Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

One life 25

Esperei que ele se acalmasse com a esperança de que me contasse o que estava acontecendo. Justin havia me tirado no meio da aula – tecnicamente – para falar comigo, não era possível que não quisesse me dizer nada.
No mesmo instante percebi que era completamente possível, Justin Bieber não era lá muito previsível.
Ele se soltou do meu abraço, e se sentou no chão, deixando a cabeça nas mãos; a esquerda, com a qual havia socado a parede, estava sangrando.
Meu primeiro pensamento foi em consertar o que eu podia ver, então corri para o carro, torcendo para que estivesse aberto. Agradeci quando a porta se abriu com facilidade e peguei minha garrafa de água dentro da minha bolsa, juntamente com o lenço branco que eu sempre carregava ali. Voltando, Justin não havia se movido um centímetro, imóvel como uma estátua.
Agachei-me junto a ele e deixei a garrafa de água no chão, puxando delicadamente sua mão.  Ele me olhou para identificar minhas intenções, mas não deixei que isso me atrapalhasse. Joguei um pouco da água nos ferimentos e passei o lenço para limpar, fazendo isso com cuidado.
– Pensei que tivesse ido embora – sua voz disse baixo.
– Eu não te deixaria aqui – discordei, jogando mais um pouco de água.
Era uma sorte o chão ainda ser de concreto.
– Seria mais inteligente ir.
Amarrei o mesmo lenço em sua mão e olhei para ele.
– Eu não queria assustar você – lamentou.
– Não me assustou – menti.
Ele fez uma careta, sabendo que eu estava mentindo. Eu deveria saber que não acreditaria.
Sentei-me ao seu lado, segurando sua mão boa na minha e olhando fixamente em seus olhos.
– O que aconteceu?
Justin olhou para frente para que eu não o influenciasse diretamente. Não era justo se ele usava justamente dessa artimanha comigo. Por isso, coloquei a mão em seu rosto, virando para que olhasse em meus olhos.
Ele franziu a testa, distraindo-se por um instante do que o perturbava por causa da minha fisionomia, depois balançou a cabeça.
– Dispensaram um amigo meu do trabalho hoje.
Joguei-lhe um olhar desconfiado. Não poderia ser isso. Era uma reação e tanto para uma demissão.
– É serio Faith. Ele tem uma... Família. Por que eles não se importam? – seus olhos se fecharam, se acalmando para que não perdesse o controle outra vez.
Talvez fosse mais complicado do que eu estava imaginando. Ele podia ter uns quinhentos filhos e não ter a quem pedir ajuda, talvez não soubesse fazer outra coisa também.
– Eu posso ajudar. Posso dar algum dinheiro para ele e falar com meu pai para que o empregue em algo que queira – propus.
Ele abriu os olhos, me fitando com uma emoção desconhecida.
– Não creio que possa ajudar. Não tem o que fazer. Ele já voltou para o lugar de onde veio.
Sua mão escapou da minha para que cobrisse o rosto outra vez, apertando as têmporas.
– Me conte alguma coisa. Por favor, me distraia – pediu com pressa.
Revirei meu cérebro para pensar em algo que não fosse preocupação com seu estado no momento.
– Descodifiquei o livro de registros – contei ao me lembrar.
– Como?  – sua curiosidade mal era genuína.
– Pesquisei códigos, encontrei o clássico que sempre usavam; principalmente César. Encaixou-se em algumas das letras, intercalando havia alguns números e símbolos que correspondiam com o teclado do celular. Descobri ontem quando mandaria mensagem para a Hanna. A pessoa que o criou foi bem inteligente. Eu tive sorte. Imagino se inventaram um nome para esse código em questão. Será que já existe? – tagarelei.
– Você é inteligente, Faith. Como o nomearia? – sua atenção estava mais presente na conversa.
Pensei rápido em um nome.
– Bom, o de César chama Cifra de César ou Cifra de troca. Então ficaria Cifone, Trocafone, Ciflado, Teci. Acho que gosto mais de Teci, te de teclado e ci de cifra.
Estava para nascer alguém mais idiota do que eu. Mas com isso, consegui que um fantasma de sorrisinho aparecesse em seu rosto. Sendo assim, eu gostava de ser idiota.
