Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

One Time 5


— Hm... — Lucas pigarreou — Faith, aquele não é o seu namorado? — Engoliu em seco de modo audível.
Eu o entendia, Justin naturalmente era intimidador, sua expressão impassível não ajudava muito. E querendo ou não Lucas fora flagrado com as mãos em mim, ainda que de maneira inocente. Esse combo deixava meu amigo quase pálido. Sorri, mostrando os dentes, ainda que somente para tranquilizá-lo quanto a situação. Na verdade, eu mesma sentia-me aborrecida com Justin. O que ele estava fazendo no shopping? Esperava que trabalhando. Abafei a animosidade para não criar uma cena na frente de Lucas.
— Sim! — Respondi, uma parte da minha animação era genuína. O coração batia com mais força, vê-lo assim de surpresa redobrava o prazer de apreciar sua cara ridiculamente perfeita. Deus, eu nunca me acostumaria com o privilégio de ser sua namorada — Venha cumprimentá-lo.
Lucas titubeou, era evidente sua indisposição em aproximar-se daqueles olhos fixos e frios, sem esboçar reação alguma até aquele momento. Inclinei a cabeça quase imperceptivelmente e lhe ordenei com o olhar intenso "Seja simpático!".
— Ei, não esperava te ver aqui! — Abracei-o, uma leve cutucada não faria mal. Ele estava cheiroso como sempre e bem aquecido em sua jaqueta jeans. Deus abençoe o momento em que adquiriu aquela peça — Comporte-se. — Sussurrei no ouvido dele.
Assim que me afastei sua expressão estava ao menos decente.
— Sim, eu também não esperava te ver aqui. — Aquilo era um tom de acusação? Estendeu a mão para meu amigo paralisado sem jeito alguns passos atrás de mim — Lucas, tudo bem? — Fitou-o sem pudor.
— Estou, obrigado! E você? É um prazer revê-lo.
Justin se limitou a um aceno breve com a cabeça e me encarou, esperando.
— Ah, sim, Ava, Ethan, Lucas e eu resolvemos assistir um filme agora a tarde. — Contei, bem natural. Lucas corria os olhos entre nós dois, avaliando o terreno para o caso de precisar correr.
— Hm... Um encontro de casais então? — Disse, divertido. Perguntei-me se a acidez camuflada em seu sorrisinho era tão clara para Lucas quanto para mim.
— Seria, se você estivesse disponível para mim essa tarde. — Contra-ataquei.
A linha de acusação vibrava entre nossa troca de olhar. Lucas tossiu baixinho.
— Então, galera, eu vou ao banheiro e depois voltarei para a sala. Apareça mais vezes, cara. — Murmurou, embora tivesse receio do meu namorado, eu sabia que o convite era sincero.
Justin repuxou um canto da boca e movimentou brevemente a cabeça com mais gentileza do que eu esperava.
— Já vou, Lucas. — Sorri para ele, vendo que já se afastara vários passos.
Cruzei os braços, voltando-me para Justin.
— Você está trabalhando, me seguindo ou batendo perna? — Olhei em volta, como se pudesse detectar alguém suspeito ou um de seus alvos. A praça de alimentação estava movimentada, mas todos pareciam bem compenetrados no próprio lazer. Pensar que ele poderia estar ali para acabar com a diversão de alguém me dava calafrios.
— Você está claramente se entretendo bastante a ponto de não arranjar tempo de me contar que minha irmã foi encontrada com um desconhecido. — Labaredas de raiva espreitavam sua íris, a voz soou baixa e incisiva.
Levantei as sobrancelhas, incrédula que quisesse me responsabilizar pela consequência dos seus próprios atos ao mesmo tempo surpresa que soubesse daquilo. Não deveria estar, Ryan e Caitlin presenciariam o evento comigo, e até onde eu sabia Ryan ainda era seu melhor amigo. E um fofoqueiro de primeira, também.
