Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

One Time 4

Não prestei atenção a mais nada quando vi o casaco cor de rosa peludo de Jazmyn e seus olhos castanho claros arregalados de susto. Corri em sua direção e estendi os braços pra ela, que terminou o caminho e se chocou contra mim. Abracei seu corpinho esquelético, sentindo o ar voltar aos meus pulmões.
— Meu Deus, Jazmyn, que susto. Onde você estava? — grasnei, o som saiu agudo e um pouco estrangulado.
— E quem é você? — ouvi Caitlin perguntar, com cautela.
Afastei-me um pouco dela para me certificar de que estava intacta, terminando com as mãos em suas bochechas rosadas e geladas. Sim, estava tudo aparentemente bem. Já comigo eu não tinha muita certeza. 
— Sou Roger, eu estava passando por aqui e vi que ela estava perdida, resolvi ajudar. — Finalmente olhei para o homem que falava, detentor de um cabelo crespo e bem curto, olhos escuros como jabuticabas e uma pele de chocolate reluzente maravilhosa. Sua barba e bigode estavam bem feitos, praticamente um só ao redor de seus lábios carnudos. Os ombros empertigados e largos precediam ao seu corpo em forma escondido por um sobretudo preto e calça jeans. 
Olhei bem nos olhos de Jazzy para captar qualquer contrariedade no relato dele, mas ela só parecia receosa com nossas reações àquela travessura. Soltei o ar pela boca e direcionei um olhar firme para Roger. Com meu histórico e convívio com o Justin, eu era um pouco mais desconfiada agora. 
— Obrigada, Roger. — Enfatizei seu nome, para que soubesse que não o esqueceríamos. Fosse para o bem ou mal. 
Ele se limitou a assentir, transmitindo um ar muito simpático. 
— Não por isso. Mas tomem cuidado, esse lugar pode ser muito perigoso. 
Apertei os olhos. E agora o que ele queria dizer com aquela frase? Era uma ameaça? Um aviso de algo que sabia, mas não podia contar diretamente? Ou só uma recomendação geral de um morador local?
Ryan, fruto legítimo da desconfiança, cruzou os braços e elevou um pouco mais a cabeça, para encará-lo de cima, Jaxon estrategicamente posicionado atrás de sua perna. Quase imperceptivelmente, mudamos nossa disposição no espaço, com um passo pequeno deixei Jazzy atrás de mim, Caitlin, a pessoa mais próxima dele no momento, abriu um pouco as pernas para estabilizar-se no chão, e Ryan se moveu de novo, dando um passo a minha frente, embora tenha desviado o olhar para medir a distância entre Cait e Roger. Estávamos, alertados por nossos instintos, preparados para um suposto confronto. 
Por mais camuflados que fossem nossos movimentos, Roger estreitou brevemente os olhos. Havia percebido nossa defensiva então. Ele flagrou minha análise de sua postura e recuou.
— Bom, tenham uma boa tarde. — Acenando, como se sua mão fosse uma bandeira branca da paz, afastou-se. Permanecemos alguns segundos observando as costas dele antes de nos movermos. 
— Acho que chega de parque por hoje. — Ryan anunciou com firmeza. Ele não falava muito a sério na maioria das vezes e dificilmente o víamos de mal humor — tinha até dificuldades em imaginar que outrora fora assassino também —, contudo, seus momentos de exceção passavam tanta autoridade quanto Justin.   
A adrenalina estava baixando no meu sangue, substituída por irritação. Peguei firme nas mãos de Jazzy de Jaxon, agachei-me para ficar na altura dos dois e sibilei: 
— O que vocês estavam pensando, hein? Queriam me matar do coração?
A situação me dava uma estranha sensação de dejavú. Paralelamente, me vi no lugar de Jazzy e Caleb no rosto de Jaxon enquanto Eleanor ministrava mais uma de suas broncas por brincarmos de esconde-esconde nas araras das lojas e quase enfartarmos ela e Fle.
