Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

One Life 36

Para a minha surpresa, ficar sentada sozinha em um corredor desconhecido portando apenas pensamentos inquietantes não era uma atividade muito fácil. Detive-me o máximo de tempo que pude descartando a ideia de explorar a casa por ser falta de educação e, embora eu negasse, medonho, devido ao histórico de seu proprietário — nunca se sabe o que se pode encontrar na casa de um assassino
Por isso, lá estava eu entrando de fininho no quarto, me certificando primeiro de que Justin dormia. Seu peito se levantava regularmente, o que me deixou aliviada, indicando outro motivo para eu estar ali, sanar minha preocupação. Me aproximei da cama, confirmando o fato de que sua mente estava bem longe, a expressão tão suave transmitia a sensação de que era inofensivo, os traços serenos me lembravam o motivo pelo qual me chamara atenção, e me senti atraída como se fosse a primeira vez. Só que nada era igual a primeira vez.
Experimentei apoiar uma mão e perna na cama, devagar para que não o acordasse. Visto que não se mexeu, levantei o restante do corpo e me sentei ao seu lado com cuidado, os olhos vidrados em seu rosto. Sem dúvida alguma ele era apaixonante, sua pele era um imã irresistível para minhas mãos, mesmo enfaixado seu corpo era a coisa mais estonteante que eu já vira na vida, Céus, tão chamativo. O cabelo quase escapava de seu penteado habitual, escorregando alguns fios em sua testa, e mesmo assim, ele permanecia divino.
Fiquei perplexa quando percebi meus dedos da mão esquerda tocando levemente sua fronte sem meu consentimento. Olhei diretamente para suas pálpebras, e tendo em vista que nem ao menos tremera, me permiti organizar seu cabelo, seguido por um acariciar em seu rosto. Ao menos dormindo ele era amável, impossível de afastar o olhar. Foi nesses segundos paralelos que tive a certeza, eu não queria me afastar dele, não podia, meu coração não parecia capaz de aguentar depois de tanto me agarrar a ele, chegávamos a emaranhar nossas almas, dois corpos de uma pessoa só. Por outro lado, eu não aprovava sua personalidade nova para mim, como poderia dar certo? Ele mesmo me dissera tantas vezes que aquilo era o que o definia, sua essência, seu fundamento, seu alicerce. E se isso significava a morte de inocentes e ambientes que com certeza me machucavam, como aceitar? Eu vagamente acreditava que a cena tão deprava de segunda feira não havia sido fruto de seu desejo inicial, mas deveria simplesmente aceita-lo assim? O alicerce se um prédio funciona como limite de construção, não pode ser destruído.
Repeti a decisão óbvia que eu deveria tomar, e isso me deixou sem fôlego, doendo mais do que a última vez em que fora cogitada. Justin não entrara nessa vida de livre e espontânea vontade, não deveria ter a chance de conhecer outro caminho? Seu alicerce era imutável, mas uma reforma no prédio não era impossível. O desafio de mudar seu estilo de vida de alguma forma naquele momento me soava menos complicado que abafar meus sentimentos. E depois de surgia a ideia, foi irreprimível. De certa maneira, apesar de tudo, sob meus dedos ele que parecia precisar da minha proteção desse mundo tão perverso e cruel. O quão injusto ele havia sido tratado, separado desde pequeno de sua mãe, enfrentado a morte de seu pai, de sua desconhecida madrasta, de um amigo, privado de conhecer os irmãos e induzido a uma profissão desumana. 
Havia duas maneiras de interpretar o ser humano dormindo à minha frente, um monstro sem coração e uma vítima social. Naquele momento, de olhos fechados, me prevalecia a segunda opção. Seu ato de altruísmo naquele dia não podia ser descartado de minhas ponderações. Justin não era inteiramente ruim, não podia ser. Suspirei com frustração, meu coração só poderia ter escolhido um cara complicado para amar ou não seria eu.