— Você saberia se estivesse interessado um pouco na gente, reservado um tempo para sua família. — Rebati, levemente irritada.
Ele apertou os olhos.
— Isso é um castigo, então? Vai controlar o quanto de informação eu devo receber de acordo com o tempo que estou disponível?
Deixei a boca bem fechada, se ele queria tirar aquela conclusão eu não me importava.
— Faith — abaixou o tom de voz, sério e firme — a segurança de vocês não é assunto para se negligenciar. Você sabe o que está em risco aqui.
— Eu planejava te contar, mas não por telefone, então a culpa não é minha se.... — Comecei, indignada com a sugestão de que eu banalizava a importância do assunto.
— Eu tenho que saber dessas coisas imediatamente. Segundos são preciosos quando se trata da vida de alguém. Poderia ter me dito que precisávamos conversar com urgência. — Interrompeu-me.
— Ah, que ótimo, então agora vai me passar as palavras mágicas para ter sua atenção. — Minhas mãos se fecharam em punho nos braços cruzados para controlar a ira.
Ele se aproximou mais de mim, estreitando nossa bolha tensa.
— Evans, isso se trata da vida da minha irmã, não do seu ego.
Eu não conseguia me lembrar da última vez que me chamara pelo sobrenome daquela maneira impessoal, e era quase ridículo que aquilo me ofendesse, mas me retraí, magoada. E como ele ousava subestimar o valor que eu dava para Jazzy??!
— Não sei se teu informante te contou das circunstâncias, mas o desconhecido apenas a guiava porque desviei meus olhos um segundo e ela se perdeu. Não achei tão anormal assim para criar uma urgência sobre isso. — Me defendi.
— Tudo é relevante. Nesse meio nenhum detalhe deve ser ignorado, muito menos atenção. — Ele falou mais suavemente, embora ainda firme.
— Entendi, Bieber. — Destaquei seu sobrenome e ele arqueou a sobrancelha — Mas não ouse, nunca mais, duvidar da importância que a Jazmyn tem para mim. Não achei que ela corria perigo agora, por isso não fiz um escândalo sobre isso. — Continuei antes que me interrompesse — E não se esqueça de que Jazmyn e Jaxon já estão na minha vida há vários anos, até mesmo antes de você. Obviamente não vou medir esforços para protegê-los. — Senti uma ardência repentina em meus olhos ao passo que meu rosto todo queimava. Ele basicamente havia duvidado do meu caráter na minha cara. Minha mão coçava para lhe dar um tapa.
Justin recuou, reconhecendo a mágoa em meus traços. Sua expressão transfigurou-se de imediato numa espécie de ansiedade e remorso.
— Perdoe-me, Faith. — Expirou, eliminando os últimos rastros de irritação. Levou a mão à base do meu pescoço — Eu não quis dizer isso. Sei que você os ama de verdade. Só preciso que me mantenha informado, por favor.
Não olhei para ele, ponderando se conseguia desculpá-lo tão fácil assim. Ele se ausentara mais uma vez e voltava com grosserias e acusações. Antes que eu pudesse pensar no que dizer, me abraçou e por um instante não o abracei de volta. Até seu corpo convencer o meu, naquela conexão bizarra de nossas células.
Sim, eu conseguia desculpá-lo fácil assim. Maldito.
— Nós precisamos de um tempo. — Eu disse, a voz abafada contra sua roupa.
Foi como se ele tivesse tomado um choque, afastou-se de mim, levando o calor agradável que me envolvia.
— O que disse? — Perguntou numa voz estranha, o rosto inexpressivo de novo.
— Que precisamos de um tempo — Respondi confusa. Ele permaneceu imóvel — Para nós dois. Um dia inteiro pelo menos. Precisamos disso.
Justin voltou a se mover, inundado por compreensão e... Alívio? Espera, o quê?
— Você achou que... Eu queria um tempo sem você? — A ideia era tão hilária que eu ri e ele quase esboçou um sorriso. Peguei sua mão grande e acariciei os nós dos dedos — Não estou tão louca assim.
