Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

One Life 40

Aquela não era apenas uma ideia ruim, era uma péssima ideia, uma ideia terrível, pior, uma ideia oriunda da minha mente. E o mais apavorante, eu nem sabia se poderia denominar aquilo de ideia. Era o reflexo de um impulso prepotente mimoseado pelo florescer da noite. Por estes motivos crianças dormem cedo e o horário comercial é diurno, estou certa que também é a razão pela qual Cinderela só teve até meia noite no baile, se ultrapasse o horário provavelmente distribuiria desastres por suas mãos calejadas — quem sabe não estapearia a madrasta ali mesmo e rasgasse os vestidos das “irmãs” insolentes? A ausência da luz característica na madrugada provavelmente possui uma essência de demência que danifica o cérebro humano para que cometa todas as burradas existentes, e comicamente, enquanto estamos conscientes.
Eu tinha plena consciência daquela estupidez enquanto colocava meus pés dentro daquele lugar por livre e espontânea burrice. Podia ouvir a voz esbravejante de Hanna me xingar de todos os nomes possíveis, me mandando voltar para casa — onde ela dormia em um colchão ao lado da minha cama como um cão de guarda — e cumprir o protocolo de elaborar um plano no raiar do dia. Ela apenas não havia pensado em alguns detalhes importantes que me ocorriam enquanto ouvia seu ressono ilusoriamente despreocupado. Poderia não haver amanhã, já tínhamos sorte por poder desfrutar do final de sábado e todo o domingo aparentemente em paz. Eu sabia que o poderio da decisão sobre o tempo que eu respirava não era meu e nem o destino possuía mais essa façanha. No momento em que terceiros desejassem, estaria tudo acabado, e eu realmente odiava essa coisa de decidirem por mim. Em casa eu podia suportar rédeas curtas, mas porta a fora era bem diferente. Então por puro orgulho e anseio de livrar o fardo de todos os meus conhecidos que eu colocava em perigo, lá estava eu me espremendo pelos corpos dançantes para encontrar a morte de frente — possibilidade esta que neguei veementemente quando me foi sugerida por Hanna.
Eu não tinha certeza de que ele estava ali, apenas possuía uma forte intuição. Como deixara subentendido, aquele parecia ser o ponto de encontro de sua Companhia idiota, uma cova de leões prontos para me atacar. Em minha mente um confronto público me salvaria, só havia deixado passar o detalhe de como todos ali se afastaram quando Bieber espancou Guilherme. Aquele pensamento tardio me paralisou naquela sensação perturbadora de ter tomado uma decisão errada sem volta. Engoli em seco e respirei fundo. Eu já estava ali, agora iria até o fim.
Conferi mais uma vez o porte de um spray de pimenta dentro da minha jaqueta jeans e o celular de Hanna no bolso da minha calça preta para o caso de precisar fazer uma chamada de emergência. O kit básico para um encontro com um assassino — eu esperava não ser inútil.
Meus olhos varreram a área VIP que ele estivera da última vez e o bar, mas não encontrei nada, graças a Deus, nem mesmo Guilherme. Não lamentei tanto a possibilidade de ter sido uma perda de tempo enganar meus seguranças — afirmando que havia um carro na esquina me esperando para me levar aos meus pais que estavam convenientemente em Nova York para “resolver questões de última hora”, bem quando eu mais precisava de respostas. Caleb não compreendera meu ataque de frustração ao saber que eles não voltariam para casa. Se tivessem voltado, possivelmente eu não estaria cometendo esse erro terrível.