– Também gostei.
Justin respirou fundo, abaixando a mão. Ele passou os olhos pelo cômodo, avaliando os estragos que fizera.
– Desculpa te fazer presenciar isso. Eu só precisava... – ele lutou com as palavras, não conseguindo terminar a frase.
Neguei.
– Não vejo problema nisso. Não posso dizer o mesmo do proprietário – brinquei, esperando que o sorrisinho viesse para seu rosto.
Não funcionou.
– Sou eu.
– Você...? – o incentivei a esclarecer, não conseguindo dar sentido para a frase sozinha.
– O proprietário. O restaurante é meu.
Passei um tempo tentando digerir a informação. Ele estava construindo um restaurante e acabava de retardar seu progresso. O que seria adequado para se dizer num momento desses?
Meu silêncio fez com que ele me olhasse, e ao ver minha expressão, esclareceu:
– Isso geralmente acontece. Descobri que minha mãe sonhava em ter um restaurante. Fiz um para que quando a encontrasse pudesse presenteá-la – seu sorrisinho foi diferente do que eu queria, foi triste e irônico, como se ele próprio caçoasse de suas esperanças.
– E agora você... Destruiu por que... – comecei hesitante, chegando a uma conclusão nada boa.
Ele deu de ombros, desviando os olhos.
– Porque aos poucos vou perdendo a fé. Sempre que alguma coisa... – percebi que editava as palavras – sai do controle, venho aqui.
Tentei fazer outra piada.
– Mas eu ainda estou aqui.
– Acho que é exatamente por isso que te chamei – confessou – Foi totalmente impulsivo, me perdoe.
Fiz uma careta, tentando novamente segurar sua mão, olhando para ela enquanto a acariciava.
– Fico feliz que tenha confiado em mim para isso, gosto da proximidade que nos traz. Espero que saiba que pode me contar qualquer coisa.
Eu queria que ele dissesse alguma coisa, mas não obtive uma resposta. Sendo assim, desviei o assunto:
– O nome da sua mãe que está lá é Erin.
Olhei para ele depois de dizer, sua testa se franzia minimamente.
– Erin?
– Sim. E eu consegui o endereço.  Não fica muito longe daqui, pensei que poderíamos dar uma passada lá hoje. É em Somerville.
Ele respirou fundo, olhando para o além enquanto pensava.
– Agradeço pelo esforço Faith, mas... Não tenho certeza de que deveríamos ir. Não acho que seja ela. Não tem como saber também se é o endereço correto – seu receio era claro nos olhos.
Eu não sabia dizer se era pelos acontecimentos recentes ou por medo de finalmente conhecer sua mãe, então não insisti, me concentrando em apenas fazer com que ele se sentisse melhor no momento. Mas o que seria melhor do que o carinho materno?
Ficamos em silêncio até ele me olhar nos olhos.
– Tudo bem. Nós vamos.
– Tem certeza? – questionei hesitante. Ele já estava sensível, não deveria ser muito bom lidar com outro assunto delicado.
– Vamos de uma vez encarar meus fantasmas do passado – ele sorriu para mostrar que estava bem e se levantou me dando a mão direita para que eu também o fizesse.
Estando na sua frente, olhei no fundo de seus olhos, pronta para convencê-lo do contrário dependendo do que eu visse ali.
– Eu estou bem – ele garantiu.
Obviamente, não era verdade, então o repreendi com o olhar. Eu só queria que ele ficasse bem.
Passei as costas da mão em sua bochecha e desci até segurar seu queixo, dando um sorrisinho de reconforto. Limitei-me a dizer com o olhar, conseguindo um sorriso mínimo seu por isso. Devagar puxei seu rosto, levemente pressionando a boca na sua, simbolizando que sendo suficiente ou não, ele me tinha.
Seu sorriso estava um pouco maior e verdadeiro quando me afastei.
– Vamos lá – me disse, puxando-me para fora do restaurante.
– Hmm... E quanto ao... – apontei para as ruínas atrás de nós.
Ele fez um muxoxo, pegando o celular no bolso.
– Não vai ser um problema.
