Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

One Time 3


— Talvez eu tenha me enganado — respondeu algumas curvas depois, relaxando consideravelmente a postura, embora mantivesse um pouco da tensão nas linhas do rosto.

Soltei o ar e percebi que mal respirava durante aquele tempo. Coloquei a mão no peito, sentindo minhas batidas cardíacas regulares, como se precisasse de uma prova de que ainda vivia. Acalmei meus pensamentos que viajaram quilômetros de ideias catastróficas e tive a certeza de que eu não aguentaria passar por aquilo de novo. Sentia-me envelhecida em 100 anos desde o primeiro pico de adrenalina — vulgo experiência de quase morte — que passei dois anos atrás no incêndio em meu quarto, e desde então fora um evento pior do que o outro. Não tinha condições de viver aquele tipo de estresse outra vez.

— Eu não sei como você consegue viver assim.

Justin estreitou os olhos para mim.

— O que quer dizer?
— Sua vida toda se resumiu em perseguir e ser perseguido, viver em perigo e ser o perigo...
Ele de uma risadinha e passou a mão no cabelo arrumado em um topete. Eu já o vira de cabelo longo, praticamente careca e de topete, e podia afirmar com absoluta certeza de que aquele homem ficava espetacular de todo jeito, uma estátua grega ambulante.
— Bem, eu não consigo imaginar como é uma vida diferente dessa, fui criado dessa maneira. Pense numa selva, a cadeia alimentar, alguns animais estão sempre ameaçados, ratos, coelhos, esquilos... E outros possuem uma hierarquia superior, a natureza é assim e tenho quase certeza de que eles não lamentam isso. Aliás... — deu-me uma olhadinha divertida — destaquemos o leão. Você acha que ele se sente mais ameaçado ou a própria ameaça?
Franzi o cenho, confusa.
— Ameaça.
O sorriso prepotente cresceu em seu rosto. Justin direcionou-me uma piscadela.
— Eu sou o leão, Faith — murmurou, engrossando a voz.
Eu ri alto, embora reconhecesse sua superioridade genuína nesses aspectos.
— De fato — ele parecia satisfeito por me fazer rir — fui treinado para ser o caçador e a provocar temor em quem ousasse me caçar, então dificilmente me sinto intimidado, ameaçado. Sempre portei a segurança do rei da selva — acompanhou-me no risinho — e você sabe que o que mudou isso, o que me dá um pavor nauseante ... — a claridade do dia reluziu em seus olhos castanho claros e sérios, momentaneamente fixados em mim — é você.
Senti-me constrangida de repente e olhei minhas mãos no colo como se algo interessante acontecesse ali. Meu peito queimou de carinho e dividiu o calor com as minhas bochechas.
— Mas eu sou o rato, não há o que temer — brinquei, sem jeito.
Ele riu da piada, aquele som descontraído que muito se assemelhava ao de um bebê.
— Você é a minha lobinha — esticou a mão, acariciando minha bochecha — Feroz e espetacular.
Beijei seus dedos, lisonjeada com o elogio.
Não havíamos desviado consideravelmente da rota, portanto, não demoramos a chegar. Foi Jazzy quem abriu a porta antes que colocássemos a mão no trinco, notara nossa chegada pelo ruído do carro, supus. Ela pulou diretamente para os braços de Justin.
Jazzy e Jaxon são os irmãos mais novos — por parte de pai — de Justin, que ele resgatara de um orfanado vigiado pela Companhia Bieber, e por um tempo — duas semanas — os dois pensaram que eu e Justin éramos seus pais adotivos. Eu me lembrava do dia em que abrimos a verdade. Para amaciar a carne, saímos apenas os quatro para um parque, enchemos aquelas barriguinhas de todos os seus desejos e soltamos o verbo com muito cuidado numa sorveteria.
— Vocês não têm dúvidas do quanto somos gratos por vocês, certo? — Eles assentiram, muito contentes lambendo seus sorvetes que começavam a escorrer entre os dedos. Senti um cutucão na canela, identificando o pé de Justin a chamar minha atenção. Seu jeito de me olhar era um expresso pedido de ajuda. Fiz uma careta como resposta, não queria ser porta voz das más notícias. Justin arqueou a sobrancelha, me motivando.
Soltei um suspiro e pigarreei.
