Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

One Life 39

— Você sabe que não tá fazendo sentido algum né? — Hanna andava de um lado para o outro quase desgastando o piso — Tem certeza que não está de ressaca? Justin queria te amolecer, então ofereceu bebida, você por estar nervosa aceitou, ficou muito bêbada e perdoou ele, depois acordou toda bagunçada e ficou com remorso, então seu cérebro inventou toda uma história para compensar! O manipulador e atrativo Justin Bieber com terríveis planos para te seduzir.
Sentada como estava com os cotovelos apoiados nas coxas, esfreguei minhas têmporas, sentindo que minha cabeça explodiria.
— Sua teoria é falha, eu não bebo e não sou tão criativa assim — retruquei com a voz cansada.
Por mais que fosse irritante, tentar convencer Hanna de que era verdade estava estimulando minha racionalidade. Não havia como negar, os fatos confrontavam minha vontade, sem espaço algum para as ilusões do meu coração, órgão idiota que me levara até ali, diluída em fracasso no meio de tanta gente. Minha sorte era todos estarem tão apressados, correndo contra o relógio para chegarem ao seu destino. Eu não fazia ideia de qual era o meu, mas era claro que também estava de passagem.
Uma cena em especial me chamou a atenção, paralela ao cenário corriqueiro da estação, embora tão pertencente ao espaço que servia como um de seus alicerces. A garota de estatura média com o cabelo afro trabalhado nos cachos enormes procurava algum refúgio nos braços franzinos do menino com franja escura que lhe cobria os olhos, misturando-se com as lagrimas bruscas que escorriam por seu rosto.
Me senti constrangida de estar presenciando a cena tão íntima, mas não conseguia parar de olhar, imaginando qual deles estava indo embora e por que. O modo como se agarravam um ao outro era prova de que ainda existia sentimento. Ou talvez ele pudesse estar mentindo sobre isso e muitas outras coisas. Se fosse, ela saberia reconhecer? E se soubesse, conseguiria simplesmente manda-lo embora excluindo todas as vivências que experimentaram juntos? Uma mentira poderia deslegitimar tudo? Na minha realidade, emaranhada como estava ao restante, podia. Ela voltava pelos tecidos da minha mente, corrompendo cada gesto, cada palavra, me retratando como a pessoa mais ingênua existente.
Então os invejei, mesmo que não soubesse o que estavam vivendo, não poderia ser tão ruim quanto estar na minha pele. Se fosse, ela não estaria com os olhos úmidos de admiração presos a ele. Estaria?
— Não surte agora! — Hanna chacoalhou meus ombros, olhando em meus olhos com a inquietação de quem não era ouvida. Seria cômica sua contradição se não fosse trágica — Temos muito o que pensar. Por um absurdo da vida isso é mesmo verdade ou você realmente acredita nisso.
Ela estava assustada e eu queria conseguir acalmá-la, mas não conseguia engolir o desespero entalado em minha própria garganta.
— É verdade Hanna Marin! Eu não tenho nenhum motivo para inventar uma coisa dessas, e não estou delirando para encontrar mais razões que me afastem dele. Já te disse que descobri sobre ele ser um assassino na segunda, a novidade é apenas essa demanda específica de acabar com a minha vida mais do que emocionalmente — falei tudo de uma vez, destruindo todo o meu avanço de autocontrole.
Hanna se agachou na minha frente para que pudesse me olhar nos olhos, semicerrando os seus.
— Talvez seja melhor pra você existir uma alternativa que não envolva me esconder tais coisas, principalmente de que o cara com o qual estou saindo apenas está comigo para te atingir — seu tom de voz ameaçado transparecia o quanto estava chateada.
E mais essa.
Choraminguei, jogando a cabeça para trás com as mãos no pescoço.
— Eu sei que devia ter te contado, eu só não sabia e muito menos sei agora como lidar com isso! Eu já estava arrumando um jeito de te proteger dele, Justin já havia dado um aviso ontem que me arrumou tempo para encontrar a melhor forma de agir.
Retratá-lo como o bom moço deixou um gosto amargo na minha boca. Não parecia mais certo.
Ela suspirou, colocando a mão em cima da minha.
