Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

terça-feira, 14 de março de 2017

One Life 45

Faith me espiava entre uma mordida e outra no burrito que havíamos comprado no caminho quando pensava que eu não estava vendo, o meu já estava acabado há minutos. Seus cabelos esvoaçavam com o contato do vento naquela noite fria de Boston. Embora estivesse com um casaco quente o suficiente para o mais frio do inverno, questionei se era mesmo boa ideia trazê-la ao terraço do hotel. 
— Está com frio? Podemos entrar — sugeri. 
Ela afastou desajeitadamente um cabelo que atacava sua boca, impedindo que comesse, em seguida negou. 
— Gosto da vista — apontou com a cabeça para a cidade de arranha-céus iluminada atrás do mar à nossa frente — alguns andares a baixo. 
Concordei, cruzando minhas mãos ao me debruçar sobre o concreto que servia de barreira para que não caíssemos. 
— Só não sei se podemos estar aqui — acrescentou receosa. 
— Podemos. É um lugar que costumo frequentar. 
O comentário foi adiado enquanto finalizava o burrito, dando tempo para que formulasse outra frase que contornasse o que queria saber de verdade. Mesmo que iniciando pelas razões erradas, eu a conhecia o bastante para saber interpretar sua linguagem corporal. Ela se balançava entre um pé e outro, indo para a direita e a esquerda compulsivamente. 
— Claro, você conhece tudo, certo? — disse ela enrolando a embalagem na mão e limpando a boca com o guardanapo de papel. 
Eu não podia dirigir ao The light aquela hora da noite para extravasar o sentimento frustrante que me corroía, mas não sabia que seria tão difícil controlar as células destrutivas. Me surpreendia conseguir estar parado, me alimentando da presença de Faith e seus minuciosos detalhes. Não que eu pudesse reclamar da atividade.  
— Não vou surtar, Faith — garanti mais para mim mesmo do que para ela, adivinhando seus pensamentos quando me olhou com preocupação outra vez.  
O balançar não cessou. 
— Você me diria se fosse? Acho que não. Mas não se importe com isso, posso resolver de outra forma — disse com uma tranquilidade superficial. Seus neurônios trabalhavam duro para formular planos que eu tinha certeza não serem bons. 
— Nós — enfatizei — vamos resolver de outra forma, começando na Califórnia amanhã. 
Com um suspiro alto, ela apoiou o queixo no concreto, os olhos estagnando na imensidão a sua frente, mas não maior que a profundidade de suas reflexões. 
— Desculpe por te colocar na frente de George, eu não havia pensado nessas consequências. Ele é mais difícil de lidar do que eu me lembrava — lamentei. Não foi boa ideia relembrar aquele momento, atrasava meu progresso. Reforcei os nós nas mãos. 
Ela deu de ombros como se aquilo fosse insignificante, mas não era, sua expressão assustada ficara fixa em minha memória. 
— Pelo menos um membro da sua família não me odeia — brincou. 
Não estávamos no clima para piadas. De qualquer forma, fazer piadas era sua melhor maneira de lidar com situações desastrosas. 
— Minha família é uma catástrofe, não gostarem de você te faz uma pessoa melhor. 
— Claro — concordou vagamente. 
Eu não tinha o costume de utilizar auto controle, e sentia meu corpo todo rejeitar a inibição em forma de uma náusea sólida, empurrando toda a intoxicação pelo caminho da minha garganta, tentando expelir pela minha boca. O tremor em meus músculos não era apenas uma forma de manifestar a presença de uma doença. Fechei meus olhos, talvez ajudasse. 
— Eu estava pensando — Faith disse as palavras depressa. 
Esperei que continuasse, mas sua pausa era indício de que precisava de um incentivo. Não me movi ao falar: 
— Sim?  
— Será que é verdade aquela teoria de jogar uma pena e uma bola de boliche ao mesmo tempo de uma mesma altura e ambas caírem no mesmo instante? 