— Vocês são umas das melhores coisas que nos acontecerem, e sempre vão ser nossa família. Isso é uma honra. — Tentei demonstrar em minha voz toda a sinceridade do que dizia. Eu não estava fingindo, sempre nutri muito carinho pelos dois, e ultimamente estávamos cada vez mais próximos. Sem mencionar que me davam uma versão antecipada gratuita da maternidade.
Os dois sorriram, e Jazzy, um pouco mais atenta ao mundo ao redor do seu sorvete olhou-me.
— A gente também tá feliz. Eu até tô gostando do Jax como irmão — seu tom de voz deixou claro que aquela última parte a deixava perplexa. Jaxon fez uma cara de convencido — E gosto bastante do meu novo nome, é igual da princesa da Disney.
Eu e Justin trocamos um olhar terno, um pouco mais nervoso do que deveria transparecer. Ele assentiu para mim, incentivando-me a continuar. Meus ombros caíram um pouco.
— Bom, sim, que bom Jazzy. Não duvidem que amamos muito essa oportunidade de sermos pais de vocês. Mas, precisamos conversar sobre uma coisa meio... séria.
Dois olhinhos desconfiados fitaram-me. Parei de respirar. Eu queria chacoalhar os ombros de Justin, gritar que eu havia dito que mentir era uma péssima ideia. Para minha surpresa, o rosto de Jazzy corou e suas íris claras ficaram úmidas.
— Vocês... — sua voz estava embargada e ela engoliu — não querem mais a gente? — Jaxon olhou pra ela e em seguida para nós dois, arregalando os olhos de susto com a suposição.
Meu coração terminou de partir quando uma lágrima pequena rolou no rostinho de porcelana de Jazzy. Chocados com a sugestão, Justin e eu demoramos a reagir, mas naquele momento limpei o rastro de umidade enquanto me apressava para negar.
— Não! Nem digam uma coisa dessas! Claro que queremos vocês!
Eles não pareceram convencidos. Jazzy abandonou o restante do sorvete no pote à sua frente e Jaxon se esquecera do seu que derretia na mão.
Afastei minha cadeira e estendi os braços para Jazzy, chamando-a para se sentar em meu colo. Olhei de esguelha para que Justin me imitasse com Jaxon, e ele o fez. Acariciei os cabelos lisos de Jazzy e voltei meus joelhos para Justin, para que ficássemos todos bem próximos.
— Não seríamos loucos de abandonar vocês. Vocês são um grande presente. A questão toda é... formalidade.
— Formalidade? — Jax repetiu, confuso.
Seja clara, Faith, você está falando com crianças.
Olhei para Justin, pedindo uma mãozinha. Vi quando ele jogou a toalha.
— Na verdade, não adotamos vocês. Vocês dois são meus irmãos. Temos o mesmo pai. Somos uma família de sangue mesmo. Eu só falei sobre a adoção para que viessem comigo.
— Irmãos?! — Eles grasnaram juntos, com toda aquela expressão pronunciada de crianças confusas.
— Sim. Descobri recentemente sobre vocês. Nosso pai não está mais vivo. Então na verdade não preciso adotar vocês, porque já sou responsável por vocês, entendem? — Ele me direcionou um sorrisinho — A Faith não é parente de sangue de nós três, nem adotou vocês. Mas, como minha namorada, isso a torna cunhada de vocês.
O momento todo era muito importante por si só, e eu ainda arrumei tempo para me sentir tolamente feliz com o "minha namorada", embora incerta do modo direto com que ele dava as notícias.
Eles pareceram pensar, entreolharam-se, e nos fitaram desconfiados.
— Então não vão devolver a gente? — Jazzy quis confirmar.
Eu quase ri de nervoso.
— Claro que não.
— E também não são nossos pais? — Jaxon perguntou.
— Infelizmente não, querido — acariciei o braço dele. Justin estava ocupado limpando a sujeira que Jax fizera com o sorvete.
— Você é nosso irmão? E a gente é irmão de verdade? — Jazzy apontou entre ela e Jaxon, estranhando.
— Isso.
— E a Faith é a nossa conhada?
— Cunhada — corrigi, sorrindo ansiosa.
— E cadê a nossa mãe? — Jazzy perguntou, um pontinho de esperança surgindo desconfiado em seus traços.
