Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

terça-feira, 6 de junho de 2017

One Love 1

— Ela está perdida dentro de seu próprio corpo. Frustração, ódio e uma tristeza profunda a consomem por inteiro. A alma dela grita por ajuda, mas ninguém pode ouvir, e sua boca não vai dizer. Seu sofrimento é sentimental, então não há quem entenda ou possa curar. Assim, essa é sua sentença, uma condenação que a aprisiona pelas mãos e a arrasta para que continue vivendo, sendo esta sua própria forma de tortura, viver.
Meus olhos estavam imersos naquela mistura de cores gritantes caótica, ou, para olhos mais desenvolvidos, naquele pedido silencioso por socorro. Por um momento, fui abduzida desse mundo, e tinha certeza de que fazia parte daquele recorte.
— Entendo agora o aumento em seu faturamento, Hazel, esta garota é sua grande descoberta! Que dom você tem para a venda, senhorita!
Fui puxada abruptamente para a realidade, não preparada o suficiente para que conseguisse dar um sorriso grato o bastante para o homem de traje esportivo. Ele tinha idade o suficiente para ser meu pai, mas era muito menos intimidador. As mãos se colocavam atrás das costas ao passo que andava pela galeria varrendo pelos olhos todos os quadros enquanto eu os explicava. Ele não era tão esnobe quanto a maioria de nossos clientes, então já tinha meu respeito.
Hazel deu uma risada forçada por trás do balcão. Qualquer coisa que não amaciasse diretamente seu ego era irrelevante.
— Depois dessa descrição tocante, eu seria estúpido se não o levasse. Vou escutar o grito de ajuda. Pode colocar esse na conta também.
O adicionei na lista de reservas com os outros três no tablet em minhas mãos.
— Tudo bem, já temos quatro.
— Já estava na hora de renovar o visual da minha casa. Vanessa estava no meu pé.
Fiz a expressão mais básica de quem ouvia e compreendida, levantando as sobrancelhas e comprimindo os lábios.
— Então acho que já deu por hoje. Pode fechar e mando alguém vir buscar para mim amanhã. Estão no fim do expediente, certo?
Conferi o relógio redondo na parede cor de gelo sem extrema necessidade, eu sabia que horas eram. Cada segundo se arrastava para que eu não fosse embora. Cinco minutos para às dez da noite.
Estava prestes a assentir quando Hazel se meteu:
— Se quiser podemos estender o horário pra você.
Contive a vontade de bufar. "Podemos". Ela iria embora e eu teria de ficar.
— Não há necessidade. Só me garanta que não irá vendê-los.
Ela riu como se fosse uma coisa idiota a se dizer. Era lógico que a reserva de Ben estaria protegida a sete chaves. Hazel fez questão de mencionar muitas vezes de que ele era seu cliente há anos para que eu fosse impecável.
Ele colocou seu cartão dourado na máquina antes de me olhar.
— Realmente estou impressionado com sua interpretação dos quadros. Já pintou ou pinta?
— Não.
— Ela trancou um curso de Artes em Harvard no quinto semestre — Hazel fez questão de mencionar. Eu me lembrava de seu olhar julgador ao ler a informação em meu currículo, o que não deveria estar lá se não fosse por Caitlin.
Ben arregalou os olhos.
— O que aconteceu? Não pode pagar mais?
Me ocupei em retirar seu cartão e as vias, lhe entregando a sua.
— Não se incomode com isso. Muito obrigada por comprar conosco e volte sempre.
Ele se limitou a sorrir, entendendo pelo meu tom de voz que eu não queria falar sobre o assunto.
— Claro. Obrigado, senhoritas. Boa noite.
Acenei e o vi passar pela porta de vidro antes que Hazel me jogasse um olhar mal-humorado.
— Você praticamente o expulsou — ela reclamou com sua voz rabugenta. O cabelo castanho preso em um coque só precisava estar grisalho para ser uma perfeita bruxa do 71 — Sei que prefere deixar seu passado para trás, seja ele qual for, mas seja ao menos um pouco mais educada.
"Regra número 1 em manter um emprego: não retruque as reclamações do seu empregador. Mesmo que esteja certa, peça desculpas e diga que não ocorrerá novamente" A voz de Caitlin soprou em meu ouvido.
Concordei com a cabeça e a olhei nos olhos, escondendo a vontade de fazê-la engolir sua arrogância.
— Perdão, Hazel.
Ela nem ao menos respondeu, rebolando para o fundo da galeria em sua saia preta justa. Soltei um suspiro pesado, prendendo meu cabelo com uma presilha. Só a convivência com essa mulher poderia ser considerada um trabalho.
