Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

One Life 24

Assim que seus lábios deixaram os meus, o abracei, escondendo o rosto em seu peito. Meu cérebro deu o comando para que eu dissesse alguma coisa, mas era precipitado demais, então cerrei os lábios, contendo o impulso. Era muita informação para um dia só.
Senti quando seus braços me envolveram com mais firmeza e o olhei para saber o que pensava. Estaria tão perdido como eu em sentimentos tão desconhecidos?
Sua expressão me confundiu, tão seria e quase dolorosa, como se algo o perturbasse.
– O que foi? – perguntei baixo. Nosso momento de absoluta sinceridade caminhava em uma linha tênue, portanto, temia quebrá-lo.
Ele negou com a cabeça, abrindo um sorrisinho mínimo. Não fiz questão de pressioná-lo, deveria ser tão assustador para ele quanto pra mim. Era bom finalmente não estar lidando com tudo aquilo sozinha.
– Caso você queria saber... A perícia constatou que o início do incêndio foi causado por má fiação. Não entendi direito, mas quando terminarem de reformar meu quarto, prefiro não ter algum eletrodoméstico nele – contei ao me lembrar, nos distraindo da estranheza.
Ele fez uma careta com o assunto, olhando para o céu.
– Claro. Por que não saímos da chuva? Não quero que você adoeça.
Revirei os olhos para sua preocupação banal, tendo impressão de que ele ficara um pouco traumatizado com meu acidente para que nem sequer quisesse que fosse mencionado. Eu não deveria ter gostado disso, mas era bom saber que se importava.
Antes que tivesse a oportunidade de responder, escutei a voz escandalosa de Nicole:
– Qual o seu problema menina?! Anda se drogando?!
Olhei para a rua a tempo de ver o bonde todo seguindo em nossa direção, os olhos surpresos em nosso abraço. Jean tentava segurar o braço da irmã, mas ela puxava de volta, a fúria fazia com que parecesse psicótica.
Respirei fundo, me preparando para meu momento feliz ceder lugar a indignação por existir uma pessoa tão sem noção.
Me afastei de Justin.
– O que é Nicole, não gosta de sorvete de chocolate?
Ela quase me matou com o olhar, e alarmado, Willian se colocou a minha frente. Eu tinha a impressão de que eu e ele nos tornaríamos bons amigos ou eu lhe daria ótimas matérias para vender nas revistas, já que num só dia presenciara de tudo em minha vida íntima. Era constrangedor, mas seu modo discreto de agir me fazia esquecer de que ele estava ali.
– E você, não pode se defender sozinha? Covarde! – ela bufou, se detendo na frente de Willian, colocando as mãos na cintura.
Meu orgulho claramente fora ferido, mas eu já havia dado escândalo público o suficiente por uns dias, e daqui a pouco as pessoas começariam a se acumular na rua para ver Faith Evans entrar num ringue.
– Se tem uma coisa que aprendi na vida foi ter classe, então não vou ficar dando barraco na rua, querida, te deixo fazer um solo – fiz um tchauzinho com a mão e virei as costas, puxando Justin pela mão sem nem ao menos pensar.
Quando me dei conta da liberdade que tomei, olhei receosa para ele, mas um sorriso contido em seu rosto, aprovando meu gesto, me desinibiu.
– Então é assim? Vai simplesmente fugir? Você é uma covarde, Faith Evans, que se esconde atrás do dinheiro, da influência da sua família, dessa sua falsa percepção de ser querida por todos! Na verdade, ninguém dá a mínima pra você, ninguém te suporta, só querem se aproveitar da sua posição! – Nicole jogou todo o veneno que tinha, aos berros no meio da rua.
Contradizendo seu pequeno discurso, seus acompanhantes a retrucaram, mas fingi não ouvir e não perceber o olhar preocupado que Justin me lançou, apressando o passo. Ela podia dizer o que quisesse, nada me afetaria diretamente, ou pelo menos, eu não demonstraria.
– Já voltaram? – Eleanor perguntou surpresa quando passei pela porta, já sem segurar na mão de Justin.
Dei um meio sorriso e acenei com a cabeça, subindo as escadas para ir ao meu quarto provisório. Escutei os passos de Justin atrás de mim.