Como havia funcionado da última vez, eu planejava ir ao bar pedir informações, mas assim que me virei notei um detalhe importante que não notara no espaço antes, um segundo andar. Uma única escada, bloqueada por dois seguranças, no extremo esquerdo, conduzia àquela solitária e cumprida zona que separava divindades dos meros mortais, como espectadores das condutas devassas do primeiro andar. Um dos seres celestiais se apoiava no corrimão majestoso ininterrupto, projetando seu corpo para frente com ombros curvados como se pesasse sobre eles a responsabilidade de administrar aquele lugar. O rosto trazia traços profundos entalhados na seriedade que incidia os lábios em um bico concentrado e as sobrancelhas unidas. Sua postura exalava poder, como se ninguém ali pudesse medir forças com ele, informando que chamar a atenção de seus olhos vigilantes era extremamente ruim — ou bom, no caso de estar à procura de uma acompanhante. As mangas da camisa arregaçadas provavam que ele estava pronto para o trabalho, não se tratava de uma mera escultura para embelezar a decoração, embora pudesse muito bem se passar por uma. E apesar de ser insano, não senti medo quando suas pupilas dilatadas se estagnaram claramente em mim.
Involuntariamente apertei meus olhos, cruzando os braços significativamente, se ele não descesse eu subiria. Sua testa se enrugou enquanto julgava se eu seria mesmo tão doente de aparecer ali, mas não demorou a se convencer, a fisionomia passou a não demonstrar mais sentimento algum e ele se virou, apressando-se para descer as escadas.
Meu coração se desregulou rapidamente em desespero. O que eu planejava? “Quer dizer então que foi contratado para me matar? Pois bem, vim facilitar seu trabalho! ” Ou “ Você, um assassino treinado desde o berço, se acha capaz de enfrentar uma garota de estatura média, não muito forte e armada com um spray de pimenta? Pense novamente rapazinho”. A raiva que eu sentia tornava tudo muito possível e lógico em minha cabeça, por isso diz ser melhor não tomar decisões com as emoções a flor da pele, assim se pode pensar com clareza. Coisa que de fato não ocorria no momento.
Seu olhar não se desviou de mim enquanto descia os degraus um de cada vez, o rosto impassível não me dava dicas. Provavelmente era melhor eu sair correndo aos gritos enquanto podia.
Corre, Faith. Corre, Faith, Corre, Faith. CORRE, ANTA!
A voz baixa insistiu em minha cabeça ao passo que ele abria espaço na multidão para chegar a mim, mas eu estava paralisada. Não conseguia ter um medo real dele, embora soubesse nos meus ossos que deveria. Uma reação coerente apenas se apresentou quando finalmente parou na minha frente, fazendo com que eu engolisse em seco outra vez. Não tive tempo de mais, sua mão agarrou meu braço com uma força inumana, me arrastando como um cão abatido.
Então era mesmo uma ideia fundamentada em bosta.
Eu protestei incessantemente, tentando escapar das garras que ele fazia em meu braço. Nem mesmo podia ter certeza de que me ouvia, a música quase estourava meus tímpanos, agitada o suficiente para combinar com meu ritmo cardíaco. Agora a possibilidade dele me fazer mal fisicamente não parecia tão distante assim. Olhei em volta para buscar ajuda nos corpos dançantes, e era como se eu não estivesse ali. A teoria de que estaria mais segura em público era mesmo falha, pelo menos nesse meio.
Passamos pelo palco do DJ, no lado contrário a área VIP havia uma porta bem no fundo. A lembrança da segunda vez em que nos vimos me ocorreu, quando nos isolamos nos fundos da casa noturna e eu admirei seu corpo, desconhecendo que eram marcas de um predador.
Assim que abriu a porta, fui lançada para dentro, cambaleando pelo cômodo para que não caísse de cara no chão, mais insegura ainda por estar escuro. Pude distinguir o som da fechadura batendo e tremi involuntariamente, me assustando também quando a luz azul se acendeu, não clareava o suficiente — o que deveria ser intencional —, e eu pude ver apenas uma mesa redonda de centro e um sofá longo preto de couro.
Não me preparei para encará-lo, virando bruscamente para trás. Se ele planejava me atacar, seria encarando meus olhos. Sua fisionomia estava transtornada, um pouco mais do que quando o encontrei na segunda-feira.
— Qual o seu problema, Evans? Tem um instinto suicida? — questionou gesticulando com as mãos, furioso demais para usar somente palavras.