O assunto completamente sem nexo fez com que eu a olhasse se voltar toda para o chão do primeiro andar. Franzi a sobrancelha com ceticismo para seu entusiasmo. 
— Hm, você está falando da Lei dos Corpos em Queda?  
— Isso. Deve ser isso. Suponho que não seja coisa do Aristóteles, não é? 
— Quase. Galileu Galilei — corrigi, ainda procurando um sentido para a abordagem repentina. 
Ela não parecia surpresa de ter errado o mentor, possivelmente até se divertia coma ignorância. 
— Ele mesmo. Então, é verdade? Se eu te empurrar e jogar esse guardanapo ao mesmo tempo — apresentou a bolinha formada em sua mão — vocês atingem o chão juntos? 
Sua empolgação fazia um pouco mais de sentido agora. O brilho cômico em seus olhos me lembrava de Arlequina. 
— Aposto que você adoraria tentar — argui quase risonho — Mas para seu infortúnio, já tenho uma resposta para essa incógnita. Essa lei se aplica somente ao vácuo, os corpos caem com aceleração constante, já que o efeito da aceleração gravitacional à mesma altura é igual, porém temos que considerar a resistência do ar. Sendo a densidade dos corpos diferente, o que oferecer menos resistência no ar atingirá o solo primeiro.  
Seus olhos apertados transitavam entre meu corpo e a bolinha. 
— Ok. Isso quer dizer que....? Quem atinge o chão primeiro? 
Revirei os olhos com humor para seu raciocínio lento.  
— Na teoria, aqui neste espaço, eu primeiro. 
— Gostaria de ser meu cobaia? Não gosto de ficar realmente em dúvida. 
Dei uma risadinha, balançando a cabeça. 
— Está tentando parecer louca? É algum teste para um filme? Quer mudar de curso outra vez? 
Entrelaçando os braços atrás das costas, maneou a cabeça.  
— Estava comprovando minha própria teoria. Ou você era um nerd muito chato na escola, ou é daquelas pessoas que se acha demais, fala com propriedade, mas não sabe nada. Aposto na segunda opção — a fisgada pontiaguda no findar de seu discurso, me deu a dica. Ela pretendia generosamente empurrar uma descontração na atmosfera pesada.  
Seria possível admirá-la mais do que já o fazia? 
— Não sou prepotente o suficiente para me autodeclarar nerd. No entanto, coisas que me interessam eu gosto de aprender. Física é interessante.  
Imediatamente, ela discordou, se exaltando: 
— Física é a própria morte! Ugh, achei que nunca passaria por aquele martírio! Odeio fórmulas, odeio ter que ter apenas uma resposta certa pra tudo, você não pode errar, sabe? É um sacrifício! Não sei como saí do ensino médio intacta. Na verdade, parte do meu cérebro ficou naquele prédio. Tenho certeza. 
Foi a minha vez de retrucar. 
— Você não pode negar a importância de fórmulas. Quer dizer, se este prédio está em pé hoje é graças a alguma fórmula. Se dependesse de Sócrates, ele estaria fazendo perguntas para as pedras, não as utilizando como modo de invenção.  
Sua boca se abriu com uma ofensa fajuta e ela colocou a mão no peito. 
— Não fale assim de um gênio!  
— Se não ter respostas para nada o torna um gênio, neste momento eu sou o mais sábio de todos. 
— Você sempre tem resposta para tudo, não vamos nos enganar — protestou cruzando os braços. 
— Então está me chamando de burro, Faith Evans? — questionei intrigado.  
Ela riu, jogando a cabeça levemente para frente. 
— Você é quem está admitindo! — alegou em sua defesa. 
Me esforcei para manter a fachada de insultado, mas era praticamente impossível com todo o seu rosto se abrindo num sorriso leve para mim. Eu não me lembrava da última vez que a vira com aquele semblante, era extremamente cativante. 