— Ela... Hm... — Olhei para Justin, revendo a cena de Erin enforcada em sua casa, seus apelos por ajuda feitos no dia anterior da sua morte ainda ecoavam em meus ouvidos. Retorceu meu estômago.
— Ela faleceu também. Patricia é a minha mãe, mas não me importo de dividi-la com vocês.
— Mas vocês não podem continuar sendo nossos pais?
E depois, foi um pouco mais tranquilo. Houveram muitas perguntas, como era de se esperar, inclusive algumas relacionadas a Jeremy que Justin não parecia muito confortável em responder. Jazzy e Jaxon queriam criar uma imagem heroica do pai, e nós bem sabíamos que não era a verdade. Surpreendi-me que Justin tentou ser o mais neutro possível, sem passar uma imagem ruim do pai, mas também sem dar asas às ilusões das crianças — que foram longe por si só. No fim eles definiram que continuariam nos chamando de pais, e não vimos problemas em permitir.
— Sim! E a mamãe pintou um quadro meu também! — Jaxon estava puxando o braço de Justin para o quarto dele enquanto saltitavam informando as notícias semanais.
Jaxon havia clamado insistentemente que eu o pintasse como o homem aranha, e quando consegui um tempo livre entre minha rotina de estudos, foi o que fiz. Eu dei o meu melhor, mesmo tendo noção de que, por sua idade, ele não ligaria muito para detalhes e técnicas. Mas para uma pintora, ainda que não mais profissional, o trabalho era coisa séria.
Por outro lado, Jaxon fora bem claro ao pedir que estivesse posicionado em um prédio mais alto que os outros para que pudesse "vigiar a cidade" e com a máscara na mão, para que seu rosto estivesse visível no desenho, alegando ser óbvio que daquela altura o herói não corria riscos de ser visto por curiosos.
— Legal, né?! — Ele saltou como se jogasse teia no ar pelo pulso, emitindo um som sibilante pelos lábios para enfatizar o lançamento — Meus amigos qué muito vir aqui pra ver o quadro. E já qué que mamãe pinte um deles também. Mas eu já disse que se eu deixar, vai ter que dar dinheiro.
Eu dei uma risadinha da empolgação dele, sem deixar de me sentir com o ego amaciado por sua admiração. Justin, entretanto, parecia alheio à diversão, analisando o quadro minuciosamente, com olhos críticos e distantes. Isso me deixou um pouquinho nervosa. Toquei o braço dele para chamá-lo de volta ao presente e recebi seu sorriso vago quase um minuto depois, sem dar muita atenção ao questionamento que meu rosto lhe fazia.
— Hm, então se divertiram essa semana com a Faith, sim? — Eles assentiram, com pulinhos empolgados. Justin direcionou o olhar a mim, um pouco mais sério através da descontração — E você, se divertiu? Conseguiu estudar?
— Ah, sim. Foi uma boa semana, não é meninos?
— E a tia Caitlin me trouxe um vestido cheio de brilhos! Ela disse que eu também posso ser modelo como ela se eu quiser e que vai me levar no desfile da semana que vem! — Jazzy colocou a mão na cintura, como se já estreasse em uma passarela.
— Verdade? — O leve interesse não camuflou sua reprovação para mim. Jazzy desfilando numa passarela, inclusive na frente de homens, e talvez com poucas roupas algumas vezes, não era uma opção que ele gostaria. Dei de ombros. — Podemos almoçar agora então?
— SIM!
Eu me perguntava todos os dias como as crianças poderiam ser tão animadas o tempo inteiro a ponto de que quando estavam muito quietas eu suspeitava que havia algo errado. Chegamos no restaurante de Pattie em questão de minutos, Diane já estava lá ajudando na cozinha e eu me deleitei com a cena das duas abraçando Justin com nada mais do que um amor palpável familiar. Antes, Justin era rondado exclusivamente por violência, manipulação, hipocrisia e crueldade, era indescritível a sensação de vê-lo ser acolhido no mundo por algo além de interesse.
Fomos expulsos da cozinha para desfrutar o cardápio do dia juntamente com as crianças e Ryan e Caitlin que chegaram logo depois. Escolhemos uma mesa perto da janela grande de vidro, próximos à saída da cozinha. O restaurante era de um todo muito sofisticado e delicado, a cara de Patricia Malette. Justin escolhera um bom decorador, e ele não errara na mão.  As cores frias traziam um relaxamento ideal para o ambiente, ostentando um piso de porcelanato sempre reluzente. Mesas quadradas forradas com toalhas brancas e cadeiras de madeira escura cujo design me lembrava muito de uma cadeira de balanço. Lustres elegantes de cristais pendiam do teto e algumas plantas foram espalhadas aqui e ali em alguns vasos grandes no intuito de invocar a sensação de lar. Muito iluminado também, com janelas compridas e simples em quase toda a parede.
