Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

One Love 3

— Onde você disse que está indo mesmo? — a voz de Hanna soou estridente do notebook de Caitlin, posicionado em cima da minha cama de frente para o guarda roupa enquanto conversávamos por Skype. Era mais uma vídeo conferência sobre moda do que qualquer outra coisa.
— É uma festa de Hazel para inaugurar os trabalhos de nosso novo artista na galeria.
— Alguma chance de ser você?
— Tanto quanto meu talento para me vestir.
— A propósito, ew, essa não, de onde tirou isso? Do lixo do vizinho?
Ergui a blusa estampada de várias cores, um babado enfeitava a gola para uma essência mais casual. Descartei-a na pilha cada vez maior atrás do notebook, não conseguindo deixar de relacionar o evento com a festa que fizemos na minha casa ano passado para apresentar meus quadros. Foi a primeira vez que vi Justin Bieber.
— Você frequentou vários eventos formais, seu senso de moda está decaindo! Minnesota não está te fazendo bem, melhor voltar para Boston — Hanna graciosamente me puxou da tortura psicológica.
Forjei uma risada irônica e me enfiei no guarda roupa, resmungando.
— Eu devia ter comprado alguma coisa, sabia disso. Vou ter que usar uma roupa de Caitlin de novo.
— Você subestima o poder da reciclagem. O que estou vendo ali? Perfeito! Aquele vestido preto de alças no canto!
— Eu já usei ele umas quarenta vezes — contra argumentei.
— Apenas pegue um cinto preto e hm... Aquela camiseta vermelha sangue de seda.
Já enfadada de procurar combinações, a obedeci, embora não fizesse sentido, e vesti conforme ordenara. A camiseta de mangas longas e um laço grande no pescoço vinha por cima do vestido, simulando ser a parte superior do tecido. Para camuflar a junção, o cinto grosso ia um pouco acima da cintura, cobrindo o final da camiseta.
Me olhei no espelho enquanto Hanna batia palmas.
— Espetacular! Uma estilista pessoal nata!
Eu devia admitir que a ideia era boa, mas...
— E se o tecido pular para fora? Vai ficar deselegantemente na cara nossa tramoia.
— Pois aperte bem esse cinto que não vai soltar. Agora me diz que tem um salto vermelho.
— Caitlin tem. Mas vou passar a noite toda de salto?
— Sim! Também quero ver a maquiagem, então se apresse!
Apertei o cinto flexível até o penúltimo buraco, eu quase não conseguia respirar. Levei o notebook e a nécessaire até o banheiro, apoiando aquele na tampa fechada da privada para que eu pudesse me olhar no espelho.
— Não me diga que estou no vaso — Hanna pediu com uma voz enojada.
— Não direi — prometi, pegando um rímel.
— Não! Primeiro a base!
O devolvi no lugar e peguei a base da minha cor, espalhando com a mão pelo rosto.
— Você não tem uma esponjinha?
— Hanna, me conte sobre como estão as coisas em casa — pedi para distraí-la.
Ela adorava falar, então logo disparou:
— Bom, continua a mesma coisa. Seu pai não abre mão dos seguranças, aliás, Willian está com saudade.
Eu duvidava muito disso. Eu fui a pior pessoa que ele pudesse querer para guardar. Will subestimou muito minhas habilidades de fuga. Mas eu sentia falta das nossas conversas e da sua presença segura, embora quase invisível.
— Mesmo seu pai tendo contratado todos os investigadores possíveis, e inclusive, ido a polícia, não conseguiram resposta sobre quem os ameaçava. E Caleb continua numa relação difícil com Bryan. Ele queria ir atrás de você, mas não quer abandonar Eleanor, não confia que seu pai possa cuidar dela, você sabe.
Eu estava ouvindo e cumprindo a tarefa impossível de passar delineador com uma careta que me fazia parecer ter deformidade em decorrência de paralisia. Eu odiava que nunca conseguisse deixar os dois lados iguais logo de primeira mão. E a segunda. E a terceira. Como sempre, me arrependi amargamente a ideia de passar aquela droga.
