Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

sexta-feira, 6 de abril de 2018

One Love 36


Espreitei pela janela a rua escura e larga em frente ao hotel que nos hospedávamos. Não havia muita movimentação, e isso me deixava inquieta. Tinha certeza que a qualquer momento algum empregado da companhia Bieber — mais precisamente Annelise — escalaria os três andares do prédio para chegar até nós dois e cortar nossas cabeças fora como um prêmio de alto prestígio. Ao mesmo tempo sabia que ainda que a rua estivesse apinhada de gente, eu teria a mesma paranoia.

Os protestos de Bryan ainda ecoavam em meus ouvidos. Quando recebi a chamada de Caleb em meu celular através do facetime, deveria ter previsto a zona que estaria do outro lado. Afinal, meu irmão não prometera segredo dos nossos pais, e eu não me lembrava de ter pedido. Escutei calada o escândalo da minha família, Eleanor estava histérica e provavelmente chorando enquanto Bryan me ordenava voltar imediatamente para casa, a perplexidade quase os impedia de exprimir pensamentos lógicos. Só falei quando me foi concedida a chance, num intervalo de três segundos, repetindo veementemente as mesmas coisas que prometi a Caleb. Não podia espantá-los já com a notícia de que pensava em cursar uma faculdade por aqui mesmo. Notando minha decisão inabalável, afirmou que os três viriam atrás de mim. Gastei ao menos uma hora com meus melhores argumentos para explicar que estava tudo bem, e então desisti, assegurando-lhes que enviaria o endereço que eu estava quando terminasse a viagem. Justin e eu estávamos na estrada, menti. Não, não há nenhum hotel que possamos nos instalar para esperá-los. Sim, estou bem alimentada e ainda me resta algum dinheiro. Aceitei a transferência monetária da conta de Bryan para amenizar a situação, e alegando sinal precário, consegui desligar.
Justin saíra do quarto de duas camas para me dar alguma privacidade, uma vez que ouvia-se tudo da discussão como se eu fosse estúpida o bastante para ligar o viva voz. Recebi a chamada no instante em que deixávamos o hospital com a notícia de que Maya devia ficar em observação, tive tempo de me despedir dela e acordar com Justin que a esperaríamos ter alta antes de nos movermos para Toronto, a cidade em que sua família morava, e a partir de então fiquei incomunicável.
Desatenta aos detalhes quando cheguei, reparei naquele momento a estrutura do quarto. As camas, acolchoadas em tons de vermelho e branco, posicionavam-se paralelamente à porta de entrada; entre elas estava a janela que eu agora observava e um criado mudo bege. Do lado esquerdo estava o banheiro, e ao direito um guarda roupa compacto com portas de correr; a televisão plana fora pregada na parede em frente as camas, e uma chaise lounge marfim acomodava-se bem abaixo desta. Permiti que meus neurônios se preocupassem com a lógica dessa última escolha de posição e recebi agradecimentos do meu cérebro pela pausa de questões complexas. Encontrei aí uma oportunidade de sentir falta da pintura, o movimento gracioso do pincel sob meus dedos parecia desfrouxar o mais apertado dos nós mentais. Igual tratamento me dava as cordas do violino, criando melodias relaxantes próximas ao meu ouvido.
— Eles me odeiam — minha mais nova melodia preferida lamuriou da entrada do quarto.
Justin trazia uma caixa de pizza, dois copos e uma coca cola na outra mão — tanto equilíbrio seria bem-vindo caso decidisse se aventurar como garçom algum dia —, baixou tudo no criado mudo ao meu lado, infestando o quarto, que exalava produtos de limpeza e móveis novos até agora, com o cheiro de cebola, queijo, massa de tomate e bacon?, e se sentou majestosamente na cama contrária a que eu me empoleirava. Sua postura ereta como a de um trono real deixava dúvidas de que algo tão banal quanto o que dissera pudesse lhe preocupar. Mas o humor na ponta de seus lábios não escondia o leve incômodo apertando seus olhos. De qualquer forma, ambos sabíamos que eu não podia contestar aquela verdade.