— Vocês ouviram isso?! V-I-C-T-O-R-I-A S-E-C-R-E-T-S! — Cait soletrou, empolgada com a notícia. Ao que parece, um funcionário — cujo qual eu não lembrava a função — da empresa viria para o desfile da próxima semana e talvez, se gostasse do que visse, entrasse em contato com algumas das meninas.
— Você sem dúvida deve ser uma das escolhidas ou ele precisa de um oftalmologista urgentemente. — Eu disse, comendo uma batata da porção de poutine que havia pedido como minha refeição, mas já disputada pelos demais presentes na mesa, que intercalavam com seu próprio prato. Já era previsível, algo em batata frita a torna de pronto um prato público, a ser divido com todos.
— Sim, foi a mesma coisa que eu disse a ela — Ryan lhe deu uma cutucadinha no braço, jogando um combo de olhar e sorriso presunçoso.
Cait revirou os olhos, contudo, não parecia irritada, apenas muito modesta e lisonjeada com os elogios.
— Qualquer uma das meninas merece. São todas muito talentosas.
— E eu vou lá ver! Vou tirar muitas fotos, tia Cait! — Jazzy bateu palminhas, empolgada. Caitlin sorriu de modo amável, mandando um beijo para sua fã de carteirinha.
Justin franziu levemente o cenho, com certeza lembrando-se dos planos de Jazzy para o futuro. Ele havia acabado com sua salada e limpara a boca com o guardanapo muito educadamente. Eu me lembrava de ter comentado sobre as aulas de etiqueta que tivera com a Companhia Bieber, e ele não parecia se esquecer de nenhuma.
— Certo. Podem me dar licença? Eu preciso resolver umas coisas agora a tarde. — Disse, um pouco evasivo e então direcionou os olhos castanhos e atarefados a mim — À noite passo em casa para jantarmos juntos.
Jaxon e Jazzy iniciaram uma série de protestos enquanto eu revia em minha mente se ele havia comentado sobre isso comigo anteriormente. Não, com certeza não. Justin levantou-se da cadeira, informando que se despediria de sua família na cozinha primeiro. Demorei questão de milésimos para decidir que iria embora junto com ele e, como não poderia nem pensar em abandonar meu poutine para trás, o peguei para pedir à Pattie um embrulho.
— E você, aonde vai? — Perguntou quando chegamos à porta da cozinha.
— Junto com você resolver aquelas coisas. — Respondi simplesmente.
— Que coisas?
— Bom, isso é você quem tem que me dizer.
Justin comprimiu os lábios, expressando repreensão.
— Não são coisas que você pode se envolver, Faith, mas voltarei mais tarde, como disse. — Segurou minha mão, acariciando-a delicadamente.
— Vai trabalhar de novo? — Indignei-me.
— Ossos do ofício. — Piscou — Volte para a mesa e se divirta com Cait e Ryan, e veja se consegue colocar um pouco de juízo na cabeça de Jazzy. O tempo vai passar mais rápido do que imagina.
Respirei fundo e antes que pudesse protestar ele já entrara na cozinha. Caitlin identificou meu humor de pronto e Ryan fez questão de parecer distraído, cutucando Jaxon.
— Problemas no paraíso? — Fiz o mais parecido com um sorriso desanimado que eu podia e ela agarrou o braço de Ryan de modo protetor — Um dos maiores alívios da minha vida é Ryan ter se livrado desse mundo. — Estremeceu, relacionando a saída repentina de Justin com trabalho — Me compadeço com a sua dor.
Enfiei batatas na boca quase como um consolo, encarando a toalha branca. Eu queria poder fazer mais do que esperar que ele finalmente se livrasse de tudo aquilo, na realidade sentia que o perdia cada vez mais para aquele ofício sufocante e possessivo. Brigávamos por Justin como se fosse um cabo de guerra, e por enquanto os Cavanagh detinham muitas mais vitórias do que eu. Recebi um beijo rápido quando Justin passou de novo pela mesa em meio a um coro de "eeeeewww" das crianças.