— Penso que ainda vai cair em si. — Falou num tom divertido, mas reconheci um fundo de verdade.
Revirei os olhos e o puxei pela mão para alcançar seus lábios. Uma vez perto, o beijei, acalentada por sua retribuição e a mão segura e sólida na base das minhas costas com muita propriedade. Se eu "caísse na minha" seria para notar que eu não era digna de estar com alguém tão extraordinário como ele. Já lhe falara milhares de vezes sobre isso.
— Falando nisso você deveria retornar ao seu filme. — Afastou a boca da minha para dizer. De uma hora para a outra nossa bolha emitia ondas tranquilas, quentes e envolventes. E, clichês a parte, senti que poderia morar ali para sempre.
— Não me diga que o poderoso Justin Bieber está com ciúmes de um reles mortal? — Brinquei com a pontinha de incômodo no canto dos seus olhos.
Sorriu, mal movendo a cabeça.
— Eu estou trabalhando, então não posso te dar atenção agora de qualquer modo.
— Quem? O ladrão do shopping? Chefe do tráfico? Homicida em série? — Perscrutei minha volta como se estivesse procurando, descontraída, mas não o bastante para escapar da inquietação nas tripas.
— Nada que você deva se preocupar. — Beijou minha testa — Vá fazer companhia para o Lucas. Se ele ainda gosta da Ava e ela ainda gosta do Ethan, o clima deve estar extremamente agradável. — Disse, curioso. Investiguei prováveis pontadas de ciúmes, mas não havia nada além do leve interesse.
— Nem me diga. — Franzi o cenho, relembrando o drama — E você se cuide, por favor. Te vejo mais tarde?
— Claro, passo lá em casa.
Estendi o dedo mindinho para ele.
— Promete?
Justin conteve o riso e abraçou meu dedinho com o seu.
— Prometo.


 Você o que? — Ava guinchou do outro lado da linha enquanto eu penteava meus cabelos.
— Não vou para a faculdade hoje. Depois você me passa o que perdi e amanhã conversamos sem falta.
Eu estava curiosa para darmos andamento no assunto sim. Retornando para a sessão do filme no dia anterior, descobri que Lucas havia partido e o clima entre Ethan e Ava estava mais pegajoso e misterioso — a troca de olhares entregava que compartilhavam alguma coisa interna. Mas, como só eu estava de carro, não tive um momento privado para que desembuchasse, ela desceu primeiro que Ethan. "Conversamos amanhã", piscara para mim, direcionando um sorriso caloroso e tímido para Ethan em seguida. Também me sentia mal por deixar Lucas sozinho com os dois naquele dia, mas Justin concordara em eliminar responsabilidades naquela segunda por nós dois. Um momento épico que deveria ser aproveitado.
Esteja pronta às 8 a.m, com roupas confortáveis. Escrevera. Eu não fazia ideia para aonde iríamos, e aquilo só me deixava mais empolgada.
Vesti uma calça jeans skinny flexível de cintura alta e um blusão rosa alaranjado modelagem cropped. Para completar, tênis preto confortável. Em questão de maquiagem, limitei-me a um batom nude.
— Se você acha bom faltar às últimas aulas antes das provas, quem sou eu para questionar. — Minha amiga universitária reprovou.
— Até amanhã, Ava. — Cantarolei e desliguei a chamada após seu resmungo.
A vida não podia ser levada tão a sério assim, e não era como se eu fosse faltar uma semana inteira de aulas.Justin mal podia respirar por muito tempo sem a empresa chamá-lo, a possibilidade de passar um dia inteiro com ele era um evento e tanto.
— Bom dia, Faith. — Diane recepcionou-me quando apareci na copa, tomando tranquilamente algum líquido de uma xícara.