Jaxon não hesitou em apontar o dedo indignado para Jazmyn.
— Foi ela. Eu tava aqui quieto. 
Jazzy olhou feio para o irmão dedo duro e mordeu a boca, esperando minha bronca. 
— Pelo amor de Deus, o mundo é perigoso! Não sumam da minha vista NUNCA mais! — Fitei os dois para evitar também problemas futuros de Jaxon que parecia revoltando por estar recebendo bronca 'desmerecida' — E eu vou contar para o Justin. 
Qualquer coisa que eu dissesse não poderia ter o efeito que aquela frase tinha. Os olhos arregalados de horror quase saltaram no meu colo e eles despejaram lamúrias, pedidos de misericórdia e argumentações para que eu não o fizesse. Jaxon usou mais o ponto de que não tinha nada a ver com aquilo, para que eu citasse apenas o nome de Jazzy. 
E esse drama durou todo o caminho da volta. O que eu podia dizer? Ele tinha o efeito de linha dura em todas as criaturas, e eu ficava contente por ter essa arma na manga. Por outro lado, tirando a parte da repreensão educativa, Justin de fato deveria ser informado do ocorrido, especialmente sobre a figura do 'salvador' de Jazzy. Ele tinha a habilidade de farejar os problemas. Só era melhor dizê-lo pessoalmente. 
Chegando em casa, as crianças estavam um pouco chateadas com todo o ocorrido e se fecharam em seus quartos, enquanto eu resolvi me entreter com a faculdade. As provas iniciariam dali a três ou quatro semanas e eu precisava começar o estudo o mais perto possível das datas, já que meu cérebro tinha mais facilidade em apreender o conteúdo e reproduzi-lo no papel com essa estratégia. Eu já havia feito o teste, começara a estudar duas semanas antes para uma prova e três dias para a outra. A nota maior vinha com os estudos 'tardios'. Assim, só me restava o trabalho de Psicopatologia.
Suspirei, Justin seria o candidato perfeito, mas ele cortaria minha cabeça fora se eu pedisse de novo. O outro nome veio em mente quando Caitlin empurrou Ryan do sofá, rindo de algo que ele lhe dissera. 
— Você é louco!
— Louco! — repeti, boquiaberta — Ryan! É você! 
O jeito que os dois me olharam deixava claro quem passava a imagem de insanidade naquele momento.
— Eu tenho um trabalho de faculdade para fazer e ser apresentado essa semana com minha dupla. Temos que estudar estados psíquicos de um indivíduo relacionados ao sofrimento mental. O intuito é identificar alguma possível doença psíquica. Você aceita ser nosso entrevistado? — Juntei as mãos, implorando — Suas respostas serão divulgadas, obviamente, mas manteremos sigilo quanto à sua identificação.
— Ou seja, um teste para saber se meus miolos estão nos devidos lugares? — Perguntou, o cenho franzido.
— Pode-se dizer que sim. — Assenti, receosa, não cogitei muito bem a possibilidade dele se ofender como Justin, então só poderia torcer.
Para o meu alívio, Ryan concordou com a cabeça de modo enfático, empolgado até demais.
— Eu super topo. — Cruzou as pernas e colocou a mão no joelho — Pode começar.
Dei um gritinho animado e subi depressa para buscar meu notebook. Liguei para Ava em chamada de vídeo, anunciando de pronto que tínhamos nosso paciente bem colaborativo pronto para um exame clínico amador.
— Ah! Graças! — Jogou a mão livre para o alto e apressou-se pelos cômodos de sua casa para chegar ao quarto — Só vou ligar meu notebook para conferir as perguntas certinho.
Garanti que Ryan estivesse acomodado em um dos sofás da sala, cercado de almofadas, sentei-me em um que se posicionava de frente a ele e pedi, com gentileza, que Caitlin se retirasse, para não termos qualquer tipo de distração. Ela não resmungou e informou que daria uma olhada nas crianças.
