Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

One Life 35

Foi um sacrifício arrastá-lo escada espiral acima daquele jeito, mas Justin insistiu para que o levasse ao seu quarto, acrescentando que os instrumentos de costura estavam ao lado da cama e sujar o sofá de sangue não era uma opção.
— Última porta — instruiu quando dei de cara com um corredor de quatro cômodos, todos fechados.
Ele pegou uma chave no bolso da frente e o destrancou, me intrigando por ter a necessidade de trancar o quarto com a casa já fechada. O chão de madeira escura se estendia por todo aquele espaço abrigando a cama colossal no fundo com colcha preta, um tapete branco felpudo trazia o contraste, combinando com o criado-mudo ao lado daquela. A cortina escura sobre a janela impedia que entrasse qualquer feixe de luz, adequando o aposento sombrio ao seu dono. Do lado oposto havia apenas uma porta de madeira fechada. Poucos móveis para um quarto tão extenso.
Levei o enfermo até a cama e o ajudei a se deitar, afofando o travesseiro atrás de sua cabeça. Não senti necessidade de pedir permissão quando me dirigi à cortina, abrindo num movimento rápido e deixando a luz da tarde ultrapassar a janela ampla de vidro. Voltei para perto de Justin a tempo de vê-lo se estender até o criado-mudo e abrir a primeira gaveta, gemendo de dor.
— Deixa que eu pego, inútil — repreendi, me apressando.
Ele deu uma risadinha.
— Espero que não trate seus futuros pacientes assim — debochou ele com a voz alarmantemente enfraquecida.
Não lhe dei ouvidos, tirando da gaveta um plástico portando uma luva látex e um recipiente transparente contendo agulha e linha, o que tornou a realidade mais concreta. A transpiração escorrendo na testa de Justin e grudando seu cabelo à pele era um forte indício de que não havia sido boa ideia respeitar sua decisão de não ir a um hospital. Embora eu tenha feito o trajeto em metade do tempo, deixar seu tratamento na minha mão triplicava os riscos. Minha barriga girou desconfortavelmente.
— Já está tudo higienizado — me informou com calma.
Por que ele estava tranquilo? Acaso não sabia que dependia de mim?!
Na gaveta ainda havia mais alguns objetos que passei rapidamente os olhos, em busca do que me interessava. Tirei uma maleta pequena de remédios e álcool em gel, colocando tudo no criado-mudo. Abri a maleta só encontrando Xylocaina como anestésico, em seguida abri as luvas de látex, o pote pequeno da linha e água oxigenada. Higienizei as mãos e esperei alguns segundos para que secasse.
— Faith, respire. Encare isso como uma amostra para que tenha certeza de que quer fazer isso futuramente.
Balancei a cabeça em negação.
— Não há como ter isso como base. Eu não estou preparada e sua vida não é um teste, Justin — retruquei, então olhei em seus olhos implorando — Vamos ao hospital, por favor. Eu mesma digo que te baleei se não quiser encarar a polícia.
Ele arqueou a sobrancelha minimamente, me achando exagerada.
— Está tudo bem, se não quiser eu mesmo o farei — me tranquilizou.
Grunhi, frustrada por sua teimosia. Me sentei ao seu lado no espaço que sobrava na cama, segurei suas costas com a mão esquerda e desenrolei a faixa que fiz para controlar o fluxo de sangue, respirando regularmente para tomar coragem. A mancha vermelha na gaze branca não estava tão marcante, quase me servindo de alívio.
Meus batimentos cardíacos aceleram mais um pouco assim que joguei a gaze no chão e escorreguei o látex por minhas mãos com aquele ruído áspero. Como um consolo, a ferida não estava tão grande. Expirei devagar pela boca e joguei um pouco de água oxigenada na gaze que havia dentro da maleta.
— Isso provavelmente vai arder — avisei, não querendo pegá-lo desprevenido.
Justin assentiu, me incentivando.
Devagar levei o produto em contato com sua ferida e ele apenas travou o maxilar enquanto eu limpava, se fiscalizando para não soltar nenhum ruído de dor. Era inteligente de sua parte não querer me assustar.