Assim que me libertei da fissura de encará-lo, passei meus olhos por seu quarto, imaginando ele andando por ali, memorizando cada detalhe do cômodo e por fim chegando a uma pergunta inoportuna, quantas mulheres ele havia trazido ali? Eu me recordava da bajulação que me dissera ser necessária em seu trabalho e que em muitas das vezes isso envolvia algumas mulheres. Me lembrei da mulher de vestido vermelho naquela casa noturna da segunda vez em que nos encontramos, e me indaguei o que fizera a ela. Quase ri de incredulidade por já ter ficado com ciúmes desde aquele dia — coisa que não admiti na época. Talvez tenha sido um aviso prévio do que eu passaria com ele futuramente.
A recordação me deixou nostálgica, e divaguei por outras de nossas conversas iniciais, me atentando a outro ponto importante, diria que imprescindível. Embora soubesse que reconheceria se o visse, procurei outra vez pelo quarto o objeto que me dissera estar ali, e foi decepcionante não encontrá-lo. Eu não sabia se Justin havia mesmo colocado Dark Inside ali e retirara depois por achar mesmo perturbador, ou se ao menos havia pendurado. Provavelmente estava acumulando poeira em seu porão, o que era mais plausível, mas não uma justificava boa para que tivesse desperdiçado tanto dinheiro. 
Agora eu entendia por que ele dizia se identificar com a criança, como já indicavam suas primeiras palavras dirigidas a mim “Ela é uma assassina?”. Todos os sinais estavam lá, apenas eu não vi.
O ambiente estava tão calmo e eu tão perdida em minhas teorias que não notei quando meus olhos se fecharam e tudo se transformou em sonhos silenciosos e momentâneos, um presente de nosso inconsciente, talvez horríveis demais para serem lembrados.
Que médica terrível eu seria se dormisse em minhas noites de plantão, uma constatação conhecida até pelo mais profundo de minha mente, me fazendo despertar assustada. Imediatamente olhei para meu paciente e flagrei seu castanho claro líquido fixo em meu rosto. Ele deu um sorriso pequeno desconfortável.
— Estava pensando em uma forma de faze-la deitar sem que te acordasse — disse com um tom de desculpas, incomodado por me deixar dormir sentada.
Balancei a cabeça, ajeitando o cabelo com a impressão de estar com a aparência de uma égua depois de parir. 
— Não estava em meus planos dormir, e se me ajeitasse estourando esses pontos eu te faria o favor de abrir o outro lado do peito — falei depois de pigarrear, constrangida por ser pega dormindo em serviço.
Ele ampliou o sorriso, achando graça da minha ameaça. Eu odiava que parecesse engraçada quando queria ser ameaçadora, queria dizer que se eu tentasse me defender de um ataque provavelmente pareceria com um gato chapado.
Foi só quando seu olhar baixou para o lençol que percebi minha mão esquerda pousada em cima da sua. Assaltada pelo sono, não tive ao menos tempo de interromper minha carícia involuntária. Ele virou a palma da mão para cima de modo que pudesse acariciar as costas da minha com o dedão, eletrizando minhas veias. Seus olhos imediatamente se levantaram para mim, avaliando minha reação ao gesto antes que eu pudesse forjar uma. A faísca oriunda daquele breve olhar desmascarado foi perceptível, me fazendo segurar a respiração.
Desviei o rosto assim que pude, formulando alguma coisa para quebrar o momento.
— Como se sente? — perguntei, unindo o útil ao agradável, reunindo forças para conseguir tirar a mão debaixo da sua — até o momento não estava sendo bem sucedida.
— Por incrível que pareça, melhor do que estive a semana toda — revelou, encaixando a mão na minha firmemente.
Eu entendi onde queria chegar, e apesar de ser improvável, pesou um pouco mais em minha decisão.
Permaneci com a expressão inalcançável, voltando meus olhos para seu peito, checando se o sangue encharcava a gaze.
— Não sente dor? — insisti, verdadeiramente preocupada. 
De relance pude vê-lo negar, então fingi estar ocupada demais para olha-lo o máximo que pude. Cedi em questão de segundos. Pelo menos inventei um assunto.
— Pensei que não fosse dormir — eu disse, incerta de ser o adequado.
— O remédio me deixou sonolento. Também pensei o mesmo de você — respondeu, mas eu podia perceber que seus pensamentos estavam em outro lugar.