Seus dedos digitaram uma mensagem rápida, provavelmente para alguém que se responsabilizava por organizar o estabelecimento, e em seguida guardou o aparelho.
Assim que entramos no carro, abri meu notebook, localizando o endereço.
– Você não quer que eu dirija?
Ele fez um muxoxo, colocando o cinto.
– Já dirigi em estados piores.
Não entendi como ele podia achar que isso era reconfortante, mas deixei estar.
– Eu tenho que passar na faculdade para me encontrar com Willian. Se eu não estiver lá arrumarei uma grande encrenca – me lembrei, com pesar.
– Que horas ele vai aparecer por lá?
– Onze e meia mais ou menos.
Nós dois olhamos no relógio do celular que marcava dez e quarenta.
– Não acho que vamos demorar muito, seria muito incômodo pra você irmos sem ele?
Para mim não, para Bryan seria o fim dos tempos, mas eu não queria deixar Justin se correndo por uma hora de ansiedade. Era capaz de Erin também não estar em casa, então...
– Acho que não.
Ele anotou o endereço no GPS de seu celular e acelerou, só então percebi que sim, eu estava me metendo em problemas. Uma fugitiva. Não tinha como retornarmos em menos de uma hora. Minha única opção era mandar uma mensagem quando o horário se aproximasse.
Justin manteve os olhos na estrada, mas parecia distante.
– Você sabe que não precisamos ir hoje... – insisti.
– Acho melhor acabar com isso logo – argumentou, mas tampouco me convenceu, não tirando os olhos da estrada. 
Procurei um assunto rápido na mente, para que continuasse falando e se distraísse.
– E então... Você já viu alguma foto dela?
– Hm, sim, apenas uma. Ela está sorrindo e me segurando em seu colo.
Eu tinha a impressão de que ele poderia me descrever qualquer detalhe da foto. Imaginei quantas vezes parara tudo o que fazia para apenas encarar aquele retrato, talvez após um dia ruim na escola, quando teve medo de monstros embaixo de sua cama ou até mesmo de uma bronca que levaria de seu pai. Provavelmente o papel estava marcado com suas lágrimas e surrado de tantas vezes que o levou no bolso para se sentir seguro em algum lugar. 
– Está tão concentrada em que? – ele perguntou curioso, percebendo que eu o encarava.
– Para ser sincera, estou tentando te imaginar como um bebê.
Seu rosto se contraiu em uma expressão engraçada e indescritivelmente fofa. Na verdade, no momento ele se assemelhava a um bebê.
– Bom, meus olhos eram mais claros, e eu era mais gordinho...
– Mais adorável também, aposto.
Ele me fuzilou com o olhar, fazendo graça.
– Ei, eu sou mais do que adorável agora.
Dei risada junto com ele, secretamente concordando e pensando em elogios que não poderiam ser feitos a uma criança.
– Vai me mostrar algum dia a sua foto de criança?
– Se você me mostrar uma sua – barganhou.
Revirei os olhos, concordando.
– Você mostra a sua primeiro.
Ele deu uma risadinha.
O humor foi sumindo de seus traços lentamente.
– Não tive uma infância muito boa para uma criança. Fico imaginando se minha mãe estivesse lá seria melhor.
– Seu pai te maltratava? – minha voz quase não saiu, e logo em seguida preferi que não tivesse saído.
Surpreendentemente, ele respondeu com facilidade, indiferente.
– Ele só tentou me criar do jeito que achava que deveria ser – foi sua resposta, evasiva demais para que tranquilizasse meu coração.
– Você se tornou quem ele queria?
Seus olhos lampejaram para mim. Por essa pergunta ele não esperava, fazendo com que franzisse um pouco a testa.
– Basicamente sim.
– E você gosta de quem você é?
Essa o incomodou mais, e eu recebi uma careta.
– Não é uma pergunta justa. Aliás, já pensou em fazer psicologia ou filosofia? Você é fascinada por perguntas complicadas.
Balancei a cabeça, discordando.
– Se você não puder fazer um juízo de valor de si mesmo, como espera fazer das outras pessoas?
– Simples, não fazendo de ambos.
– Então você não tem nenhuma ideia sobre mim? Lembro-me muito bem do dia em que me chamou de fútil.
