Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

One Life 43

Pigarreei baixo, experimentando as palavras em minha cabeça antes que pudesse pronunciá-las de forma segura e coerente. Com a menção do quarto, eu não era necessariamente obrigado a contar todas as outras estratégias. 
— Hm... Primeiro eu gostaria que não se ofendesse. Compreendo completamente se não quiser fazer parte dele, eu só não queria deixá-la sem supervisão em um lugar perigoso quando me ausentasse. 
Ela me encarou, sinalizando que não acompanhava meu raciocínio, desejando celeridade e praticidade. O quase convite se agitou em minha garganta e afirmei a mim mesmo não haver necessidade para estar nervoso. Receber uma resposta negativa não era tão terrível, e eu geralmente conseguia transformá-la a meu favor. 
— Bom — pigarreei mais uma vez, desafogando os dizeres — George estará essa noite em um baile na cidade e pensei em ir até ele e requisitar uma promoção ou ao menos uma forma de acessar os contratos, de modo que eu possa ver o seu e procurar o contratante para poder fazê-lo cancelar a demanda ou inutilizarei o documento de outra forma. 
Sua testa se enrugou um pouco mais, a cabeça virando minimamente como se pudesse aproximar os ouvidos para ouvir melhor. 
— Que outra forma? 
Em meu julgamento, neste caso ela não poderia reprovar minha atitude. 
— Acho que você sabe como — era o suficiente para que entendesse. 
Seu queixo se elevou. Eu estava enganado, a advertência reluzia em seus olhos. 
— Não vou deixar que te façam mal — justifiquei com firmeza. Aquele não era um assusto para ser discutido.  
Ela apertou os olhos como se questionasse a veracidade da minha motivação, mas de qualquer forma não aprovaria. Melhor, não permitiria. Seus lábios se contorceram, custando a liberar a proposta que faria. 
— Essa não é uma opção. Eu quero confrontar essa pessoa, e é meu direito decidir o que se sucederá. Aliás, para que não me passe a perna, irei no bendito baile com você — determinou com o mesmo entusiasmo que o meu. 
Eu não podia negar, era conveniente não ter que fazer o pedido e usar todas as artimanhas possíveis para convencê-la a ir comigo. Sabia que parte grande do meu erro fora deixá-la na ignorância, e tentaria ao máximo incluí-la nos assuntos de seu interesse. 
— Se é assim que você quer. Estaremos seguros lá dentro.
Eu só não estava certo quando a parte de deixar o contratante vivo. 
Faith não esperança que fosse fácil assim conseguir meu consentimento, eu podia ver toda a argumentação na ponta de sua língua ser desconstruída, o que a desconcertou antes que continuasse o diálogo. 
— Reservei esse quarto pela manhã —contei, andando até a mesa e deixando a caixa ali, decidindo o melhor momento de entregar. Quando me voltei a Faith, seus olhos estavam mais interessados no objeto do que na conversa — Não queria te deixar em casa desprotegida. E então dependendo de como for a conversa esta noite... — hesitei, temendo ouvir seus gritos de protesto — já comprei passagens para à Califórnia às dez da manhã.  
Agora eu tinha toda a sua atenção e incredulidade.  
— Califórnia? Amanhã? Eu e você? 
Mantive meus olhos ocupados na mesa, organizando a caixa em um canto proporcional como se estivesse em um surto de toc, uma desculpa para não encarar sua repulsa que incomodava as paredes do meu estômago. 
— Sim. Dessa forma te manterei fora do perigo e facilitará a proteção dos seus também. Com você a vista conseguirei me aprofundar na pesquisa e deixarei alguém responsável para olhar por sua família.  
Não soube decifrar sozinho se seu silêncio era tão ruim quanto parecia. Pelo que eu sabia, ela poderia muito bem estar armando uma maneira de me deixar desacordado para fugir. Fugir era uma de suas maiores habilidades, perdendo apenas para a categoria de me deixar louco. 
