Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

domingo, 27 de agosto de 2017

One Love 14

— O que? — não confiei em meus ouvidos, meus leais parceiros há 21 anos, preferindo dar credito à Ryan. Ele não me esconderia uma coisa daquelas.
A voz no fundo da minha cabeça me avisou que assim como eu omitia informações, ele também podia. Isso não tornava menor o sentimento sólido de amizade que eu sentia por Ryan, então a reciproca era verdadeira. Certo?
— Justin havia pedido que eu os procurasse — respondeu ele hesitante, os olhos estudando minha reação.
Também esperei minha reação.
— Por que não me contou?
— Pelo mesmo motivo que você.
Duas antas. Esse tempo todo agimos um pelas costas do outro, sendo que poderíamos ter nos ajudado e realizado o trabalho muito mais rápido.
— Aonde estavam e aonde estão agora?
Ryan virou de costas, andando até a janela e olhando pelas cortinas.
— Isso não vem ao caso agora. Preciso que me garanta não tentar nenhuma estupidez, me diga que ficará aqui até eu dizer que está limpo.
Ignorei o que dizia.
— Eles estão bem? Quem está cuidando deles? Justin te pediu para procurar Patricia também? As crianças estão com ela?
— Sim, Faith, para todas as perguntas, você pode me ouvir agora?
— Você conheceu Pattie? Perguntou por que ela abandonou Justin?
Ele me olhou fixamente, prendendo minha atenção.
— Você está se centrando nas questões erradas. Estão todos bem, entendeu? Portanto, temos que garantir que você vai ficar também.
A inquietação cresceu em meu peito.
— Eu quero saber aonde eles estão. Como posso ter certeza de que não está mentindo, Ryan?
— Eu não mentiria sobre uma coisa dessas — me afirmou.
Comecei a andar pela sala, imitando o movimento circular e contínuo dentro da minha cabeça. Meus neurônios estavam caçando. Eu ainda não entendia o que, mas estavam.
— Eles estavam no orfanato? Geroge deixou seus nomes como Yasmin e Maxon para que não os achássemos?
Ryan demorou a responder, e eu parei para lhe olhar exigente.
— Responda à pergunta!
Ele levantou as mãos, me analisando com afinco.
— Não. Você está falando sobre as crianças que você visitava no orfanato?
Assenti fervorosamente, e ele negou.
— Sobre o desaparecimento delas, a polícia ficará responsável. Não há nada que você possa fazer por eles agora.
O caminho dos neurônios se cruzaram e eles começaram a se chocar uns contra os outros. Meus olhos piscaram várias vezes, a respiração se tornou irregular, o coração perdeu o compasso. Alguma coisa estava muito errada com meu corpo. Procurei razões para os ataques em minhas terminações nervosas. Nada estava claro.
— Você está bem? — Caitlin se manifestou, a voz preocupada.
Recuei até o sofá, me sentando. Minha visão estava perdendo o foco.
— Estou. Ryan, o Justin... — comecei a dizer, incerta do que falaria.
— Você não deve nada a ele, Faith. Mesmo que devesse, já está tudo resolvido. Podemos nos centrar em você, por favor?
Minha mente se clareou então, como numa explosão. Jaxon e Jazmyn já estavam seguros, mesmo sem que eu os resgatasse, e eu provavelmente nunca veria seus rostos. Patricia também não era mais um fantasma, e agora ela formaria uma família com os irmãos de seu filho falecido. Talvez tivesse se arrependido de tê-lo abandonado, talvez tivesse sido obrigada a deixá-lo para trás, mas agora consertaria seu erro, os três seriam muito felizes. E nunca saberiam da minha existência. Meu trabalho estava feito, melhor do que se eu tivesse executado. O propósito era desde o início deixar Jaz e Jax com Pattie para que criassem esse vínculo e mantivessem Justin vivo naquela relação. Agora, tudo estava pronto sem que eu precisasse explicá-los o motivo pelo qual tivera o trabalho. Como olharia nos olhos de Patricia e justificaria “era minha responsabilidade porque eu fui a razão pela qual Justin morreu”? Sinceramente, eu não pensara por muito tempo naquela incógnita, e não precisava mais o fazer também. Os assuntos de Justin estavam finalizados.