A mesa do café da manhã estava posta, copos e pratos usados abandonados ali. Jazzy e Jax já haviam comido pelo visto e esqueceram outra vez dos modos. Ambos haviam passado em meu quarto antes que Bruce os levasse para a escola, depositando beijos molhados em minhas bochechas.
— Bom dia, Diane! — Apoiei-me na cadeira e sorri para seus olhos puxados sob os óculos enquanto pegava algumas uvas.
— Está radiante hoje. — Comentou, analisando-me com diversão.
Peguei a louça suja na mesa depois de enfiar as uvas na boca e alarguei o sorriso, indo para a cozinha.
— Justin e eu vamos sair daqui a pouco. — Olhei a hora no relógio redondo pendurado na parede. Três para às oito. Seria pontual dessa vez? No começo ele nunca se atrasava.
— Ah é? Aonde vão? — Sua voz ecoou da copa.
— Não sei muito bem. — Confessei, lavando os itens. Acrescentei mentalmente que nada mais importava do que passar o dia com ele.
— Justin e suas surpresas. — Ela riu — Ele adora ser misterioso, não?
Concordei, rindo.
— E de vez em quando pontual também.
Como se aquilo o tivesse chamado, ouvimos a porta da frente ser aberta e em segundos meu pedaço humano de tentação abraçava a avó. Jaqueta de couro preta, calça jeans escura e um olhar marcante para esfarelar meus ossos com uma só olhadela.
— Divirtam-se. — Diane se despediu, começando a tirar a mesa.
Justin me estendeu a mão com um sorrisinho presunçoso.
— Senhorita Evans, gostaria de dar uma volta comigo?
Depositei a ponta dos dedos na sua palma, recordando-me brevemente de quando nos conhecemos, em meio a toda aquela futilidade na casa dos meus pais, Justin seguira à risca os regramentos sociais e me deixara louca com suas provocações baratas. Eu não entendia na época o motivo de me afetar tanto até perceber que bastou seu primeiro olhar para me deixar caidinha, e qualquer coisa que ele dissesse me despertava o dobro de uma reação normal.
Para acentuar as lembranças, ele beijou os nós dos meus dedos e algo em seu olhar me deu a impressão de que estava submerso em nostalgia também. Por isso, eu ri quando vi que Justin também escolhera pilotar sua moto naquele dia, como se precisássemos de mais lembretes.
— E o que te faz pensar que hoje estou disposta a andar de moto? — Indaguei. Ele sabia que eu morria de medo e não gostava nenhum pouco daquele veículo. Na verdade, tinha quase certeza que ali no Canadá não aceitara aquele tipo de carona uma só vez.
Justin subiu na moto e me ofereceu a mão esquerda com aquela expressão convencida permeando seus traços. Como se fosse a primeira vez, influenciada pelo líquido penetrante dos seus olhos, aceitei o convite e montei naquele monstro ambulante, resmungando e fazendo ameaças caso eu morresse. Sentindo um dejavú atordoante, sufoquei-o com um abraço em volta da cintura e escondi o rosto nas suas costas. Eu confiava muito mais nele agora do que antes, com a minha vida, de fato, contudo Justin não podia controlar tudo e aquela exposição de ossos e órgãos a quilômetros por hora era nauseante.
Pensava em importuná-lo com o fato de negligenciar o uso de capacete — como sempre — quando a máquina mortífera ganhou vida embaixo de mim. Gemi.
— Você quer me matar de novo, não?
Ele riu de um jeito estranho.
— Aguenta firme.
E foi o que eu fiz, com os olhos bem fechados, imóvel, apenas curtindo a sensação de morte iminente renovada a cada segundo. O clima não estava muito favorável para receber o vento chicoteando contra mim, apesar das minhas roupas cobrirem quase toda a minha pele. Na verdade, confesso que não soube distinguir se estava com frio por causa do clima ou de pavor mesmo. Muito provavelmente os dois.
