Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

One Life 33

Não foi tão fácil ignorar seus olhos como pensei que seria enquanto lhe dava as costas enfim a caminho da porta de casa. Relutante, fechei-a atrás de mim sem olhar, esperando sentir a sensação de reconforto por estar em meu refúgio, longe de todo o drama que recaiu sobre minha cabeça de repente. Pelo contrário, a angústia apenas se intensificou.
Willian estava no sofá lendo uma revista de carros e me olhou com a mesma expressão de espanto — um pouco mais acentuada — que os dois seguranças da porta, destacando-se pela ruga repreensiva em sua testa.
— Não estava dormindo?!
Não era surpresa pensarem que eu estava hibernando até uma hora da tarde, eu geralmente fazia isso. Mas como poderia explicar que fugi no meio da noite para socorrer Hanna em uma balada, e no fim eu havia sido atraída por um dos colegas de trabalho do Justin que queria me eliminar da questão — fazendo com que eu descobrisse sua traição e fosse perseguida por assassinos — achando que minha presença amolecia um dos melhores assassinos da companhia?
Não era uma coisa fácil de entender, que dirá esclarecer.
— Desculpa — pedi, sem outra ideia do que falar, já sabendo que não seria suficiente.
De qualquer forma, arrisquei tentar me dirigir ao meu quarto, desejando minha cama como nunca. Para minha surpresa, Will não veio atrás de mim, e não me dei ao luxo de sentir alivio por isso, do jeito que as coisas caminhavam a vida provavelmente me reservava algo pior. Procurei a chave no bolso do shorts sem esperanças de encontrá-la, mas como um consolo, ali estava, fiel depois de tantas aventuras. Destranquei a porta e respirei fundo ao entrar, me fechando ali como um sinal expresso de que não queria ser perturbada.
Joguei-me na cama de uma vez, sentindo minha coleção recente de ursos de pelúcia machucar minhas costas já doloridas do tombo da noite anterior. Empurrei todos de baixo de mim, jogando no chão, eu precisava de espaço para minha cabeça cheia. Encarei o teto, organizando as coisas em mim, proibindo terminantemente qualquer ameaça de choro, embora eu me sentisse exposta, vulnerável, quebradiça e ingênua.
Era tolice ficar me martirizando por não perceber nada antes, eu sabia disso, mas era inevitável. E burrice maior era não conseguir aceitar que ele fazia parte desse mundo, Justin não se adaptava em minha mente com a qualificadora assassino, por isso me doía mais que tivesse se sujeitado as safadezas daquela mulher. Ele dizia que não havia sentido nada, só que eu não era idiota o suficiente para subestimar seus hormônios. Hormônios masculinos os deixa manipuláveis. Sua explicação só servia para que eu entendesse a ausência de culpa por aquela cena depravada desde o momento em que eu o flagrara. Se nem respeito a vida alheia havia em seu mundo, muito menos havia por sentimentos. Tudo isso me levava a lógica inquestionável de que eu não queria fazer parte daquilo. Sendo tão repulsivo assim, não deveria doer tanto me imaginar longe.
Coração idiota era uma cilada, você deveria estar aliviado por se dar conta antes que ficasse mais serio.
Não era apenas questão da minha saúde psíquica em jogo, já que seus consanguíneos e agregados pareciam dispostos a me ferir para que eu me afastasse. Justin poderia continuar seguindo sua sina para ser o monstro cruel que orgulhava de ser e todos ganhariam com isso. Menos sua alma eternamente manchada de ódio. Só que isso não era da minha conta.
Os toques contidos na porta interromperam minha linha construída com muito esforço de raciocínio. Pensei seriamente em não responder.
— Faith? Posso entrar? — a voz de Flê fluiu pela brecha da porta.
Por um infortúnio, nem a ela eu estava disposta a ver.
— Sei que não está dormindo, querida. Estou entrando.
Eu sabia que ela não estava blefando, então virei de costas, enterrando meu rosto nos travesseiros segundos antes do rangido da porta denunciar sua entrada.
Permaneci quieta na intenção de simular que dormia mesmo sabendo ser impossível enganá-la. Flê se sentou no espaço entre a beirada da cama e minha barriga, afastando o cabelo do meu rosto para que pudesse me ver melhor. Após uma rápida análise estava acariciando minha bochecha com as costas da mão delicadamente, como fazia quando eu era criança e chorava por receber uma bronca dos meus pais ou por ralar os joelhos após fazer alguma arte e ter que esconder para não receber uma punição.