Mordi a boca antes de responder, ponderando se deveria. No fim, não encontrei nada de errado em dizer:
— Ultimamente tenho facilidade para dormir — confessei.
Ele assentiu, meio confuso. Não era uma lógica que eu pudesse explicar sem parecer estranha, para evitar a perturbação mental, meu cérebro se protegia me apagando.
Olhei para nossas mãos unidas, aquilo parecia tão certo que doía. Acabei me entretendo com as lembranças do que eu pensava antes de pegar no sono, algumas delas me incomodou o suficiente para me fazer falar.
— Posso te fazer uma pergunta? —  repeti sua frase do carro, desejando a mesma aceitação que eu dera.
Ele aprecia bem propenso a ser sincero, então não havia por que negar. Sua atenção também estava em nosso pequeno contato físico, mas tão significativo, e quando me olhou pude mesurar a dimensão grave para ele. Eu tinha noção de que isso podia lhe dar falsas esperanças, mas talvez não tão falsas assim.
— Claro.
Joguei a pergunta de um lado para o outro em minha boca antes de expeli-la, não querendo parecer ridícula.
— O que aconteceu com aquela mulher da balada? — e era isso o que saia, um questionamento desconexo, superficial e que o deixou confuso.
Reformulei antes que pudesse devolver a pergunta.
— Na segunda vez em que nos vimos... A mulher de vestido vermelho que você disse fazer parte do seu trabalho... — e de repente me lembrei o nome que usara — Barbara.
Sua fisionomia se clareou ao identificar o que eu falava, e uma pitada de humor pareceu ali, encoberto para que fosse escondido de mim. Ele deveria estar me julgando uma louca possessiva.
— Hm. Ela era apenas a negociante, contratou a empresa para um trabalho, e queria... — ele hesitou, mas aquele surto estranho de sinceridade o impeliu — assistir enquanto eu o fazia.
Fechei os olhos com repulsa, eu sabia que aquela mulher não era boa pessoa.
— E você fez isso ali naquele espaço? — o fitei para que não pensasse em mentir.
Ele não disse de pronto, demonstrando um pouco de pudor, mas em seguida assentiu.
Levantei as sobrancelhas rapidamente, um sinal de que ouvira, fingindo que não me afetava como na verdade fazia. Usando essa desculpa, fiz uma segunda avaliação do seu quarto, me induzindo a outra dúvida. Eu já estava decepcionada, um pouco mais da dose podia ser bom para me fazer voltar aos sentidos. 
— Quantas dessas você trouxe para cá? — tentei parecer indiferente olhando a porta de madeira solitária do lado oposto.
Ele respondeu de imediato:
— Nenhuma — sua voz foi firme e certa, o que me fez olhá-lo.
Não parecia ser mentira, mas ele não podia me julgar por duvidar, ficou claro em minha fisionomia, lhe dando a necessidade de se estender:
— Não digo exatamente à minha casa, me refiro ao meu quarto. De qualquer forma, à minha casa foram poucas, não posso tornar esse lugar muito conhecido, se compreende.
Concordei, eu podia entender isso, todo o problema com inimigos. A incógnita era com seu quarto, então continuei:
— Por que não trouxe aqui? — perguntei.
Ele olhou em volta antes de responder, tomando certeza de sua resposta para novamente me encarar, mas de forma que me deu a impressão de que eu fazia parte do cenário.
— Esse espaço é sagrado para mim. Aqui sou apenas eu comigo mesmo e minha intimidade. Nunca quis que alguém invadisse minha única privacidade.
E mesmo assim, lá estava eu, sentada em sua cama, adentrando seu espaço. Não me senti mal por isso — aliás, ele invadira minha cabeça — apenas me deslumbrei com o privilegio, secretamente feliz por ter uma parte dele que ninguém tinha. 
Você é doente Faith Evans.
— E no seu quarto? — perguntou, e eu não tinha certeza se era por desejar a mesma regalia.
Dei de ombros para que não se sentisse ofendido.
— Para mim não é tão importante quanto pra você — senti a necessidade de me justificar.
