Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

sexta-feira, 3 de abril de 2020

One Time 2


 Ele bebericou o vinho, olhando para baixo.

— Várias reuniões, conversas cansativas, encontros indesejados... Nada de novo sob o sol — seu tom de voz descartava qualquer importância ao assunto.
Fiquei levemente irritada por tratar aquilo com indiferença.
— Hm. Para você é só mais uma semana de trabalho, né?
Ele percebeu o sarcasmo na minha voz e me olhou com cautela por cima da taça.
— Você sabe que é. E não há nada que eu possa fazer sobre — é a vida deles ou a minha, era o que ele deixava implícito.
— Não há?
Já fazia 17 meses que estávamos ali e ele me prometera que daria um jeito de sair do contrato, mas até aquele momento estávamos na estaca zero.
— Bom... — expirou — estou sondando alguns contatos, mas todos os temem demais para pensar em fazer algo contra eles. Você sabe que até os Biebers não ousam em enfrentá-los — sorriu um pouco com a ironia — Venho tentando consultá-los sobre a possibilidade de um destrato também, mas ao que parece vendi minha alma para o diabo, sem volta. Eles não vão me libertar tão fácil assim.
Senti um arrepio na espinha e o repreendi com os olhos pela escolha de palavras. Ele deu de ombros. Mastiguei meticulosamente o macarrão que havia colocado na boca.
— Está muito bom. Parabéns — elogiou.
Resmunguei qualquer coisa e permaneci em silêncio, pensando. Senti os olhos dele em mim, mas ignorei por um tempo. Até que ele pousasse a mão em cima da minha inerte na mesa, o que me incentivou a falar.
— A minha preocupação é que tenha se acomodado, de forma que não esteja tentando de verdade. Sei lá, pra você pode não fazer diferença mais — acovardei-me de olhar em seu rosto, falando acuada.
Justin levou as costas da minha mão aos lábios, então levantei os olhos para ver a doçura em seu rio cor de mel, embora algumas marcas de sua expressão demonstrassem um pouco de irritabilidade. Afinal, era uma pequena acusação que eu tinha feito.
— Faith, tenha certeza de que eu estou fazendo o meu melhor, tenho que tomar cuidado com as minhas ações porque tenho muito a perder agora. Meus avós, minha mãe, meu tio, meus irmãos e você. Eu não suportaria se alguma coisa acontecesse a vocês. Então claro que vou ser bem mais cuidadoso nas minhas ações.
Senti meu rosto se abrir num sorriso comovido.
— Eu me preocupo muito com você, sua vida e sobretudo sua alma.
— Vai ficar tudo bem. Prometo.
Mordi a língua para não retrucar, ele não podia prometer coisas que não estavam completamente ao seu alcance. Por outro lado, entendi sua intenção.
O jantar passou sem mais tensões, apenas aproveitamos a companhia um do outro, um bom vinho e a refeição. Justin cuidou das louças depois e me mandou selecionar um filme para assistirmos na TV. Zapeei pela Netflix, ficando emburrada com o catálogo como sempre. As locadoras ririam da sua dificuldade de atualizar os filmes e séries. Só quando Justin se sentava ao meu lado que achei alguma coisa no TOP 10, Partida fria, um filme que passava em meio as tensões entre os Estados Unidos e União Soviética.
— E então, o que temos aí?
— Um filme de ação, muitos socos, sangue, manipulação, do jeito que você gosta.
Não havia dito com aquele proposito, mas ficou um clima esquisito devido a minha escolha de palavras e a recente conversa na cozinha. Ninguém disse mais nada e eu dei o play no filme, contente em me aconchegar em seu peito desnudo. Sua pele estava quente contra a minha bochecha e se me concentrasse podia ouvir as batidas do seu coração. Sem conseguir me conter, dei um beijo ali, tendo em seguida a agradável visão de sua pele se arrepiando. Ele me abraçou mais forte, dando um beijo no topo da minha cabeça. Relaxei ali, no meu canto de paz.