— Essa parte também não faz sentido. Por que ele nos protegeria do Guilherme se quer tanto assim te matar?
O desvio imperceptível de assunto era sinal de que talvez ela me perdoasse depois que conseguisse me acalmar. Para dar prioridade para os meus sentimentos, eu com certeza deveria estar visivelmente nadando em merda.
Olhei pra ela com raiva, embora não fosse a responsável pelo sentimento.
— Manipulação. Pode ter sido tudo uma encenação para que ele se passasse por bom samaritano e me tivesse onde queria — o raciocínio veio rápido, estimulado pela fúria bombardeando minhas veias — Devida a aparição de Guilherme, ele foi “obrigado” a estourar os pontos para me ver, e assim eu fui pra casa dele. E também aquela noite na casa noturna ele claramente disse para um dos idiotas não mexerem com seus assuntos, por isso me defendeu deles, queria o monopólio da minha morte para si mesmo.
Seu rosto se retraiu de pena, sabia que fazia sentido, mas igual a mim não queria que fizesse. De qualquer forma, eu não gostava de seu olhar de piedade, significava que eu falhara em alguma coisa, no caso, em usar meu cérebro. Deveria saber que seus segredos aparentemente bobos dos primeiros encontros não levariam a boa coisa.
Ela mordeu a boca, decidindo se deveria dizer o que estava pensando.
— Faith, esse não é o único problema. Você disse que eles são contratados para matar, então com certeza alguém está pagando para que o façam. Tem alguma ideia de quem poderia ser? — sua voz estava baixa e hesitante, detestando tomar a responsabilidade de me contar uma coisa tão terrível.
Com todo o meu drama sentimental não havia parado para pensar nisso, e um gelo percorreu minha espinha ao cogitar a ideia.
— Não faço ideia — neguei repetidas vezes, arranhando meu pescoço acidentalmente enquanto grunhia.
O ar foi expelido com um ruído por seu nariz, como se desistisse. Contrariando, um sorriso de lado exalando confiança e consolo apareceu em seu rosto.
— Sei que vamos pensar em alguma coisa — incentivou, então distorceu a expressão em angústia — Por favor, para de chorar que isso atrapalha meu raciocínio.
Passei as costas das mãos com desleixo pelo rosto, aborrecida por ela me lembrar do fato. Ultimamente era o que eu mais fazia, então pensei que ignorar pudesse impedir a continuidade.
— O outro passo talvez possa ser.… procurar a polícia — sugeriu devagar, analisando minha reação.
Assim que concluiu eu tive a resposta.
— Não — decidi firme, quase como reflexo.
Não era uma decisão plausível na situação e todo o seu rosto fez questão de me lembrar disso, mas não quis me questionar com palavras.
— Ou... — seus olhos se apertaram, indicando que não era agradável. Pensei que me aconselharia a um suicídio de uma vez — Poderíamos falar com ele.
Meu palpite era bem melhor, o olhar que lhe direcionei deixava isso claro.
Ela levantou as mãos em rendição.
— Não podemos ficar paradas esperando eles chegarem Faith. E pelo que me consta, eles já possuem os meios de conseguir, sabem de pessoas para usarem contra você, conhecem sua vida e cada detalhe de sua casa. Nós temos que agir primeiro.
Tentei não ficar com raiva dela, não era sua culpa minha cabeça desejar rejeitar o fato óbvio e me conduzir através do arco íris para enfim encontrar a paz do Senhor.
— E você acha que falar com um assassino que mentiu para mim desde o início fará alguma diferença? — exagerei no sarcasmo, plantando até mesmo um sorriso — Com certeza é uma ótima ideia.
Ela respirou fundo, tentando não sair do controle e iniciar uma discussão. Duas pessoas temperamentais não era uma combinação muito inteligente às vezes. Num geral, eu era a mais paciente, mas naquele momento não poderia exigir qualquer coisa do caos em meu espírito.
— Ok. Você acha mesmo que todos os momentos com ele foram uma mentira? Sabemos que não é ingênua assim, deve ter alguma palavra, olhar, qualquer coisa que tiveram para te confrontar agora. Você passou muito mais tempo com ele do que comigo — sua acusação final fora calculada para estar ali e dar mais credibilidade aos dizeres.