Dei de ombros.
— Eu também já te odiei. Só lhes dê um pouco de tempo para digerir a ideia.
— Se eu fosse eles também me odiaria. Na verdade, posso muito bem fazê-lo sendo eu mesmo.
O repreendi com o olhar antes de me sentar pesadamente ao seu lado, torcendo para que nossa proximidade pudesse me ajudar a convencê-lo. Uma pessoa como Justin não combinava com auto depreciação. Ele se adiantou às minhas palavras, olhando-me de perto.
— Você também deveria.
— O quê? — perguntei estupidamente, bruscamente distanciada do meu raciocínio rápido diante da necessidade de ajustar meus hormônios a visão de seu rosto angulosamente perfeito tão próximo.
— Me odiar — explicou.
Dei um soquinho fraco em seu braço.
— Se não parar com isso talvez eu odeie.
Consegui arrancar um quase sorriso em resposta, depois olhei para minhas mãos inertes em meu colo, decidindo se podia compartilhar as abelhas que zuniam em minha cabeça com ele. Eu precisava dizer a alguém, e bom, estávamos só nos dois ali.
— Talvez sua família também me odeie, então estaremos quites. Claro, sua família materna, a paterna já deseja literalmente me matar.
Justin também não seria pretensioso para negar o último fato, mas quanto ao primeiro, enlaçou a mão na minha e abraçou as costas dela com sua palma direita, transformando minha mão num recheio de um sanduiche quente e macio.
— Sabemos que a família Bieber é estúpida, mas os Mallette parecem ser um pouco mais inteligentes do que isso. Seriam idiotas se não te recebessem de braços abertos — estudou meu rosto minuciosamente, enxergando algo realmente fascinante em minha pele — Mas entenda, Faith — segurou meu queixo ternamente — não quero estar em nenhum lugar que você não seja bem vinda.
Observei meu coração saltar livremente na palma de sua mão, pulsando de acordo com seu ritmo cardíaco. Eu me sentia uma obra digna de museu quando ele me olhava desse jeito. Me dava nós nas tripas só de imaginar que outra pessoa pudesse desfrutar dessa regalia. Egoísmo, nesse caso, parecia aceitável para mim. Antes que eu pudesse me conter, portanto, já estava falando:
— Durante esses seis meses você disse isso para quantas mulheres?
A perplexidade fez com que me soltasse.
— O quê?
— Eu sei que você não ia ficar sozinho esse tempo todo — justifiquei inocentemente. Não é novidade, então não é grande coisa, dizia meu tom de voz.
— E você ficou? — perguntou retoricamente, arqueando a sobrancelha. Ele já me confessara ter presenciado minhas performances nas baladas de Minneapolis, quando um copo de bebida alcoólica era praticamente uma extensão do meu corpo. Os resultados, dependendo do ponto de vista, não eram bons. 
— Sabemos que não. Mas não foram mais do que envolvimentos de segundos — rubor fresquinho subiu lentamente pelo meu pescoço — Por outro lado, não sabemos sobre sua recente trajetória amorosa.
Embora carrancudo pela menção das minhas aventuras carnais, ele pegou minha mão novamente, dizendo com facilidade:
— Nada demais também, coisas momentâneas e irrelevantes. Mesmo sabendo que era o ideal, eu não queria te esquecer.
Segurei um pouco mais as pontas antes que o beijasse e perdesse todo meu raciocínio, acompanhando o traço fino e delicado de sua boca rosada e convidativa sem precisar tocar. Precisar e querer são coisas diferentes, aliás.
— Pode ter sido momentâneo, mas acho que foi bastante intenso, não?
Olhou-me desconfiado.
— Por que você acha isso?
Balancei meus pés no ar de forma natural, talvez querendo que sua atenção se desviasse do meu rosto.
— Ouvi algumas histórias sobre... — resisti o máximo possível de ir direto ao ponto, entretanto, meus olhos caíram acusadoramente férteis para a cama em que nos sentávamos — sua criatividade.