Introduzi os cumprimentos entre Ava e Ryan, que se conheciam vagamente através de mim, e iniciamos a sessão.
Ava tinha uma voz mais calma do que a minha, monótona e tranquilizadora, então pedi que fizesse as perguntas enquanto eu anotava as respostas em um documento de Word. Ryan se comportou muito bem, respondendo a tudo com naturalidade, parava somente para refletir em alguns dos questionamentos, mas é claro, sem deixar de fazer suas piadas características. No meio do exame, a chuva começou a correr fina lá fora, as janelas ficaram marcadas de gotas incapazes de escorrer, o que deixou o mundo lá fora mais distante, visto através de uma distorção embaçada. E o melhor de tudo era o cheiro de terra molhada, um calmante natural bem vindo.
— É isso. — Ava concluiu, amarrando mais uma vez seu cabelo teimoso num coque desleixado — Agradecemos pela sua colaboração, Ryan. Eu estava achando que teríamos que fazer entre nós duas mesmo. — Mesmo através do som computadorizado da sua voz, era possível reconhecer o alívio genuíno.
Outrora relaxado nas almofadas, Ryan ajeitou os ombros, desencostando do sofá juntou as mãos.
— Não há de quê. Eu gosto mesmo de responder testes. E qual é meu resultado? Psicopata? Esquizofrênico? — A animação — visível em sua expressão — em receber o diagnóstico de patologias terríveis deixou Ava ligeiramente assustada. Ela correu os olhos entre nós dois.
— Então, nós vamos analisar suas respostas juntas e depois te passo o resultado. — Eu disse e levantei um dedo de alerta — Lembrando que não é um exame clínico completo, precisaríamos de exames físicos também, é uma suposição, probabilidades, e ainda não somos profissionais.
— Tudo bem. Eu vou procurar Caitlin para ir embora. — Levantou-se — Tchau, Ava, foi um prazer. — Sorriu, expondo todos os dentes, e lhe direcionou o breve aceno.
Ryan piscou para mim antes de sair da sala. Sentindo-se desinibida por fim, Ava arqueou a sobrancelha ao me olhar, em busca de explicações para nosso paciente peculiar. Em silêncio, ela dizia "Onde você arrumou esse doido?!". Eu ri e dei de ombros.
— Pelo que me lembro das aulas e das respostas obtidas, o resultado dele não vai ser muito diferente da minha impressão. — Inclinou a cabeça e seu coque se soltou outra vez.
Eu não ficaria surpresa se Ryan apresentasse transtornos mentais, também não me esquecera do Sr. Wright lecionando sobre as possíveis causas de tais doenças, e ele foi enfático sobre a incidência de fatores ambientais. Para descrever o mínimo, Ryan apontara seu lar como "violento", mencionou o falecimento da mãe e sua fuga por não suportar o pai bêbado, e então editou a história, contando que passou a viver de "bicos". Eu sabia muito bem que bicos eram esses. Não fora um meio de crescimento saudável, diga-se de passagem.
— Está aí uma área que não planejo seguir, Psiquiatria não é meu forte. — Ava comentou. Pelas suas reações às aulas, eu sabia muito bem que aquilo se devia em parte por medo de algumas das doenças e suas consequências.
— Eu acho interessante, mas também não gostaria de seguir. Talvez eu queira ser cirurgiã. Não decidi ainda.
Ela bateu o dedo no queixo, pensando.
— Hmmm... Pediatra é uma boa, também. Ah! Veja, acho que temos um resultado preliminar. — Apontou um dedo para a câmera do celular — Transtorno bipolar com ansiedade. — Abriu as mãos, como se fosse fazer uma reverência — Eu disse.
Imaginei quais seriam os resultados de Justin se ele tivesse topado e o que Ryan faria quando soubesse dos seus. Provavelmente nada, apenas faria algumas piadas e seguiria a vida tranquilamente.