Não adiantou.
— Pois é, eu sou tão estúpida assim mesmo. Agora vamos para os argumentos plausíveis para eu falar com ele.
Sua paciência se esticou na minha frente, eu estava ampliando seus limites. Ela deu de ombros.
— De qualquer jeito você tem que falar com ele. Eu acho que deve ter pelo menos alguma vez que não quis fazer isso... — ela captou minha expressão, então mudou de estratégia — Talvez possa fazê-lo contar quem o contratou e por que. É nossa melhor chance. Você não pode fugir, e sabemos que se alguém for... fazer isso, será ele. Ele não quer que mais ninguém o faça. Também não me esqueci de que ele te salvou do fogo aquele dia no brunch.
Era verdade. Entretanto, a causa daquele incêndio era tão estranha que não duvidaria se ele mesmo tivesse plantado aquela situação para me tirar depois e ganhar mais alguns pontos, conquistando a gratidão dos Evans além do meu coração.
Fugindo da dor que o pensamento resultara, me atentei ao fato de ser logo após o incidente o contrato de Bryan com nossa segurança particular. Nem mesmo a mídia conseguira compreender aquilo e fomos taxados de pretensiosos. Meu pai saberia da ameaça? Por isso andava tão aflito? Era ele que estava ao meu lado no topo do quadro investigativo.
— Não posso pensar nisso agora. Só quero poder sair daqui — joguei meus braços nas minhas pernas e os entrelacei ali, escondendo meu rosto no espaço entre ele.
Péssimo dia para ser Faith Evans.
Senti a mão de Hanna em meu cabelo.
— Ao menos se livrou de um babaca. Imagina se estivessem casados e você pegasse seu filho de dois anos brincando com uma granada da bolsa do papai?
Eu quase ri, mas o setor de humor não pode ultrapassar a destruição emocional.
— Vamos achar uma saída, Faith. Nunca vi algo que você não pudesse resolver, assim como eu. Ou seja, juntas nós somos uma dupla melhor do que Chuck Norris e Jack Chan.
Dei um sorrisinho mesmo que ela não pudesse ver. Quando me endireitei só para deitar em seu colo, já havia desaparecido. Era o segundo consolo do dia na mesma forma, mas tão discrepantes.
— Eu sinto muito por Guilherme. Você realmente gostava dele?
Ela bufou, abanando a mão exageradamente.
— Você sabe como sou para homens, é uma coisa instantânea, o prazo de uso dele estava mesmo acabando.
Espremi os lábios e balancei a cabeça com reprovação, contendo um sorriso. Hanna riu, feliz por cumprir o objetivo de me distrair por um segundo.
Eu odiava fazer isso com ela, não era justo enfiá-la também nessa situação a ponto de corromper até mesmo um de seus relacionamentos. Eu sabia que não era da forma que ela relatava, Hanna se importava até demais para querer brincar com o coração de alguém por qualquer período de tempo, por isso terminava tão rapidamente. Ela conseguia se apaixonar numa velocidade inumana, e o mesmo para perder o interesse, mas era honesta o suficiente para não querer iludir alguém. E assim só me restava me importar com esse ser humano impulsivo e cuidar dela como se fosse a mim mesma, eu a amava como uma parte de mim, e talvez isso fosse perigoso. Como eu estava aprendendo, amar era perigoso. Poderia Hanna também me decepcionar dessa forma? Por uma causalidade ela podia ser uma vampira sedenta pelo meu sangue.
Na verdade, eu era extremamente grata por sua presença insistente em minha vida, por mais louca que fosse. Ela respeitou meu espaço, esperando num abraço que eu estivesse pronta para sair daquele lugar, reunindo cada resquício de coragem que pudesse haver em meu sistema. Aquela estação tão estranha para mim era o mais perto que eu teria de um porto-seguro.
Cheguei em casa batendo a porta, não era algo que eu pudesse controlar. Passei direto por Flê, ela também podia estar em perigo por minha causa, eu não conseguiria lhe olhar nos olhos e desejar um “bom dia” quando eu sabia que não era. Hanna me seguiu e eu sabia que havia trocado um olhar de desculpas com minha quase-mãe.