Tentei reunir toda a bravura que possuía quando decidi confrontá-lo, entretanto, não consegui ao menos piscar os olhos, como uma presa inútil fixada nos olhos de seu predador.
Ele esperou uma resposta, e pareceu mais indignado por não a obter, passando a mão com força pelo queixo e desviando a cabeça por um momento. Sua conclusão fez com que agarrasse meus braços e me empurrasse contra a parede, me deixando encurralada, as mãos apoiadas ao lado do meu corpo e o rosto bem em frente ao meu. Minha respiração entalou na garganta.
— Por que você seria tão burra para vir até aqui? — insistiu, enfatizando cada palavra como se eu tivesse retardo mental.
Eu já tinha certeza de que meu cérebro era defeituoso, mas não sabia que era tão grande para me paralisar numa situação daquelas. No fim, minha tese de como reagiria diante ao perigo estava terrivelmente correta.
A frustração discretamente preencheu seus olhos e sua voz ficou mais baixa e grossa.
— Está com medo de mim?
Era a quota de insultos, finalmente consegui tirar o choque que pesava sobre meu corpo e dei um sorriso sarcástico.
— Não. Sempre quis ter uma tatuagem em minha homenagem em seu corpo — minha voz, contudo, estava levemente fraca.
Ele pareceu aliviado por eu não ter perdido a língua, mas não recuou.
— Você já tem — revelou sério.
Antes que pudesse deter, uma parte da minha mente imaginou qual seria.
— Então quer dizer que já estou morta pra você — rebati com uma expressão satisfeita, ridicularizando o quanto dizer aquilo me doeu.
Eu não achava ser possível, mas ele fechou mais a cara.
— Você não sabe nada do que eu sinto — murmurou com rispidez.
Empurrei seu peito para que se afastasse de mim e assim o fez, me dando espaço. Meu corpo até então rígido relaxou um pouco, me incentivando a desafiá-lo.
— E como poderia saber, Justin Bieber? Se é que esse é seu real nome.
Ele ignorou o comentário.
— Você não entendeu da primeira vez que esse não é o lugar ideal para se estar? Pensei que seria sensata para ficar longe de mim por mais tempo. Fugiu de mim por uma razão, se lembra?
Por toda a hipocrisia que vivemos, eu esperava que pelo menos se defendesse, mas já deveria ter entendido que sua melhor defesa era o ataque.
— Isso é uma ameaça? — perguntei sem rodeios, deixando o corpo mais ereto para aparentar uma autoridade que eu não tinha.
— Faith, eu sou uma ameaça.
Cruzei os braços, protegendo meu peito como se pudesse privar meu coração do mal que viria em seguida.
— Já entendi isso, vim aqui para entender algumas coisas mais. Desde quando você foi contratado para me matar?
Ele desviou os olhos, demonstrando ao menos um pouco de pudor. 
— Acho melhor você se sentar — sua voz finalmente amenizou, embora permanecesse o toque sombrio.
Finquei os pés no chão sem dizer palavra alguma. Ele levantou a fronte, compreendendo.
— Esse realmente não é um lugar seguro pra você, poderíamos...
— Não — interrompi — Não vou sair daqui até você me dizer.
Justin respirou fundo e colocou as mãos nos bolsos das calças, desistindo.
— Era isso o que eu queria te contar ontem antes daquele babaca aparecer — ele mordeu a boca por dentro, relutante, esperando que eu me acostumasse com a primeira informação. Sinceramente, no momento não me interessava se ele me contaria no dia anterior ou dali mil anos. Meu rosto transmitiu a mensagem e ele assentiu, jogando tudo de uma vez enquanto os olhos me sondavam — A verdade é que.... Esse é o motivo pelo qual eu estive na sua festa. Uma semana antes fomos contratados e... Essa foi a oportunidade que encontrei para me aproximar de você. Eu já andava observando, sabia de algumas coisas, mas precisava de mais.
Desde o início éramos uma mentira? A pergunta reverberou pelos meus tecidos.