Eu e Ava gastamos um pouco mais de tempo para planejarmos a apresentação, então só fiquei livre no fim da tarde. Não que eu pudesse reclamar, a praticidade fornecida pela tecnologia me deixara fazer o trabalho jogada no sofá, com uma cozinha logo ao lado para pegar alguns petiscos quando sentia fome e desfrutar da liberdade que meu próprio lar naturalmente trazia.
Meu próprio lar no sentido figurado, embora a família de Justin me tratasse como se eu fosse de fato da família, no fundo me sentia um pouco deslocada. Eu queria meu próprio lugar, mas não poderia deixar Jazzy e Jaxon para trás, nem tirá-los dali. Um belo dilema.
Levantei-me e me espreguicei, um osso da lombar estalou. Reparar naquele som só podia significar que o ambiente estava quieto demais, o que era bastante incomum para uma casa com crianças. Jazzy e Jaxon ainda estavam aborrecidos? Caitlin não me adiantou nada antes de partir, portanto, dirigi-me ao quarto deles, parando primeiro na porta de Jaxon. Em pé, na frente da TV, inclinava o corpo com um controle em mãos, como se pudesse controlar o carro de corrida com algum movimento que não os botões.
— VãããÃannnnnn Ãannnnnn Ãannnnnnnn — murmurava numa tentativa de reproduzir o som do veículo.
— Tudo bem por aí? Está com fome? — Perguntei, achando graça.
— Toma essa! — Empolgou-se ao esbarrar no carro no da frente — Eu quero salgadinho, mamãe! — Informou-me sem desviar os olhos da tela.
— Hmm... Está quase na hora do jantar, mas acho que posso trazer um pouco.
— ISSO! — Deu um pulinho, imerso no jogo.
Jaxon era viciado em jogos, portanto, limitávamos seus horários de vídeo-game no meio da semana ou ele só viveria para aquilo. Segui para o quarto de Jazmyn, encontrando-a praticamente desmaiada em sua cama, o tablet ainda em sua mão descasava ao lado do corpinho em repouso, esperei seu peitoral subir duas vezes para garantir que respirava regularmente antes de sair. Eu mesma me sentia tentada a dormir um pouco, mas esperaria por Justin.
"Já está vindo?" lhe mandei uma mensagem antes de entrar no banho, sentindo aquela ansiedade irritante que me acometia quando não tinha notícias dele por um tempo. Eu estava melhorando, no início mal conseguia me concentrar em alguma coisa se não soubesse que ele estava bem. Justin era muito bom no que fazia, mas não era imortal.
Por isso, passei a noite em surtos leves e esporádicos, aquele miserável parecera ter esquecido mais uma vez que prometera vir ao jantar e nem ao menos mandara uma mensagem. Eu tinha receio de ligar e acabar causando algum problema de concentração ou denunciar seu esconderijo se estivesse camuflado por aí, mas nove e meia da noite foi meu limite.
 — Perdão, Faith. — Dissera com a voz rouca pelo desuso. Estava dormindo?! — Nos vemos amanhã.
Respirei fundo para não exagerar em minha reação. Talvez eu estivesse muito obcecada e o estivesse sufocando. Justin deixara claro que não estávamos em crise, não? Eu precisava pisar no freio ou ele sairia correndo. Pensei em pedir um direcionamento à Hanna, ela era a rainha do desapego — pelo menos antes —, saberia o que fazer. Contudo, depois das nossas últimas conversas, eu não queria preocupá-la. Então.... O que ela faria nessa situação?


— Eu não o convidei. — Repeti para Lucas quando Ava e Ethan foram ao balcão pedir mais chocolate quente. Foi uma grande coincidência encontrar Ethan na mesma hora e cafeteria que eu marcara com Lucas e Ava naquela tarde. Não pude simplesmente mandá-lo embora quando os dois chegaram juntos. O brilho nos olhos de Lucas ao perceber Ethan sentado ao meu lado diminuiu gradativamente, e embora não me culpasse em voz alta, eu sentia seus olhares acusadores.