– Não disse isso – negou imediatamente.
– Mas sugeriu quando te disse onde eu estudava.
– Por que mulheres são tão rancorosas? – reclamou, tentando me provocar.
Dei um tapa em seu ombro como punição.
– Você ainda não me encarou rancorosa.
Ele riu, fazendo o sinal da cruz com a mão.
– Então Deus permita que eu não conheça.
Revirei os olhos para seu exagero, retomando o rumo inicial da conversa.
– Se quer saber, eu gosto de quem você é hoje, independente da opinião alheia.
Ele não disse nada, e a mudança em sua expressão fora quase imperceptível, mas eu podia ver o maxilar travado. Justin não concordava comigo. 
– Eu queria que você não fosse tão exigente consigo mesmo, você é uma pessoa maravilhosa, Justin.
Seu sorrisinho foi de escárnio.
– Você diz isso agora, mesmo depois do que acabei de fazer.
Quase invisível, eu pude ver a máscara por onde se escondia aparecendo novamente em seu rosto, aquela que raramente ele usava comigo agora. Desagradou-me que ainda tivesse a necessidade de esconder alguma coisa de mim.
– Aquilo não foi nada, Justin. Todos têm seus momentos de raiva.
Ele olhou para o celular e pela janela, como se eu não tivesse falado.
– Chegamos.
Respirei fundo, descendo atrás dele. Eu não queria que ficasse se culpando por uma reação para sempre.
A casa diante dos meus olhos não era das mais sofisticadas, mas também não tão simples. A fachada apresentava um só andar, as paredes de textura rústica branca, um jardim florido e bem cuidado convidativo, porta e janelas de madeira e o telhado aparente.
Justin nem ao menos ensaiou uma entrada, indo diretamente bater na porta, demonstrando impaciência para acabar logo com aquilo. Ele não parecia estar empolgado para conhecer sua mãe, ou então não acreditava que era ela mesma que vivia ali.
– Está preparado? – indaguei, analisando bem sua expressão.
Ele não me olhou, fingindo um sorriso.
– Claro.
Na esperança de reconforta-lo, segurei sua mão, entrelaçando os dedos nos seus. Se o efeito que tinha em mim fosse pelo menos metade do mesmo nele, seria suficiente para que enfrentasse uma batalha.
Seu olhar caiu em nossas mãos unidas, e sua postura defensiva cedeu um pouco, fazendo com que me desse olhar carinhoso.
– Pois não? – a voz feminina nos saudou ao mesmo tempo em que a porta se abria.
Meu coração parou por um segundo, e ele soltou minha mão. Olhei para a mulher que nos atendia, seu cabelo preto estava cortado em chanel com uma franja falsa, contrastando com seus olhos verdes. No exato momento me lembrei da cor em que os olhos de Justin ficavam dependendo da iluminação recebida.
O fitei alarmada. Ele estava com a fisionomia calculadamente agradável, mas seria.
– Bom dia, senhorita. Gostaríamos de fazer algumas perguntas.
– Justin Bieber? – ela gaguejou, pela voz parecia estar assustada.
Confirmei o veredito quando voltei a olhá-la. Seus olhos estavam arregalados e disfarçadamente ela recuou, posicionando a mão na porta para fechá-la. Prevendo o movimento, Justin colocou o pé no vão e mão na porta, impedindo. Embora estivesse sorrindo, sua fachada agradável não estava mais ali.
– Não planejamos demorar muito, temos outro compromisso.
Vendo que não havia escapatória, ela deu um passo para trás, frustrada e espantada, como se visse um fantasma.  A probabilidade de ser sua mãe estava mais alta.
Justin virou para mim, apontando para que eu entrasse na casa. Obedeci receosa. Entrar a força na casa de alguém não era minha coisa preferida a se fazer e eu não deveria estar surpresa com a naturalidade que era para ele, visto que invadia minha casa em qualquer momento. Entretanto, este comportamento não era adequado para uma mulher desconhecida, mesmo que fosse sua mãe. E tendo em vista os últimos acontecimentos, suas emoções não estavam estáveis.