Bati repetidas vezes na porta de Caleb embora Hanna resmungasse alguma coisa sobre eu tratar da minha aparência primeiro.
Sua expressão de espanto por minha insistência estava mal-humorada.
— Calma aí... Faith? — ele estava sem camisa, o cabelo grudando no suor de seu rosto e pescoço reforçava a ideia de que estava malhando, dando sentido para a música alta de Martin Garrix um pouco mais irritante naquele dia do que o costume.
— Onde está nosso pai? — despejei as palavras, batucando no batente da porta num tique irreprimível.
Ele olhou para trás de mim, procurando alguma explicação em Hanna.
— Oi Hanna....
— Não temos tempo para isso, fala de uma vez — interrompi, prestes a voar em sua garganta, mesmo sabendo ser uma reação exagerada. Meus nervos estavam a flor da pele.
Suas mãos se levantaram em rendição, embora as sobrancelhas estivessem franzidas.
— Foi resolver alguma coisa na empresa, disse que voltaria para o almoço. A mãe foi junto também. Daqui a pouco estão aqui — ele analisava meu rosto enquanto falava, então perguntou — Você andou bebendo?
Revirei os olhos para aquela besteira e lhe dei as costas.
— Obrigada, Caleb.
Entrei no meu quarto e escutei os passos apressados de Hanna para me acompanhar. Ela fechou a porta.
— Caleb pensa que estou te levando para o mau caminho — comentou com humor.
Me joguei de costas na minha cama, me sentindo mais cansada do que pensava ser possível para alguém que acordara há pouco.
Apenas percebi que meus olhos estavam fechados quando vi imagens dançantes de várias formas que eu poderia morrer.
— Hm... Não deveríamos estar arquitetando planos? Eu já não gostei da ideia de voltarmos para cá sem elaborar alguma coisa.
Ignorei sua pergunta para tirar aquilo que estava me corroendo no peito. Me sentei e olhei pra ela com receio.
— Me perdoa por te colocar nessa? Se eu soubesse que algum dia te faria mal...
Ela fez uma careta, colocando as mãos na cintura.
— Não comece com essas bobagens, ambas sabemos que sempre gostei de um filme de ação — brincou.
Forcei um sorriso de lado.
— Está faltando o homem que protege a mocinha, nos filmes ele não quer matar a pessoa com a qual se relaciona.
Han bufou, abanando a mão.
— Século vinte e um, meu bem, aqui não tem nenhuma mocinha, nos defendemos sozinhas — discordou, acrescentando depois — E já viu Sr. e Sra. Smith? Ambos querem se matar.
— Mas ela também sabe matar. E não ouse comparar aquele pedaço de ser humano com o Brad Pitt — avisei ameaçadoramente.
Ela concordou com a cabeça, pegando meu braço e me puxando da cama.
— Pois bem, vá se higienizar que já sei um plano, vamos aprimorar a defesa pessoal com Willian e Caleb enquanto pensamos em outro plano mais eficaz.
Era bem utópica a ideia de que eu podia escapar de uma empresa de assassinos tradicional com um dia de defesa pessoal. Desejei com todas as minhas forças ter batido o pé com Eleanor para que me deixasse continuar nas aulas de Muay Thai.
Nunca tomei um banho tão desleixado como aquele, minha cabeça estava tão ocupada com assuntos mais importantes do que passar shampoo e condicionador que só me lembrei de usar o sabonete. Meu cabelo estava pingando no meu moletom de Harvard quando saí do banheiro, talvez pior do que quando entrei.
Hanna estava entrando no quarto com os dois professores improvisados e me olhou de cima a baixo com o julgamento afiado. Ela deu um sorriso coringa antes de cochichar no meu ouvido.
— Você não precisa mostrar pra ninguém que está na fossa, precisa parecer perigosa.
Meu olhar serio veio acompanhado das palavras:
— Hoje não é dia para lição de moda.
Ela não concordou, mas pelo menos não retrucou. Era uma coisa a menos para eu me preocupar, já que ainda tinha o olhar desgostoso de Will. Tentei dar um sorriso de desculpas enquanto acenava com a mão.