— Mas continuam sem ameaças desde o ano passado. Você continua segura também, certo?
Parei para que pudesse analisar a obra e respondi:
— Ilesa.
Estava mais grosso do lado esquerdo. 
Aaaah!
Peguei o cotonete para tentar arrumar.
— A recomendação mais ousada que tiveram foi que conversassem com a Companhia de assassinos para conseguir um acordo. Um bolo de dinheiro em troca de informação. Eles iriam para a sede, só não sei onde fica isso.
Secretamente entrei em pânico.
— Eles não podem fazer isso! A Companhia nunca cederia informação de seus contratos. Além do mais, só resgataria uma merda fenomenal, já que nosso contrato se desfez na... Explosão.
Hanna ficou em silêncio, esperando alguma crise minha ou coisa parecida. Eu soltei o ar pela boca, usando uma concentração desnecessária na maquiagem. Decidi que o delineador não ficaria melhor, então parti para o rímel.
— Vou falar para Caleb. Mas, você não acha que quem os contratou já não fez o pedido novamente? — ela falou devagar.
— Não acho. Devido a ineficácia ano passado, creio que contratariam outra empresa. Até porque não tem mais uma sede em Boston. Mas se tivessem mesmo contratado alguém, já teríamos ouvido alguma coisa.
— Tudo bem, então só podemos esperar que resolvam atacar novamente — concluiu frustrada.
— Não se preocupe com essas coisas. Não é atrás de você que estão.
— Querida, aprenda, se estão atrás de você, estão atrás de mim.
Dei um sorrisinho, grata pelo carinho. Então lhe mostrei quatro cores diferentes de batom.
— E aí?
— Com toda certeza esse vinho.
Depois de passá-lo, conclui ser o suficiente de “beleza” artificial, então lhe apresentei o acabamento.
— Aprovado! Mas você não quer mesmo passar uma sombra e dar uma pintadinha na sobrancelha?
— Odeio sombra, você sabe. E minha sobrancelha não é falhada. Não tanto. Então está tudo certo.
Guardei tudo de volta no nécessaire e nos voltei para meu quarto.
— A vida aí continua boa? É tão injusto que agora que não estamos juntas você decida ir às baladas.
Eu balancei a cabeça.
— Você não acompanharia meu ritmo.
Ela gargalhou.
— Ah tá, quando você está indo eu já estou voltando, chuchu.
Revirei os olhos.
— E o bafafá na faculdade acabou?
Hanna deu uma risadinha.
— Depois que Bryan deu aquela declaração de sua nobre jornada para aprender valores por si mesma — ela soou patriota com sarcasmo — todos te colocaram num pedestal, mas algumas fotos suas em Minneapolis rodaram por aqui, então temos várias teorias. Entre elas, acham que você ficou louca, que está passando pela fase de Miley Cyrus, outros compreendem, devido ao que aconteceu. Estão todos muito divididos.
— E as matérias da faculdade de todo mundo, está em dia?
— Nem a minha está. E você já achou uma faculdade boa de medicina por aí?
Olhei a hora no notebook. Eu não estava atrasada, demorava meia hora para que chegasse à galeria, e eu tinha mais uns vinte minutos de folga. De qualquer forma, resolvi que já estava bom de conversa por hoje.
— Tenho que ir Hanna. Obrigada pela ajuda. Se cuida, manda um beijo para Caleb.
Antes que ela pudesse reclamar eu já havia fechado a tampa do notebook. Eu achava formidável que Caleb e Hanna mantivessem uma amizade na minha ausência. Alguém precisava cuidar da loira desmiolada, e Caleb cumpriria muito bem a tarefa.
— Caitlin, você pode me emprestar seu salto vermelho? — coloquei metade do corpo na sua porta. Ela estava deitada na cama lendo uma revista de nutrição com os pés apoiados na parede
— Está no guarda roupa — apontou sem olhar, concentrada em como manter seu corpo nas curvas exigidas pelo mundo da moda.