— Sabe, era muito mais fácil antes, eu sempre adivinhava o que havia de errado com você. A maioria das vezes que se chateava era porque sua mãe não te deixava comer mais um pedaço de sobremesa — ela disse com humor.
Dei um sorrisinho para a lembrança, mas não me atrevi a olhar em seus olhos, temendo me desfazer outra vez em lágrimas.
— Agora você cresceu e virou uma fugitiva noturna. Pelo menos nos filmes os jovens voltam felizes ou cansados, mas sempre empolgados. Vai me dizer que essa expressão é de arrependimento por enganar seus pais?
Balancei a cabeça em negação, incapaz de entrar em seu jogo cômico, concomitantemente indisposta a dizer-lhe o ocorrido.
— Não vai me contar? — insistiu.
Neguei novamente e ela passou a mão embaixo do meu olho. Era frustrante que só de ouvir a voz carinhosa de Flê minha barreira para a represa se rompesse.
— Tudo bem. Então o que posso fazer por você, minha menina?
Eu já havia fracassado em não chorar, então a fitei com olhos suplicantes.
— Pode não dizer aos meus pais que eu não estava aqui? E peça a Willian a mesma coisa? — era previsível que minha voz simulasse um estrangulamento.
A fisionomia de Flê se contorceu em agonia ao encarar a dor em meus olhos, e ela concordou com a cabeça.
— Vou falar com os dois da porta também. Mas tome cuidado, seus pais devem ter algum motivo para contratar seguranças.
Mal sabiam eles o quão certos estavam. A não ser que soubessem. Seria possível Bryan ter descoberto a função de Justin primeiro que eu?
Concordei antes de fazer outro pedido.
— E pode me deixar sozinha, por favor?
Flê torceu a boca com pesar, mas respeitou minha decisão, se abaixou para me dar um beijo na testa e se afastou.
— Se mudar de ideia estarei a disposição — disse-me atenciosa, relutante em deixar o quarto.
Dei um sorriso mínimo grato e desviei meus olhos para a porta do meu closet, tentando me fazer entender novamente que o correto era me afastar daqueles olhos traiçoeiros. Meu coração avisou que era como matar uma parte de mim. 
                                                                               ♥♥♥♥♥♥
— E aí está a jumenta mais procurada de todos os tempos! — a saudação escandalosa de Hanna veio acompanhada do barulho ruidoso das cortinas se abrindo para o sol brilhar em meu rosto.
Soltei um gemido involuntário e coloquei o travesseiro em meu rosto só para Hanna arremessa-lo longe.
— Faith Evans, você simplesmente se isola do mundo e acha que não me deve uma explicação?! Sei que não gosta mais da sua faculdade, mas faltar a semana inteira não te ajuda a conseguir o remanejamento — me repreendeu, visivelmente impaciente.
Choraminguei, escondendo meu rosto nas mãos.
— Sai, não terminei de dormir — reclamei com a língua embolada.
Ela suspirou e puxou minhas mãos.
— Flê me disse que tem alguma coisa errada. Pelo amor de Deus, o que aconteceu?
Fleur. Rosnei em minha mente e me virei para o outro lado da cama.
— Tudo bem, podemos fazer isso do jeito fácil ou difícil. Já vou logo avisando que tenho o número de Justin aqui e tenho certeza de que ele está mais informado do que eu.
Era irracional que a pronuncia de um nome pudesse me machucar tanto assim.
Não duvidei que ela tivesse, provavelmente roubara do meu celular quando eu não estava vendo para casos emergenciais. Abri os olhos no mesmo instante, me voltando para ela com violência.
— Você não faria… — não era uma dúvida, mas uma ameaça. Hanna entendeu.
Ela estava com a sobrancelha arqueada, confirmando suas suspeitas.
— Eu sabia que tinha a ver com ele — então forjou um olhar mortal — O que esse pedaço de bosta fez?
Respirei fundo, virando de costas outra vez.
— Nasceu — respondi simplesmente.
Escutei quando ela se sentou atrás de mim, então estendeu a mão até meu braço, afagando.
— Faith, me diz o que aconteceu — pediu mais amena, tendo falhado em sua abordagem agressiva.
Eu odiava aquela pergunta. Flê não me pressionou mais, mas Caleb e até meus pais — que não sabiam das minhas ausências às aulas — também perceberam meu estado depressivo. Aquilo só trazia a tona o que eu queria esquecer, e sabia ser impossível.
— Ele não é quem eu pensava só isso.
Ela ficou em silêncio e eu quase podia ouvir seu cérebro trabalhando para encontrar alguma mensagem subliminar em minha fala genérica.