Seu silêncio só poderia significar que esperava uma resposta minha. Temi que escutasse meu coração se quebrando em mil pedaços e o mantive falando.
— E por que não fez de uma vez? Como com o homem do livro? Por que precisava se aproximar tanto? — o zumbido em meus ouvidos impedia que eu me ouvisse. Torci para que fosse clara o suficiente.
— Era um jogo. O pedido foi específico, a ordem primordial não é te matar, é ameaçar seu pai, você era apenas um meio de chegar a ele — sua fala quase se interrompeu quando observou meus olhos se arregalarem, perplexos, mas continuou — Precisávamos te ter onde queríamos e desesperá-lo o suficiente para que cedesse, caso contrário... — ele se deteve, deixando as consequências nas entrelinhas.
O ar passou entrecortado na minha garganta e eu travei o maxilar para conter qualquer jorro de emoção. Um jogo? Era isso que eu significava pra ele? Apenas um meio de ferir meu pai? Ao menos as ameaças condiziam com o modo de Bryan agir ultimamente, me senti pior por estar sendo tão incompreensiva com ele.
Fingi não estar desmoronando e prossegui:
— O que querem dele? E quem é que os contratou?
Ele passou a língua sobre a boca antes de responder.
— Requerem que abandone a empresa, abrindo mão de todos os seus direitos.
Balancei a cabeça, quase rindo.
— Isso tudo se resume ao dinheiro?
— Basicamente todas as coisas no mundo são — banalizou.
Eu percebia.
— Bryan não vai desistir de uma coisa que ele batalhou para conseguir — retruquei, desejando com toda a minha força poder aborrecê-lo de alguma forma para que pagasse o que estava fazendo comigo.
— Mas deveria. Você não parece ter compreendido o quanto a ameaça é real. O incêndio no seu quarto não foi acidental.
Cogitar essa possibilidade era uma coisa bem diferente de vê-la tornar-se real. Eu o convidava para minha casa e ele colocava fogo nas minhas coisas?! Não sabia por quanto tempo conseguiria manter as aparências de indiferença.
— Você? — carreguei a pergunta de desprezo, quase cuspindo a palavra.
Ele assentiu devagar, hesitante.
— E não era para ter saído viva daquela. Você é o maldito prazo que tenho que cumprir. Bryan não quer ceder, precisamos fazê-lo entender que não é brincadeira. Eu insisti que podemos enlouquecê-lo apenas com essas chantagens, mas a firma tem pressa. Os boatos de ineficiência se espalham rápido, e todos estão interessados em levar o prêmio. Por isso foram atrás de você na segunda.
Não percebi quando fechei os olhos como se quando os abrisse tudo aquilo fosse uma mentira. Quando abri minhas pálpebras nada mudara, Justin permanecia a minha frente, mantendo com esforço a seriedade superficial.
— Quem os contratou? — indaguei outra vez, direcionando minha fúria para essa incógnita.
— Eu não sei.
Bufei.
— Me diz de uma vez — engrossei a voz, perdendo o controle conforme meu corpo tremia.
— Eu não sei — insistiu — Não cuido de todos os contratos diretamente, às vezes algum pedido me é designado e não recebo o nome do contratante. Venho tentando descobrir, mas eles estão perdendo a confiança em mim.
Neguei repetidas vezes com nervosismo. As rédeas foram puxadas da minha mão.
— Então por que não me deixou morrer no fogo? Por que não acaba com isso de uma vez?! Você é um sádico idiota que quer ficar brincando com os meus sentimentos antes de se dar por satisfeito! — acusei, fechando as mãos em punho com desejo de socá-lo.
Justin negou com a cabeça discretamente.
— Você não sabe do que está falando.
Uma risada estranha saiu da minha garganta.
— Eu nunca sei de nada, não é? Sou a ingênua iludida jogada aos pés de um babaca sem coração!
— Você não sabe do que está falando! — repetiu, elevando a voz e me encarando perigosamente.