— Oi Will.
Ele estava com os braços cruzados e respirou fundo para conter a língua, não queria me entregar ao meu irmão. De qualquer forma, Caleb já analisava a situação e formulava as teorias do que eu aprontara dessa vez, baseando-se em sua primeira constatação de quando fui ao seu quarto.
— Ok, posso saber qual o motivo do interesse repentino que exige a presença de nós dois pra essa aula? — Caleb quis saber.
— Não pensamos em nada melhor para fazer — Hanna murmurou com um sorrisinho angelical. Não era mentira.
Eles se entreolharam, analisaram nossas expressões ingênuas, então foram ao trabalho com um dar de ombros. Por conveniência, Willian ficou responsável por me ajudar, era sorte seu porte físico ser de Hulk pelo fato de eu estar imaginando a cara do Justin na sua como incentivo. Com a mesma ferocidade dos meus movimentos, os pensamentos trabalhavam em minha cabeça.
Para quem eu deveria contar? Quem podia me ajudar? Por que eu não confiava na polícia? Deveria avisar as pessoas a minha volta para que se afastassem por eu ter um alvo nas costas? Isso não faria com que se aproximassem mais já que se importavam? Aquela náusea não deixava meu estômago.
Sequei as mãos mais uma vez na calça, tomando ar.
— Faith, tem certeza de que está bem? — Willian perguntou outra vez, a testa vincada de preocupação.
Devia ser essencial contar ao seu segurança que um assassino tinha total acesso a você.
Era isso, precisávamos, mudar de casa!
— Faith — ele insistiu, os olhos atentos em mim.
Não havia percebido que ainda não o respondera e tentei mover a cabeça para uma resposta afirmativa. Não obtive sucesso. Me desesperei sem compreender o que estava acontecendo quando tive uma sensação pior de estar sendo desligada do mundo, puxada lentamente do meu próprio corpo. Percebi que ia cair, e a única coisa que pude fazer foi torcer pra que Willian me segurasse a tempo.

Quando consegui abrir os olhos outra vez foi completamente desesperador. Meu coração foi parar na boca por não saber onde eu estava, como havia chegado ali e por que.
— Tá tudo bem. Você só desmaiou.
Relacionei a voz à Hanna apenas quando a encontrei sentada no pé da cama, a mão tocando minha canela para me tranquilizar.
Apoiei as mãos na cama para me erguer e sentei, ainda confusa, tentando puxar na minha mente os episódios que me fugiam.
— Como se sente? Deixou todo mundo preocupado — ela simulou uma bronca.
— Com sede — respondi e ela deu uma risadinha, apontando para a cômoda ao lado da minha cama onde havia um copo de água.
— Flê que deixou aqui, Willian preferiu esperar lá fora para não te sufocar e seu irmão está ligando para seus pais e um médico para vir aqui. Mas acho que ambas sabemos o motivo, não? — seu olhar ficou triste — Eu já tinha lido em algum lugar que emoções muito fortes causam desmaios, mas não sabia que era verdade.
— Não quero um médico.
Demorei ainda alguns segundos para entender de qual era a causa que ela falava, e assim que recuperei tudo o que fugia, preferi permanecer às cegas.
Ela assentiu, compreensiva.
— Wren está aí, está lá fora com Caleb. Ele veio te ver, levou um susto quando dissemos que estava desmaiada. Vou falar pra ele entrar.
Pelo que eu sabia, era a primeira vez que se viam após o término, era compreensível que as coisas ainda estivessem estranhas.
— Não, não contei a ninguém sobre o que descobrimos hoje, e sim, me sinto mal perto de Wren, por isso estou vazando — respondeu antes mesmo que eu pensasse em perguntar — Não se preocupe, estarei aqui fora, qualquer coisa dá um grito, vou tentar convencer seu irmão a cancelar o médico.
Ela piscou e em um instante já estava fora do quarto. Eu sabia que sua pressa era por causa de Wren. Quanto mais rápido ele entrasse, mas rápido saía para bolarmos nos planos.
Eu estava colocando o copo de volta na cômoda quando ele bateu na porta, dando uma espiada em seguida.
— É aqui que se encontra uma enferma em seu leito de morte? — perguntou bem humorado.