Ele assentiu, e eu nunca poderia prever a próxima pergunta:
— Então você já....? — sua sobrancelha se arqueou quando a boca fechou, desconfortável para terminar.
Demorei bons segundos para entender o que falava e preferia mil vezes não ter entendido. Meu rosto imediatamente queimou de vergonha. Para que ele tivesse essa dúvida já deveria ter alguma noção da resposta. Encarei a colcha para ter coragem de falar:
— Não — respondi rápido e desajeitadamente. 
Embora não olhasse seu rosto, eu sabia que não estava surpreso, e no mesmo instante relacionei ao fato de sempre se inibir quando as coisas esquentavam demais entre nós. Ele deveria ter uma experiência vasta de anos.
— Sei que não deve compreender, mas eu sou assim — elucidei, voltando a fitá-lo.
Um sorriso pequeno, mas relevante, enfeitou seu rosto ao tempo que ele negava com a cabeça.
— Compreendo sim. Você exala singularidade e pureza. Para ser sincero, isso que me chamou atenção em você, eu nunca corromperia isso.
Tive que me esforçar ao máximo para não sorrir, aquilo era uma das coisas mais lindas que eu ouvira em minha vida. Decerto, não obtive muito sucesso, o que lhe deu liberdade para tocar meu rosto com a outra mão.
— Você foi um diferencial em minha vida, Faith Evans. Por isso a possibilidade de perder você é a coisa mais pavorosa que já enfrentei — ele desceu o dedo até meu queixo, alargando seu sorriso — Você me dá fé. 
Tarde demais para tapar os ouvidos e salvar a possibilidade de deixá-lo. Meu coração saltava do peito, maleável o suficiente para me indispor de autocontrole quando ele traçou a mão pelo meu pescoço até minha nuca, afundando os dedos em meu cabelo e levemente me puxando para baixo, enquanto se inclinava o quanto podia, deixando claro em seus olhos que eu tinha a opção de rejeitá-lo.
A dor de não conseguir impedir aquilo distorceu minha expressão segundos antes de sentir seus lábios nos meus. Ele encaixou nossa boca meticulosamente, esfarelando meus ossos com a delicadeza que me permitia sentir aquela textura única de seus lábios, repetindo o movimento três vezes antes de se afastar, deixando aquele gosto de insuficiência na ponta da minha língua, uma dependência que me sufocava.
Ajeitei meu corpo na cama, escolhendo minhas pernas e escondendo meu rosto em seu ombro nu, completamente destruída e vulnerável. Puxei sua mão ainda na minha contra meu peito, como se pudesse impedi-lo de se despedaçar.
— Eu não consigo te deixar —  confessei num sussurro doloroso, os olhos úmidos. Devia ser estupidez revelar minha fraqueza à pessoa que mais podia me machucar, mas era inevitável.
Ele suspirou, acariciando meus cabelos.
— E eu não sou bom para você — admitiu com a voz pesada.
O quão ridículo éramos por insistir em uma coisa visivelmente disfuncional.
— Eu matei o amigo do seu pai, minha família assassinou Erin e... — ele começou a revelar, mas neguei coma cabeça, indisposta a ouvir.
— Não quero saber, pare com isso — já era ruim o suficiente como estava.
— Mas você precisa saber — se martirizou.
Neguei outra vez, levantando minha cabeça para que pudesse olhá-lo.
— Eu não consigo me desfazer de você, então não torne pior do que já é. Me desprezo por não ser forte o suficiente, eu já tenho todos os motivos, só não...dá. Não dá — choraminguei. 
Ele limpou meu rosto com pesar, era claro que eu estava chorando, minha cara esfregar uma humilhação para quem quisesse ver. Enterrei meu rosto em seu pescoço, me escondendo dele.
— Se te consola, não sabia exatamente de que aquilo aconteceria a ela. Não queriam que eu soubesse dos meus irmãos, e aquele era o melhor jeito de calá-la, eliminar o problema de uma vez por todas. Souberam da visita que fizemos — o desprezo permeou sua voz. Pobre Erin.
Ele ainda não era totalmente como eles, era notável.