— Claro! Sou um pedaço de lixo que você usa e abusa quando quer! Uma demente por não enxergar toda a verdade que estava bem embaixo do meu nariz!
Eu sabia que o estava tirando do sério, mas não previ seu próximo movimento. Em segundos a palma de sua mão direita se chocava contra a parede, bem ao lado da minha cabeça. Eu estremeci. 
— Você quer toda a verdade? Acha que consegue entender por que simplesmente não consegui te deixar queimando naquele fogo?! Por que não é prazeroso te imaginar sofrendo?! Por que odeio quando você chora e faria qualquer coisa para que parasse?! Consegue entender por que seu costume estúpido de nomear estrelas e a mania imbecil de se preocupar com todo mundo me cativa?! Então me explica!
Não ousei me mover e por um instante só se ouvia nossa respiração acelerada. Eu absorvi suas palavras uma a uma, tentando entender qual era a tática do jogo dessa vez. Ele me deu as costas, passando as mãos pelo rosto com exaustão.
— Eu tô cansado disso, Faith. Cansado da minha arrogância em te querer, cansado de ficar no meio de tudo, cansado de me lembrar o tempo todo de você e desejar no fundo do meu ser que tudo pudesse ser diferente para que eu ficasse com você — seu corpo deu meia volta para que seus olhos frustrados caíssem em meu rosto — O que porra você fez comigo?
Ele não estava se declarando pra mim no mesmo momento que confessava ter se aproximado apenas para me matar. Não estava.
Dei uma risada histérica.
— E você acha que eu vou acreditar que realmente se importa comigo? — eu disse com um ironia, apertando minhas mãos ao redor dos meus braços. Eu sabia que seria estupidez acreditar nele de novo.
Sua boca se arqueou pra baixo enquanto ele negava rapidamente.
— Não espero que acredite em mim. Você pediu a verdade, e é isso que estou te dando — arguiu ele, dando de ombros.
Dei um sorriso falso, cansada estava eu por ser jogada emocionalmente de um lado para o outro sem nenhum aviso prévio. Ele travou o maxilar, mais irritado com meu gesto de indiferença do que estaria com minhas palavras. Eu podia fazer melhor do que isso, aproveitando toda a energia que se debatia dentro de mim.
— Então é minha vez de te dar um presente — forjei uma voz agradável, me aproximando dele que imediatamente ficou desconfiado. O movimento que fiz foi tão inesperado que não deu tempo que armasse sua defesa. Levantei meu joelho abruptamente com entusiasmo, acertando suas partes baixas. Imediatamente ele soltou um gemido abafado, curvando o corpo de dor — Isso é por ter tentando me matar — justifiquei e empenhei o segundo ataque que aprendera no dia anterior com Will, dobrando o braço e atingindo meu cotovelo no meio do seu peito, ouvindo um arfar satisfatório — E isso é por ameaçar toda a minha família.
Não, eu não me esquecera que recentemente estava costurando seu peito por ter levado um tiro, na verdade esperava fervorosamente que o golpe fizesse com que se abrisse e ele tivesse uma hemorragia.
Não consegui encenar a expressão cortês por muito mais, embora fosse deleitante desfrutar de sua fisionomia de dor. Joguei um olhar frio e desprezível em sua direção antes de dar a volta nele. Eu já tinha muito mais do que queria, estava pronta para ir embora.
Abri a porta, e ele expeliu uma lamúria para que eu esperasse.
— Só para constar, eu estava errada, você é sim mau, e não vale a pena nem meus mínimos segundos — proferi para suas costas, batendo a porta atrás de mim.
De volta aos seres insensíveis e individualistas, preocupados apenas com quantas bocas conseguiriam beijar na noite, marchei determinada para a saída da casa. Consegui me irritar a cada passo dado, aquela musica ensurdecedora, os toques inevitáveis de estranhos que quase me jogavam de um lado para o outro enquanto dançavam e aquele cheiro detestável de suor e álcool.  Isso me inspirou a deixar a mão fechada, pronta para dar um soco no primeiro que pensasse em entrar no meu caminho. Para não provocar o destino, não ousei olhar para o palco da Companhia hipócrita, eu não queria lidar com mais nenhum deles. 