Ainda que a maior parte dos meus pensamentos se concentrassem na prece "por favor, Deus, não me deixe morrer", encontrei no cantinho da minha memória o dia em que ele compartilhara comigo seu desejo de ter um dia livre para pilotar por aí sem rumo, para experimentar um pouco de liberdade, e fiquei extremamente feliz por fazer parte dele agora.
Ilustrei uma ilusão de que voávamos juntos por aí e agarrei-me a isso até a viagem acabar. Senti quando estagnou, mas podia muito bem ser outro sinal então esperei até ouvir seu risinho.
— Vejo que você não mudou muito de opinião sobre motos.
Murmurei algo ininteligível até para mim e ele riu de novo.
— Precisa de ajuda para descer? — Senti seu corpo se voltar para o meu e abri os olhos, vendo sua mão estendida.
— Toda ajuda é bem vinda. — Só notei o quanto eu realmente precisava dela quando a segurei, apoiando-me para forçar meu corpo rígido a equilibrar-se momentaneamente na perna esquerda, até que conseguisse desenganchar, do modo nada elegante, a perna direita e fixar as duas no chão. Notei que ambas mal faziam o trabalho de uma, bambas.
Justin saltou agilmente do veículo, parecendo o Adônis da moto, empurrou o pedal com o pé para apoiá-lo e passou a mão em seu topete no intuito de organizá-lo. Alguns fios de fato escapavam do penteado meticuloso, mas o cabelo desgrenhado apenas o deixava mais glorioso. Não era muito justo porque, ajeitando rapidamente meu cabelo, eu tinha a sensação de que venceria um leão no concurso de Maior Juba.
Ele tocou meu rosto, repuxando o canto da boca.
— Gosto de te ver assim, desalinhada.
Fiz uma careta e abri a boca para retrucar, mas ele foi mais rápido.
— Todas as suas facetas são fascinantes para mim.
Rubor de prazer tomou minhas bochechas. Desviei os olhos constrangida, pensando em algo para distrair sua atenção. Eu sempre tive dificuldade com holofotes, ainda que aquele fosse muito bem vindo. Apoiei a mão em cima da sua.
— Só espero que seja para sempre assim. — Respirei fundo. — E então, onde me trouxe? — Olhei em volta para me localizar.
Toronto é uma metrópole, capital da província de Ontário, enfeitada com arranha-céus imponentes, que só são ofuscados pela Torre CN, a terceira maior torre do mundo, para serviços de comunicação e turismo. Num geral, uma cidade muito bonita e extremamente grande, o que significava que eu ainda não explorara todos os seus cantos. Mas aquele era terreno conhecido, Bloomer's era nossa padaria favorita em questões de Donuts, com o destaque especial de serem veganos e ainda assim manterem o sabor apetitoso. 
— Se você está querendo me amolecer depois de me fazer passar por essa experiência terrível — apontei com a cabeça para a moto — está conseguindo. — Falei animada. Viciada em doces assumida e sem vergonha. 
Justin sorriu vitorioso e entrelaçou nossas mãos. Minha palma estava um pouco suada e gelada, mas ele não pareceu se importar com isso. 
— Tudo friamente calculado. 
Me diverti na vitrine, apreciando os doces como um cachorro num açougue. As paredes eram brancas, bem como o balcão, a estratégia perfeita para trazer atenção aos Donuts coloridos, dos mais diversos sabores, atrás do vidro. Apoiei-me no balcão e desejei um bom dia radiante para a atendente oriental. 
— Donuts de chocolate triplo, granulado de baunilha, Mocha e blueberry selvagem. 
Pelo canto do olho vi Justin contrair brevemente os lábios. Eu sabia que ele queria rir e lhe direcionei um olhar acusatório. Ele levantou as mãos em rendição, sorrindo.
— Mais alguma coisa? — A atendente prestativa ofereceu.
— Um Dunut de pinã colada. Tudo para viagem. 