– Não vai me dizer que deu ouvidos para aquele monte de besteiras? – ele disse assim que entramos no cômodo, não fui idiota o suficiente para fechar a porta, sabendo que Bryan daria um escândalo se visse isso, já era uma grande coisa que não dissesse nada por Justin adentrar a casa comigo.
– Claro que não. Não vou me afetar com coisas que eu já sei. Não muda nada ela dizer em voz alta – dei de ombros, procurando no guarda roupa duas toalhas para secar os respingos em nosso corpo.
Joguei a toalha creme pra ele, e quando olhei para seu rosto, vi as sobrancelhas unidas, numa expressa repreensão.
– Não acredito que você pensa essas coisas de si mesma.
– Você também pensa isso de mim, não deveria ser surpresa – retruquei, passando a toalha por meus braços e rosto.
– Vai dizer que também acha que gosto de você por interesse?
– Não encontro outra explicação lógica... Mas, por incrível que pareça, não. Na verdade ainda não consegui absorver essa informação – evitei seus olhos, escutando sua voz repetir em minhas memórias as palavras que fizeram meu mundo parar de girar. Eu não sabia se estava sonhando, era bem provável que estivesse.
Ouvi que ele se aproximava, mas mesmo assim não levantei os olhos, até que sua mão segurou meu queixo, para que eu o olhasse. Eu gostava quando Justin parecia bagunçado, seu cabelo estava meio desgrenhado depois de enfrentar a chuva, sua expressão não era de quando premeditava suas palavras, até os olhos estavam menos cautelosos.
– Você é tudo, menos covarde para mim. Até penso que precisaria de um pouco de covardia para o seu próprio bem – ele fez uma careta –  Sua qualidades são tantas que perde quem se detém ao superficial, a única filha dos Evans, o bem mais precioso de Bryan. Deveria saber que até mesmo sua superfície é intrigante, você exala poder e simplicidade, é extraordinária, é outono. Quão indigno eu sou de poder experimentar toda essa complexidade... – ele sorriu pra mim, parecendo mesmo acreditar em tudo o que dizia.
E novamente eu estava sem palavras, só sentindo meu coração tentar falar no lugar da minha boca.
Justin passou a ponta dos dedos pelo meu cabelo e no meu braço, me olhando como se visse mesmo algum tipo de milagre diante dos seus olhos. O milagre era eu ter chamado sua atenção.
– Tenho que trabalhar agora. Vim apenas para confirmar que você estava bem.
Me deprimi com a ideia de deixá-lo partir, agora que havíamos baixado toda a nossa guarda era melhor passar o maior tempo possível juntos, não tinha como saber se ele construiria toda sua barreira outra vez quando nos víssemos. Minha perturbação ficou clara em meus olhos.
– Não se preocupe, darei um jeito de vê-la amanhã na parte da tarde, quer pensar em algum programa especial?
– Me contento em apenas estar com você.
Eu só queria poder conversar com ele, desfrutar de sua presença na quietude sem nada para atrapalhar, e claramente sem Willian para compartilhar de nossos momentos.
Ele ampliou seu sorriso, apreciando minha resposta. Em seguida, levou seus lábios para minha testa, demonstrando tanto cuidado que me desnorteou.
– Fique segura, e longe de Nicole.
Dei um risadinha, concordando.
– Pode deixar. Você também.
Ele entendeu o subentendido para que não se aproximasse de Nick, e riu, levantando as mãos em rendição.
– Bom, caso ainda esteja interessada... Ontem deixei o livro de registros no seu guarda roupa. E obrigado – ele me devolveu a toalha.
– Claro que estou, agradeço por isso.
Seu sorrisinho era cômico, eu que faria o favor e ainda assim agradecia, mas não era da forma que eu via. Poder ajudá-lo com a mãe dele era seu favor para mim.
Ele virou as costas, se direcionando a porta. Finquei meus pés no chão e travei a língua para que não exigisse mais de sua presença. Ele já se encrencara por minha causa em seu trabalho louco e desumano, então não era bom causar mais problemas.