Mal sabia o quanto chegava perto da verdade.
Era incrível que apenas o sorriso dele conseguisse transmitir tanta paz.
Balancei a cabeça em reprovação.
— Entra, idiota.
Ele riu e obedeceu a ordem, andando desajeitadamente pelo quarto, não sem seu exame facial intacto. Wren segurava uma caixa branca nas mãos, o que tornou meu sorriso mais verdadeiro. Em meio a desgraça os meros detalhes fazem diferença.
Ele captou meu olhar e pareceu satisfeito pelo que viu.
— Era minha vez de trazer comida — relembrou, se referindo a nossa escala alimentar durante nossas visitas nos últimos dias — Com licença — pediu antes que se sentasse ao meu lado.
Cruzei as pernas feito índio em cima da cama e abri espaço pra ele, pegando a caixa que me estendia.
Não demorei a abrir, quase dando pulinhos ao ver fileiras de cupcakes de chocolate com um ou outro espaço vazio. Eu gostava muito de comer quando estava nervosa.
— Fui assaltado lá fora — explicou-se, se desculpando.
— Você está salvando minha vida — agradeci, pegando um e dando a primeira mordida concomitantemente.
Ele deu seu sorriso Wren e me imitou. Nossa amizade era simples e leve, mas numa situação extraordinária dessas, não me surpreendeu quando buscou o assunto.
— Então, não foi me ver essa semana, huh? — ele disse mais para uma brincadeira do que uma cobrança.
O olhei com um pedido de desculpas.
— Semana difícil — justifiquei, esperando que não me obrigasse a contar detalhes.
Ele assentiu, olhando para o seu cupcake.
— Você sabe que eu entendi do que se trata, não é?
Embora fosse um absurdo que ele realmente soubesse que eu estava saindo com meu assassino particular, não pude deixar de ficar espantada. Ele não percebeu minha paralisia.
— Você brigou com ele, pude notar quando coloquei os pés no quarto. Está faltando aquele brilho disfarçado no seu olho. E se me permite dizer, foi coisa séria.
O pedaço de chocolate desceu com ruído pela minha garganta.
Seus olhos procuraram os meus para a confirmação da qual não precisava.
— Talvez futuramente eu possa te contar o que ocorreu, mas no momento eu simplesmente... — procurei a palavra adequada — não estou pronta.
De relance o vi assentir.
— Compreendo. Então me diga, no fim qual era a encrenca que Hanna havia se metido? Passei um bom tempo curioso com isso.
Ele supunha que o novo assunto era mais leve, e eu não o culpava por isso, não tinha como adivinhar que estava tudo interligado.
— Era só uma emergência feminina. Alguma coisa sobre unha e figurino na festa que ela iria com a mãe no dia seguinte — menti, já me sentindo horrível por isso.
Seus olhos que se arregalaram.
— Serio? — ele não gostava de ser indelicado, mas não conteve a perplexidade pela futilidade que nos fizera armar para os meus seguranças.
Fiz sinal positivo com a cabeça, forçando uma risada para autenticar o fato.
— Hm, imagino que você quis fazer um ensopado de Hanna.
Forjei uma expressão de revolta e ele riu.
— Hanna é engraçada.
Concordei, mas despertando aquela preocupação.
— E como você está em relação a isso? Como foi vê-a agora?
Enrolei o embrulho do cupcake terminado na mão e peguei mais um, ligando um grande “dane-se” para o que Eleanor pensaria sobre isso.
Ele deu de ombros, ainda na metade do seu primeiro.
— Está ficando mais fácil. Sei que vai passar — Wren tinha costume de menosprezar suas dores, então eu não sabia se comprava — E se essa for sua decisão também, você é muito mais forte do que eu. Sei que consegue passar por qualquer coisa que quiser. Além do mais, eu estou aqui com você — sua mão livre se apoiou em cima da minha sobre o lençol bagunçado — Só não é uma temporada para amar, sabe?
Eu quase não consegui respirar através do nó emotivo no meio da minha garganta, então apenas lhe dei um sorriso de gratidão. Ele não sabia que estava me ajudando muito mais do que superar um coração quebrado.

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