Lento demais justamente quando não deveria ser, Justin tentou me olhar nos olhos em busca de uma dica do que eu falava.
— Criatividade?
Praguejei contra sua lerdeza e minha necessidade aguda de saber sobre o assunto. Eu tinha a opção de seguir em frente sem pensar no passado, porém, minha mente masoquista possuía outros planos.
— Annelise me contou.
— Annelise? — minha pista genial só o deixou mais confuso.
Explodi em frustração e raiva, uma parte de mim achando que ele já havia entendido e não queria conversar sobre o assunto.
 — Meu Deus do Céu, Justin, você quer que eu desenhe ou soletre pra você?! — cruzei os braços, me afastando de suas mãos — O que duas pessoas, ou mais — acrescentei em tom de acusação —, podem fazer numa cama?!
Ele imediatamente mordeu a boca para não rir, mas as maçãs de suas bochechas se concentravam tão alto que ameaçavam fechar-lhe os olhos.
— Você nem havia mencionado uma cama — defendeu-se, simulando indignação, e acrescentou rápido ao identificar minha ameaça implícita — Elas podem fazer muitas coisas, e não necessariamente...
O interrompi com uma chuva de tapas nos braços, costas e cabeça. Eu não tinha um alvo certo, e não estava preocupada com o que iria acertar. Ultrajada, percebi que seu corpo se contorcia mais em decorrência de sua gargalhada do que para defender-se de mim.
— Exatamente! Exatamente essas várias coisas! E Annelise se gabou de ter recebido todas!
Depois de aguentar meu ataque injustificado por alguns segundos, segurou meus pulsos, ainda convulsionando de rir.
— Annelise só fala merda.
— Mas ela mentiu? — desafiei, erguendo o queixo.
Justin sabiamente escolheu o silêncio, exceto pelas risadinhas que escapavam de seus lábios despropositalmente.
— Quantas? — perguntei, incisiva.
— Quantas coisas ou quantas m... — libertei minha mão direita e dei-lhe um tapa atrás da cabeça no intuito de desempacá-lo — Eu não fico contando! — confessou, levantando as mãos em rendição. Ele estava achando tudo muito engraçado, e admito o quanto a situação era cômica, uma demonstração gratuita de ciúmes de coisas passadas, embora eu não quisesse que parecesse assim.
Deixei o queixo cair ligeiramente de indignação e o fechei com barulho, fuzilando-o com o olhar. Se eu fizesse mais do que isso passaria dos limites do ridículo.
— E por um acaso você ficou contando quantos caras te beijaram em Minneapolis? — devolveu, diminuindo gradativamente o sorriso — Aliás, eles apenas te beijaram, certo? — ficou sério, assumindo minha postura de ataque.
Levantei a cabeça com dignidade, cerrando bem os lábios e evitando seus olhos para fazer suspense. Ou apenas adiando o sentimento incoerente de humilhação que eu sentiria quando lhe dissesse.
— Faith — rosnou, avisando-me do perigo iminente caso não lhe respondesse imediatamente, e a resposta que ele queria ouvir, diga-se de passagem.
Pisquei sem pressa, fazendo-me de desentendida para aproveitar o gosto doce de ciúmes que ele me fornecia através de sua mandíbula tensa, ombros imperceptivelmente curvados, mãos fechadas em punho. Se eu pudesse estenderia sua irritação eternamente, mas soltei uma risadinha.
— Você acha que todo mundo só pensa nisso, é?
— Todos os homens que chegam perto de você sim — retrucou austero.
Revirei os olhos.
— Todos os homens, Justin? — desdenhei.
— Faith, sim ou não? — insistiu, impaciente.
Coloquei a mão na boca quando senti a gargalhada subir pela garganta. Quem ri por último ri melhor, como dizem.
— Sim!
— Sim o quê?! — arregalou os olhos.
Me dobrei nos joelhos ao sentir os músculos da barriga reclamarem das contrações distribuídas em pequenos espasmos.