Esperei alguns segundos para que fizesse efeito e também joguei esta gaze no chão, já pegando a bisnaga de Xylocaina para pingar a pomada anestésica em meu dedo, espalhando por seu peito em seguida.
— Não sei se vai ser bom o bastante para inibir a dor de uma costura — falei com receio, me auto repreendendo por não ter lido a bula antes.
Estava prestes a aplicar mais um pouco quando ele me impediu.
— É o suficiente, não se preocupe.
Para mim eu esvaziaria toda a bisnaga, mas sabia que poderia haver alguma reação negativa de seu organismo se o fizesse.
— Já sente dormente? — me certifiquei, temendo fazê-lo sofrer mais do que o preciso.
Ele apenas balançou a cabeça, transmitindo confiança pelo olhar. Aquilo tinha o efeito contrario do que pensava, saber que confiava nas minhas habilidades inexistentes tornava a pressão muito pior. Chacoalhei as mãos como se pudesse expulsar qualquer possibilidade de dar errado, me concentrando na precisão que eu precisaria com as mãos. Para isso eu deveria parar de tremer.
Olhei para cima por um momento, invocando a presença do Médico dos médicos para me ajudar com isso. Deus, está nas suas mãos.
Peguei a agulha já portando a linha preta — um serviço a menos para meus dedos trêmulos — com a mão direita, apertando sua pele com a esquerda para facilitar a costura. Eu basicamente nunca havia costurado nada — me arrependi amargamente por recusar as aulas gratuitas de Flê quando fazia bonecas de pano para Nicole em suas horas de descanso. Também era tarde para trazê-la a casa.
— Não é muito complicado, a sutura simples você faz um ponto de cada vez, fazendo o nó no fim de cada um deles — ele me incentivou quando notou minha hesitação.
Assenti, engolindo em seco.
Tudo bem Faith, não é tão difícil, só não aprofunde muito a agulha na pele.
Experimentei a primeira incisão, olhando em seu rosto em seguida pra confirmar que ainda não o tinha matado. Ele deu um sorriso de aprovação, se estava com dor disfarçava muito bem. Prossegui com retidão, unindo uma parte da epiderme separada com brutalidade e fiz o primeiro nó. Presumi que estava ao menos indo bem, mas ainda assim podia sentir o nervosismo pegajoso umedecendo minha pele.
— Você está fazendo melhor que o Ryan — aprovou ele e imaginei que sorria.
Meus olhos não tinha autorização de sair do trabalho e muito menos minha boca se moveria para fazer algum comentário, todos os meus músculos estavam focados em apenas uma tarefa, não matar um assassino.
— E quem é o Ryan, Justin? — ele simulou uma pergunta que eu faria — Meu amigo que fez os primeiros pontos, não é surpresa que tenham se soltado. Ele não tem mãos delicadas, e estava rindo da minha cara a todo momento — respondeu a si mesmo.
Dessa vez meu corpo não conteve uma reação, arregalando meus olhos de espanto.
— Eu sei, parece horrível e insensível, mas nós sempre ficamos intactos, então costumamos escarnecer de quem não se sai muito bem, temos até uma aposta em relação a isso.
Franzi a testa involuntariamente, não apenas por estar intrigada com o teor da aposta, mas por ser uma recordação de seu descaso com a vida humana. Eles debochavam um do outro se sua vítima resistia mais?
Repentinamente ele contraiu os músculos com uma gemida de dor quase imperceptível.
— Tudo bem, acho que devo falar de outra coisa.
Não fora minha intenção pesar a mão, então era melhor que prevenisse meus movimentos involuntários.
— Descobri que Erin era do Canadá. Embora isso seja uma pista sobre o paradeiro dos meus irmãos, também expande a área de busca — me contou.
Se não fosse extremamente perturbador este procedimento, eu poderia prosseguir até que me contasse todos esses detalhes de sua vida da forma como de repente começou a despejá-los em cima de mim para me acalmar. De fato, eu não deveria querer saber mais dele, mais nada, mas a vida sempre pregava peças dessas em mim.