Ele passou a mão mais uma vez em seus cabelos encaracolados castanhos e curtos.
— Sim, eu acredito que não. — Ethan empurrou o ombro de Ava com o seu, direcionando-lhe seu melhor sorriso sedutor enquanto dizia alguma coisa que ela achou muito engraçado. Lucas estava com a mão fechada em punho e eu vi uma veia saltar naquele momento — Mas também não fez nada para impedir.
— E o que eu deveria fazer? — Mordi a boca, nervosa com aquele triângulo amoroso. Eu os convidara para sair comigo depois do almoço a fim de distrair minha mente, não me envolver em mais drama além do meu — Você é quem deveria fazer alguma coisa, eu já disse. — Escondi meu rosto na xícara quente, prevendo toda a reprovação facial que eu receberia.
 Claro, até porque ela parece estar super receptiva a uma declaração minha. — Ironizou — Qualquer um pode ver que Ava está apaixonada por Ethan.
Engoli o líquido quente e doce, mas havia certa amargura na ponta da minha língua. Lucas desviara a atenção para a própria mão em cima da mesa, girando um polegar em volta do outro, uma expressão de cachorro abandonado murchava suas bochechas. Ava, por outro lado, parecia radiante, as bochechas altas e coradas de tantos risos. A felicidade de um dos meus amigos deprimia o outro. E eu não sabia o que fazer.
— Não é o fim, Lucas, eles não estão juntos. Talvez ela possa estar um pouco encantada por ele, mas ela também gosta de você.
Ele franziu o cenho.
— Mas não está apaixonada por mim, e sim por ele.
— E isso pode mudar. — Insisti. Só depois pensei que dar esperanças podia não ser a melhor abordagem no momento.
Lucas bufou baixinho, fitando-me com incredulidade.
— Deve ser bom ter um sentimento recíproco.
Quase ri do seu olhar subestimando minha trajetória romântica. Se ele soubesse tudo o que eu passara com Justin, choraria comigo. Eu tinha que admitir, no entanto, que estava certo sobre a reciprocidade. Não conseguia nem imaginar como me sentiria se Justin parasse de me amar. Cogitar aquilo me deu uma falta de ar repentina.
— Ethan teve uma ideia. — Ava disse, a voz quase tilintando de alegria.
Eles se sentaram na cadeira um ao lado do outro numa sincronia palpável, entreolharam-se em camaradagem. Evitei olhar para Lucas.
— Não nos deixem no suspense. — Pedi, forçando um sorriso.
— Tem um filme em cartaz, chama A Freira, não sei se já ouviram falar dele. Poderíamos assistir juntos agora. Faith, você pode chamar seu namorado, e se você também quiser chamar alguém, Lucas... — Ethan foi o portador das boas novas.
Todos percebemos o plano de casal em que Ava claramente seria seu par. Disfarçadamente arregalei os olhos para minha amiga. Ela não tinha como negar o interesse dele agora. Ava tomava o chocolate quente, estrategicamente sem olhar para ninguém, mas eu via seu rosto ficar mais vermelho e não era apenas pela bebida. Já Lucas fechou a cara. Achei melhor eu me manifestar primeiro.
— Eu... hm, meu namorado está ocupado no momento. — Não era mentira. Justin também tinha compromissos durante aquele dia, dissera, com mais uma promessa de que nos veria no jantar. Era o motivo pelo qual eu estava no fogo cruzado, para começo de conversa.
— E eu não tenho alguém em especial que queira chamar. — Lucas disse um pouco sério demais.
— Bem, Ava já aceitou ir comigo, se vocês não quiserem ir junto, tudo bem....
Ava engasgou com o chocolate quente. Apressei-me em bater nas suas costas.
— Ah, não! Eu e Faith queremos ir sim. Quatro amigos — distorceu a palavra — juntos é o bastante.