Acordei algum tempo depois, confusa na escuridão. Tateei ao meu lado em busca do corpo sólido do Justin, mas só senti lençóis vazios. Lençóis? A última coisa da qual me lembrava era de estar recostada nele no sofá. Me sentei, coçando os olhos e piscando para me localizar. Quando pude distinguir alguns móveis, identifiquei que aquele era o quarto de Justin, e vagamente me recordei dele subir comigo escada acima no colo e meu protesto balbuciado de que queria ficar com ele. Provavelmente me colocou para dormir ao seu lado, o que explicava o sono profundo de algodões que acariciavam minha pele, cheirosos e macios.
Fiquei paralisada para verificar se ouvia algum som do banheiro — onde supunha que ele estava. E após algum tempo de silêncio, fiquei inquieta. Aquela casa era enorme e estava escura o bastante para que eu quase não enxergasse minhas próprias mãos. Eu já podia sentir olhos na sombra me encarando. Todo aquele tempo que passamos sem acidentes não foi possível para apagar as memórias traumatizantes que ficaram, e saber que não estava completamente acabado não me ajudava.
— Justin? — sussurrei.
Eu podia visualizar muito bem o espírito de Annelise me rondando no quarto. Meu coração começou a bater na boca, com um medo irracional ameaçando me paralisar. Sentei-me com cuidado antes que fosse tarde e me inclinei para o interruptor, acendendo a luz.
Depois de breves segundos ajustando meus olhos à claridade, vasculhei o quarto grande mobiliado com uma cama, divã, cômoda, frigobar, televisão, um canto para seu estudo peculiar — mesa, notebook e cadeira — e um quadro abstrato que ele me pedira para pintar de cores escuras — pares de olhos camuflados ali que encaravam como se observassem quem adentrasse o cômodo — pendurado na parede como o único objeto de enfeite.
— Eu quero ter algo seu aqui. Mas, com a minha profissão, não posso baixar a guarda nesses detalhes. Se alguém conseguir o feitio de entrar aqui, não pode sentir conforto admirando um quadro.
Perturbador, realmente, quase tanto como o Dark Inside, o quadro que ele comprou de mim na primeira vez que nos conhecemos. Conclui que eu tinha feito um bom trabalho, de fato, não consegui me sentir muito melhor depois de olhar para ele. Pulei da cama tentando ignorar a sensação de que mãos geladas agarrariam meus pés por baixo dela e bati na porta do banheiro.
— Justin? — Silêncio. Nenhuma luz escapava das frestas.
Respirei fundo para acalmar minha mente e coração, já imaginando várias situações desagradáveis, para dizer o mínimo. Depois de tudo que eu vivi, não precisava de muito para a adrenalina correr em meu sangue, sempre no modo de defesa. Ele podia muito bem estar apenas na cozinha arrumando algo para suprir sua fome de madrugada, mas só por garantia, peguei o taco de beisebol que ele guardava no closet.
Saí para o corredor escuro pisando delicadamente no chão, com ouvidos atentos. As portas dos três quartos restantes daquele andar estavam fechadas, sem luz escapando de dentro. O silêncio ainda reinava. Desci um lance de escadas, inconvenientemente me lembrando da noite em que Annelise nos confrontou no hotel em nossa primeira noite no Canadá. Com uma onda repentina de tristeza me lembrei de como aquilo acabou para Maya, a assistente de George que no fim mudara de lado e tinha uma boa chance de se tornar minha amiga de verdade. O suor começou a gotejar em minha testa e despertar coceira em minhas axilas.
Chegando ao segundo andar, eu podia identificar um leve ruído ao fundo, espantando um pouco do silêncio doloroso. Eu poderia imaginar que fossem ratos, embora aquela casa sempre estivesse limpa, se a luz não escapasse pelo vão da última porta. Um quarto de hóspedes. Não fazia sentido que Justin saísse no meio da noite e fosse para lá sozinho sem alguma motivação específica.
Eu estava a uns cinco passos da porta quando o ruído outrora constante cessou, A sensação de um animal ameaçado aumentou e eu soube que minha presença fora detectada. Paralisei e prendi a respiração, firmando a mão no taco e tentando me policiar para não olhar a escuridão atrás de mim.