— Parece que já pensou em tudo — concluiu, neutra. Quis entender o que se passava em sua cabeça para parecer tão desanimada e indiferente — Eles vão mesmo ficar bem comigo longe? — antes que eu pudesse responder, riu masoquistamente de sua própria pergunta — O que eu estou dizendo? Minha presença não está agregando ao bem também. 
Ignorei seu auto desprezo, explicando. 
— Consigo administrar melhor a segurança de cada um com vocês separados. 
Sua boca se repuxou num sorriso desiludido enquanto caminhava até a cama mais próxima, desabando ali com todo o peso do mundo em suas costas, se agarrando ao meu celular em suas mãos como se fosse o único fio que a ligava à terra. 
— Isso contando que você quer mesmo nos ajudar, numa grande reviravolta. Eu realmente fiquei louca — e então deitou-se, as mãos espalmando o lençol, se abrindo como uma mártir prestes a ser sacrificada. 
Eu geralmente gostava quando duvidavam da minha índole, assim poderia provar que seus cérebros rasos não possuíam espaço suficiente para apreender minha capacidade. Como já deveria prever, não era a forma que funcionava quando se tratava de Faith. Eu precisava que acreditasse em mim. E não encontrei palavras suficiente para isso. 
— Que horas é esse baile? Não tenho roupa. E nem documentos e dinheiro para viajar amanhã — pontuou, encarando o teto, os olhos opacos. Sua vida se desprendia da matéria, e me corroía ter participação nisso. Desejei ter acesso a todas as suas memórias felizes e passá-las diante de seus olhos, provando que aquele não era o momento de desistir.  
— Nove horas. Tecnicamente você tem roupa sim — apontei com a cabeça para o guarda roupa — E pegaremos seus documentos na sua casa antes de ir para o aeroporto.  
Faith estava confusa, decidindo se a curiosidade valia seu esforço de ir investigar o guarda roupa. Ela olhou a hora em meu celular, automaticamente gemendo. Ao que parecia já era hora de se vestir. 
— Por que Hanna não ligou de volta? — reclamou para si mesma, então me estendeu o celular — Desbloqueia. 
— 02/05/1996 — contei para que ela o fizesse. 
Enquanto digitava sem expressar emoções, imaginei se o fundo de sua mente também ligava o rádio repetitivo do dia em que o código fora escolhido. A lembrança passava vívida diante dos meus olhos, Faith estava sentada ao meu lado em sua cama, percorrendo os dedos em meu cabelo, contando as grandiosas festas de aniversário que costumavam dar. 
— No ano que vem Hanna quer que contratemos a Rihanna — me contara entre risos delicados.  
Eu estava tendo dificuldades em prestar atenção no assunto, jurava que seus lábios caçoavam de mim, me desafiando a alcançá-los. Assim que percebera o intervalo para que desse uma resposta, perguntei o que ela gostaria de ganhar no aniversário. Com o sorriso mais sincero e divertido, informara que apenas desejava que eu não esquecesse. Como prova de que não o faria, imediatamente mudei o código do celular, e satisfatoriamente, recebi um beijo de recompensa. 
Sua voz abalada me trouxe de volta a realidade contrastantemente sem cor. 
— Você não me ligou! Eu estava preocupada... — sua testa se suavizou após ouvir a resposta — Ah, eu fico aliviada. Graças a Deus. Sinto muito por tudo isso... Não saiam de casa. Fiquem juntos. Acho que vou dar um jeito nisso hoje ainda... Não, Hanna, não vou voltar... — ela inconscientemente me olhou por um momento — Não interessa. Vou resolver isso e quando menos esperar estarei em casa. Muito provavelmente amanhã... Cala a boca, vocês não são meus pais... Se eles voltarem não vai mudar nada... Eu posso fazer isso, se Bryan não vai resolver, não vou ser eu a ficar parada... Caleb, não surta!... Não vou me encrencar, também vou me cuidar... Não. A gente se fala depois. Agora preciso ir, e então passo informações de como está indo... Eu vou ficar bem se vocês me deixarem lidar com isso, se fizerem alguma idiotice colocarão tudo a perder. É uma ordem, não saiam de casa! 