— Sim, eles só me beijaram! Eu nem ao menos deixava que chegassem perto da minha boca, pra você ter uma noção — respondi entre arquejos.
Justin permaneceu sério e mal humorado por um instante até se deixar convencer por minha risada e deitar-se ao meu lado enquanto esperávamos as cócegas invisíveis desaparecerem. No fim, não tinha tanta graça assim. Devia ser o sentimento de leveza por estar com ele que me deixava tão feliz a ponto de rir de tudo, combinado com a necessidade de expulsar toda a tensão adquirida o dia inteiro. E isso também devia contagiá-lo, porque demorou tanto quanto eu para encontrar o controle.
Assim que já era possível respirar, sentei-me outra vez para deixar o oxigênio fluir livremente e balancei a cabeça.
— Então eu estou em desvantagem — concluí, parcialmente indiferente.
Justin estava sentado em um instante, fazendo careta.
— Nem pensar.
— Ah, agora você entendeu bem fácil, hein? — censurei.
Ele me ignorou.
— Se você acha que estar em vantagem quer dizer diminuir-se a objeto de várias pessoas, temos um problema por aqui.
— Hm, porque eu sou mulher não posso fazer esse tipo de coisa? — murmurei em tom de repreensão.
— Você pode fazer o que bem entender. Apenas me doeria a alma por isso. Sabe por quê? — e de repente seus olhos derretiam como açúcar no fogo, naquele doce hipnotizante e aderente que te prende numa consistência firme depois de ter se certificado que sua aparência causou uma boa impressão — Porque não quero que nenhum homem te toque — acariciou com a ponta dos dedos a base do meu pescoço, causando imediatamente arrepios sobre minha pele — Muito menos descubra os segredos que seu corpo esconde — dedilhou até minha nuca, afastando meus cabelos — Ou experimente o gosto de possuí-la por inteiro — em um segundo ele estava sussurrando perto demais dos meus lábios, pipocando meus hormônios em todas as direções, no outro, me prensava contra o colchão com todo o peso do seu corpo. O ar fugiu dos meus pulmões, em parte devido ao gesto brusco, em parte devido a... bom, sim.
Quente, estava quente o suficiente para eu pensar que estávamos no meio do verão do Rio de Janeiro. Observei muda a análise minuciosa que ele fazia de mim, tarde demais para clamar por sanidade. Quando eu conseguia respirar um pouco, aspirava o perfume masculino forte e agradável que praticamente pulava de seu pescoço para minhas narinas, intoxicando meu sistema já indefeso. Muitos antes de pensar que estava em guerra, meus membros desistiram, amolecendo covardemente diante da sua presença bastante intimidadora. Precisei de muito autocontrole, muito mais do que minha quota permitia, para permanecer imóvel antes que ele voltasse a atenção ao meu rosto, latejando pela vontade de impregná-lo de todas as formas a mim
Justin aproximou os lábios entreabertos dos meus lentamente, roçando-os.
— Nenhum que não seja eu. Quero esse privilégio todo para mim — quando pensei que teria uma parada cardíaca de tanta tentação, ele permitiu que nossa boca se encaixasse, devagar, com uma delicadeza perturbadora. Mal nos separamos e ele voltou a falar — Consegue compreender isso? — beijou-me uma vez mais, como que para se certificar de que minha resposta seria positiva.
Vi a ponta do seu sorriso jubiloso antes que se abaixasse para beijar o canto da minha boca e descesse meticulosamente até meu queixo, e depois por toda a extensão do meu pescoço, deixando para trás um rastro visível do delírio que me provocava. Fechei as mãos em torno do lençol da cama no intuito de prevenir qualquer impulso autodestruitivo. Meu Deus, Justin Abençoado Bieber.
— Eu poderia te mostrar toda a minha criatividade agora — seu hálito quente em meu pescoço acompanhou a voz cortante repentinamente rouca.