Felizmente, empurrei a porta preta desimpedida e saí na rua como se soubesse o que estava fazendo, me centrando no meu próximo objetivo, chegar em casa. Eu só queria chegar em casa. O vento batia gélido em meu rosto, cruel como deveria ser, me lembrando que a única coisa que eu ganharia desse mundo seria dor lancinante constante. Se o mundo recusou Jesus, por que eu esperava que comigo, mero pó, fosse diferente? 
E mesmo sabendo que minha aflição não era extraordinária, me sufocava. Eu deveria confessar que estava em parte aliviada por não ser a responsável de toda a merda que estava acontecendo. Não era culpa minha ansiarem a empresa do meu pai, como Justin esclarecera muito bem, eu não passava de um detalhe naquela equação, facilmente descartada. Apenas me chateava que Bryan não desse conhecimento da situação para mim. Eu não deveria saber que corria perigo? Se soubesse desde o início, mudaria alguma coisa? 
O pensamento apenas me serviu como um incentivo para contar a Caleb sobre nossa mais nova ruína. Eu só não queria dizer para minha família que eu fora a porta de entrada para um assassino, já era difícil o bastante pensar naquilo sozinha. Garoto idiota dos olhos mel aproveitador. Ele aprenderia que meus sentimentos não eram brinquedos de seu parque para parar de tentar me confundir com palavras emotivas patéticas. 
Fiz sinal assim que o primeiro táxi passou na rua, notando que eu quase estava me acostumando com aquele serviço do tanto que utilizara nos últimos meses. O taxista não tinha carisma, então mal olhou para meu rosto, o que foi uma benção, eu não queria explicar para um desconhecido o motivo de estar afundando em uma tristeza profunda que cada vez me puxava mais para baixo.
O tempo passou indistinto, e num estalar de dedos eu já estava em casa. Paguei e desci, tendo noção de que acolhia o torpor de boa vontade. Eu estava cansada de lamentar meus infortúnios. Assim, apenas me lembrei de ter que dar uma desculpa para Fred e Walter quando estava parada na frente deles, que me olhavam com um ponto de interrogação acima de suas cabeças. Tecnicamente, eu deveria estar em Nova York no momento.
— Ao que parece não serei mais necessária lá — justifiquei, sem me preocupar em parecer verdadeira.
Eles abriram espaço, confusos, enquanto Walter abria a porta. Eu já estava entrando quando me virei pra eles.
— Ah, se virem aquele idiota de cabelo castanho chamado Justin Bieber por aqui,  imediatamente chamem a polícia, eu não quero vê-lo nem pintado de ouro.
Suas expressões de espanto com certeza escondiam o fato de acharem que eu exagerava por ter uma briga com o namorado, um ataque típico de uma garota de classe alta. Me lembrei de maldizer Bieber por aquela dádiva de duvidar das pessoas e suas superfícies. Seria pra sempre assim?
Entrei de fininho em meu quarto, Hanna estava jogada com a barriga para baixo, e por mais que soubesse que negaria até a morte, roncando. Joguei minha jaqueta pela cama e deitei nela mesmo de calça e sapatos, sentindo que aquele sim era o meu lugar, isolada de tudo e todos, ninguém poderia me tocar ou me ferir se eu ficasse no meu canto.
Meu cérebro revirou todas as últimas lembranças, comparando as novas informações com as antigas, mais uma vez organizando todas as gavetas, pela milésima vez declarando calamidade sentimental. Eu queria poder aprisionar tudo aquilo e jogar dentro de um cofre no meio do oceano, me livrando pra sempre de coisas que eu nem ao menos pedira para ter.
Eu estava estática olhando para o teto quando meus neurônios chegaram a uma conclusão. Eu não poderia me livrar de memórias, mas sim da presença física do grande causador de toda aquela bagunça. No dia seguinte, iria à policia.  


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