Não era uma surpresa pra mim. Todo o mundo estava uma droga. Alguém estava se divertindo muito lá em cima fazendo da minha vida um inferno na terra. E eu sabia que estava nadando no fogo sem fazer coisa alguma para me socorrer. A escolha de fugir para Minnesota poderia fazer parte dessa auto sabotagem, mas eu não me arrependia dela. Era minha responsabilidade encontrar Jazmin e Jaxon. A culpa de não terem mais a oportunidade de conhecer seu irmão, era toda minha. Eu não podia simplesmente não fazer nada. Deixá-los nas mãos do crápula George era uma sentença de morte. Talvez até mesmo pior da que eu havia dado para Justin.  
Caitlin e Ryan vieram comigo sem entender minhas verdadeiras intenções, então eu estava sozinha nessa. Planejava conseguir um emprego em uma lanchonete qualquer apenas para minha sobrevivência — já que havia abdicado a todo e qualquer dinheiro vindo dos Evans —, bem longe das elites irritantes de Minneapolis. Entretanto, convenientemente, a informação de que a assistente pessoal de George frequentava regularmente a galeria e que esta estava contratando funcionários vierem juntas. Não tive escolha. Nunca havia trabalhado na vida, assim, a adaptação foi péssima. Eu tinha sorte de não estar morando sozinha para poder dividir as tarefas do apartamento. Caitlin estava me ensinando muita coisa.
Formava-se, então, minha nova rotina.
E lá me arrastava eu para a próxima etapa do dia, uma de minhas maiores prioridades. Perambulei pelas ruas ainda movimentadas do centro da cidade. Era uma sexta feira a noite, os cidadãos se sentiam dispostos a comemorar a chegada do fim de semana. Boas novas, todos sobreviveram a mais um ciclo. Parcialmente, eu também.
Minha segunda casa em Minneapolis estava um pouco cheia demais para que eu suspeitasse estar descumprindo o limite máximo de pessoas. Mas limite só serve para repressão. Repressão me dava fadiga. E como Justin bem dissera, "quem tem limite é município".
A lembrança do penúltimo dia em que o vi me tirou o fôlego, e a fim de afastar a dor insuportável, avancei na multidão.
Era praticamente impossível dar um passo sem fazer contato físico com alguém, se eu ficasse apenas parada no meio deles, já estaria dançando, mesmo contra minha vontade, mas naquele ponto, eu não me incomodava. Estava perto o suficiente da caixa de som para que sentisse as batidas da música reverberarem em minhas veias, ensurdecendo o tremor frequente da minha alma incompleta. Aos poucos, era possível calar minha consciência, sobressaindo-se os sentidos. A música e eu éramos um só, a melodia tinha o controle dos meus membros, me fazendo sentir cada um dos meus órgãos dilacerados se remendando, passando a pomada anestesiante.
Aquele era o mais próximo que eu tinha de me sentir viva.
Perdi a noção do tempo, envolta naquele meu novo mundo, usando minhas mãos para tocar a superfície do meu corpo e ter certeza de que existia, deixando o toque mais firme em alguns pontos estratégicos. Ou talvez não fossem apenas as minhas mãos.
A textura diferente do toque em meu queixo me fez abrir os olhos. Me deparei com os olhos escuros e intensos encarando minha boca. Demorei um tempo considerável para me situar antes de repreendê-lo.
— Eu já te avisei para manter seus beijos longe da minha boca.
A expressão insatisfeita do indivíduo de cabelo cacheado confirmou que essa era sua intenção, mas ele não discutiu, se inclinando para o meu pescoço. Eu esperei o arrepio oriundo do contato de seus lábios com minha pele. Não aconteceu, previsivelmente. Cada dia que passava era pior. Eu estava definhando. Morrendo aos poucos. E era bom estar num lugar onde ninguém ligava pra isso.
Fechei as pálpebras outra vez, deitando a cabeça para trás no intuito de deixar o caminho livro para o... ser humano desconhecido. Eu não me lembrava o nome dele. Nem ao menos sabia se o havia perguntado isso.
Vamos lá, me faça sentir alguma coisa.
Tomei consciência de sua mão descendo pelas minhas costas, me encaixando ao seu corpo.
"Por que você está fazendo isso?" a voz melodiosamente furiosa finalmente apareceu timidamente em minha cabeça.