Tentei a todo custo ficar no quarto, escutando a recomendação para que não chegasse perto de Nicole – embora eu não tivesse certeza que ela havia retornado – só que não poderia deixá-lo passar perto da minha família desprotegido. Então saí, e assim que dobrava o corredor, o vi parado ali com Nicole bem a sua frente direcionada para o meu quarto. A mão dele a segurava pelo braço enquanto ele dizia alguma coisa perto do seu ouvido. Eu poderia ter outro ataque de indignação, mas a expressão inquieta dela me dava dicas de que ele não estava exatamente sendo agradável.
Assim que a libertou, Justin esperou Nicole virar as costas e descer as escadas rapidamente para depois sair também. Eu não havia entendido, e não sabia se poderia perguntar o que era. Mas era certo que ela estava subindo para me incomodar, e de alguma forma ele impediu que isso acontecesse. Seja lá o que houvesse dito, conseguiu impedir a pequena cobrinha de vir ao meu quarto pelo restante do dia, até mesmo ir embora sem dizer um adeus. Esperei que estivesse se vitimizando para todos no andar de baixo, mas também não levei nenhuma bronca. Uma pena era Jean ser um dano colateral e não tive oportunidade de me despedir dele.
Exceto pela visita breve de Caleb para garantir que eu estava bem e receber as compras que fiz, não tive interrupções e pude me dedicar ao trabalho de investigadora amadora no livro de registros. Eu tinha uma hipótese para todos os nomes que estavam ali, mas ainda não entendia o números e sinais no meio deles, até que recebi uma mensagem de Hanna no meu celular novo – como ela já anotara meu novo contato assim que compramos.
“Já falei com Wren, caso queira saber”
Meu suspiro não era de alívio, mas era melhor que ele soubesse de uma vez para que não se iludisse. Pensei em responder, comecei a digitar, mas de tão estressada, acabei apertando a tecla que muda de letras para números e símbolos e só percebi o que havia feito no final da mensagem totalmente ilegível.
Por um momento quis jogar o celular na parede, mas tive um insight. Por que não tentar?
Peguei minhas teorias de nomes, começando por G3O4G3, identifiquei a posição do 3 e 4 no teclado, e correspondiam com as das letras E e R.
Ah.
Meu.
Deus.
ERA ISSO!!! GEORGE.
Conferi cada um dos nomes para comprovar a teoria, encontrando: George e Kathy Bieber como genitores de Jeremy, Bonnie, Brad e Rob Bieber, e Jeremy e Erin Bieber como genitores de Justin Drew Bieber. Só a ultima parte não fazia sentido, ele havia me dito que o nome de sua mãe era Patrícia. A não ser que tivesse sido enganado esse tempo todo. De qualquer forma, comecei a pesquisar sobre ela na internet, eu só precisava de alguma coisa.
Não havia encontrado nada quando fui vencida pelo sono.
Acordei no dia seguinte com o celular embaixo da minha barriga, despertando para que eu fosse a faculdade, Hanna havia feito questão de configurar para que eu não perdesse mais um dia de aula. Obriguei-me a levantar, argumentando que eu precisava seguir firme para poder pedir a modificação no final do ano.
– Nicole e Jean lamentaram não ter oportunidade de se despedir direito, mas Nick disse que você estava tomando banho – Flê disse assim que nos cumprimentamos.
Não tirei os olhos dos bacons que eu comia. Se ela não havia entregado nossa desavença, não seria eu a tirar a paz de Flê.
– Realmente, fiquei triste, mas teremos outras oportunidades. Mas e você, matou a saudade? – desviei o assunto para ela com interesse genuíno.
Flê deu um sorrisinho triste, sentando-se na cadeira a minha frente.
– Não exatamente, parece que a cada dia mais sinto falta deles... Mas eles são adultos e tem que se virar sozinhos, eu já sabia que não poderia estar sempre perto.
Estendi minha mão sobre a mesa, segurando a sua com ternura.
– Flê, você sabe que pode ir morar com eles a qualquer momento, nós ajudaremos de todas as formas que pudermos. Você sempre fez tanto por nós... Talvez seja hora de tirar um tempo.
Ela me olhou feio, puxando a mão de volta e levantando, estufando o peito como se aquilo não a incomodasse.
– Faith Angel Evans, vocês ainda não estão prontos para ficarem sozinhos. E não adianta discutir. Vocês também são minha família.