A luz do quarto se apagou e meu coração parou de bater naquele momento, só para voltar o ritmo em uma velocidade maior audível. Pensei se deveria gritar o nome de Justin, se fosse ele, me responderia e acabaria o suspense, caso contrário, eu precisava de reforço mesmo. Enquanto decidia agucei meus ouvidos e no outro momento eu estava no chão. Emiti um grito espantado e um tremor percorreu meus membros.
O braço forte firmado contra o meu pescoço relaxou quando ele me identificou.
— Caramba, Faith, está tentando se suicidar chegando dessa forma?! — Justin disse ríspido.
Eu estava muito ocupada normalizando minha respiração e os batimentos cardíacos, conclui que minhas pernas estavam bambas demais para que eu me levantasse por alguns minutos.
— Ou tentando me matar mesmo com esse taco? — Ele abriu meus dedos duros em volta da madeira, tirando o objeto das minhas mãos.
— Meu Deus — respirei — O que... você... faz aqui?
— Bom, até onde eu saiba é minha casa — retrucou, ainda aborrecido.
Fuzilei-o com os olhos, mesmo que não pudesse me ver direito.
— É claro que é, eu... só estava dizendo...
— Que queria testar o taco na minha cabeça? Sinto informar que não sou tão cabeça dura assim.
— Eu deveria... já que você me deixou sozinha, numa casa escura... de forma suspeita. Depois quase me mata do coração — eu começava a me sentir mais mole conforme a adrenalina baixava.
— Não é suspeito sair da cama no meio da madrugada, Faith. Tenho certeza que várias pessoas fazem isso tranquilamente independentemente do propósito. — E ele ainda estava me repreendendo.
— O que você estava fazendo aí então? — Insisti.
Ele expirou ruidosamente e eu senti seu hálito em meu rosto, notando que ainda estava em cima de mim, sustentando o peso nos braços para não me esmagar. Essa posição despertou em meu corpo outro tipo de calafrio, apesar do meu descontentamento.
— Eu estava indo à cozinha, pensei ter ouvido um barulho aqui e vim verificar. Não era nada, mas acabei me distraindo escrevendo porque tive uma ideia de poesia. Contente?
— Depois do medo que passei só ficarei contente se ler para mim.
Naquele breu eu mal conseguia distinguir os traços do seu rosto, mas senti seu olhar de reprovação.
— Mulher, você ainda vai me levar a insanidade — mas a sua irritação havia diminuído um pouco, substituída por uma intensidade diferente. Pensei que ele também tomara percepção da nossa proximidade e meu coração voltou a bater um pouco mais rápido, por um motivo diferente agora. A mudança no ar era palpável.
Justin pincelou meu nariz com o seu e eu fiquei surpresa que ele soubesse onde estava até me lembrar que enxergar e se mover na escuridão era meio que o seu trabalho. Levei minhas mãos para cima, tateando e encontrei o contorno de seus braços. Ah, aqueles braços musculosos e eficientes. Segui um caminho para os seus ombros ainda nus e desci para a curva de suas costas, sentindo seus arrepios sob minhas mãos. Puxei-o para mim e recebi seus lábios macios e gentis de bom grado.
Minha queda levantara um pouco da minha camisa e agora a pele descoberta da barriga entrava em contato com o seu abdômen definido, compartilhando arrepios. Justin soltou um pouco mais do seu peso em mim quando levou a mão ao meu pescoço e a outra à minha cintura descoberta. Ele tomou espaço com sua língua dentro da minha boca, esfarelando meus ossos a cada volta. Afastei-me, mordiscando seu lábio, arquejando.
— Hmm... — murmurou, abaixando-se e distribuindo beijos molhados na minha barriga. Remexi-me de puro deleite e coloquei as mãos em seus cabelos, acariciando-os e o incentivando a continuar.