— Você contou pra ela onde fizeram o túmulo? — perguntei à Ryan. Desde o início, eu prometera a mim mesma que uniria Justin à sua mãe, e embora essa não fosse a forma ideal, era a única que me restara.
Ryan ajoelhou na minha frente, suas mãos tocaram meus joelhos, um toque que mal percebi.
— Sim.
— Aonde Patricia estava? — pensei ter dito, não pude ter certeza, não ouvira com clareza minha voz.
— Na Califórnia.
Justamente o lugar que Justin planejava ir comigo para escapar da confusão do ano passado. Indaguei-me se ele sabia que ela estava lá, e por esse motivo aquele fora o estado escolhido. Alguma informação em meu subconsciente avisava ser quase impossível, mas mesmo assim, minha imaginação vagou. Podia ser uma surpresa para ambas, ele nos apresentaria como três das mulheres mais importantes da sua vida — com Jazmyn sendo a terceira integrante —, jantaríamos em um restaurante perto da praia e os olhos de Justin brilhariam mais do que a própria lua, quase inteiramente feliz, quase inteiramente completo.
— Faith? — Caitlin me chamou ao longe, me contagiando com sua tensão.
Eu senti cada parte de mim ruir, e aquilo doeu mais do que a própria morte. Dizem que a morte é fácil, leve e tranquila; não é totalmente verdade. Se pensarmos que a vida de alguém afeta apenas a ela mesma, até pode ser uma teoria plausível. Na prática, não é assim que ocorre. A morte te rasga de dentro para fora e remenda todos os pedaços outra vez para te comer viva de novo, e de novo, e de novo. Eu fui cruelmente um dos experimentos para demonstrar sua habilidade destrutiva.
Por todo esse tempo, Justin ainda vivia em mim como o propósito de finalizar o que ele começara. E agora que tudo estava resolvido, o que restava para mim? Qual era o sentido de continuar aqui? Qual era a minha utilidade? Justin estava morto. Não havia ao menos restos mortais seus para vermes necrófagos consumirem.
Glândulas no meu rosto, que estavam há muito inativas, iniciaram o processo de atividade, pipocando embaixo dos meus olhos.
— Você ainda quer saber como te achei no shopping? Eu te segui, sei que a assistente de George descobriu que você a usava — Ryan disse repentinamente, apressado — Sei que você odeia que te vigiem, mas eu não podia te perder de vista.
Justin estava morto.
— Posso até ter ouvido sua conversa com Rafael — acrescentou, sua resposta ao meu silêncio.
Justin estava morto.  
Garras invisíveis puxaram todos os meus músculos para o centro do meu coração, deixando um rastro de agonia por todo o meu corpo.
— Você também queria saber de onde saiu essa cabana, não é? Eu e... a comprei quando morava aqui. Era meu refúgio. Ninguém sabe sobre esse lugar. Eu mesmo a construí.
Justin estava morto.
A sentença gritada em alerta reverberava pelas minhas veias, tentando escalar pela minha garganta.
— Faith, o que foi? — o rosto de Caitlin substituiu o de Ryan na minha frente. Eu não sabia como aquilo havia acontecido.
Eu precisava de uma escapatória, e meu organismo negava a solução que me ajudara por tanto tempo em momentos desesperadores como esse, álcool.
Meu rosto inteiro se contorceu para que eu conseguisse empurrar as palavras uma a uma para fora da minha boca:
— Como você lida com isso?
Não soube se ela havia entendido até que sua preocupação cedeu lugar à angustia e seus braços me apertaram contra si, tentando dividir minha dor consigo. Mesmo que eu quisesse não poderia avisá-la, aquele era um calvário feito sob medida para mim, não havia como fracioná-lo.
— Ele não merece isso, Faith.  Você sempre foi luz, não deixe que ele te tire isso... — Ryan começou a dizer.