Me senti culpada por ao menos pensar em ficar feliz com sua forma protetora, era egoísta da minha parte. Ela viu meus planos de retrucar e levantou a mão.
– Assunto encerrado. Termine este café ou vai perder aula de novo – e virou as costas.
Balancei a cabeça, desaprovando. Mas se Flê tinha um defeito, era sua teimosia absurda.
De qualquer forma, segui suas instruções, calculando o tempo de forma que não chegasse tão cedo ou tarde na faculdade, para não ter que falar com Hanna ou receber um olhar feio de Mrs. Garcia. Tudo sairia conforme planejei, se a própria não tivesse atrasado. Era um pouco compensador que as carteiras na aula de História das Artes fossem individuais. Sentei do lado contrário da sala onde Hanna estava parecendo debater com Cami um assunto estressante – eu esperava que não estivesse tentando denigrir minha imagem por algum tipo de rancor, acrescentando ao fato de que eu havia esquecido de respondê-la no dia anterior. Eu não havia chegado a conclusão do que enviar mesmo.
– Faith! Fico feliz que esteja bem, pensei que nem compareceria a aula por um bom tempo – Amanda chamou minha atenção, parada bem ao lado de minha carteira com uma expressão de compaixão exagerada.
Era claro que esse era o assunto da faculdade.
Dei um sorrisinho grato.
– Obrigada Amanda, está tudo bem agora.
– Fiquei sabendo que perdeu todas as suas coisas, então... – ela me estendeu uma caixa rosa da Lanvin, orgulhosa do próprio gesto.
– Muito obrigada! Não era necessário, mas agradeço – peguei a caixa de sua mão, abrindo para dar uma olhada.
Eu não estava exatamente surpresa, era quase um costume essa bajulação.
– E então... Fiquei sabendo que um garoto te salvou. Estão dizendo que é seu namorado secreto da festa da Clarisssa... – ela começou, enfim mostrando seu real interesse.
Eu deveria ter previsto essa.
– Hmm, é um amigo.
– Que te beijou na rua?
– Desculpa? – olhei para ela intrigada, esperando que desenvolvesse.
– Seu final de semana é praticamente o centro da revista OK! embora divida atenção com a festa das Kardashians do sábado – ela pegou um exemplar na mesa atrás de mim, onde Bethany folheava com interesse, e me estendeu.
Beth se calou ao ver qual era o destino da revista, e paranoia ou não, a sala pareceu ficar mais quieta. Realmente havia uma foto minha beijando o Justin no meio da rua, o que foi descrito como uma representação de romantismo ou falta de cuidado – caberia ao leitor decidir –, uma descrição do acidente de sábado e fotos do brunch antes disto. Até mesmo havia a teoria de que na sorveteria, antes de Justin me beijar, eu havia dado uma crise de ciúmes e agredido uma menina desconhecida no rosto, estrangulado, ou jogado duas casquinhas de sorvete; esta informação fora dada por algumas fontes desconhecidas, cada uma com suas hipóteses, então novamente o leitor deveria concluir a veracidade dos fatos de acordo com meu comportamento social. Como um pequeno credito, a revista não acreditava que “a boa moça” seria capaz de tamanha possessão, “mas o amor às vezes leva as pessoas a loucura”.
Eu adorava que meus pais fizessem questão de termos uma vida pública, era indescritível a sensação incrível DE PURA RAIVA AO VER PESSOAS FALANDO SOBRE MINHA VIDA.
Respirei fundo, dei uma risadinha e devolvi a revista para Amanda, apenas com uma resposta:
– Sensacionalismo é incrível mesmo.
Como se percebesse a deixa, Mrs. Garcia entrou na sala, pedindo perdão pelo atraso e iniciando a aula para não perder tempo. Eu já não queria vir, lidar com uma situação dessas não deixava meu humor melhor. Portanto, abri meu notebook novo na mesa e fui fazer minha pesquisa sobre Erin Bieber que pelo menos me distrairia.
Não percebi que a aula havia acabado quando Hanna parou ao meu lado.
– Faith.
– Hanna – cumprimentei sem tirar os olhos do computador. Eu estava quase lá...