Estando descalça, coloquei o salto ali mesmo em seu quarto. Então seus olhos caíram sobre mim. A boca se arqueou para baixo.
— Caraca, Faith, arrasou. É vestido novo?
Dei um sorriso conspirador, agradecendo a Hanna mentalmente mais uma vez.
— Não posso te contar meus segredos. Te vejo lá?
— Com certeza, você disse champanhe de graça, certo?
Eu ri, afirmando.
— Se quiser, peça para Ryan te levar com meu carro.
— Ele não trabalha hoje?
Era meio previsível que Ryan trabalhasse como barman. Ele tinha o porte físico necessário. E quando conversávamos sobre futuro, ele divagava sobre ser advogado. “As mulheres amam advogados”, ele dissera. Sua meta de vida se baseava nisso, mulheres. Caitlin era a mais ajuizada de nós dois, realmente preocupada com uma carreira.
— Acho que não — ela pensou, confusa.
— De qualquer forma, não precisa. Obrigada Cait.
Corri para fora do apartamento antes que ela pudesse oferecer novamente. Eu odiava ser um incômodo. Com apenas um ônibus eu chegava na galeria. Mas a experiência era sempre uma merda. Muitas pessoas num mesmo lugar, pessoas indiferentes e ao mesmo tempo intrometidas. Toda vez que eu tentava mexer no celular, algum pescoço de girafa idiota se esticava para bisbilhotar. E pessoas enxeridas nunca foram meu forte.
Cheguei adiantada na galeria, previsivelmente antes de Hazel. O evento começaria às sete e meia, e lá estava eu às cinco e meia. Passamos o dia inteiro ali, apenas indo embora para tomar um banho, então tudo já estava arrumado. Todos os quadros haviam sido substituídos pelos de Rafael. Na minha humilde opinião, ele era muito bom, suas obras eram inspiradas na estética surrealista. E eu tive um bom tempo para me acostumar com elas. Até que os músicos e garçons chegassem, fiquei apenas eu e todo aquele talento expressivo.
Repassei a playlist com Meghan e John que tocavam, respectivamente, piano e violoncelo; dei as últimas instruções para os cinco garçons contratados e seu chefe que serviria Spinach Dip, Chip e Guacamole, Jalapeno Popper Wonton Cups e mais alguns aperitivos de seu cardápio. E, graças aos Céus, Hazel já havia chegado quando Rafael entrou para que pudesse fazer todo o meio de campo e bajulação. Seu cabelo enrolado preto e a barba rala davam um contraste interessante com sua camisa social cinza. Ele fazia jus ao México, seu país nativo.
— Faith, passe com Rafael novamente a explicação dos quadros! Faltam apenas cinco minutos, daqui a pouco nossos convidados chegam. Vou conversar com o chefe e já volto.
Rafael se aproximou de mim com um sorriso aberto.
— Para ser sincero, não acho que você precise de um ensaio. Muito menos dois.
Ele passou uma mão na outra, como se estivesse se aquecendo. Mas eu sabia que era apenas nervosismo.
— E para ser sincera, não acho que você precise ficar nervoso. Seus quadros são realmente impressionantes.
— Você gosta? — perguntou com insegurança.
— Acho genial essa junção de realidade abstrata com o ilógico.
Ele balançou a cabeça uma vez, olhando a sua volta, um pouco aliviado.  
— Me inspiro em Vladimir Kush, não se já ouviu falar. Ele tem uma obra de nuvens formando...
— Uma boca no pôr do sol. Farewell Kiss — completei. Essa era uma das mais belas.
Ele me olhou impressionado.
— Eu tatuaria isso na minha testa.
Quase ri.
— As pessoas tem algumas motivações estranhas para tatuagens — como uma lista corporal de vítimas.
— Nesse ponto, devemos concordar. Eu não acho que precise de uma tatuagem para marcar coisas importantes. Elas são o suficiente na memória. Tentar trazer isso para um desenho incerto no corpo apaga toda a beleza.
Meneei a cabeça.