Faith podia me acusar de ser manipulador, mas eu caía nas suas manipulações de braços abertos. Ela conseguia manusear meus sentimentos. Eu podia sentir o tremor se esvaindo. 
— O que foi? Vai me dizer que há um pedaço de burrito entre meus dentes? — fingiu preocupação. 
Sorri de lado para sua piada. Se ela quisesse, eu poderia verificar isso rapidinho de outra forma. 
— Você é inacreditável. Sei que me odeia agora, e mesmo assim está se desdobrando para me distrair. Obrigado. 
 Ela estalou a língua, fazendo pouco caso. 
— Você sabe, só não quero que nos expulsem daqui e nos denunciem por deterioração de coisa alheia. E claro que me oferecer como alvo também não é uma opção. 
— Nem brinque com uma coisa dessas — repudiei. 
A veracidade da minha palavra não poderia ser posta a prova se ambos não soubéssemos o mal que eu já havia lhe feito. E preferindo não ser um lembrete vivo deste fato, sua atenção se desviou para o casaco enquanto brincava com uma das mangas, disfarçadamente alheia à nova informação. 
— Você quer conversar sobre? Colocar pra fora ajuda. Não consigo imaginar como deve ter sido difícil crescer com um avô desses. Eu provavelmente seria processada pelo lar dos velhinhos — sua voz voltou a se misturar ao vento, na medida exata para ser agradável. 
Curvei a boca com indiferença. Aquela era minha concepção de família, eu não poderia sentir falta de algo que não conhecera. A existência de mais um Bieber significava um concorrente forte para superar. As disputas nunca tinham fim, e os menores não eram poupados. Deveríamos ser melhores que os de fora, e por questão de puro ego, provar quem possuía mais influência dentro. George ocupava esse cargo com louvor, e o resto sobrava para dividirmos como ratos entre nós. 
Uma explicação um tanto lógica para que não desejar o mesmo ao meu irmão que eu não conhecia. 
— Não ligo muito, nunca me dei bem com George. Se Jeremy era difícil de impressionar, ele é impossível. 
— E o que ele quis dizer com aquela história de sentimentos e você ser o preferido? — ela continuou com a voz baixa, temendo estar me pressionando. 
Meu maxilar travou instantaneamente e preferi lhe poupar do meu olhar carregado, estrategicamente observando o céu negro que avisava se aproximar o tempo de neve. 
— Não é útil que desenvolvamos sentimentos, e eles possuem todos os meios de te tirar isso... — puxei meu foco de volta quando vi o rumo que tomava. Eu prometera apagar aqueles momentos da mente depois de não conseguir me convencer serem o melhor para mim — George particularmente desfruta dessas táticas. Eu dei mais trabalho de entrar na linha. Por isso sou o preferido. 
Dei um tempo para que se ajustasse à informação, a ultima coisa que eu queria era encontrar algum traço de pena em seu rosto. Faith tinha essa capacidade compassiva extraordinária. 
Surpreendentemente, suas pálpebras se apertavam com revolta. Ela passou as mãos no rosto como se quisesse arrancar o sentimento e jogar fora. 
— Eu sei que minha família é um lixo, mas a sua consegue superar minhas expectativas. Seu avô é um pedófilo! — esbravejou com a boca cheia de mais dez alternativas ofensas batendo o pé. 
A forma com que a raiva reverberava por todo o seu corpo era engraçada, mas não ri, ciente de que poderia sobrar para mim. 
— Não acho sua família um lixo — discordei — Claro, seu pai é — editei as palavras, sem planos de ofendê-la — complicado. Não consigo acreditar que ele está em Nova York agora. Aliás, se quiser posso trazê-lo eu mesmo pelos cabelos — ela quase riu, negando devagar — Mas você tem ao Caleb. Meu celular está no silencioso, e já tem umas trinta chamadas não atendidas de todos os números imagináveis aqui. Sei que ele está louco atrás de você. 