— Não seja assim, por favor, não seja. Fica comigo — pedi, atendendo ao incessante pedido gritando em meu peito.
Depois de algum tempo, ele respondeu.
— Faith, eu não sou uma coisa que você pode consertar —lamentou, passando a mão por meu rosto molhado.
Balancei a cabeça freneticamente.
— Não posso sozinha, mas podemos fazer isso juntos — insisti.
Ele virou a cabeça para me olhar, mas não permiti, ainda escondida.
— Mesmo que eu aceitasse, não é uma coisa que minha família aprovaria.
— Danem-se eles — rebati, já enfurecida com toda aquela história de máfia russa impiedosa. 
 — Não é tão simples assim. Não podemos sair. Você entendeu o que aconteceu com Christian...
Dessa vez me afastei para olhá-lo enjoada com a possibilidade.
— Eles não fariam isso com um membro da família — repudiei.
Seus olhos se apertaram um pouco.
— Já fizeram antes, não vou ser uma exceção.
Bufei de incredulidade sentindo um ódio fervoroso, me dando a falsa percepção de que eu poderia acabar com eles usando minhas próprias mãos. 
— Então qual é seu plano quando achar seus irmãos? Você não quer que tenham uma vida assim, mas não pode criá-los sem que descubram — argumentei.
Ele concordou, demonstrando já ter pensado nisso.
— Eu encontrarei uma família distante para que possa cuidar deles e garantir que não os encontrem.
Arregalei os olhos com descrença.
— Você é a única pessoa que eles tem e planeja abandoná-los? E acha que sua família não descobriria? O que farão com você quando descobrirem?
Justin fechou os olhos como se pudesse apagar todos esses problemas, ele sabia que eu estava certa, e essas não eram questões que tivesse resposta.
— Podemos não falar disso? — pediu, nitidamente se contendo.
O desespero era demais para mim, ele estava encurralado e isso afligia meu estômago, não era como se pudesse ser retratado como um manipulador sem sentimentos agora. Seria mais fácil se fosse.
— É impossível — rebati, transtornada.
Ele respirou fundo, abrindo os olhos para me olhar.
— Faith, a inquietação não traz a solução dos problemas, essas coisas precisam de calma e planejamento.
— Não consigo ser assim — resmunguei.
Ele deu um sorrisinho de lado, me reconfortando.
— Eu já te disse que vou solucionar isso. Nunca houve uma coisa que eu não pudesse resolver, de um jeito ou de outro.
Eu não concordava. Se fosse assim as coisas não estariam tão terríveis, Christian não morreria, seus irmãos não estariam perdidos.
— Sabe de uma coisa, sempre gostei das nossas fugas de realidade, por que não fazemos uma agora? — sugeriu, me persuadindo a deixar o assunto de lado.
— Isso não é possível, você está acamado — discordei. 
Ele tentou não sorrir, se atentando ao fato de que eu havia dado apenas um motivo para não ir, e não era por sua companhia. Eu mesma já havia desistido de tentar me entender, provavelmente era a tpm.
— Não fisicamente, mas nossa mente tem tanto poder quanto. Deite aqui, vamos imaginar — bateu em seu ombro, bastante convincente. 
Vacilei antes de aceitar, ponderando que eu não tinha mesmo nenhuma solução brilhante para lhe dar, então preferi afundar ali em meu fracasso. Ele deitou a cabeça na minha, acariciando meu rosto.
— Suponhamos que eu tivesse uma família normal e fosse mesmo um jogador de hóquei, poderíamos nos conhecer num jogo meu e....
O interrompi por aí, se fosse para criar uma fantasia, deveria ser boa:
— Eu não vou a jogos de hóquei.
— O que? — ele fingiu estar gravemente ofendido — Isso é um crime, mas tudo bem. Que tal um jogo beneficente? 
Era provável que meus pais nos empurrassem para um desses.
— Tudo bem — concordei.
— Então eu te veria enquanto comemorava um ponto e estaria perplexo com tanta beleza em uma garota com caráter aparente de dispensar um cast inteiro de homens ícones de cinema.