– Com licença – dei um sorriso tímido para a mulher recolhida no canto. Seus olhos estavam desconfiados em mim. Por que eu tinha a impressão de que a provável Erin esperava que fizéssemos algum mal a ela?
Justin me seguiu e fechou a porta em seguida.
– Podemos? – ele apontou para o sofá na sala à nossa direita, o primeiro cômodo a vista.
A mulher foi na frente, mantendo os olhos em nós.
Puxei o braço de Justin disfarçadamente.
– É mesmo a sua mãe? – cochichei.
Ele só me olhou com a sobrancelha arqueada, indicando com a mão que eu me sentasse no sofá de dois lugares bege.
Para não assustar mais a dona da casa, contive minha língua, indo me sentar do lado oposto ao dela. Justin se sentou ao meu lado, apoiando os cotovelos nas pernas e cruzando as mãos, seus olhos fixos na figura a nossa frente, um sorrisinho de lado enfeitava seu rosto.
– Erin Bieber? – ele começou.
– Wagner – ela corrigiu entredentes, parecendo se ofender com o sobrenome inofensivo.
Se essa era mesma a mãe dele, além de não se importar com o filho, desprezava sua família. Meu estômago se contorceu.
Justin ampliou o sorriso, achando graça da resposta recebida.
Isso não era um bom sinal.
– Claro. Agora devo perguntar, como sabe quem eu sou, querida? Sua existência não consta em minhas memórias.
Ela se remexeu na poltrona, tomando ar para o que diria.
– Vamos direto ao ponto do que você quer aqui.
Surpreendi-me com tamanha grosseria, o que me deixou irritada. Fiz menção de rebater, mas Justin colocou a mão em minha perna, um pedido para que eu ficasse de fora.
– Veja, não estou no meu melhor dia para ter paciência, infelizmente alguém já atingiu a quota de hoje. Devo pedir para que se limite a responder ao que eu perguntar, Erin. Pode ser?
Sua educação teve um efeito contrário nela, notei assim que engoliu em seco. Ela expirou.
– Eu fui casada com Jeremy Bieber por sete anos. Não cheguei a te conhecer pessoalmente, mas claramente você já deve ter ouvido sobre mim nos discursos de sua família – ela deu um sorriso irônico.
 – Não costumamos perder nosso tempo falando dos casos do meu pai, deve entender que temos coisas mais importantes para fazer.
O encarei, desaprovando seu comportamento ofensivo. Isso não o incomodou.
– Claro, sei o que vocês fazem nesse tempo precioso. E agora você foi enviado para terminar o trabalho que sempre quiseram fazer. Não vamos fingir que sou de alguma utilidade para sua família. Já me tiraram tudo o que eu tinha, vamos de uma vez com isso – a frieza em sua voz era dolorosa de ouvir.
O que ela estava sugerindo?
Justin balançou a cabeça.
– Pedi para que se limitasse às minhas perguntas, Erin. Insisto para que não ultrapasse os limites.
Erin se levantou, transtornada, os olhos úmidos.
– Vocês me tiraram tudo! Eu não me importo mais, sabia que esse dia chegaria! Como puderam?! Eram apenas crianças! Eles precisam da mãe deles! – ela berrou, gesticulando com as mãos, caindo em lágrimas.
Meus olhos arregalados se voltaram para Justin, eu não esperaria mais para pedir explicações.
Ele se levantou também antes que eu pudesse abrir minha boca.
– Do que você está falando? Que crianças? – ele estava confuso, mas também impaciente.
Pus-me em pé atrás dele, pronta para intervir caso aquilo saísse mais do controle, me maldizendo por não ter impedido aquele encontro enquanto podia.
– Eles não te incluíram nesse assunto, não é? – percebeu aliviada, então se jogou aos seus pés – Vocês tem que me ajudar, por favor, eu faço qualquer coisa!
– Faith, saia daqui – Justin instruiu apressado.
Erin me olhou com olhos desesperados, implorando compaixão.
– Não – falei decidida, depois me dirigi a ela – Nós vamos te ajudar, mas precisamos entender do que está falando.
– Eu não estou brincando, Evans. Saia agora – Justin ordenou, me olhando serio.