A informação acrescentou uma ruguinha de estresse em sua testa e ela comprimiu os lábios com incômodo. 
— Ele é uma graça, mas algumas coisas temos que fazer sozinhos. Certo? 
— Eu não o culpo. Você não tem as melhores ideias. Para constar, não sabe que para alguém ser condenado pedófilo, a vítima deve ser menor de idade. 
Exasperada, ela bateu as mãos na perna teatralmente. 
— Neste quesito, eu sou um bebê! — protestou.  
Contra sua expressão inocente, eu não poderia discutir. Numa análise visual, com certeza perderia. 
— Sei bem que é. É evidente que não é nada ordinária como as cópias inacabáveis nas ruas de pessoas frívolas, fúteis e movida às paixões. 
— E, não é? Minha mãe sempre me disse que eu sou especial — reforçou, exagerando no sorriso brincalhão. 
Eu ri, balançando a cabeça com descrença enquanto ela me acompanhava. 
— Seu senso de humor sempre foi ótimo. 
— O que eu posso dizer? Você não pode deixar a bad te pegar, repita comigo Justin, ria na cara dela! — entoou, levantando o dedo com um tom majestoso de um anúncio presidencial. 
Concordei, mais para agradá-la do que acatar a ideia. Na prática, não funcionava muito bem assim. Eu não poderia me sentar, por exemplo, com meu superego e rir de ter deixado uma garota como aquela ir embora da minha vida, levando todo o brilho que trouxera consigo. Eu funcionava como um aparelho de televisão obsoleto preto e branco. Faith trouxera a novidade das cores, cada uma reservada para uma estação. Não podia esperar que conseguisse desfrutar de filmes desprovidos de cor depois sem ficar imaginando como o vermelho se encaixaria bem ali. Da mesma forma que não poderia lhe roubar suas cores. 
Olhei para minhas mãos, inesperadamente quietas. Meu corpo ainda estava rígido, um mecanismo de defesa natural ao ataque de fúria que eu poderia pensar em usufruir mais. Com efeito, aquele não era um mérito meu, se pudesse observar bem, veria os resquícios das tentativas coloridas de Faith em me moldar. Pensei em quantas vezes ela me acalmava sem ao menos saber o quão instável estava a linha tênue em que eu caminhava, me ensinando a conviver com o fracasso e transformá-lo em combustível para vencer os desafios. 
— Sinto falto disso — admiti, observando discretamente fios de cabelo descontrolados voando acima da sua cabeça. Tinha certeza de que aquilo a aborreceria, mas era o que a tornava real para mim, mais do que um fruto da minha imaginação fértil e dos produções de filmes hollywoodianos. 
Afinal, aquele era o combustível, ela ainda estava respirando bem à minha frente, o jogo não estava perdido. Não importava que eu tivesse perdido aquela batalha para George, enquanto estivesse ali, teria forças para lutar. Tudo o que eu tocava ultimamente se desfazia em ruínas. E eu até poderia aceitar, se fosse uma guerra entre Faith e toda a minha formação, o desenho de sua boca carnuda explicava muito bem qual lado eu preferia manter intacto. Faith era a melhor parte de mim. Eu estava certo de que já se impregnara em minha pele permanentemente. 
O humor se desestabilizou em seu rosto quando ela entendeu não haver uma piada capaz de suprir a intensidade de nossa relação. 
— Não fale de assuntos sérios quando estou fazendo minhas piadas. 
Redirecionei minha energia negativa, traçando uma rota única com meu corpo em direção ao seu, como se fosse o meu único ponto de atração terrestre. E eu sabia que era. Nem mesmo Annelise chegava ao seus pés.  
— Não consigo não pensar nisso vendo você ser tão prestativa comigo. Logo comigo. 
Ela olhou desconfortável para o lado contrário, alongando o corpo como se fosse recuar. 
Não o fez. 