Senti-me humilhada por um momento com a discrepância dos nossos pedidos, mas disfarcei o fato me voltando para ele com a língua para fora, simulando que vomitaria. Piña colada nem deveria ser considerado um sabor adequado por estragar doces. Aliás, podemos falar sobre o bolo de abacaxi ser superestimado? Para mim, abacaxi deveria se limitar a fruta em sua matéria bruta e só. Justin balançou a cabeça em reprovação, não concordava com minha opinião sensata. 
Peguei a caixa de papelão rosa de bolinhas brancas enquanto ele se adiantava para pagar. Não fiz muito caso, depois eu simplesmente pagaria o almoço, sem deixá-lo com muita opção, e estaríamos quites. 
— Para viagem, huh? — Comentei abrindo a tampa da caixa para dar uma espiada. Talvez eu fosse mesmo viciada em doces, mas não pensava em entrar em uma reabilitação. — E como vamos levar isso numa moto? Ou não vamos sair do bairro? 
— Já que você resolveu limpar a vitrine, pensei que uma caminhada para equilibrar as calorias faria bem. Cinco quarteirões para quatro donuts parece justo para mim, o que acha? — Provocou-me. 
— Há há. Aonde vamos? 
Ele passou o braço pela minha cintura, conduzindo-me, e me deu aquele sorriso de quem não diria nada. 
— Tudo bem, contanto que não demore para chegar eu não me importo. 
Eu não ligava para o ato de caminhar, a tortura era caminhar com uma caixa de donuts bem embaixo do meu nariz espalhando aquele aroma divino sem poder comer algum. Para apreciar aquele milagre culinário com o devido respeito, eu deveria ao menos estar sentada para não correr riscos de derrubar no chão os outros. O pior era caminhar sem saber para onde ou quanto tempo levaria.
Se Justin não começasse a comentar sobre alguns filmes que assistira na semana anterior eu entraria em um surto leve. Por razões óbvias ele gostava mais de Ação, Suspense, Tiro-porrada-e-bomba, e embora não fossem meu gênero preferido, eu também apreciava, ainda mais se assistíssemos juntos. A caminhada passou mais rápido do que eu esperava assim, e eu suspeitei de que essa fosse sua intenção desde o início. Esperto. 
— Trinity Bellwood Park, deveria ter previsto essa. — Eu disse quando nos direcionamos ao portão preto de ferro sustentado por pilastras brancas com o ar medieval. O fluxo de pessoas não estava tão grande quanto ficava nos fins de semana, mas não estava abandonado, algumas pessoas gostavam de frequentar o parque para correr em qualquer período do dia. 
— Alguns consideram novembro como o mês mais deprimente do ano. — Ele comentou e apontou para um banco de madeira logo no começo do parque, limpou algumas folhas alaranjadas que estavam caídas ali e nos sentamos. 
A umidade congelou meu traseiro apesar de estar usando uma calça leggin debaixo da calça jeans e eu estremeci ligeiramente. O dia estava cinzento, como era o esperado para a época, mas tímidos raios de sol lutavam para transmitir alguma onda de calor entre o frio eminente. O tempo não estava tão ruim quanto poderia, nem mesmo o vento estava muito forte, apresentava-se em "carinhos" esporádicos. 
— O outono já está no fim e mal podemos ver as folhas alaranjadas. — Prosseguiu sua reflexão, indicou o chão, mostrando a escassez visível. As árvores praticamente nuas assomavam sobre nossas cabeças, figuras esqueléticas imóveis. 
Abri a caixa de donuts e escolhi começar pelo Granulado de baunilha. Passei adiante para que Justin pegasse o seu e me deliciei com a primeira mordida. O sabor doce e reconfortante se espalhou pela minha boca, as glândulas salivares dançaram em minha língua. 
— Entretanto, eu consigo ver outro sentido. Em novembro é praticamente a transição do outono para o inverno, eles parecem estar fundidos, uma característica de cada transparece, certo? — Concordei com a cabeça e vislumbrei sua covinha aparecer do lado direito do rosto em consequência a um sorrisinho. Ele olhou para mim. — Você se lembra? De ser outono?