Quase ri, incrédula, mas ele continuou antes que pudesse protestar:
— E mesmo assim arrumaria uma desculpa para falar com você no fim do jogo, usando minhas melhores artimanhas para te convencer a sair comigo. Te levaria para jantar em um restaurante chique...
Interrompi outra vez:
— E eu odiaria porque prefiro mil vezes fast-foods.
— Com certeza, e eu teria que batalhar para conseguir outra chance. E não desisto fácil — ele disse e sem ver eu podia saber que estava sorrindo.
— Hm, talvez não fosse necessário. Eu odiaria o restaurante, mas me fascinaria pela sua conversa, seu cavalheirismo, suas piadinhas, seu sorriso e até mesmo esse seu quê de mistério — admiti.
Ele deu uma risadinha.
— Você acha que mesmo com uma vida simples eu seria misterioso?
Quase não deixei que terminasse a pergunta:
— Tenho certeza. Isso está intrínseco a você. Não tem como te imaginar sem pelo menos um misteriozinho, nem que seja sobre o que vai cozinhar para o jantar.
Ele riu alto, me contagiando.
— Também acho, e falando nisso, acho que está na hora.
O observei pegar o celular e entrar em um aplicativo para encomendar comida.
— Justin, você não deve comer coisas gordurosas, está de repouso.
— Hm... então você vai fazer sopa para mim? — brincou.
Ele sabia que eu só sabia fazer sobremesas, geralmente apenas um bolo maravilhoso de uma receita brasileira da amiga carioca de Eleanor.
— Posso pesquisar a receita na internet.
Ele riu.
— Deixa de ser boba. Quer que eu compre batata frita também?
Não era justa essa oferta, não era.
— Não cederei as tentações e você não comerá isso.
— Aham — murmurou, apertando em comprar.
— Ei! — protestei.
— Em metade do sabor tem alface — se esquivou.
Balancei a cabeça em desaprovação.
— Passa esse celular para cá, vou ter que avisar Hanna sobre meu plantão se estender até amanhã. Se você passar mal de madrugada estarei aqui para soltar o famoso “eu te avisei” e ligar contente para a ambulância.
Ele deu uma risadinha, me entregando o celular.
— Fique à vontade — o tom de sua voz lisonjeada contrariava minha intenção.
Preferi apenas digitar uma mensagem, evitando o escândalo que eu sabia ser certo.
Han, sou eu. Fale para Caleb que vou dormir na sua casa por favor? Peça desculpas a Will e diga que voltarei amanhã pela manhã. Depois te explico, você é a melhor pessoa do mundo
Ela com certeza me mataria. Devolvi o celular antes que a enxurrada de ofensas viesse.
Justin prosseguiu com a linha imaginaria até que a pizza viesse. Como eu estava sem a carteira, não pude ao menos oferecer pagar, ele me entregou seu cartão e passou a senha quando impedi que levantasse, e embora não tivesse escolha a não ser essa, foi significante para mim adquirir mais esse ponto de sua confiança. Seguindo suas instruções, subi diretamente ao quarto e ele estava sentado com guardanapos em seu colo.
— Onde você arrumou isso? — questionei, já preparando uma bronca.
Sua cabeça indicou o criado mudo enquanto ele pegava a caixa de pizza com o isopor da batata em cima para que eu pudesse me sentar, assim o fiz, intrigada.
— O que é que você não tem aí dentro?
Ele abriu a caixa de isopor, colocando em meu colo.
— Sou um cara prevenido, Faith —se gabou, pegando uma batata.
Era improvável aquele momento, estávamos conversando e comendo como se realmente não estivesse acontecendo nada, como se o mundo não estivesse contra nós, como se nosso peito não estivesse perfurado. Éramos realmente bons naquilo, em fingir, e por mais estranho que me parecesse, eu podia até estar doentemente feliz. Felicidade está numa linha tênue de aceitação, negação, sanidade e escolhas, até escolher não escolher está entre as opções, mas não para sempre.

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Cara EU PUBLIQUEI UMA PARTE NADA A VER AQUI SDOKSDKP era uma parte da historia que exclui, sorry 

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