– Você ainda está brava comigo? O que preciso fazer para que me desculpe? – eu ouvi sua agonia na voz, e por ser uma maria mole, olhei para ela.
Suspirei, dando de ombros.
– Não sei Hanna, talvez não magoar meus amigos seria uma boa.
Ela deixou os ombros caírem com desânimo.
– Eu sei, sei que foi bem mal, mas ele aceitou bem, é serio, eu pedi desculpas, vocês sabem que sou uma pessoa complicada.
Investiguei ela para ver se deveria confiar. Mas se Hanna realmente acreditasse nisso, ainda havia a oportunidade de Wren estar mentindo para ela sobre essa de aceitar bem.
– Depois vou conversar com ele. E se ele não estiver bem Hanna.... – ameacei.
– Eu faço o que você quiser, serio.
Torci a boca, mas voltei a atenção para o computador, e por uma oportunidade mágica do destino havia um endereço. UM ENDEREÇO!!!! Contive qualquer expressão que denunciasse minha felicidade, não querendo compartilhar isso com ela.
– Agora podemos falar sobre como hoje você é o assunto de todo mundo nesta faculdade? Eu quero saber do beijo de chuva. E que história é aquela de ciúmes? Você nunca faria uma coisa daquela, não jogaria nem uma casquinha que fosse em uma menina por causa de garoto – ela se indignou – Mas não se preocupe, estou limpando sua barra por aqui.
Franzi a testa, com o “nem uma casquinha” porque não era bem a verdade.
Hanna percebeu, então olhou em volta para se certificar de que estávamos sozinhas antes de perguntar baixo:
– É verdade?
– Foi a Nicole. E foi uma casquinha só. A culpa foi dela. Quem mandou ela ser tão desagradável? Deu sorte por ser uma casquinha e não meu pé na cara dela – comecei a me justificar, mas no meio do processo acabei me estressando.
Hanna gargalhou e então colocou a mão na boca, tentando não me irritar ou chamar muita atenção.
– Meu Deus, você tem que me contar tudo o que aconteceu agora.
Hesitei antes de dizer, mas como sempre acontecia, lá estávamos nós agindo como melhores amigas outra vez. Ficamos zombando de Nicole por pelo menos dez minutos enquanto eu imitava as expressões de indignação dela.
– Faça o favor de me chamar quando planejar humilhar as pessoas, por favor – ela disse rindo.
– Eu não quis humilhar – me defendi.
Ela abanou a mão, descartando preocupações.
– Sei que não, não se preocupe, você fez o certo. Agora me deixa ver o presente da Amanda – ela pegou a caixa antes que eu permitisse. Se alguém era possessivo louco, esse alguém era Hanna.
Fechei o notebook com o abençoado endereço aberto e fui indo com ela para a aula de desenho artístico quando meu celular começou a tocar. Ninguém além de Hanna e as pessoas da minha casa tinham meu contato ainda, e o número era desconhecido, então estranhei, mas atendi.
– Alô?
 Faith? Onde você está? – reconheci a voz de Justin um pouco mais agitada que o normal.
Eu não havia lhe dado meu número ainda, então me surpreendi.
– Justin? Estou na faculdade.
Hanna me olhou com a expressão sugestiva quando falei o nome, e revirei os olhos com uma risadinha por isso, ignorando as batidas agitadas do meu coração.
– Preciso falar com você agora. Saía no portão – sua autoridade era restritiva a objeções, não que eu quisesse discutir.
Antes que eu pudesse pelo menos perguntar o que estava acontecendo, ele desligou, me deixando um pouco assustada.
– O que foi? – Han percebeu a confusão em meu rosto, já se preparando para alguma notícia ruim.
– Não sei, ele quer falar comigo agora. Nos vemos depois?
Não esperei que ela respondesse, correndo para a entrada da faculdade. Não poderia ser alguma coisa boa, não pelo tom de voz dele. E se também tivesse notícias da mãe dele? E se não fossem boas notícias? E se? E se?
Eu estava sem ar ao chegar na porta, meu sedentarismo não me permitia correr muito. Willian me mataria se eu não estivesse aqui na hora que disse que era o final das aulas, mas eu tinha esperança de chegar na hora. 
O porshe preto já estava na rua, o motor ligado. A porta do carona se abriu e não pensei duas vezes antes de entrar.