Eu mal o ouvia, engasgada com todo aquele sentimento cáustico, não conseguia respirar. E de repente, um som estranho saiu pela minha boca, parecia-se muito com um gemido ferido. Uma ferida oriunda da alma. O som de um morto vivo.
— Não é sua culpa, não é culpa de ninguém, não é culpa de Deus. Aquela era a hora dele, ele veio para a terra com um propósito, acredita nisso? E ele cumpriu a missão, Faith. Se sinta grata pelos momentos em que pode ter junto dele e peça a Deus para que trate essa saudade que ficou no lugar — Caitlin murmurou no meu ouvido com convicção, a própria voz embargada — Você também nasceu com um propósito e o seu ainda não acabou, se agarre a essa verdade, Deus vai te ajudar com isso, só Ele pode te mostrar o caminho, só Ele pode te curar, só Ele não morre nunca e sempre vai estar com você.   
Foi o que bastou para aquele bolo sair como vômito da minha garganta, mas ao invés de resultar em resíduos gástricos manchando a blusa de Caitlin, emiti um soluço e meu rosto se banhou do líquido expelido por minhas pálpebras. Percebi que chorava, depois de tanto tempo sem poder usufruir daquele reflexo equilibrista da angústia aguda que consumia minhas entranhas.
— Justin não merece seu sofrimento, Faith, sabemos muito bem o tipo de pessoa que ele era... — Ryan insistiu mais alto, aparentando irritação.
— Cala a boca, Ryan — Caitlin ordenou, voltando a falar em meu ouvido em seguida — Conversando com Deus, é assim que lido com isso. 
Àquela altura, eu estava disposta a tudo para fazer com que aquela dor parasse, recorreria a qualquer medida que me apresentassem, então gritei Seu nome em minha mente repetidas vezes. Eu me lembrava vagamente das palavras bonitas que usava para rezar, mas nenhuma delas me ocorreu como inspiração. Tal qual meu coração batia, a palavra era reproduzida.
Deus! Deus! Deus! Deus! Deus!
 Minha alma queimava no fogo eterno, e o apocalipse nem mesmo havia acontecido para que eu sofresse aquele castigo. O calor se concentrou em meu peito, combatendo ao frio instalado ali durante todos aqueles meses. Tive a impressão de ter ligado um chuveiro na água quente, que de início me abraçava e aquecia, e então se concentrava demasiadamente, derretendo minha pele aos poucos.
— É preciso cutucar uma ferida para curá-la, Faith, vai ficar tudo bem.


Eu lutei contra a consciência pelo máximo de tempo que pude, contudo, alguma coisa me puxava insistentemente do meu sono limitado sem sonhos. Mesmo acordada, não tive vontade de enxergar o mundo à minha volta, decidida a esperar a morte chegar ali mesmo — desejei ter o número de Annelise para implorar que me matasse. Se Deus não me fizesse um milagre imediatamente, eu não conseguiria suportar mais um segundo na terra.
Meus olhos doloridos e pesados, como se dois sacos de areia pendessem deles, insistiram, entretanto, em abrirem-se. A escuridão dominava o ambiente, e absorvi aos poucos o quarto em que eu estava. Não havia me dirigido para lá sozinha, assim, deduzi que Ryan ou Caitlin haviam me levado até ali quando me esgotei o suficiente para dormir. A colcha da cama de casal era preta e o outro único móvel habitante do quarto se resumia a um guarda roupa grande embutido na parede aparentemente cinza. Minha mala estava empoleirada bem na frente dele, e por um momento me distraí pensando se meus amigos trouxeram todas as minhas coisas. Não tivemos muito tempo para conversas.
Arrastei-me para fora da cama, minha garganta ressecada rogava por água. Me aliviava ainda deter o poderio de satisfazer alguma necessidade do meu corpo destruído por dentro. Impelida por essa necessidade, empurrei a porta entreaberta, portando a mínima curiosidade de onde Ryan e Caitlin estavam. Se Ryan construíra a cabana sozinho como seu refúgio, não fazia muito sentido que delimitasse mais um quarto.
