiro jogado fora — Você sabe que poderia ter morrido?!
— Até porque isso seria muito ruim — ironizei, depois de engolir a bile subindo pela minha garganta. Eu não deveria ter olhado o vômito.
Ela bufou.
— Inacreditável.
— Vá para sua igreja e me deixe em paz. Quem sabe seu Deus seja bonzinho com você— coloquei o braço na frente dos olhos, resolvendo terminar o assunto.
Como acontecera com o travesseiro, ela tirou o braço da frente, eu sei que se pudesse o atiraria pelo quarto. A fuzilei com os olhos, vendo-a apontar um dedo na minha cara.
 Isso não. Você não pode culpar a Deus também.
Expirei, me apoiando na cama para me sentar. As paredes do quarto balançaram e alguma coisa chutou meu estômago. Eu ficaria feliz em vomitar na cara dela.
— Você quer fazer sessão de terapia agora? Sério?
— Cait, vamos — Ryan insistiu, tentando puxá-la pelo braço.
O estalar de dedos mental se deu nesse momento, recobrei uma memória adquirida da noite anterior antes que tudo se tornasse indistinto em meu quarto. Voltando da cozinha após conseguir a garrafa, eu presenciara aquela cena nauseante pela porta de Caitlin. Uma coisa que nem boas doses de Everclear me fariam esquecer.
Dei um sorriso cínico.
— Isso, Caitlin, ouça o Ryan, não vai querer quebrar a harmonia agora.
A confusão só deixou seu rosto quando os medi com os olhos. Eles se entreolharam cautelosos, ficando sem jeito por poucos segundos.
Caitlin respirou fundo.
— Você viu?
Foi minha vez de bufar.
— Se queria tanto assim esconder, poderia pelo menos fechar a droga da porta antes.
— Faith, não foi algo planejado, só... — Ryan começou a explicar, mas Caitlin colocou o braço na frente, interrompendo.
— Não devemos uma explicação — murmurou indignada, retomando sua fúria para mim — Você quer que nos sintamos culpados por isso? No que te afeta mesmo?
Fiz cara de tédio.
— Eu sempre soube que você era dada, Caitlin, não devia estar surpresa, tem razão.
Caitlin teve um segundo inteiro de perplexidade, e Ryan me repreendeu com os olhos, olhando alarmado para ela em seguida. Eu vi seu rosto se avermelhar de uma vez, uma panela de pressão prestes a explodir. Pensei que me bateria, o que seria lamentável devido minha condição negativa em conseguir me defender. Ela fechou as mãos em punho, mas ficou perigosamente parada, depositando toda a força do olhar em mim.
— Sabe qual é o seu problema? — começou devagar, a voz calma nutria certo tipo de frieza — Acha que todo mundo tem que ser infeliz com você. Mas posso te contar uma novidade? O mundo não gira ao seu redor. Você se esquece, também, que eu e Ryan conhecíamos Justin bem antes que você, então também estamos sofrendo aqui. E quer saber? Nós dois estamos passando por outro luto ao mesmo tempo, Christian também era amigo de Ryan. Mesmo assim, não viramos babacas por isso...
— Caitlin — Ryan advertiu.
— Não! — ela se soltou de sua mão — Ela tem que escutar. Para completar, Faith, — arqueou a sobrancelha, cruzando os braços — Você não conviveu com Justin nem por um ano. Eu vivi com Chris a vida inteira — ela fez uma pausa breve, se certificando de estar sob controle — para perdê-lo recentemente. Eu vivo com meu luto todos os dias, sentindo falta do sorriso dele cada vez mais, mas com a ciência de que não é culpa de Deus. Nossas escolhas nos levam ao nosso fim.  E tudo o que Ele quer é nos amar. Então encontro conforto nEle para sobreviver a cada noite. Você não vai chegar a lugar algum se ficar colocando a culpa em tudo e não viver seu luto. Você é uma covarde! Que foge desse momento, se impedindo até mesmo de chorar, criando ilusões de que pode conversar com Justin como se ele estivesse aqui, quando o que você mais precisa é de ajuda profissional.
O silêncio que seguiu foi experimental, o universo queria saber se presenciaria uma batalha até a morte. Caitlin recuperava o fôlego, Ryan nos estudava com receio, pronto para interferir se insistíssemos em nos machucar além de verbalmente. Eu apenas elevei a cabeça e apontei para a porta.
— Fora do meu quarto — mandei inexpressiva.
Caitlin me testou, me encarando com uma incredulidade agressiva. Ela esperava de tudo, menos isso. Ryan segurou sua mão, lhe incentivando a ir.
Ela balançou a cabeça e saiu pisando duro, batendo a porta depois que Ryan saiu.
Eu esperei para saber o que sentiria, até mesmo desejando umidade em meus olhos secos demais, a forma mais lógica de reagir a tudo o que ela me obrigada a engolir. Entretanto, a única resposta do meu corpo foi devolver tudo — ou o nada — que havia em meu estômago. Corri as pressas para o banheiro, passando pela textura grudenta de Everclear no chão agarrando-se ao meu pé. Tive tempo de levantar a tampa da privada, e procurei experimentar alívio por não ser obrigada a limpar mais uma poça de vômito.
Só que eu deveria saber, me encontrava gradualmente incapaz de sentir.

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