— Acho que você deveria defender a exteriorização da arte. Acaso não é o que faz aqui?  
Ele coçou o queixo, franzindo a testa com uma sombra de sorriso.
— Não acho que é a mesma coisa. A tatuagem gera dor física e vai se desgastando com o tempo...
— Alguns artistas pintam em meio a dor psicológica, para exteriorizar sua angústia, e isso é muito pior que dor física. Quadros também se desgastam — argumentei.
Após pensar um pouco, Rafael deu uma risadinha.
— Acho que tenho algum preconceito com tatuagem então.
Eu sorri.
— Provável. E embora eu também não seja muito fã de tatuagens, não devemos desmerecer arte alheia.
Rafael cruzou os braços nas costas, me olhando com uma curiosidade humorada. Talvez não fosse mesmo uma boa estar "corrigindo" um contrato importante de Hazel. E isso me ocorreu apenas um segundo mais tarde, não antes que pudéssemos notar algumas pessoas entrando na galeria.
Me apressei para chegar a porta, eu deveria estar cuidando da recepção.
Com a divulgação pesada que fizemos, mandando convites especiais para nossos clientes mais fiéis, não era surpresa que a galeria estivesse cheia. Ademais, Rafael fazia muito sucesso vendendo seus quadros por conta própria, então tinha nome para atrair mais pessoas. Eu acreditava que o bastante para que ele abrisse sozinho uma galeria, mas não seria eu a perguntar-lhe porque não o fizera e provocar acidentalmente a perda de um cliente de Hazel.
Para ser sincera, eu não estava muito confiante que George apareceria. Ele nunca vinha pessoalmente comprar os quadros, que dirá frequentar nossas festas. Mas uma hora após o evento ter começado, o destino sorria pra mim, fazendo com que Kathy Bieber entrasse acompanhada de Maya.
Maya flagrou meu olhar e eu fingi um sorriso animado — não tão fingido assim — por sua presença, me dirigindo à direção das duas.
— Boa noite, senhora Bieber. Ficamos imensamente felizes com a presença de vocês esta noite.
Ela me deu um sorriso mínimo, mexendo em seu cabelo castanho.
— Sei que é. E devo confessar que é um alívio estar aqui, embora não na melhor companhia.
Pensei que ela estivesse falando de mim, até que vi seu olhar atravessado para Maya. Ok. Então minha teoria sobre seu relacionamento íntimo com George devia estar certa. Kathy tinha conhecimento de que o marido a traía, mas não era como se ela pudesse aceitar numa boa.
Maya fingiu não perceber nada.
— Gostaria que eu lhe apresentasse as obras? Rafael já falou um pouco do trabalho dele, então...
— Você pode mostrar para Maya. George não pode vir, então mandou sua assistente. Eu posso olhar por mim mesma.
E dito isso, adentrou a galeria, se distanciando de nós duas. Senti minhas células tremerem de irritação, ainda mais ao pensar que essa era provavelmente sua forma de tratamento com Justin anteriormente.
— Um amor de pessoa, como você pode ver — Maya resmungou, cruzando os braços.
Forcei uma risada.
— É a esposa de seu chefe? — perguntei, como se já não soubesse aquela história de cor.
Ela assentiu, bufando.
— Eu nem sei porque eles mantem esse relacionamento. Mas quem sou eu para dizer alguma coisa — aquilo era uma pontada de inveja/ciúme? Com certeza era.
Maya era jovem, se estivesse enciumada por estar apaixonada por George era pura burrice sua. Ela pegou um Spinach quando um dos garçons passou em sua frente, e em seguida um champanhe, tomando um gole considerável como se fosse água.
— Dia ruim? — adivinhei.
Ela balançou a cabeça, indecisa.
— Apenas fique cinco minutos perto dessa vaca pra ver se aguenta. Não suporto essa mulher.
Sua agenda preta estava entre o braço e o lado do corpo para que pudesse comer tudo o que passava na sua frente e beber o champanhe ao mesmo tempo, e aí eu vi a oportunidade.