Eu também sorri, como poderia esquecer nossas analogias climáticas às nossas personalidades?
— Sim. Você se declarou inverno. 
Justin assentiu, então olhou para o céu cinza com um pouco do sol intrometido, as árvores desfolhadas, o chão úmido, resultado da chuva no dia anterior, e parou em mim. 
— Nessa linha de raciocínio, creio que novembro seja o nosso mês, então. — Apoiou a mão em cima da minha livre, descansando em minha perna. 
Engoli o donut e voltei minha palma para cima entrelaçando nossos dedos.
 — Muito perspicaz. — Elogiei, esperando que aquela era a hora em que me dava um beijo ou algo do gênero. Não aconteceu. 
Ele olhou para frente, em silêncio por alguns segundos. Eu podia ouvir sua mente trabalhando em mais conclusões e terminei de comer em silêncio para não atrapalhar seus neurônios. Felizmente, tínhamos o dia todo para beijos. 
— O que você pensa sobre nós? — Perguntou de repente.
Pega desprevenida, olhei para o seu rosto. Os traços relaxados não demonstravam nada além de uma curiosidade inocente, mas eu o conhecia bem demais para não notar a leve contração no canto da boca e dos olhos. 
— Bom.... Eu acho que somos um bom casal. Funcionamos bem juntos. — Balancei a cabeça para expulsar os fios de cabelo que voaram com a carícia do vento — E você? 
— Eu... — Pensou, contudo mudou a rota da fala bruscamente  — Você acha que mudamos muito? Eu? Você?
Limpei minha mão um pouco melada de doce, adiando meus planos de pegar o outro donut. A caixa descansava em seus joelhos, e ele também não parecia apressado para comer. Tentei entender de onde viera aquela reflexão e aonde ele queria chegar com aquilo. 
— Acho que... É inevitável a mudança. 
— E foi uma boa mudança? — Quase não me deixou terminar. 
Pulguinhas desconfiadas passaram a pular atrás das minhas orelhas. O teor das perguntas começava a me deixar desconfortável. 
— Eu acredito que sim. Você não?
Alguma coisa no meu tom de voz fez com que ele finalmente me olhasse, e depois de me encarar por algum tempo tornou a abrir o sorriso de canto. 
— Depende da perspectiva. No meu caso, vejo que eu mudei para o bem. E você? Acha que é melhor agora do que era antes?
Passei a ficar inquieta, ele dizia tudo com muita calma, mas tinha um misto de seriedade diluído ali. Ou talvez eu fosse paranoica. Cagona, também. 
— Sim, do meu lado também. Evoluí muito. Tomei as rédeas da minha vida, deixei de ser controlada pelos meus pais, consegui fazer com que eles me ouvissem e tive coragem de viver o que quero. E o que eu mais quero é estar com você. — Fiz uma leve pressão em sua mão para reforçar o que eu dizia. 
E era a mais pura verdade. Desde que o conheci enfrentei desafios improváveis com a vida que eu tinha, mas conseguia ver minha transformação com muita clareza. Da menina ingênua que mais ouvia e se deixava ser influenciada pelas pessoas, mesmo sem perceber, a uma mulher que finalmente batalhava por seus interesses. Ainda faltava muito para ser tudo o que eu queria — independente sendo o primeiro item da lista —, mas eu me orgulhava do que já tinha conquistado. Sabia que grande parte disso se devia ao fato de tê-lo conhecido, e apesar de todas as nossas dificuldades, assisti meu sentimento por ele se fortalecer a cada dia. E no fim, eu não queria ser ninguém sem ele. Mesmo tendo o conhecimento de que não precisava dele para ser alguém. 
Justin afastou meus cabelos do rosto ternamente.
— Bem, senhorita Evans, tenho algumas coisas a te mostrar. 






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