Meu raciocínio foi quebrado quando dei de cara com mais duas portas naquele corredor. Uma podia ser um banheiro, mas e a outra? Desinteressada com a estrutura, prossegui meu caminho, parando apenas ao ouvir os sussurros que partiam da sala. Eu não queria atrapalhar mais do que já o fazia, um mero estorvo na terra. Percebi que Ryan falava sozinho, ou, a alternativa mais lógica, ele conversava no telefone.
— ...  Eu não concordo com isso, desde o início fui contra. Qual é a porra do seu problema? — ele parecia ter dificuldade em manter o tom de voz baixo, furioso com quem quer que fosse do outro lado da linha. Sua garganta produziu uma risada ácida — É fácil pra você dizer! Quem está vendo as consequências de tudo isso sou eu. É cruel. É muito cruel.
Tentei dar sozinha algum sentido à conversa. De alguma forma, eu sabia que Ryan não responderia satisfatoriamente se eu perguntasse o que estava acontecendo. Caso contrário, não estaria discutindo no escuro com uma incógnita a essa hora da manhã escondido de mim e Caitlin. A não ser que não fosse culpa dele a ligação ter ocorrido nessas circunstâncias. 
— Se você não der resultados razoáveis eu vou fazer alguma coisa sobre isso. A situação se agrava a cada dia, não vou assistir isso de perto e não fazer nada a respeito... — ele foi interrompido e esperou os efeitos de sua ameaça — Não, eu não acho isso plausível, pode usar todos os argumentos que quiser, não vou mudar de ideia.... Isso é responsabilidade sua, mas se piorar, e eu acho que vai, vou contar a ela.... Então resolva isso logo, e assim posso ficar longe de toda essa droga.
Quem seria ela? Eu nunca vira Ryan tão furioso com alguém como presenciei nessa ligação.
Os pontos estavam se ligando antes que eu pudesse impedi-los. Eu não aguentava mais as teorias de conspiração que masoquistamente eu construía para afastar a realidade grotesca da ausência de Justin. Repugnando a mim mesma, voltei para o quarto num jato, jogando a mala azul no chão e abrindo o zíper. 
Joguei as roupas para todos os cantos do quarto, procurando. Eu não sabia se meus "tutores" haviam levado à cabana e se chegaram a bisbilhotar o objeto, mas continuei a busca até meus dedos esbarrarem no caderno de cem folhas surrado. O abri com ímpeto e rasguei as folhas uma a uma desvairadamente. 
Quando abandonei a pintura, a necessidade de me expressar para o mundo exterior não morreu, e a transferi toda para a escrita em seus mais variados gêneros e formas. Meu caderno estava cheio de textos incompletos; eu não gostava mais de derramar todo o meu ser em uma tela, muito menos em um papel, mas aquela ânsia por vezes se mostrava incontrolável. E inevitavelmente, todos os temas se referiam ao Justin, potencialmente lunáticos e delirantes.
Parei na última folha que eu usara, tomando fôlego para eliminar mais aquela parte de mim. Meus olhos caíram nos escritos desleixados que eu fizera na segunda-feira de manhã em uma folha da agenda da galeria e colara no caderno ao chegar em casa.
“Meu coração bombeava o sangue rápido demais e eu me perguntava se o estava fazendo direito.
(...)
 — Justin, não temos tempo pra isso, nos vemos mais tarde — tirei minha mão da sua e a abanei na frente do meu rosto, esperando que desaparecesse. 
Não aconteceu. Ele continuava me olhando com o maxilar travado.
(...)”
Eu tinha que parar de me enganar pensando que ele voltaria. 
Antes que eu pudesse picotá-la em pedaços minúsculos, as linhas azuis e a tinta preta da caneta se misturaram, machadas com água. Fazia pleno sentido que meu corpo se sentisse extremamente desidratado.
Respirei fundo depois de ter concluído todo o trabalho, na esperança de que sentisse ao menos um pingo de alívio. Olhei a bagunça que eu deixara ao meu redor, traduzindo muito bem a confusão em pessoa que eu havia me tornado. Aquilo me deixou sufocada. Eu só precisava sair dali.