Engasguei-me com o ar e a saliva em minha garganta, mas não ousei tossir. Fiz bem, logo seus olhos em brasa alcançaram os meus de novo, tive a impressão de que a veia palpitando em meu pescoço estouraria a qualquer momento. Ele passou um tempo considerável medindo minha expressão — que eu vergonhasamente não fazia a menor ideia de qual era, algo bem diferente da sanidade, supunha —, pensativo. E então vincou a testa, balançando a cabeça com resignação.
— Não. Prefiro te provar que penso com a cabeça certa — e simplesmente saltou de cima de mim.
Fiquei ali sozinha no meio do colchão, ofegante e abatida, imaginei que não possuía mais osso algum entre meus músculos flácidos. Fiz um esforço sobre-humano para levantar-me nos cotovelos e enxergar seu rosto acima do meu na outra cama, certa de que estaria muito orgulhoso de sua provocação barata. Ele se adiantou às minhas acusações, cruzando as mãos sobre o colo, a fisionomia marcada por determinação.
— Recuso-me a me deixar cegar por meus desejos como se você fosse feita para me satisfazer, Faith — murmurou num tom grave, demonstrando em cada palavra o esforço que fazia — Vou te tratar do jeito que merece — prometeu.
Ele se ajoelhou na minha frente e eu me endireitei imediatamente, desconfiada. Tendo assim oportunidade, segurou minha mão e levou aos lábios para dar um beijo singelo.
— Seguirei qualquer regramento social, até o mais banal, por você. Então... — pigarreou e passou a língua nos lábios, preparando-se. As palavras pareciam perdidas em sua cabeça, resistentes em alcançar a ponta da língua — Você aceita namorar comigo? — suas sobrancelhas tremeram de incerteza. Não devido a motivação de sua pergunta, mas em dúvida se aquela seria a ordem das palavras ou se aquela era a melhor maneira de expressá-las.
Paralisei, detendo até mesmo minha respiração patética. Talvez os estragos recentes em meu sistema fossem tantos que eu adquirira algum problema e o interpretara mal ou... ele realmente se dobrava a minha frente para pedir minha mão em... namoro? Liguei os pontos devagar em minha mente, embora pudesse sentir sua ansiedade emanar para mim, sua mão tornando-se pegajosa na minha.
Gaguejei coisas incoerentes até conseguir grasnar.
— O quê?
A ideia de repetir fez com que sua testa se enrugasse um pouco mais.
— Estou te pedindo para se comprometer a mim — respirou — Me dar a certeza de que terei exclusividade em certo departamento do seu coração. Quero que seus sorrisos apaixonados sejam apenas meus, assim como seus beijos e os arrepios involuntários de sua pele quando te toco. Você é tudo o que eu quero, Faith, então, por favor, diga que pode retribuir meu sentimento.
Deliciei-me com aquele momento, deixando que aquelas palavras se solidificassem no mundo exterior para que tudo e todos compreendessem o motivo da emoção que se debatia dentro de mim, ameaçando vir à tona através dos meus olhos embaçados e a boca trêmula.
Atirei-me involuntariamente em seus braços, quase nos derrubando no chão como jacas maduras.
— Você acha que precisa mesmo perguntar?! — ataquei sua boca e Justin riu de surpresa e regozijo antes de retribuir meu beijo, atestando a promessa que fazíamos um para o outro naquele quarto de hotel enfeitado com o aroma de orégano e cebola. Antagonicamente, a fome que sentíamos nada tinha a ver com alimentos.
Para quem começara o dia tão desasatrosamente, eu não podia pensar em forma melhor de encerrá-lo, ainda que nosso futuro fosse uma caixinha de surpresas tenebrosas.

Acordei no meio da noite repentinamente, algumas pessoas costumam subestimar o sexto sentido, mas eu tinha certeza de que ele era a causa do meu despertar. Mal havia movido minha cabeça apoiada no peito de Justin e ele também abriu os olhos. As vezes tinha a impressão de que aquele Bieber desconhecia o significado de sono profundo.