Ele havia demorado para aparecer dessa vez. Há um mês atrás fora sua primeira aparição mental, em circunstâncias como essa. As aparições visuais eram raras e confusas. O enxergava como um borrão pela casa noturna ou em meu apartamento depois que retornava de mais uma noite destrutiva, me encarando com aquele olhar fixo e repreensivo. E sempre era como a primeira vez, me trazendo fantasmas de um calmante que fluía pelo meu sangue, mas ao mesmo tempo, um incentivo para minha adrenalina. Eu poderia escutá-lo por horas. Talvez eu estivesse realmente enlouquecendo.
Quem se importava com isso?
O procurei a minha volta, inquieta.
"O que foi? Não aprovou esse?" Retruquei com zombaria, esperando que servisse de incentivo para que aparecesse.
Ele bufou.
"Se pudesse se olhar agora teria noção do quanto está patética"
Estávamos quase lá...
"Porque estou te lembrando alguém que conhecemos?"
"Quem?"
"Você."
"Muito engraçado, Evans" Ele se tornou mais claro.
Eu ri por conseguir aborrecê-lo mais. 
— Ainda não gosta de verdades jogadas na cara, hein? — verbalizei para facilitar sua materialização. 
— Hm? — o dos cachos murmurou, enterrado na curva do meu ombro. 
"Vou jogar algumas na sua" rebateu. 
Uma mão firme segurou meu pulso, me puxando para trás. Já estava com um sorriso pronto no rosto, feliz com a evolução aparente de nosso contato, quando percebi que era um Ryan aborrecido, fazendo a presença de Justin evaporar da minha cabeça.
— O quão bêbada você está?
Começou.
Revirei os olhos, esperando a ladainha.
— Alguém já te disse como você é chato? — minha língua estava preguiçosa demais para que eu pudesse me defender. 
— Acabou para você, garotão — ele deu dois tapinhas fortes demais no ombro da minha distração, dispensando-o,
Joguei a cabeça para trás, expirando exageradamente. 
— Ryaaaan... é sexta feira!
— Tecnicamente, sábado. Consegue andar?
— Não quero ir embora.
A casa noturna rodou diante dos meus olhos até parar num ângulo estranho. Então percebi que Ryan me jogara nos ombros.
— Não! — protestei, tentando dar soquinhos em suas costas.
Seus ombros espremiam meu estômago, não seria um final nada feliz para sua camiseta.
— Eu vou vomitar em você — avisei, nauseada. 
Ele só me colocou no chão quando estávamos fora do recinto, no tempo exato para que eu jogasse fora toda mistura de substância balançando em meu estômago no canto da parede. Ryan segurou meu cabelo para trás.
— Pronto? — perguntou após o segundo jato. 
Eu ignorei os olhares enojados das pessoas que passavam pela rua. Os seguranças fingiam que eu não existia, já estavam acostumados com a cena. Passei as costas das mãos em minha boca, eliminando os resquícios do meu rosto. 
Fiz sinal com a cabeça, me sentindo exausta. Me escorei na parede, tentada a ficar por ali mesmo.
— Só um segundinho — pedi, descansando os olhos.
Ele suspirou, insatisfeito, mas esperou em silêncio.
— Não me lembro porque você parou de se divertir — comentei. Se ele me desse um minuto, poderíamos voltar para dentro e sermos felizes.
— Você não sabe mais distinguir o que é diversão.
Eu ri, franzindo a testa.
— Sabe o que eu acho? Tudo isso é culpa. Você sabe que não é meu pai, muito menos meu irmão. Apenas se sente culpado por ser o assassino do Justin.
— Achei que você havia dito não se lembrar. Acabou seu segundinho.
Ele abraçou minha cintura, me puxando para a beira da calçada, onde estendia a mão para algum táxi.
— Você sabe disso, não é? Nós matamos o Justin.
— Como posso me esquecer? Caitlin nos ajudou a enterrar o corpo.
O encarei brava.
— Eu estou falando sério.
Ele não me olhava.
— Também estou.
— Você não me leva a sério! — reclamei.
— E você está bêbada. Terá sorte se sua visita já foi embora por cansar de te esperar.
— Visita? Que visita?
O carro amarelo parou a nossa frente e Ryan abriu a porta.
— Você sabia que existe uber agora?
Coloquei as duas mãos na lataria, tentando enfiar o pé dentro do veículo. Ryan me ajudou, entrando atrás de mim e falando com o motorista. Minha cabeça tombou em seu ombro de repente e eu apaguei.

Minha cabeça estava latejando como se houvesse substituído a função do meu coração, me despertando a vontade de dar um tiro nela. A claridade feria meus olhos e eu sentia minha boca seca e amarga. Só poderia ser sinal de que, infelizmente, estava acordada. Tentei abrir os olhos para identificar de onde partia os raios de sol para cobrir aquilo antes que furasse minhas pupilas.