Justin estava de óculos preto nos olhos, impedindo que eu tentasse fazer uma avaliação da situação por mim mesma. Ele arrancou com o carro no mesmo instante que fechei a porta, sem me dirigir uma palavra, sem me olhar, o que me deixou mais assustada.
– Justin, está tudo bem? – era uma pergunta burra, mas eu não era conhecida por ter as palavras apropriadas.
Seu maxilar travou, simbolizando que não ia dizer nada enquanto os pneus deslizavam pela rua. Esperei que dissesse por conta própria, mas ele não parecia ter intenção de falar tão cedo. Os minutos pareceram horas, mas finalmente o carro parou. Ele abriu a porta, saindo de supetão, então imaginei que deveria fazer o mesmo. Deixei a caixa-presente no banco e minha bolsa também, me apressando para sair. Estávamos em frente a algum restaurante que parecia uma casa gigante chamado “The light” ainda em acabamento, as paredes estavam pintadas pela metade de bege e os buracos ali só poderiam ser para as janelas. Justin empurrou a porta de madeira, que não poderia ser para segurança, porque não estava trancada e abriu ao meio com facilidade.
Eu estava cada vez mais alarmada, mas mesmo assim entrei atrás dele, vendo que escondia o rosto entre as mãos de costas pra mim. Algumas mesas e cadeiras de madeiras estavam no espalhadas pelo local. Estávamos invadindo alguma propriedade alheia?
– Justin? – chamei baixo. Eu sempre o vira tão controlado, este campo em questão era completamente desconhecido para mim.
– Eu não fiz nada Faith, eu não fiz nada – ele disse abafado, parecendo estar lamentando.
Sua respiração ficou mais forte.
Aguardei que dissesse mais, mas nada.
Me aproximei dele, tocando seu ombro, esperando trazer algum conforto com seja lá o que ele estivesse enfrentando.
– Eu deveria ter feito alguma coisa – suas mãos passaram no cabelo com uma força desnecessária.
– Conta pra mim o que está acontecendo – pedi com calma. Era uma tortura ver seu estado de espírito perturbado.
Ele negou com a cabeça repetidas vezes. Eu não sabia se era uma resposta para mim ou desaprovação com alguma coisa, então falei a segunda coisa mais inútil que poderia:
– Vai ficar tudo bem.
Era previsível que tivesse o efeito contrário, mas mesmo assim me assustei quando ele se virou bruscamente para mim, tirando os óculos e jogando para algum canto.
– Vai ficar tudo bem? Você não entende! Não tem como! – ele gritou, os olhos transtornados de uma fúria intensa.
Para exteriorizar o sentimento, repentinamente Justin estava empurrando, chutando, jogando as mesas e cadeiras com grunhidos frustrados, me fazendo pular quando cada um se chocava contra alguma coisa plana e se quebrava. Observei seu ataque quieta, até mesmo sem respirar, aguardando que ele parasse.
Em algum momento aquilo o consumiu, fazendo com que desse um soco com toda a força na parede. Pensei que ele gritaria de dor, mas apenas soltou mais um grunhido de raiva, e depois parou, ofegando. A parede – que estava sem pintura – se deformou um pouco, então a mão dele deveria estar destruída.
Eu estava completamente assustada, confusa, mas também, preocupada. Não fazia ideia de que ele poderia ser assim e uma parte – esperta – do meu cérebro me avisava para sair dali imediatamente e pedir ajuda, a outra se compadecia de sua dor, imaginando o que causara isso.
Deixei que se passasse um tempo que estivesse parado, então lentamente me aproximei dele, tentando de novo colocar a mão em seu ombro, dessa vez sem as palavras perigosas.
Ele se virou para mim, os olhos estavam vermelhos, mas eu podia ver que continha todo desejo de chorar, despedaçando meu coração em mil pedaços. Ele percebia o que havia feito na minha frente, e o arrependimento torceu um pouco mais sua expressão. Não deixei que ele dissesse a palavra, o abraçando com força, desejando poder tirar todo aquele sentimento de dentro dele. Experimentei outras palavras de consolo, ansiando que fosse o suficiente:
- Eu estou aqui com você.

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