Ela desligou o celular com um suspiro pesado, o utilizando como impulso para se levantar e se dirigir ao guarda roupa. 
— Willian está bem, caso queira saber. Só levou uma pancada na cabeça que provocou um desmaio — me informou, embora descrente que a informação me interessasse. Me interessava o fato daquele saco de osso ser tão inútil.  
Receosa, como se esperasse que uma cobra saísse de lá, abriu a porta, arregalando os olhos e ficando imediatamente desconfiada. 
— Você por um acaso roubou essas roupas? 
Fiquei ofendido com a sugestão. 
— Faith, eu não sou um ladrão — me defendi. Fazer algumas coisas ilegalmente não significava que era adepto a todas. 
Metade do seu corpo sumiu dentro do guarda roupa. Em meio segundo recuava para me encarar, a testa franzida de constrangimento. 
— Você comprou? — afirmei, esperando seu real interesse — E escolheu as lingeries? 
O rubor em suas bochechas bronzeadas era visível, particularmente me agradando. 
Neguei rápido antes que explodisse de vergonha. 
— Dei algum dinheiro a mais para uma das recepcionistas comprar as roupas. Estão do seu agrado? 
Ela se enfiou novamente no guarda roupa, explorando. 
— São bonitas — declarou por fim — Você viu as lingeries? — era quase uma acusação. 
Fui obrigado a conter o riso, sofrendo cócegas de suas preocupações. 
— Não, Faith. 
— Suas roupas também estão aqui — reparou, a voz escondendo o modo como se sentia sobre isso. 
— Hm, é. Nesse quarto não havia outro guarda roupa. Não sei se há algum quarto que tenha, na verdade. Te incomoda? 
Ela deu alguns passos para trás, segurando uma toalha branca com uma mão, a outra levava o cabide do vestido longo que numa vista geral se mesclava em preto e branco. Como eu não podia ver a lingerie — não que estivesse procurando — apostava que estava escondida entre a toalha branca. Era cômico que todo esse seu constrangimento a tornasse mais atraente para mim. 
— Não. E eu realmente espero que tenha gastado seus rins nessas roupas, tendo em vista que queimou o meu guarda roupa uma vez — disse rancorosa, se voltando para o banheiro. 
Achar que aquilo era sacrifício para mim não passava de mera ilusão. Minha dívida com Faith era o bastante para bancá-la pelo resto da vida sem levantar uma queixa sequer. 
Eu já podia ouvir o sonido do chuveiro ligado quando o celular em minha jaqueta tocou, me distraindo do fato de que Faith tomava banho a alguns passos de mim, transmutando meu humor em questão de segundos. 
Coloquei o aparelho na orelha após atender a chamada, permanecendo em silêncio para o caso de ganhar pistas gratuitas. 
— E aí cara, o que conversamos sobre me manter informado? — a voz inconfundivelmente cáustica de Guilherme exigiu. 
O sangue borbulhou em minhas veias sob a onda de ódio. Guilherme interferira diretamente em um negócio meu sem minha permissão, contrariando nosso código de honra. 
Desliguei a ligação e o aparelho, colocando na mesa, em parte desfrutando de sua infração. Não haveria nada que o salvasse de mim agora, eu reduziria sua existência ao pó. Guilherme estava louco para brincar comigo. E eu estava pronto para contribuir. 
Pensei que Faith permaneceria no banheiro até ser instaurada a paz mundial, utilizando aquele momento para organizar sua cabeça. Me surpreendendo outra vez, saiu antes que eu calculasse meu próximo passo. O vestido com decote em V escorregava por seu corpo, emoldurando sua obra de arte natural. As mangas longas não chegavam ao pulso, e assim notei que a base era transparente, flores brancas se entrelaçavam para cobrir a parte superior do corpo moreno, substituídas por flores negras a partir da cintura, se extinguindo em parte nas pernas, tornando-as visíveis através do véu escuro que a cobria até os pés.  
A medida que meus olhos a contemplavam, percebi pela milésima vez o dom que suas formas possuíam de me levar ao delírio, infestando minha mente de pensamentos pecaminosos. Se é que exaltar a criação impecável pudesse ser considerado um pecado. 