— No fim, ela está viva, galera.
Procurei sem ânimo a voz debochada e encontrei Wren sentado na beira da cama pequena de colcha preta. Eu tentei me situar.
— Você está no seu apartamento e eu sou Wren. Tudo bem? — ele me estendeu a mão.
Preferi voltar a fechar os olhos.
— Viajo por quatro horas pra te ver e você não me dá ao menos um ‘oi’?
Tateei pela cama para encontrar a mão dele, e ao identificar minha intenção, ele a colocou em cima da minha.
— Vou gostar mais de você se ficar quietinho — pigarreei quando me ouvi rouca.  
Ele arfou.
— Não era o que você queria ontem à noite, Faith, na verdade, queria frases bem especificas.
Ele conseguiu minha atenção e pânico silencioso.
Sua gargalhada chacoalhou meu cérebro.
— Otária, eu nem estava aqui quando você chegou.
Soltei o ar que prendia, dando um tapa em sua mão.
— Porra, Wren, não tem mais o que fazer, cara?!
Ele continuou rindo, tentando alcançar minha mão de novo, me virei para o outro lado, jogando para fora minhas pernas no intuito de levantar e jogar uma água no rosto. Se eu continuasse com a mente enevoada, ele tinha carta branca para continuar me zombando.
Para meu infortúnio, a tontura residual me impediu.
— O que você acha? É revigorador te ver tão bem assim, me deixa inspirado.
Passei a mão no rosto, levando para o meu cabelo e o enrolando para jogá-lo em meu ombro. Seu volume estava me dando agonia.
— Não te obriguei a vir.
— Meu Deus, como você aguenta seu mal humor?
Tentei levantar mais uma vez, e apesar da fraqueza presente nas pernas, cambaleei até o banheiro pequeno, notando que vestia uma camisola. Como diabos eu havia parado nela?
— Tudo bem, posso te contar os planos que fiz para hoje? Ou você tem que trabalhar de novo?
O vaso, box e pia eram quase um só, o que me ajudava a não ter que dar muitos passos. Estavam um pouco desgastados do tempo, o branco ali predominante se confundia com o amarelo, e eu não conseguia deixar mais claro donque isso quando criava coragem para limpá-lo, utilizando todas as dicas de Caitlin e da internet que eu conseguia.
Fechei a porta, eu precisava do meu tempo para acordar e tentar afastar o mal estar de uma ressaca terrível. No fundo eu sabia que não ia adiantar, mas não adiantei meu ritmo para atender Wren.
Saí do banheiro com a toalha enrolada no corpo, lembrando tarde demais que não havia levado uma roupa comigo. Alguma coisa no meu subconsciente apontava para estar cometendo um atentado aos valores sociais, morais e blá blá. E a cara de espanto de Wren quando me viu, reforçava a ideia.
Ele virou uma pimenta viva antes de se organizar e levantar num salto.
— Ok, eu vou esperar lá fora — se apressou, atrapalhando-se ao fechar a porta do quarto.
Caminhei até ao guarda roupa bege de dois compartimentos em frente a cama de solteiro. Fora isso, o quarto amarelo minúsculo abrigava uma escrivaninha e uma janela, localizada atrás da cama, além do banheiro e a porta de acesso à sala/cozinha.  
Vesti um moletom vermelho e um short desfiado, as primeiras coisas emboladas na gaveta. O celular anunciava os quinze graus de maio. Não era tão calor assim, mas o aquecedor estava funcionando — um beneficio que não esperávamos quando fechamos o contrato do apartamento.
Wren estava sentado no sofá — o único que tínhamos — marrom de três lugares ocupando metade da sala ligada a cozinha, assistindo televisão. A cortina da sacada estava aberta, me obrigando a colocar a mão na frente do rosto enquanto ia até a geladeira. Enchi um copo de água e tomei num gole só, sedenta.
— Roupa nova? — perguntou.
Levantei as sobrancelhas, voltando para a sala para me juntar a ele.
— Benefícios de trabalhar, você ganha dinheiro, compra coisas, faz dívidas, coisas do tipo.
Ele deu um sorrisinho.
— Não que você não ficasse bem nas roupas da Caitlin...
Revirei os olhos.
— Cala a boca.
Ele riu. Por óbvio, não trouxe meu guarda roupa também. Eu estava começando a vida do zero. Ou algum lugar por aí. Caitlin foi um anjo me emprestando suas roupas até que eu arranjasse as minhas próprias.
— Claro, se você me deixasse te dar presentes...
Respirei fundo, olhando para a televisão. Fiz careta quando vi o programa.
— Keeping up with the Kardashians? Serio, Wren?