— Ele te machucou? — a pergunta foi baixa como se pudesse diminuir qualquer estrago feito.
Um nó apertou minha garganta, me deixando furiosa, eu estava dormindo o máximo de tempo possível para evitar toda essa tristeza infinita sufocante e Hanna me acordava apenas para mais uma dose dupla?!
— Hanna, eu realmente não quero falar sobre isso — tentei não ser grossa, mas a resposta me pareceu rude.
Não era muito justo com ela, além de sua extrema preocupação, Han era extremamente curiosa. Entretanto, eu não podia falar disso com ninguém. Era um fardo feito sob medida para meus ombros.
— Mas então como posso ajudar? Se quiser podemos jogar ovos na casa dele.
Sua sugestão com certeza mudaria se soubesse o que ele fazia nas horas vagas.
— Não acho boa ideia. Pode me deixar dormir.
Ela bufou me achando ingênua por acreditar que essa era uma opção.
— Querida, até parece que não me conhece. Você sabe o que eu faço quando acabo mal um relacionamento.
— Vai numa casa de macumba e amaldiçoa todas as gerações da família dele? — brinquei.
Hanna riu me dando um tapinha.
— Não, idiota. Busco adrenalina. Que tal… — ela pensou um pouco — saltarmos de paraquedas? — sua empolgação transformou a frase em uma música e já estava montando uma coreografia sentada.
Olhei em seus olhos questionando sua sanidade.
— Você bebeu?! Eu estou triste mas não pronta para morrer ainda, vou esperar pelo menos um mês para cogitar suicídio.
A encarada repreensiva dela quase derreteu minha cara.
— Faith Evans, não diga isso nem de brincadeira! A gente morre por uma bolsa de Louis Vuitton, mas por macho não!
Dei uma risadinha, levantando a mão em rendição.
— Entendi, brincadeira de mau gosto.
— Péssimo gosto. Mas se não quer paraquedas, vamos ao Six Flags New England! São duas horas no máximo daqui de Boston — agora ela batia palmas.
Fiz uma careta.
— Qual é?! E dessa vez você vai no Flashback, mas a única coisa da qual vai se lembrar é de não vomitar enquanto ele te virar de cabeça para baixo.
Pensei um pouco enquanto fitava o brilho entusiasmado de seus olhos azuis. Talvez não fosse uma ideia ruim, fiquei três dias internada em meu quarto me lamentando, eu podia muito bem tirar uma folga da minha cabeça por algumas horas nessa sexta feira, aliás, os problemas ainda estariam aqui quando eu voltasse.
Me preparei para ceder e arcar com as consequências.
— Tudo bem, vamos lá.
Hanna soltou um grito tão agudo que eu jurava ter estourado meu tímpano.
— Yes! Vamos escolher sua roupa e a minha, você sabe que vai me emprestar uma já que vamos imediatamente! — ela saltitou até meu closet, entrando naquele estado de concentração profundo que selecionar um conjunto lhe deixava.
Arrastei-me para tomar um banho e deixei que trabalhasse. Hanna julgava minha decisão de largar o curso de Artes, mas eu sabia ser questão de tempo até que ela mesma percebesse sua realização em Moda.
Lavei meu corpo rapidamente, rejeitando o estado reflexivo que a água sempre me levava. Assim que saí do banheiro Han estendia uma combinação na minha frente em tons neutros. O frio do final de outono trazia suas mais excelentes inspirações.
O findar do outono não poderia vir em tempo mais propicio, a analogia idiota de Justin do um caráter e a estação até fazia sentido, ele estava me matando com sua frieza.
— O que é? Não gostou? — minha estilista perguntou preocupada, reavaliando sua escolha com cetismo.
Neguei, dando um sorriso.
— Graças a Deus eu tenho uma ditadora de moda particular.
Hanna abriu um sorriso enorme, lembrando-me que nada era melhor do que seu verão para contagiar um humor.
Flê quase deu pulos de alegria quando viu que eu sairia com minha melhor amiga, até mesmo Willian parecia ter ficado feliz. Ele foi como nosso motorista, e nós ficamos no banco de trás do meu Toyota com Hanna me incentivando a cantar as músicas que tocavam na nossa estação de radio preferida. O problema era que a maioria destas era romântica.
— Ok Willian, desligue o radio, vou agraciar vocês com minha voz de anjo tagarela — ela instruiu após outra tentativa falha de me fazer cantar Love Is Always Good, talvez percebendo que não era o ideal no momento.