Ele subiu até minhas costelas, deixando uma mordida leve. Cravei as unhas em suas costas e num movimento rápido ele rolou e me puxou para cima, beijando-me com urgência. Desci as mãos para o seu peito, acariciando, me deliciando com sua forma definida. Movemos nossa boca em sintonia, encaixadas como se fossem feitas uma para a outra. Quando nos afastamos, beijei todo o seu rosto, partindo para o pescoço, peito e abdômen. Justin emitiu um ruído grave no fundo da garganta e minha temperatura corporal subiu como se eu estivesse caminhando sob um sol de 40° C. A umidade em nossa pele começava a emergir e se misturar.
— Ah, Faith — suspirou, travando meus movimentos num abraço quando subi para morder sua orelha —Você é extraordinária, quase irreal — sua mão descansou na base das minhas costas por baixo da camiseta.
A rouquidão em sua voz soprando em meus cabelos desceu um calafrio por minha espinha.
— Extraordinário é um homem como você dizendo isso de mim. — Franzi o cenho, mas mesmo assim me deleitei com as palavras, sentindo as bochechas corarem um pouco.
Ele acariciou meus cabelos.
— Certamente você não se vê direito.
Inclinei-me barra beijá-lo mais uma vez, inebriada com a sensação de que éramos praticamente um só, enlaçados até a alma.
— Deus, como eu amo você. — Sussurrei de repente, surpreendendo a mim mesma.
Seu suspiro tinha aquele quê de conforto.
— Meu coração é seu, Angel, para sempre.

Acordei plenamente satisfeita na manhã seguinte, deixando para trás qualquer resquício de aborrecimento e dúvidas quanto a receptividade de Justin à minha presença. Quando eu estava com ele ficava presa em uma névoa de satisfação indescritível, até nos momentos em que nos desentendíamos.
— Então você o confrontou, espero. — Hanna disse num tom autoritário, pintando suas unhas enquanto falava comigo por chamada de vídeo.
— Sim, eu fiz isso. — Olhei para os lados com discrição, mas Justin ainda não descera do quarto, e eu o esperava no sofá para que pudéssemos ir à casa de sua família — E tudo ficou bem claro. Eu realmente estava me sentindo meio insegura quanto... — falei mais baixo ainda — aos sentimentos dele, mas me parece que está tudo bem. Deve ser só isso, insegurança da minha parte, mesmo.
Ela sorriu de lado, o cenho franzido em concentração na difícil tarefa de não borrar seus dedos do pé.
— Menos mal então. Mas não deixe que ele se afogue em... trabalho e te deixe de lado. As coisas vão se perdendo assim. — Aconselhou. Ela também tinha dificuldades em aceitar o oficio dele, com total razão — Aliás... ele conseguiu... alguma coisa? — Parou para me olhar com curiosidade, quase esperançosa.
Suspirei.
— Ainda não. Esperança é a última que morre. 
Hanna se aproximou um pouco mais da tela para cochichar, séria.
— Faith, eu sei que você o ama, mas, por favor, pense bem no que você quer pra sua vida, nos seus valores, no que está disposta a abrir mão... Eu tenho a sensação de que você está em constante perigo. E tenho um medo absurdo de te perder, como se isso pudesse acontecer a qualquer momento. — Confessou, mordendo o lábio.
Hanna era minha melhor amiga da faculdade de Harvard, e agora apenas podíamos nos falar por equipamentos eletrônicos. Eu morei algum tempo em Minneapolis quando pensava que Justin estava morto — e só de pensar nisso me congelava a alma —, o que nos afastou um pouco naquela época  — eu realmente não era uma boa companhia para ninguém. Mas agora eu sentia sua falta como ninguém e quando ela me visitava sempre aquecia meu coração. Por isso, eu entendia sua preocupação, que não era completamente infundada.
— Han, isso não é exatamente culpa dele, você sabe. Ser uma Evans me trouxe muitos problemas e tudo isso veio como consequência. De qualquer forma, qualquer um de nós pode morrer a qualquer momento — brinquei, forçando um clima ameno.
Ela revirou os olhos.
— Só toma muito cuidado e pensa com carinho, tudo bem?