Tomei o controle de suas mãos, mudando para o Investigação Discovery.
— Tudo bem, ver Mulheres Assassinas é muito melhor.
— Estou pensando em me tornar uma se você não parar de me criticar — ameacei, prestando atenção na história que começava a ser contada.
Em sua grande maioria, eram motivadas por amor/paixão. Eu poderia julgar e dizer não entender como alguém se deixava mudar tanto por uma pessoa que acabara de entrar em sua vida. Mas não era bem assim. Me perguntava qual seria meu futuro com Justin se nos emaranhássemos de vez em um relacionamento. Ele abraçaria uma vida pacata? Ou eu seria capaz de matar por ele?
A segunda opção não parecia tão terrível agora, contanto que eu o tivesse comigo.
Meu peito ardeu.
— Eu te trouxe recados — Wren chamou minha atenção e eu secretamente o agradeci.
— De quem?
Ele enfiou a mão no bolso da calça, me entregando um papel dobrado ao meio. Abri com certo receio, encontrando um desenho infantil do que parecia uma princesa colhendo uma rosa, estava assinado com o nome de Yasmin.
— Eles sentem sua falta. Pediram para Caleb te entregar. Ele me pediu pra trazer esse.
Esse era o único ressentimento que eu tinha de deixar Boston. Abandonar o orfanato. Aquelas crianças devolviam minha alegria em dias que eu só precisava rir de alguma coisa sem sentido. Mas agora também faziam parte de lembranças dolorosas demais para serem revividas. Eu me casara naquele orfanato uma vez, um casamento de última hora e organizado por eles mesmos. E aquele momento simples de descontração havia cavado um buraco imenso em meu peito.
Dobrei de volta o desenho e o olhei com irritação.
— Esse é o jogo agora? Caleb está usando crianças para tentar me levar de volta? Não vai funcionar — joguei o papel em seu colo, olhando para a televisão a tempo de ver a mulher loira debruçada em cima de um cara enquanto o esfaqueava.
— E você o culpa por sentir sua falta?
— E você me culpa por não querer voltar?
— Você sabe que não foi culpa dos seus pais, Faith, sua família te ama — ele disse num tom mais ameno.
Suspirei alto, levantando ruidosamente para buscar mais água. Resolvi encher uma garrafinha, minha garganta parecia um deserto. Wren não foi esperto e me seguiu. Ele insistia em tentar trazer a tona aquele assunto.
— Você mesma me disse que aquele Guilherme se passou de investigador pessoal para enganá-los, para que pensassem que ir à Nova York encontrar a suposta pessoa que os ameaçava resolveria toda a situação. Eles também foram mantidos em cativeiro. Esse cara só queria te destruir.
— E que cativeiro maravilhoso tiveram, huh? Eu também queria ter ficado trancada em um quarto de hotel com banheiro e comida.
— Não é certo comparar nível de sofrimento...
Dei um murro na geladeira. Ela tremeu sob o impacto.
— E o que é o certo, Peter?! É certo não aderir imediatamente aos termos de um assassino para poder salvar sua família? É certo deixar seus filhos no escuro quanto ao perigo que correm? É certo se apegar tanto aos bens materiais que não dê prioridade à vida de seu próprio sangue?! Eu quero que eles encham o rabo de dinheiro e vejam se isso pode trazer felicidade para seus corações de merda!
— Faith, eu não quis...
— Se eles se importassem tanto assim, fariam tudo diferente e Justin não teria morrido! Essa é a questão! Então eu não vou voltar pro caralho daquela casa! E se você está com tanta pena deles, simples, se mude pra casa dos Evans e seja feliz!
Saí do cômodo esbarrando em seu ombro, deixando um caminho de pura fúria atrás de mim. Como dádiva por ter me exaltado, minha cabeça pulsava com mais força. E como um último dano ao meu estado, bati a porta do meu quarto atrás de mim. Eu queria esganar Wren com minhas próprias mãos e esquarteja-lo com os dentes.
Chutei o pé da cama com força, sentindo meu espírito vibrar na vontade de exteriorizar toda aquela raiva. Com um impulso, joguei a garrafinha de água na parede, grunhindo. O estalo que deu anunciava minha mais nova necessidade, comprar outra garrafa d’água. Soquei o guarda roupa algumas vezes. E depois caí sentada exausta na minha cama.
Eu podia sentir a dor subindo pelas costas das minhas mãos e do pé, mas não eram nada comparadas com aquele vazio gritante e crescente no meio do meu peito, que me matava por dentro, apodrecia minhas células e pior, não me deixava chorar. Era um mal crônico que me tornava um grande nada.


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