Semelhante a última vez que dormimos num hotel — e eu odiava me lembrar daquele dia — Justin arrastara sua cama para perto da mim depois de afastar o criado-mudo do meio. Não sei por que ainda se dava o trabalho de tentar nos separar se nosso corpo se enlaçava de um jeito ou de outro. Conversamos e nos acariciamos até que o sono vencesse a vontade de aproveitar cada segundo que tínhamos para nós dois, e mesmo assim, consegui trazê-lo para os meus sonhos.
Entreolhamo-nos para mais uma de nossas conversas silenciosas.
“Sente isso?” — eu dizia, ou expressava.
“Sim. Tem alguma coisa errada. Vou averiguar.”
“Não!” — agarrei seu braço.
Não que eu tivesse medo, mas a ausência de luz me deixava um pouco nervosa, pior ainda se fosse no meio de uma madrugada silenciosa. A luz fraca dos postes na rua, refletindo na janela atrás de nós, mal serviam de alguma coisa, já que Justin decidiu fechar as cortinas.
Ele olhou o quarto escuro a nossa volta, procurando formas nas sombras, enquanto eu me escondia covardemente em sua pele quente e nua da cintura para cima. Ouvimos ao mesmo tempo o ruído insistente no trinco da porta. Justin se colocou em pé num pulo gracioso, seus pés tocaram o chão como se fossem duas plumas, sem produzir som algum. Tive um momento de dúvida crucial, decidindo entre me encolher o mais distante possível da porta ou postar-me atrás dele.
Quase cega, demorei a captar seu movimento frenético com a mão para que eu saísse da cama e me encostasse a parede. Tentei, sem sucesso, ser tão silenciosa quanto ele, mas tropecei no lençol enquanto rolava para fora e quase cai de cara com o chão. Justin não se deu ao trabalho de me repreender, apanhando sua arma debaixo do travesseiro e calculando seus passos para mais perto do desconhecido.
Pensei que explodiria em nervos antes que a porta abrisse, apertei bem os lábios para não gritar, cerrando-os com os dentes que ameaçavam dilacerar a pele fina, transpirando em cada centímetro da minha pele. Armei-me do meu tênis largado no chão e esperei.
Mesmo privada da visão do nosso visitante, o clique do trinco foi audível para meus ouvidos aguçados, e vi Justin prestes a apertar o gatilho, os ombros curvados. O estresse abandonou suas costas repentinamente e ele expirou enquanto baixava as mãos, assumindo em seguida uma fachada irritadiça.
— O que você está fazendo aqui? — sibilou.
Caminhei hesitante para perto dele, curiosa, mas seu braço se estendeu em minha direção, detendo-me. A porta se fechou novamente e ouvi os passos arrastados de Maya antes que ela aparecesse em meu campo de visão. Justin levantou a arma novamente para que ela não se aproximasse mais.
— Acho que ela está vindo — agonizou ofegante.
Eu não conseguia ler sua expressão no escuro, portanto, tateei até encontrar o interruptor perto da cama. Todos piscamos incomodados até nossos olhos se acostumarem com a luz ofuscante.
— Do que você está falando? O que está fazendo aqui? — questionei, ainda sobre a influência da adrenalina que corria por minhas veias.
De certa forma, eu sabia o que Maya queria dizer, no fundo apenas torcia para estar errada. Entretanto, dava para ler em sua testa suada o veredicto.
— Eu não podia ficar naquele hospital — engoliu em seco, a mão apertada contra o abdômen coberto outra vez pelo vestido que viera para o Canadá —, sabia que sozinha era um alvo fácil. Então levantei da cama, passei pelas enfermeiras, mas tive que voltar correndo quando fui dobrar o corredor porque vi aquele demônio em forma de mulher — secou a testa com as costas da mão. Finalmente me mexi para conduzi-la à chaise. Justin não pareceu satisfeito com isso, mas depois de ter confirmado sua debilidade, tampouco me impediu de ajudar — Tenho certeza que ela estava lá para me matar, vi isso naquele par de olhos cruéis que ela tem. Esperei que seguisse para o quarto e disparei para fora do hospital sem olhar para trás, consegui uma carona até aqui, mas não sei dizer se escapei sem ser vista. Ela pode ter me seguido.