Hanna conseguiu falar durante todo o percurso, relembrando de nossa visita ao parque no ano anterior. Sua agitação conseguiu me deixar pelo menos um pouco ansiosa, aliás minha paixão por adrenalina nunca fora segredo para ninguém. Até passarmos pela catraca eu já sentia aquela magia embrulhar meu estomago.
— Que saudade meus queridos! — Hanna abriu os braços com uma fisionomia encantada.
O som dos gritos empolgados, engrenagens das atrações, conversas e risadas era de fato contagiante.
— E o primeiro será Flashback, vamos! — ela puxou minha mão, investigando pelo mapa pequeno de papel onde estava localizado nosso alvo.
A vista podia se assustadora, a altura e engenhosidade dos brinquedos despertava o bom e velho medo de morrer, motivo de diversão para muitos que adoravam rir na cara da morte. Se fosse moderado, não havia nada de errado nisso. Diferentemente de apreciar o sofrimento de terceiros, coisa de gente sádica e doente, coisa de assassinos, coisa de Justin Bieber.
Claro que aquele inferno de homem não deixaria minha cabeça tão facilmente.
— Não vai me dizer que está arregando! — Hanna me provocou, interpretando mal minha expressão.
Para nossa sorte, praticamente estava sem fila, o grupo que ocupava os assentos já descia com risadas histéricas, relatando aos berros uns para os outros sua experiência.
Dei um sorriso enquanto respondia.
— Pelo contrario minha querida, estou mais do que pronta — dei uma piscadela e avancei quando o funcionário permitiu nossa entrada.
Han bateu palmas.
— Eu espero você por aqui mesmo. Se divirtam —Will deu um tchauzinho com a mão, se esquivando da entrada com uma postura rígida.
Caímos na risada, eu não podia falar nada pois fizera a mesma coisa no passado.
Sentei-me bem na ponta esquerda e abaixei a trava com uma força desnecessária, verificando sua firmeza seguidas vezes.
— Se sobrevivermos a essa eu tenho uma coisa a te contar — sua voz estava mais aguda de nervoso e ela fez repetidas vezes o sinal da cruz.
— Se não sobrevivermos eu te espanco ali no purgatório mesmo por me arrastar da minha cama segura para esse lugar.
Hanna riu, então o carrinho começou a andar. Aquele tanto de trilho e as voltas que dava não deveria ser totalmente seguro, então no instante que começava a primeira subida eu estava me arrependendo de ter concordado com aquilo. Pelo menos minha estratégia funcionara, a única coisa a ocupar minha mente era o pedido fervoroso aos Céus que ocorresse tudo bem.  O barulho alto das rodas nos trilhos me deixava mais amedrontada, secando minha boca — que entoava um grito ininterrupto — e contorcendo minha barriga com violência. Afinal, eu tinha mesmo chances de vomitar.
Os segundos se estenderam até o infinito, e quase não acreditei quando aquele treco parou em solo seguro, me permitindo desfrutar do ar livremente. Hanna e eu gargalhávamos sem parar naquele alívio de Jesus por estarmos vivas depois daquela. Saímos escoradas uma na outra parecendo duas bêbadas, Willian até estendeu a mão com medo de que caíssemos, rindo de nosso estado.
— Próximo! Próximo! — foi a primeira palavra da loira após obter controle parcial da sua boca, nem mesmo um agradecimento pela vida!
— Você tá louca?! Me deixa respirar pelo menos — protestei, ofegante.
Ela não me deu ouvidos, agarrando meu braço e me arrastando para Wicked Cyclone, aparentemente tão ruim quanto. Novamente Will escolheu sabiamente ficar de fora, seria bom para prestar assistência as afetadas por adrenalina. Eu já subi na montanha russa sem força nas pernas, saí me sentindo com mal de Parkinson. E mais uma vez Hanna não me deixou recuperar, foi assim pelos próximos cinco brinquedos loucos que só um lunático poderia ter inventado.  
— Pelo amor de Deus, agora eu preciso descansar ou realmente vou vomitar na sua cara! — apelei, trançando as pernas ao sair do Cyclone.
Joguei-me no primeiro banco a vista antes que pudesse me empurrar para outra loucura. Hanna não parava de rir como uma hiena, mas mesmo zombando de mim se sentou ao meu lado.
— Ok, aí já te atualizo das novidades.
Levamos alguns segundo para recuperar a respiração, então a olhei, sentindo finalmente uma leveza sobre minha cabeça e ombros, totalmente relaxa embora tenha passado por muitas experiências quase morte no dia. Eu deveria muito a Hanna por me proporcionar essa tarde.