— Não cheguei a te mostrar a foto, mas também não me serviu de muita utilidade, eram apenas dois bebês recém nascidos com os dois pais ao lado deles e um sorriso como se prometessem estar ali pra sempre — mesmo que tentasse encobrir, eu podia ouvir a pontinha de tristeza circundando sua voz — Bom, agora ambos estão mortos, e eles provavelmente já estão sendo treinados pra uma vida sem nenhum sentimento duradouro. Nenhuma criança deveria encarar isso, muito menos sozinha. Se bem que estar sem meu pai enquanto eu crescia até poderia ser uma benção.
Não era o assunto leve que eu precisava para me concentrar, e me vi interpretando sua sentença. Eu podia estar enganada, mas indiretamente senti que aquela não era totalmente uma vida que ele queria, não desde sempre, então podia haver ali uma chance de redenção, uma parte da criança pura que fora uma vez, visto que criticava a forma de seu pai ensiná-lo o legado. Apenas a não aceitação de seu destino podia ser uma explicação para esse desgosto.
Outro ponto que me atentei era a parte de "não haver sentimento duradouro". O que ele dizia, então? Já estávamos fadados ao fim antes do início? Por mais que eu quisesse negar, isso me corroía o peito.
Cheguei ao fim da costura, parecia uniforme para mim. Deslizei a agulha da linha e fiz nós com as pontas restantes, talvez exagerando na quantidade destes.
Procurei uma tesoura na gaveta para cortar o que sobrara da linha, e assim que encontrei o objeto grande o fiz, examinando minha obra por fim. Eu não estava nada segura, tentada a ligar imediatamente para a ambulância.
— Muito bom, impressionante — elogiou, abaixando a cabeça para avaliar o resultado.
Eu mordi a boca, insegura. Com vida não dava para se brincar. E se ele pegasse alguma infecção? E se tivesse uma hemorragia e sangrasse até a morte?
— Não estou exagerando, por favor, fique tranquila — insistiu, reparando em minha expressão.
Suspirei, desistindo de convencê-lo do quanto aquilo era arriscado. Procurei um comprimido para dor em sua caixa de remédios e peguei o que mais parecia ter efeito.
— Você quer água para ajudar a engolir?
Previsivelmente ele negou, estendendo a mão com orgulho. Ignorei o gesto, tirando as luvas para abrir o comprimido e direcioná-lo à sua boca. Seus olhos se apertaram questionando minha atitude, e impelido por minha determinação, abriu a boca devagar.
— Não permitiria que pegasse com essa mão cheia de micróbios — me expliquei, vendo-o engolir.
A ruguinha em sua testa apenas se aprofundou, não sendo exatamente uma surpresa para mim que não entendesse estas coisas após se colocar em risco de maneira tão irresponsável.
Peguei outra faixa de gaze e ele se apoiou no braço esquerdo para que eu pudesse fazer o curativo. Dei três voltas antes de cortar, fixando com a fita que havia ali.
— Tudo bem, você deveria saber o que vem agora, mas devido aos últimos acontecimentos, vejo a necessidade de relembrar — eu falei com tom de censura, encarando seus olhos que já estavam na defensiva — Você deve descansar Justin. Não levante dessa cama, sossegue.
Ele fez um careta, suspirando de desgosto.
— Desconheço essa palavra. Talvez eu o faça depois de te levar para casa.
Imediatamente discordei:
— Você não vai dirigir um carro nesse estado, Justin Bieber.
Ele revirou os olhos.
— Então leva o carro com você, pego depois.
— Isso também não é viável.
Justin me encarou serio.
— Está pensando que vou te deixar ir embora a pé?  — questionou incrédulo.
Esse era o problema, a ideia que se fixava na parede do meu cérebro. Todavia, altruísmo poderia ser considerado um defeito? Provavelmente nesse caso sim.
Comecei a organizar a bagunça que fizera para meu trabalho, recolando tudo na gaveta. Usei o saco da luva já utilizada para colocar o que já era descartável, como o próprio látex e as gazes que eu jogara no chão. 
— Quero ficar para te supervisionar, não acredito que vá se cuidar direito — contei de uma vez, tendo um pretexto para evitar seus olhos. 