Deixei o quarto sem me preocupar se Ryan ainda estava em sua ligação secreta, atravessando o corredor, e em segundos, a sala. Abri a porta da frente e saí para a opacidade da noite, o ar fresco não me deixou com frio, meu corpo ainda vestia a calça preta e blusa azul de seda que eu vestira para trabalhar. Detive-me na entrada, estar ali fora já bastava. Sentei nos degraus da varanda e joguei a cabeça para trás. Não era possível atingir o cansaço mais do que o que eu atingira.
Precisei de um momento para reparar que estava encarando o céu salpicado de estrelas, o qual eu evitara veementemente ultimamente. Eu abrira mão de muitas coisas na minha vida, me privando do que poderia me trazer o mínimo de felicidade por não me achar digna desta regalia. E eu realmente não era. Não que olhar o céu fosse me trazer felicidade, as estrelas pareciam ser pintadas com minha dor, me lembrando de experiências que não estavam mais ao meu alcance. Foi fácil localizar o corpo celeste que eu chamara de Faithin, tanto como admitir que eu precisava acreditar em algo de novo.
Uma sensação diferente aqueceu meu coração, não como o fogo que me queimara mais cedo, mas semelhante a um ponto de conforto. Eu ainda tinha utilidade. Meu contrato buscava ferir minha família, não somente a mim, e eu devia pelo menos garantir que ficassem bem. Não consegui salvar Justin, mas era minha responsabilidade proteger aqueles que inicialmente me amaram. Caleb sempre me protegeu e essa era minha vez de retribuir o favor. Até mesmo aos meus pais, que eu não queria ver nem pintados de ouro.
— “Mas alegrai-vos porque os vossos nomes estejam escritos nos céus”.
Virei a cabeça para onde vinha a voz de Ryan. Ele contornava a cabana, e sentou-se ao meu lado na varanda.
— Isso tem cara de uma passagem bíblica — comentei.
— E é. Lucas 10, 20.
Ryan pegou uma folha aos meus pés, brincando com ela. Parecia bem mais calmo do que eu o vira há pouco.
— Não sabia que você era do tipo religioso.
Ele deu de ombros.
— Todos precisam acreditar em alguma coisa. Não é porque não sigo algumas regras que não acredito.
Ryan e eu nos conhecemos em um tempo já turbulento demais, então não havíamos tido algumas conversas essenciais para se criar um vínculo entre pessoas. Eu não sabia que ele tinha religião porque nunca havia perguntado.
— Eu ia na igreja com minha mãe quando era mais novo, e essa foi sempre minha passagem preferida. Ter meu nome escrito no Céu era uma coisa gloriosa pra mim. Naquela época eu queria ser astronauta.
Voltei meu corpo totalmente para ele, surpresa. Seus olhos permaneceram na folha.
— Perdi o rumo quando ela morreu de câncer. Meu pai era só um bêbado patético que não ligava para o filho, então fugi de casa. Foi quando Jeremy me encontrou.
Coloquei a mão no peito, como se pudesse conter o impacto, segurei seu ombro com a outra.
— Ry... Eu sinto muito.
Me senti péssima por não conhecer sua história, tão preocupada comigo mesma que deixei de ver que eu não era a única a ter problemas.
Ele me deu um meio sorriso.
— Não se preocupe com isso. Só queria te dizer que minha mãe era tudo pra mim, e mesmo assim eu aprendi a viver sem ela. Mesmo me tornando alguém que tenho certeza ser digno da sua desaprovação, eu vou me encontrando aos poucos. Pensei que eu não tinha mais sentido para estar aqui e apenas vivi, mas conheci você e a Caitlin, e entendi que a vida pode ser generosa se você se abrir a isso, mesmo depois de um tombo desses. Vocês duas são prova de que até alguém como eu merece ser feliz.
Concordei com a cabeça, embora ainda digerisse suas palavras. Era bom saber que eu ainda podia ser considerada como um presente para alguém.
Ryan passou as mãos em meu rosto com a testa vincada.
— Não consegue mais fechar a torneira?
Eu dei uma risadinha e ele me puxou para um abraço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O que achou do capítulo? Conte pra mim, eu não mordo ><