— Sua existência desafia a lógica — eu disse num quase sussurro, deslizando a ponta dos meus dedos para tocar os seus ainda em volta da bolinha de papel em cima do concreto. O calor do contato imediatamente nos uniu, fazendo a troca da temperatura combater o frio existente entre nós e à nossa volta. 
Quando olhei para seu rosto a fim de medir o quanto estava encrencado, seus olhos estavam ressentidos em nossa mão, a expressão se dissolvendo na mesma angústia que eu vira no baile. 
— Eu estava falando sério mais cedo. Sei que posso mudar por você porque, de forma egoísta, o que eu mais anseio é ter a certeza de que seus sorrisos são exclusivamente meus e sua pele reage apenas à minha. É assim que minha vida patética tem algum sentido. 
Eu encurtava a distância entre nós vagarosamente, incapaz de lutar contra o imã certo de sua pele. E quando apenas um vão nos separava, levei minha mão ao final de suas costas, tentado a aquecê-la com meu corpo de modo que nunca mais se sentisse satisfeita com outro isolador térmico. 
Seus olhos se fecharam instantaneamente enquanto eu a trazia para perto de mim, e se abriram no momento em nossos corpos colidiram. Largando o papel que estava em sua mão, as duas palmas se encostaram ao meu peito, mas não eram receptivas. 
— Eu não consigo fazer isso — lamentou baixo, quase muda. 
— Eu sei que começamos da pior forma possível — insisti, lutando —, mas isso não significa que também deva acabar assim. Você me tem por inteiro, Faith Evans. Eu não havia entendido que você não se tratava apenas de um trabalho. Naquele momento descobri isso. E, caralho, como eu queria ter descoberto antes de colocar aquela droga de plano em prática. 
Se minha família pudesse me ver agora, caçoariam de minhas tentativas estúpidas para apagar um momento que criara aquele muro entre nós. Podemos ter mil e um momentos mágicos, apenas um ruim é capaz de acabar com toda uma história. 
A expressão desolada no rosto de Faith me permitia ouvir seu coração ser esmagado. Eu não sabia se era pior que estivesse indiferente ou passasse por todo aquele calvário sentimental de pés descalços. 
— Eu entendo que você não veja as coisas da mesma forma que eu e tenha sofrido demasiadamente na mão de sua família por toda sua vida. Mas você tem que entender que...  — ela lutou com as palavras, procurando a que melhor representasse — Justin, isso é burrice. Pelo amor de Deus, eu não posso nem dizer em voz alta que sou apaixonada por alguém que já tentou me matar. Isso é doentio, e não consigo me livrar desse sentimento porque parte de mim te vê com aquele que me tirou daquele inferno. E essa parte entra em conflito com a que você criou quando me contou ser o responsável. Foi horrível — estremeceu, tornando-se mais frágil — Eu pensei que... eu tinha certeza que morreria. Que todo aquele calor consumiria minha pele... E eu tive tanto medo. Tive medo da dor, medo de te deixar, medo de não ter o futuro que eu queria. Eu me senti terrivelmente sozinha. E essa é uma sensação que me assombra quando estou em algum lugar fechado, sem ninguém, ou até mesmo dormindo. Talvez, você possa mesmo estar arrependido e querendo me ajudar, mas não consigo olhar nos seus olhos sem sentir tudo isso voltar a tona. 
Sua respiração acelerada ajudava a combater a umidade em seus olhos. E se houve algum momento em minha vida que me odiei, foi naquele. Desejei que pudesse renovar todas suas memórias, excluindo toda a dor que causara. Efetivamente, sequer encontrei palavras para confortá-la, reconhecendo meu próprio medo me sondar, ameaçando se tornar sólido e me engolir. 
Delicadamente, ela se desfez dos meus braços. Deixando a postura ereta, suspirou.  
— Podemos entrar agora?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O que achou do capítulo? Conte pra mim, eu não mordo ><