Não tinha muito o que pensar, mesmo se eu não o amasse, o arranjo que fizera era o único motivo da Companhia Bieber não ter acabado comigo, minha família e amigos. Com toda certeza eu estava na lista de inimigos deles por ter corrompido um dos seus melhores funcionários, indiretamente participado do incêndio na sede de Boston, corrompido a assistente do Poderoso Chefão, ajudado a surrupiar seus dois netos, acabado com a vida de outra funcionária  — mesmo que em legítima defesa  — e indiretamente me alistado à Companhia inimiga. Justin estava me protegendo, de todos os modos.
Mesmo assim, assenti para ela.
— Tudo bem, Han. E como estão as coisas com Caleb? — Seu relacionamento com meu irmão era provavelmente um dos mais longos que tivera e eu estava praticamente acostumada com eles. No fim, até que combinavam.
Hanna sorriu de orelha a orelha.
— Muito bem! Essa semana ele enviou flores na galeria... Todo lindo. — Sorriu, apaixonada.
Hanna havia aberto sua própria galeria de artes em Boston, e andava indo muito bem.  Os Evans não hesitaram em dar uma ajuda com os contatos à manga também, eles se planejaram por anos para abrir esse arsenal para mim, então não foi muito difícil redirecioná-lo. Ela também recebia umas dicas de Rafael, um grande pintor que eu conheci em Minneapolis e se tornara meu amigo. Depois de ter a vida em risco por se aproximar de mim, ele me pesquisara na internet quando sumi da cidade, entrou em contato com a minha família para garantir que estava tudo bem, e no fim ele e Hanna se tornaram amigos. Trocamos mensagens algumas vezes, para o aborrecimento do Justin.  
Os passos de Justin fizeram barulho na sala, e ele sorriu para mim, vestindo uma calça jeans e uma blusa com gola alta preta que me tirou o fôlego.
— Vamos? Ei, Hanna! — cumprimentou-a, colocando o rosto na área de alcance da câmera.
— Uau, ei Justin! Sim, Faith, o seu bom gosto é inquestionável.
Todos nós rimos e nos despedimos rapidamente. Em segundos estávamos no Volvo preto de Justin, colocando os cintos. Ele deu uma boa olhada antes de sair com o carro da garagem, com uma expressão de concentração um pouco exagerada. De repente lembrei-me do que conversava com Hanna um pouco antes que ele chegasse. Não era possível que tivesse ouvido, era? Sim, era. Ele andava muito silenciosamente, poderia ter chegado ali antes que eu notasse com seu ouvido tuberculoso, e apenas disfarçara em seguida para que eu não suspeitasse.
Fui direta:
— Você ouviu minha conversa com Hanna?
— Hm? Ah, sobre seu irmão? Fico feliz que estejam bem. Viu, você não precisava se preocupar — respondeu olhando os retrovisores.
— Sim... bem, eles são bonitos juntos. — Investiguei seu rosto, tentando saber se realmente era só aquilo que ele tinha ouvido. Mas Justin disfarçava muito bem sua expressão e aquela parte eu não poderia perguntar diretamente.
Contei com a sorte de que não tivesse ouvido para que não se magoasse ou perdesse tempo pensando em como me fazia mal. Então notei que tomamos uma rua diferente da que levava à casa da sua família.
— Você perdeu a rua?
Ele olhou no retrovisor esquerdo de novo, franzindo o cenho.
— Não. — Uma olhada atenta no retrovisor do vidro central, movimentando-se no banco como se procurasse algo e então virou o carro abruptamente em uma rua aleatória.
Meu sangue congelou, e empurrei as palavras:
— Estamos... sendo seguidos? — eu pigarreei, olhando para trás para identificar alguma coisa. Não sei o que eu esperava, talvez um cara fora da janela com uma arma apontada para nós.
Ele ficou quieto por um tempo, fazendo a próxima curva em uma velocidade maior. Olhou novamente nos retrovisores, com a sobrancelha arqueada, a expressão fechada em sua fachada profissional. Aquilo nunca podia significar boa coisa, meu coração começou a errar as batidas.
Estava demorando demais para ser verdade.

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