Contrariava a lógica seu fascínio aumentar cada vez mais, e não consegui ignorar a perturbação por saber que aquela visão não se limitava aos meus olhos. Mais infausto era cogitar que outro homem pudesse tocá-la, e serem poucas as minhas chances de o fazer novamente. 
O intuito de seu pigarrear provavelmente era de me despertar, mas eu não achava que olhar seu rosto me expulsasse do estado contemplativo. O cabelo úmido e despenteado caía ondulado em volta do seu rosto.
— Gostei do vestido — comentou sem jeito. 
Eu quase conseguia me ver diminuindo o espaço entre nós com longas passadas e tomando seu corpo em minhas mãos, satisfazendo aquele desejo que ardia. Tive dificuldades para conter o impulso, não era algo que eu fizesse muito. 
Respirei fundo, expirando pela boca. 
— Eu também. Tenho que agradecer Katy pela escolha — minha voz arranhou a garganta. Inusitadamente, eu estava com sede — Hm, deixa eu... pegar minha roupa... 
Incerto do que fazia, fui até o guarda roupa. Passo errado, era um corredor estreito com a saída do banheiro e Faith ia na direção contrária no exato segundo. Quase dançamos uma valsa tentando sair um da frente do outro. Fui obrigado a segurar seus ombros e direcioná-la para a direita ao passo que eu me movia para a esquerda. O contato com seu corpo despertou o frenesi, tornando mais difícil sufocar o anseio. Ela deu uma risadinha nervosa, se afastando de mim para que eu pudesse pegar o que precisava antes que terminasse seu trabalho exterior.  
Peguei o primeiro terno dos três que encontrei no cabide da divisória esquerda na tonalidade grafite, me voltando para o banheiro. Antes que pudesse entrar, apanhei a chave na porta num movimento disfarçado, dúbio de que Faith não tivesse um de seus planos estúpidos que ela pensava serem geniais. 
— Não saia daí — reforcei. 
Ela revirou os olhos teatralmente. 
— Aonde mais eu iria? — questionou retoricamente, os olhos transmitiam tanta confiança que me deixou desconfiado. 
Sendo assim, me apressei no banheiro, julgando desnecessário tomar outro banho já que tomara um a menos de duas horas atrás. Repeti em minha consciência a ordem dos planos, para que nada saísse falho e eu me esquecesse da atração que Faith possuía em mim, capaz de me desviar de todos os propósitos.
Funcionou. 
Parcialmente.
— Estou impressionada — ela murmurou assim que abri a porta.
Segui sua voz e a encontrei sentada na cama, as pernas cruzadas chamavam atenção para a sandália preta de salto que abraçava seu pé. Eu não estava em condições para encarar os atributos majestosos daquela mulher, reduzira meu progresso pela metade. Nas mãos segurava um espelho pequeno e utensílios de maquiagem, dos quais eu não entendia nada. 
— Maquiagem e acessórios? Não sabia que dava férias ao seu cérebro tenebroso para se atentar a coisas simples. 
E mesmo na gratidão, um ataque. 
— Fico grato por não dar férias aos meus olhos. 
Ela me fitou para entender o que eu falava, flagrando o modo como a encarava. Superficialmente, sua expressão estava tão empolgada quanto se eu tivesse lhe ofendido com palavras chulas. Atravessando isso, estava corada. 
— Posso aposentá-los mais cedo pra você — ameaçou. 
Sorri, me divertindo. 
Preferi não irritá-la mais e vesti meus sapatos antes de borrifar mais perfume, conferindo mais uma vez meu cabelo no espelho do guarda roupa. 
— Você passa muito perfume — queixou-se. 
Eu poderia me ofender se o final de sua sentença não denunciasse apreensão. Ela estava subindo mais suas defesas, o que significava estar sendo intimidade por minha presença. Apreciei o fato de ainda possuir ao menos alguma influência sobre ela. 
— Desculpe. 
O suspiro perturbado confirmou. Dei um sorriso introvertido. 