Justin se acostumou com a ideia em silêncio. De fato, eu não escondera que não queria vê-lo nem pintado de ouro, então minha atual disposição era contraditória. Ele deveria entender que a situação se excepcionava.
— Preciso fechar as janelas para que durma? — questionei enfim, voltando meu olhar a ele.
Não consegui interpretar sua expressão que me sondava, ainda intrigado com minha decisão. 
— Não. Durmo de qualquer forma se assim o desejar.
Assenti, o olhando com superioridade.
— Informo que esta é a hora de desejar dormir.
Ele balançou a cabeça, incrédulo com minha ordem.
— Pelo contrário, por que não conversamos? — sugeriu.
Forcei um sorriso. 
— Você realmente deveria dormir. Sua voz está cansada.
A expressão em seu rosto era claramente insatisfeita. O que ele esperava? Que eu estivesse disposta a voltar ao que éramos simplesmente do nada? Em questão de dias? Mesmo com tudo diferente? O observei pensar consigo mesmo, franzir a testa quando um pensamento se intensificou e engolir em seco ao ter que aceita-lo.
— Faith, eu estive refletindo esses dias em que... não nos vimos — ele pigarreou, desenroscando as palavras, então fitou meus olhos com intensidade — E deduzi que eu te devo algumas coisas, mesmo que não queira mais saber de mim, e seria esperto da sua parte se o fizesse. Sei que não sou bom pra você, e espero que tenha entendido isso, tanto quanto o fato de que não quero te machucar.
Desviei os olhos, entortando a boca.
— Justin — repreendi para que parasse.
Senti quando a ponta de seus dedos tocaram as costas da minha mão apoiada no colchão, um pedido para que eu o olhasse. Era incompreensível que um gesto tão simples pudesse me fazer sentir tanto, vindo de alguém que deveria me fazer sentir o inverso da fascinação que martelava meu coração nas costas. Óh Céus, o quão doente eu sou? 
— Eu só quero ser sincero com você — ele persistia, parecendo estar transbordando bem diante de meus olhos.
Sua sinceridade sempre fora o que eu mais ansiava, entretanto, se havia mais verdades entre nós dois para serem desenterradas, eu não queria saber, não naquele momento em que era obrigada a ficar ao seu lado com aquela preocupação sufocante.
Neguei com a cabeça repetidas vezes, reforçando o que diria.
— Por favor, não diga, não agora, me deixe estar aqui.
Ele suspirou, frustrado. Ambos estávamos quebrados, como um copo de vidro derrubado ao chão que nunca retornaria ao seu estado inicial independente dos esforços feitos. Então não havia motivos para apressar conversas desgrudáveis se aquilo só nos faria sofrer. 
— Posso entender por que não quer ouvir, mas ao menos preciso de dizer uma coisa agora — pediu, intensificando o líquido de seus olhos para que eu compreendesse e permitisse. Não me opus e ele continuou — Me desculpa. O que passamos juntos foi muito mais do que eu mereço. E eu sinto muito se retribui isso te fazendo sentir inferior. Só queria que soubesse que tem muito mais valor do que todas aquelas mulheres. 
Desviei o rosto, sentindo minha garganta apertar. Eu não queria que cavasse meus sentimentos, caso contrário começaria a chorar como a manteiga derretida que era, fazendo um escândalo dramático. Por que ele apenas não deixava que aquilo fosse o que precisava ser? Eu suturara seu peito para que ele abrisse o meu?
— Se quiser posso procurar algum remédio para dormir — ofereci, me negando a comentar sobre o assunto.
Ele não respondeu e eu não esperava que o fizesse, mas também não queria que ficasse me encarando como estava. 
— Estarei lá fora se precisar de alguma coisa — informei por fim, incomodada o suficiente para me levantar e sair a passos rápidos daquele quarto que de repente se tornara pequeno.
Assim que passei pela porta deixei meus ombros relaxaram, trazendo à tona toda a desfiguração facial que o sentimento me dava. Me escorei na parede e escorreguei até o chão, tapando meu rosto com as mãos para esconder até mesmo de mim o quanto aquele homem me afetava. 

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