De maneira alguma eu o deixaria sozinho com aquela mulher naquele nível de estresse. Andei até Erin, segurando suas mãos trêmulas e pegajosas para que se levantasse. A conduzi até o sofá novamente e me ajoelhei a sua frente, olhando seus olhos.
– O que foi, Erin?
Justin bufou irritado atrás de mim.
– Eu tenho dois filhos. Eles tiraram meus pequenos de mim, eu não sei onde estão... – ela tentou dizer, soluçando.
– Filhos?! – Justin questionou perplexo, se aproximando.
Erin assentiu freneticamente.
– Quando me separei de Jeremy por saber no meio que eles cresceriam, tomaram eles de mim. Desde então venho tentando localizá-los, pensei que poderiam estar com sua mãe, consegui o endereço e logo em seguida você vem, achei que haviam descoberto.
Olhei para ele, sem entender com o que estávamos lidando. Qual era o meio a que ela se referia? Justin tinha irmãos e não sabia? E onde eles estavam? Ela tinha o endereço de Patrícia? Por que estava tão assustada? O que a família faria com ela se descobrissem que estava tentando achar os filhos?
Justin ignorou meu olhar, transbordando em fúria. Eu só não sabia dizer se era por achar que ela estava mentindo ou por sua família lhe esconder isso todo esse tempo.
– Eu quero provas de que está falando a verdade – ele exigiu, insensível.
– Primeira gaveta – ela apontou para a escrivaninha no canto da parede, passando a mão no rosto de estresse.
O observei marchar até lá e abrir a gaveta, tirando duas fotos. Ele encarou Erin violentamente.
– Se você estiver mentindo... – ameaçou.
Ela negou com a cabeça, cansada.
– Não estou.
Ele considerou por um segundo, então jogou as fotos de novo na gaveta.
– E onde está o endereço da minha mãe?
– Não está aqui. Deixei com uma amiga, por precaução – antes que ele proferisse a outra ordem, adiantou – Ela não vai me passar por mensagem, só me vendo pessoalmente, e mora em Washington.  Já tenho passagens para ir hoje à noite para lá.
Justin olhou para cima irritado, pensando.
– Se vocês voltarem amanhã podemos ir juntos até a Patrícia.
– E por que você acha que ela está com suas crianças?
Seu real interesse era em saber se a mãe aderira a uma coisa tão desumana como tirar os filhos de outra. Ela perderia mais pontos com ele se fosse verdade. Justin ficaria mais desiludido. Esperei a resposta de Erin com o coração na mão.
– Eu não sei, ela é minha última esperança. Pode ser que trabalhe para eles também ou tenha se compadecido das crianças. Não acredito que ela queria essa vida para você, Justin...
Ele apertou os olhos.
– Voltarei aqui amanhã, espero que o endereço esteja aqui também. Faith, vamos – seus passos foram rápidos até a porta.
Não deixei de perceber o singular em sua primeira frase, e isso me incomodou. Olhei para Erin, com receio de deixa-la nesse estado. Dei-lhe um sorrisinho condolente.
– Não se preocupe. Vamos fazer o que pudermos.
Seus olhos ficaram confusos em mim, com minha postura diante da situação.
– Você é boa, por que...
– Faith, agora – Justin repetiu impaciente.
Contive minha teimosia, me lembrando de que também não deveria estar sendo fácil para ele.
Levantei e dei uma última olhada para ela, seguindo para a porta aberta. Fechei assim que saí, vendo Justin chutar o pneu do carro.
Não estava sendo um dia bom, era fato. Se a demissão de seu amigo lhe tinha tirado do serio, isso faria com que explodisse. E a culpa era minha.
Ele entrou no carro bruscamente, e eu não fiquei para trás. Me auto indagando até que ponto poderia lhe pedir explicações.
– Você quer que eu dirija? – ofereci outra vez.
Sua cabeça balançou rápido como negação e ele ligou o carro.
– Justin... – comecei.
– Por favor Faith, não fale nada – pediu, usando o que lhe restava de paciência.
Recostei-me no banco do carro com agonia, sem saber o que dizer para que ele se sentisse melhor ou para que aquietasse a pulga que saltava atrás de minha orelha.

Qual era o segredo de sua família que ele tanto escondia?

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