— E ele está bem? — Cait perguntou, quando o alvo do assunto sumiu pela porta do restaurante. — Sei que toda essa questão deve ser bem estressante — ela se inclinou na mesa para mim, falando mais baixo — e a ausência de sucesso em você-sabe-o-que também, Justin nunca gostou de perder. Mas ultimamente ele parece meio distante.
— Eu acho que ele está bem normal. — Ryan se adiantou à minha resposta, parecendo sincero. Até demais, eu diria.
Dei de ombros.
— Acho que está. Ele diz que sim, pelo menos. Mas com certeza um pouco preocupado. — Olhei para os lados, perscrutando através do burburinho de pessoas à nossa volta, certificando-me de que ninguém ouvia.
Quando fez o trato com os Cavanagh, Justin garantiu segurança para sua família entre os termos, e embora mais intensa em nossa adaptação aqui, ele dizia que sempre havia alguém por perto para manter nosso bem estar. O problema era que não sabíamos muito bem quem, além de Justin que os reconhecia, justamente para não entregarmos esse favorecimento, segundo ele. A única coisa que eu sabia era que de tempos em tempos nosso guardião se alternava.
Eu suspeitava de que esse acordo trazia benefícios inclusive para eles, de forma que garantissem nossa lealdade. Se Justin fora capaz de trair a própria família, não havia muita garantia de que não repetiria o gesto com aqueles desconhecidos. Eles estavam mais certos do que pensavam em desconfiar.
Depois do almoço, Jazzy e Jaxon insistiram que fôssemos para o parque do outro lado da rua, e como estávamos sem planos, cedemos. Bruce preferiu ficar no restaurante com Diane e Pattie, e depois de muito elogiarmos a refeição, nos dirigimos ao centro da felicidade infantil e paz geral. Ocupando duas quadras inteiras o parque amplo ostentava árvores altas e cheias, uma trilha para passantes e até alguns brinquedos para crianças. Naquela época do ano, o frio era o clima dominante, ainda não nevara, o que não demoraria muito a acontecer nos próximos dias, mas a chuva e o vento já marcavam presença.
Para a sorte de Jax e Jazzy, naquele dia apenas ventava um pouco, balançando as árvores em união, embora a temperatura não passasse de uns quinze graus. Não planejávamos ficar muito tempo ali ao ar livre, apesar de vestir um casaco e duas calças jeans, a ponta do meu nariz congelaria logo, isso sem contar os pequenos, que na verdade pareciam não se importar com o frio, pulando de uma balança a outra com uma energia surpreendente. Sentamo-nos no banco de madeira pintado de verde, encostando nossos ombros para manter o calor entre nós enquanto os observávamos brincar.
Eu sempre tinha a mesma sensação quando estava em um parque como aquele, com árvores desafiadoras ao redor. Lembrava-me muito bem de escalar algumas com Caleb, e depois o contraste de ter contado aquela história à Justin quando nos conhecemos e nos propomos a mesma brincadeira. Via claramente o meu mau jeito para descer dos galhos que me emaranhava, uma caída desajeitada e ele me segurando em seus braços, com o rosto perto demais do meu derretendo os pedaços do meu coração que ainda não alcançara. Todas as nossas memórias eram guardadas com muito carinho no cantinho mais organizado e intacto da minha mente, e elas incrivelmente haviam alcançado ou se sobreposto às demais.
—.... e ele chegou e disse: senhor Butler, deveria se preocupar tanto com seu vocabulário como o faz com suas roupas. — Ryan imitou um colega de classe, desdenhando de seu tom de voz anasalado, de acordo com a interpretação. — Eu disse a ele que se se preocupasse mais com a própria vida a língua seria muito mais bem educada.
Caitlin soltou uma gargalhada genuína e eu não pude deixar de dar algumas risadinhas, embora pegasse o assunto pela metade.
— Você deveria parar de fazer inimigos pela sua turma, Ry, creio que já alcançou um bom número. Isso se não contarmos na faculdade inteira.
— Ele é afrontoso, não consegue se conter. — Eu disse, pensando em tantas oportunidades que poderia ter ficado quieto e preferira irritar Justin, uma criatura de pavio curto.
Jazmyn gritou em meio a risos, correndo atrás de Jaxon em volta do balanço agora abandonado.