— Quer que eu segure pra você? — estendi a mão, prestativa.
Provavelmente não conteria todos os segredos que eu precisava descobrir, mas podia ser um início.
Ela negou, se retraindo um pouco.
Sim, havia algum segredo ali.
— Dou conta.
Não por muito tempo, querida.
— Claro — esperei um tempo para que parecesse ser uma ideia espontânea e não premeditada há meses — Ah! O que acha darmos aquela relaxada hoje?
Ela me olhou como se eu fosse doida.
— Você sabe que hoje é quinta, não é?
— E amanhã é sexta — dei de ombros.
Esperei que sua risadinha fosse um bom presságio.
— Você é meio louca. Mas hoje realmente não posso.
Segurei o palavrão na boca.
— O que tem a perder?
— Um emprego — respondeu como se fosse óbvio.
A olhei desconfiada.
— Vai trabalhar hoje à noite?
Um sorrisinho malicioso brincou na ponta de seus lábios.
— Sou muito dedicada. Só por isso vou aguentar essa chata da Kathy no começo da noite.
Argh. ARGH. UGH. COM GEORGE?
Camuflei minha expressão de nojo e fingi uma expressão orgulhosa.
— Essa é a minha garota — forcei a intimidade.
Ela fez uma dancinha comemorativa.
Piranha.
Então virou seu champanhe e colocou no prato vazio do garçom que passava.
— Vamos ao trabalho, tenho que apresentar produção essa noite. Pode fazer sua mágica.
A conduzi pela galeria, apontando.
— Rafael se inspira nas obras surrealistas, sabe? Aquele movimento artístico e literário que conhecemos no ensino médio.
Ela negou, a ruga de confusão e esforço mental vincando sua testa.
— Desconheço.
Além de piranha era burra.
— Foi um período após a primeira guerra mundial, surgido na França, como a exteriorização dos pensamentos sem controle da razão, marcando tempo, memória, angústia...
— Se me entende, estou concentrada em outros movimentos agora — me interrompeu com uma voz manhosa.
Me voltei para ela a fim de saber do que estava falando e seu olhar atravessava a galeria.
— Quem é aquele homem que está te encarando? — perguntou.
Segui a direção, dando diretamente em Rafael. Ele conversava com quatro moças em frente a um de seus quadros, mas sua atenção estava em mim. Ao flagrar meu olhar, me deu um sorriso.
Ah, não. Me diga que não.
Devolvi um sorriso por mera educação, e voltei a andar.
— É nosso artista, o autor desses quadros, Rafael.
Ela deu uma risadinha estranha.
— Entendi como foi que conseguiram o contrato.
Não demorei para entender sua insinuação e contive a vontade de estrangulá-la, me permitindo apenas um olhar sério.
— Não, Maya, o conheci hoje. Na verdade, Hazel cuidou de todo o processo burocrático, então não sei o que está sugerindo.
— Hm, acho que interpretei mal então. Me apresente a ele?
Será que ela conseguia ser mais piranha?
Invoquei toda a paciência em meu corpo, unindo as mãos.
Não sabia que resposta lhe daria até que a música no ambiente mudou. Eu me arriscava a dizer que começava em sol, mudava para si menor, e então dó e sol...
Eu conhecia aquela melodia. E tinha certeza de que não havia colocado no repertório.
Fechei os olhos ao sentir o impacto, sendo levada a força para a transição da aprendizagem desta mesma música, tocada por quase os mesmos instrumentos, ministrados por quase instrumentistas que se envolviam diretamente com aquela letra.
A nostalgia me sufocou, então marchei até os músicos.
— O que estão tocando? — questionei ríspida.
Como profissionais, eles não pararam de tocar, e Meghan me respondeu confusa:
— Um rapaz nos pediu para tocá-la, pensei que não haveria problema.
Todo o restante do mundo ficou em silêncio.
— Que rapaz? — desengasguei.
Ela apontou com a cabeça para a frente e virei rápido demais na direção, estagnando ao ver o cabelo castanho claro penteado para trás. 

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