— Primeiro preciso perguntar, como está Wren?
Franzi o cenho com o rumo da conversa, estávamos tendo um momento revigorador, qual era a necessidade de tocar no assunto de nossas ultimas desavenças?
— Hm, ele está bem.
Ela torceu a boca, aparentando ter motivos para pensar o contrário.
— Ah sim, ele me ligou essa semana para perguntar se eu estava bem, usando uma desculpa sem pé nem cabeça, fiquei meio alarmada por isso — explicou, ainda insatisfeita.
— Que tipo de desculpa? — perguntei curiosa.
Ela maneou a cabeça, relembrando.
— Disse que você havia comentado com ele que eu parecia em apuros na segunda a noite.
E assim a tormenta arrumava uma forma de retornar a minha cabeça. Senti-me culpada por não ter ido a casa de Wren mais e nem contado que já estava tudo bem, pelo menos inventado uma história.
Desviei os olhos para o carrossel a nossa frente como se estivesse distraída, já me sentindo mal por também ter que mentir para Hanna e deixar Wren mal nessa.
— Wren é uma pessoa que se importa, então não é porque terminaram que ele vai te excluir da lista das pessoas que se preocupa. Só não deve ter encontrado outra forma de exercer isso ainda sem que fique estranho — não era totalmente mentira, e amenizava um pouco as coisas.
Ela ponderou um pouco antes de aceitar.
— É, faz sentido. Wren é uma boa pessoa.
Fiquei aliviada que engolisse minha argumentação, mas era horrível não poder lhe contar a verdade. Quer dizer, eu nem sabia o motivo pelo qual sentia que não podia confiar tudo aquilo a alguém, e me recusava a pensar que era para proteger o idiota mentiroso.
— Mas na verdade eu queria te dizer outra coisa… — Han continuou e pensei ter identificado nervosismo em sua fala.
Olhei para ela e atestei o veredicto, desta vez seus olhos que evitavam os meus.
— Tem esse cara que conheci por essas semanas em uma balada… — o receio deixava sua voz fraca enquanto mexia suas mãos desconfortavelmente, mas após um suspiro de coragem, ela despejou tudo — a gente meio que está junto agora, e na verdade, já havíamos combinado de vir para o parque juntos hoje, não consegui avisa-lo para não vir, então a qualquer momento ele aparece, só ia terminar um serviço — terminou rápido para que não doesse.
Não pude evitar que aquilo me irritasse. Eu sempre soube da facilidade de Hanna em trocar de homem, só que da ultima vez ela havia escolhido o cara errado para mexer. Sem contar que era nauseante a ideia de ficar vendo um casal apaixonado no meu encalço nesse momento.
— Por que me chamou então? — questionei incrédula.
Sua expressão contorcida em culpa se desviou pra mim com um pedido de desculpas na testa.
— Não te deixaria naquele estado sozinha, Faith. E você vai ver, ele é uma boa pessoa, está animado para conhecer a melhor amiga da qual tanto falei — deu um sorrisinho persuasivo.
Não me passou despercebido que usara o mesmo adjetivo para elogiar Wren minutos atrás. Respirei fundo para conter minha língua, em parte comovida por seus olhares de suplica para uma aprovação como se eu fosse sua mãe.
— Se ele vier de carro te deixo aqui e volto com Willian — antes que protestaste completei — Não se preocupe, minha mãe me educou, então o cumprimentarei primeiro.
Ela não ficou satisfeita com minha única oferta, buscando argumentos para me rebater.
— E não adianta, essa é minha decisão final.
Hanna deitou a cabeça, fazendo uma cara de dó para que eu tivesse compaixão. Ela que deveria ter compaixão de mim! Então sua atenção se fixou em algum ponto atrás de mim e seu rosto dividiu a culpa com fascinação. Com certeza tinha homem na história. Ela se colocou em pé, um pouco desconfortável.
— E falando nele, Faith, esse é o Guilherme — estendeu a mão.
Eu não prestei tanta atenção no nome quanto deveria antes de compor uma expressão educada e me levantar, virando na direção do ser que se aproximava. O sorriso desinibido do homem de olhos puxados estava idêntico ao de quando o encontrara na segunda feira como o simples mensageiro de Hanna — embora agora um pouco danificado por hematomas no rosto —, fazendo com que eu o defendesse de uma fera descontrolada alegando sua inocência.
Levei um soco imaginário no estômago.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O que achou do capítulo? Conte pra mim, eu não mordo ><