Estando pronto, me voltei a ela, observando suas tentativas sôfregas de colocar um colar de brilhantes. 
— Posso te ajudar — me ofereci, indo à sua direção. 
— Não — ela negou fervorosamente demais, levantando uma mão para enfatizar, deixando assim o colar escorregar por sua pele e cair aos seus pés. 
Bufou antes que se inclinasse, mas eu já estava com o acessório na mão, me levantando do chão. Ela estendeu a mão. 
Ignorei o gesto, passando a prata em volta do seu pescoço, evitando o contato com sua pele. Sentir seu cheiro invadir minhas vias respiratórias era o suficiente. Ela contorceu os ombros com desconforto. Ajeitei o fecho e o metal pendeu em seu pescoço. 
— Obrigada — agradeceu com a voz estranha, deslizando para fora da cama imediatamente — Acha que não fazer um penteado vai me deixar desleixada demais para a ocasião? — questionou em dúvida de costas para mim, mexendo no cabelo que agora estava quase seco formado em ondas naturais.
A permissão de poder analisar seu cabelo era revigoradora. Sempre me fissurava sua forma recheada de graciosidade e personalidade.
— Não. Está perfeita. Gosto do seu cabelo assim.
Ela me olhou para confirmar minhas palavras. Interpretei pela forma que abaixou a cabeça meu elogio ser incômodo, a ponto de deixá-la um pouco irritada. Não entendi o motivo.
— Não está na hora de ir? — de repente estava apressada, olhando a hora em meu celular. 
— Hm, temos tempo. 
Talvez aquele fosse o momento ideal. Tomei a caixa da mesa, deixando para trás o papel pardo, e a estendi. 
Tive a impressão de que se distanciava. 
— O que é? — perguntou receosa. 
— O que você deixou em casa. Seu agasalho, sua bota... 
Finalmente pegou de minha mão com cuidado e deixou em cima da cama para que pudesse abrir a tampa, ainda esperando que eu tivesse deixado uma bomba ali.  
Contive o suspiro. Eu mesmo já havia dito para que não confiasse em mim, não deveria me incomodar. 
Seus olhos vasculharam o recipiente primeiro que as mãos, e em certo momento transpareceu confusão.  
— E isso? — me mostrou a caixa pequena do iPhone recém comprado.  
— Eu joguei seu celular fora e percebi que não comprou um novo... — comecei a dizer, prevendo que me acertasse com o aparelho. 
Houve uma pausa para que assimilasse como deveria lidar com aquilo. Estava incrédula, então com raiva, e por fim indiferente. Deu de ombros, estagnando sua expressão montada. 
— Justo — concluiu — Embora eu não queira nada que venha de você — acrescentou, não querendo parecer grata por uma coisa que era culpa minha. 
Maneei a cabeça, concordando. 
— Tudo bem, agora podemos ir. Tomei a liberdade de já colocar um chip aí dentro, então está pronto para uso. 
Ela assentiu, pegando a bolsa preta retangular em cima da cama, tirando o celular de dentro da caixa e apertando o botão para ligar, em seguida o guardou e ajeitou a postura, demonstrando que estava pronta para enfrentar o que viesse. Passando por mim, deixou meu celular na minha mão e abriu a porta, saindo.  
Ultimamente andava mais distraída.  
Abri o guarda roupa sob seus olhos aparentemente impacientes e peguei um casaco de lã branco. Não queria que sentisse frio por qualquer espaço de tempo.  
Quando tomou o agasalho das minhas mãos, não olhava em meu rosto, segurando o agradecimento a todo custo em sua boca. Eu conseguia ver sua luta para me tratar da pior maneira possível, o que contrariava toda a sua educação, e pelo que transparecia, seus sentimentos. Haviam três possibilidades: Até o fim da noite teria um ataque histérico pela discrepância dos impulsos, ou desistiria de não tentar escapar de mim, ou cederia ao impulso de me tratar como um ser humano.  
O sedan preto do uber não demorou a chegar, portando em seu interior alguns chocolates e bebidas. Faith se sentou incomodada ao meu lado, tirando o casaco.  