Mordi a boca para conter a risada. Muito bem, Ava, arrasando corações.
— Ótimo.
— Ótimo.
Cutuquei o pé de Ava com o meu, queria que tivéssemos o poder de telepatia. Como ainda não era possível...
— Bem, eu e Ava vamos no meu carro e Lucas pode levar o Ethan. Você está a pé, não é Ethan?
Recebi um par de olhos furiosos e outro descontente, mas nenhum dos dois foi capaz de protestar em voz alta, então guinchei Ava até meu carro e, de portas fechadas, gargalhei.
— Você vai negar agora?
Ela estava com as duas mãos na boca, perplexa.
— Não é possível, Faith.
— Sim, Ava, Ethan está muito na sua. Eu te disse!
Ava riu com histeria.
— Isso é inacreditável. Não faz sentido.
— Faz sim, ele sempre te deu umas olhadas e hoje está tendo a oportunidade de investir mais a fundo.
— Meu Deus.... Lucas não gostou muito da ideia né? Eu não sei por que ele tem essa birra com o Ethan.
Eu nunca conhecera alguém tão cego como Ava, mas Lucas já me fizera prometer que nunca lhe contaria nada. Revelar seus sentimentos era direito personalíssimo. Limitei-me a suspirar.
— Acho que ele pensa que Ethan não é um bom partido pra você. — Dei seta e virei à esquerda, seguindo o carro de Lucas. O clima ali dentro deveria estar maravilhoso.
— Ele não se deu a oportunidade de conhecer o Ethan. E, bom, se você estiver certa, ele vai ser obrigado a conviver com isso. — Eu nem precisava olhar para saber que sorria.
Seria uma sessão e tanto.
 A ordem que sentamos nas poltronas foi óbvia: eu, Lucas, Ava e Ethan. Existe a famigerada vela, e aquilo ali podia ser considerado como um incêndio que eu precisaria apagar, dependendo do tipo de fogo. Apesar de ser um filme de terror, Ava dava risadinhas praticamente o tempo todo e a voz grave e constante de Ethan indicava que ele era o causador delas. Esperei que Lucas fizesse alguma coisa, mas ele só ficou sentado ali, como se esperasse o pior acontecer. Eu não achava que Ava beijaria Ethan ao nosso lado, e se fosse apenas por ela talvez eu estivesse certa. Só não poderia dizer o mesmo de Ethan e suas investidas. Lucas e eu estávamos evidentemente sobrando.
Não me surpreendi quando ele levantou no meio do filme para sair da sala. Sem pensar duas vezes, eu saí atrás.
— Lucas! — chameio-o, passando pela porta vai-e-vem.
Com as mãos no bolso da calça, seguiu andando rápido, a cabeça baixa. Apressei-me e puxei o braço dele quando o alcancei. Esperei até que desabafasse sozinho, eu não tinha ideia do que dizer. "Há mais peixes no mar"? "Você merece mais"? "Ela não é a pessoa certa"?
— Sabe o que não é justo? Eu sei que ele só quer usar ela como uma satisfação momentânea. — disse, irritado. — E você acha que ela liga?! Quantas vezes eu já avisei que ele não era digno da atenção dela? Talvez eles se mereçam mesmo.
Pensei em partir em defesa dela. Ou de Ethan. Dos dois. E então percebi que eu não tinha nada útil a dizer e puxei-o para um abraço.
— Vai ficar tudo bem.
Senti seu coração batendo forte contra minha bochecha, e imaginei que podia ouvi-lo se rachando em pedacinhos, o que fragmentou o meu. Lhe dei o tempo que achei necessário, esperando que o contato físico pudesse ajudar a impedir que quebrasse de uma vez, se mantivesse intacto, ou pelo menos inteiro, mesmo rachado. Então quando me afastei senti, antes de ver, olhos me encarando. No fim do corredor, Justin estava paralisado como uma pedra monumental. 

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