Justin jogou a cabeça para trás, expirando ruidosamente.
— Eu sabia que não deveríamos ter lhe dado o nome do hotel. Você a atraiu para cá na primeira oportunidade — vociferou, encarando-a mortalmente.
De repente, eu estava atrás de seu corpo.
— Se está a ajudando propositalmente, Baker, eu juro que...
— Você acha que eu correria por vontade própria com a barriga furada?! — ela interrompeu a ameaça, histérica.
Coloquei-me entre os dois outra vez, prevenindo que não se atacassem antes que Annelise tivesse o prazer de o fazer.
— Tudo bem. Justin, você acha que...
— Com certeza ela já está aqui — resmungou antes mesmo que eu terminasse a pergunta, descarregando toda a sua fúria em Maya. Se havia alguma dúvida de que ele a desprezava, já não existia mais.
Eu mesma estava um pouco estressada com a interrupção brusca da minha bolha de felicidade, do mundinho que criei para mim e Justin, solidificado pela pergunta mais fascinante que alguém já me fizera em toda minha vida. Pelo menos naquele momento eu queria ser capaz de aproveitar sua presença.
— Ok. Vamos pensar, o que é melhor fazermos agora? Eu voto para vazarmos imediatamente — falei, sem ter outra alternativa, adiando nossa paz.
Maya assentiu num gesto frenético, concordando comigo.
— Não é o adequado. Essa é a primeira coisa que ela espera. Deixe-me procurar outra alternativa. Não quero um confronto de frente com você por perto.
Sequei as mãos escorregadias no mini short de pijama que eu usava. Os novos empregadores de Justin nos deixaram algumas peças no assento traseiro do carro fornecido a ele, quer fosse por pedido de seu mais novo prodígio ou por conta própria. Não quis nem imaginar o motivo pelo qual escolheram roupas tão curtas ou sensuais demais para o meu gosto. De fato, o mesmo havia ocorrido quando Justin pedira para uma empregada do hotel em que nos hospedamos ano passado me comprar algumas roupas, talvez essas recomendações inadequadas fossem suas.
— O que ela está fazendo aqui? Seus amigos não se gabaram tanto de sua soberania? Onde estão agora? Parece que George não os teme tanto assim, afinal.
Justin espiou atrás das cortinas na janela enquanto vestia sua camiseta abandonada em cima do criado-mudo.
— Eles só escoltaram nossa chegada, então fico por conta própria. Sabem também que não precisam te proteger enquanto eu estiver por perto. De qualquer forma, penso que se algum empregado da Companhia desembarcasse aqui, deveriam saber... Mas quanto a Annelise, ela não sabe sobre eles, assim não os teme. Deve ter avisado a George que viria para o Canadá, mas ele não se importou em lhe contar que este é território inimigo. Suponho que ainda não havíamos chegado quando ela partiu, por isso ele pode afirmar desconhecer a custódia, o documento informativo foi enviado depois que eu assinei o contrato. Portanto, Annelise foi só mais uma de suas jogadas de risco. Se está acompanhada, não passam de três. George não arriscaria tanto assim. Eles estão a própria sorte — praticamente pulou ao assumir uma expressão de reconhecimento — Isso! Não mais de três. Precisamos ir ao telhado.
Acompanhei todo o raciocínio que ele desenhara, mas me perdi nesse último. Não tive tempo de ao menos formar o comando em meu cérebro de abrir a boca para perguntar, ele já estava me puxando em direção à porta. Estendi a mão à Maya para guinchá-la conosco segundos antes que o breu reivindicou seu espaço no quarto, dessa vez com potência total, a iluminação fraca do corredor que outrora rastejava por baixo da porta também sucumbira. Tive a péssima impressão de que se estendesse por todo o hotel. Justin praguejou baixinho. “Previsível”, repudiara.
Quase ao mesmo tempo, meu aparelho celular vibrou em minha mão.
“Saiam para brincar ou tirarei vocês a força.”

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