— É um serviço bom — contei antes que o motorista entrasse novamente no carro — Acho melhor que o táxi.  
Ela olhou para a janela. Não estava disposta a conversar. Tudo bem.  
Peguei um bombom, sabendo de sua adoração por chocolate, e o estendi em sua direção. Pelo menos o doce não ignorava.  
A viagem foi silenciosa, mas observei sua linguagem corporal. As mãos se retorciam no colo ao tempo que mordia o lábio e suspirava em tempos regulares. Notava-se que o nervosismo a sondava. Fiquei satisfeito por não decidir contar sobre Guilherme após o baile, no intuito de não deixá-la mais inquieta. 
— Tem certeza de que quer ir? Depois do que passou essa noite deveria pelo menos descansar antes de fazer alguma outra coisa — sugeri, desejando poder voltar atrás. Mas eu não a deixaria sozinha no hotel, e não podia perder essa oportunidade de falar com George. 
Sua cabeça acenou rapidamente.  
Desisti de tentar, voltando meu rosto para a janela. 
— Qual o intuito desse baile? — sua voz surgiu repentinamente. 
Estando livre para ver seus olhos, eu tinha mais do que certeza de que se afundava em ansiedade. 
— É promovido anualmente por Hendrix Hall. É só uma forma prepotente de esbanjar seu dinheiro. Meu avô estudou junto com ele, pelo que deduzi. Então é um evento importante na agenda. 
— Já devo ter escutado esse nome.  
— Não me surpreenderia se ele já estivesse estado em alguma festa sua... Tem uma careca brilhante, vagamente me lembra algum rapper branco famoso... Alguma coisa com P.... 
O humor apareceu involuntário em seu rosto.  
— Pitbull? — ela deu uma risadinha. 
Sua risada me fez sorrir. 
— Esse mesmo. 
Ela riu outra vez, desfrutando alguma piada interior. 
— Aposto que já esteve mesmo. 
O carro parou em frente ao grande salão. Eu estive presente no evento possivelmente umas duas vezes. Era entediante. Aspirantes dançavam na pista, ou fingiam que dançavam, tomando suas bebidas em copos que não saciavam a sede em minha garganta, com conversas frívolas competitivas. Apreciava apenas a bajulação que o sobrenome Bieber nos dava, conseguíamos alguns favores e prazeres. Apenas não precisava estar em um evento de gala para conseguir esses privilégios, embora apreciasse verdadeiramente assistir os jogos de manipulação e os vestidos que as mulheres usavam. No dia em questão, era uma coisa que também não me interessava, tinha certeza de que Faith ofuscaria qualquer uma no segundo em que pisasse no cômodo.  
Ela balançou as mãos quando pensou que eu não via, seu costume para relaxar o corpo e encarar situações desagradáveis. Me coloquei ao seu lado assim que desci do carro, cobrindo seus ombros com o casaco sem que precisasse encaixar os braços. Correndo o risco de levar uma bofetada, levei a mão à sua cintura, inibindo olhares dos costumeiros caçadores prepotentes de mulheres. Seria desfavorável ao meu artifício de convencer George se arrancasse os olhos de algum outro convidado. 
— Fique perto de mim a todo instante e não encare ninguém. Os homens daqui costumam ser um pouco mais pretensiosos — instruí perto de seu ouvido. 
Ela afastou um pouco a cabeça, mas não tirou meu braço ou reclamou dele. Não sabia se ao menos percebera que ele estava ali, embora meus dedos se fixassem em sua cintura com firmeza — me deixando numa linha tênue para a perdição. 
— Vamos entrar de uma vez — disse ela, aparentando mais coragem do que provavelmente sentia.  
Seu nervosismo mais uma vez se refletiu em mim, devido a importância de que fôssemos bem sucedidos. A puxei para mais perto de mim assim que pronunciei meu nome e foi permitida minha entrada. Sem necessidade de nomear minha acompanhante, adentramos o salão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O que achou do capítulo? Conte pra mim, eu não mordo ><