— Cuidado! Vão tropeçar! — Avisei. Surtiria o mesmo efeito se repreendesse uma parede. Bem, eu definitivamente entendia o que Flê passara comigo e Caleb.
— Ela leva jeito, não acha, Ryan? — Caitlin se retraiu um pouco para o lado dele, olhando para mim especulativamente como se eu não estivesse bem ao seu lado. Parecia procurar me provocar.
— Ah, sim. Mamãe Faith. Eu sempre disse para o Justin que a maternidade lhe caía como uma luva. — Ele alisou o queixo, analisando meu rosto, como se fosse uma questão crucial — Mas acho que precisa de mais uns dois para ter certeza. Daqueles recém nascidos que berram a noite inteira e sugam seu seio até rachar. Jazmyn e Jaxon já estão numa idade mais fácil para o cuidado.
Involuntariamente meus seios se retraíram, apavorados com a ideia de sugadores ávidos rachando o bico. Caitlin sorriu, achando graça de alguma expressão que escapou em meu rosto.
— Não quer, Faith? Ter belos filhinhos louros de Justin? Ou moreninhos iguais você? Imagina que combinação perfeita? Seriam pestinhas muito bonitas com essa genética toda.
Realmente, imaginar rostinhos pequenos de narizes afunilados como o dele, as boquinhas em formato de coração e olhos cor de mel faziam meu útero vibrar. Eu não podia negar que sonhava em fundarmos nossa própria família, mas aquilo exigiria muito comprometimento e mais segurança. O jeito sugestivo que ambos me olhavam me deixou um pouco corada.
— Vocês são terríveis. — Fiz uma careta brincando e voltei a olhar na direção de Jazzy e Jaxon. Mas eles não estavam mais lá.
Olhei ao redor depressa, certa de que os veria no escorregador ou na casinha, e de fato Jaxon acabara de descer pelo escorregador. Investiguei mais um pouco dali e não consegui ver Jazzy, então levantei-me.
— Jaxon, cadê a Jazzy?
Ele levantou do chão e olhou ao seu redor rapidamente.
— Achei que ela tava atrás de mim. — Levantou as mãos, impotente.
Senti uma palpitação repentina e caminhei apressadamente até ele, colocando a mão em seu ombro.
— Vocês estavam brincando juntos aqui no escorregador agora?
Ele assentiu e ajudou a dar mais uma olhada a sua volta, confuso pelo sumiço da irmã. Entendi então as broncas —  que antes pareciam exageradas para mim — recebidas da minha mãe quando eu e Caleb nos distraíamos em nossas brincadeiras e nos afastávamos dela ou de Flê, desaparecendo por um momento que nos parecia breve. Só aquele segundo foi capaz de me encher de um pânico que amoleceu minhas pernas e direcionou todos os pensamentos a Jazmyn.
— Jazmyn! — Gritei, começando a andar em volta, agarrando o braço de Jaxon para levá-lo comigo.
Poucas pessoas estavam no parque devido ao frio, e as que eu podia ver estavam a uma boa distância caminhando.
— Aqui, Faith. — Ryan estendeu os braços para Jaxon a fim de cuidar dele, provavelmente eu andava um pouco rápido demais para suas pequenas perninhas. Ryan o pegou no colo e saiu a busca conosco.
Olhamos atrás das árvores, gritando o nome dela, saímos do caminho para passar entre elas.
— Jazmyn?! — Será que eu já poderia ligar para a polícia? Fazia o que, três minutos que estávamos à procura dela? Aonde ela teria se metido? E por que? E como poderia ter sumido assim tão rápido? Desviei meus olhos deles por questão de um minuto!
Justin me mataria. Eu mesma me mataria. E se alguém a tivesse sequestrado? O que fariam com ela? E se fosse a Companhia Bieber? George?
— Jazmyn? — Eu já estava sem ar.
Justin me mataria. Eu preferiria que me matasse se não a encontrasse. Onde estava o funcionário Cavanagh da vez quando se precisava dele?
— Jazzy?!
— Eu vou procurar mais na frente. — Caitlin anunciou, passou correndo ao meu lado, mas parou menos de três metros à frente, olhando entre as árvores. — Jazzy?
— Ah, então você a conhece? — Ouvi a voz masculina grave antes que ele entrasse em meu campo de visão. 

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