Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

One Life 28

Não houve tempo suficiente para que eu conseguisse lidar com aquilo, embora Justin tenha respeitado meu espaço em silêncio após fazer uma ligação para avisar as autoridades sobre um barulho estranho na casa de Erin.
— Tem certeza de que quer ficar na faculdade? Não acho que você tenha condições — ele falou baixo e hesitante como se tivesse medo de que eu me quebrasse a qualquer momento.
Respirei fundo para responder.
— Tenho. Preciso encontrar Willian.
Eu procurei palavras em minha mente, afinal quem precisava de consolo era ele, mas nem olhá-lo nos olhos eu podia. Aquele sentimento ruim me consumia, roubando meus mínimos raciocínios. 
Fiquei imóvel por um instante, ele também não me apressou, então olhei as horas no celular, era quase o fim da última aula, seria melhor esperar a manada começar a sair. Era bom ter mais tempo para reconstruir meu emocional.
— Faith, eu sinto muito que tenha presenciado isso — sua voz ainda estava cuidadosa, e pela visão periférica podia perceber seus olhos em meu rosto,
Planejei responder. A voz entalou na garganta. Engoli em seco. O aperto continuava. Era claro, se eu fosse responder começaria a chorar. Portanto, apenas acenei com a cabeça, tentando cessar todas as informações que giravam em minha cabeça. Eu não podia pensar nisso agora, apenas segura e sozinha entre quatro paredes.
O silêncio predominou até que eu visse duas garotas saírem pelas portas da faculdade. Abri a porta de carro e desci, me sentindo o ser mais inútil da face da terra. Por que eu não conseguia dizer pelo menos uma palavra de conforto?!
O restante das pessoas começava a sair, e com o olho em Willian para garantir que não me visse, me infiltrei entre eles, percebendo alguns olhares sobre mim. Nem me importei em me preocupar com o motivo. Fui até a porta e voltei, simulando que estava saindo. O carro de Justin não estava mais ali, segui direto para o estacionamento.
Os olhos de Willian estavam feito águia na multidão e imediatamente ele me encontrou. Sua expressão era confusa ao analisar a minha.
Faith, disfarce melhor.
Ele abriu a porta do carro e saiu assim que me aproximei.
— Gostaria de dirigir, senhorita Evans?
Dei um sorrisinho, negando com a cabeça e entrando direto na porta do carona. Willian não me forçou a conversar, mesmo percebendo que havia algo errado. Também não me desgastou com uma bronca por ter desaparecido no dia anterior, e isso afetava diretamente em seu emprego. Senti-me mal por colocá-lo numa posição ruim por horas. O que Bryan faria se não me encontrassem? Colocaria toda a culpa em Willian e o esmagaria como se fosse uma formiga. Eu não havia pensado por esse lado. De fato, essa era a coisa que eu menos fazia antes de agir, pensar.
— Desculpa por sumir ontem. Eu esqueci totalmente — eu disse com a maior sinceridade que pude, era o mínimo que eu devia fazer.
— Não se preocupe com isso, senhorita.
Sua generosidade só me fazia sentir mais culpa. Eu não podia fazer nada direito.
— Por favor, me chame de Faith.
— Como desejar senhori... Faith — ele se corrigiu no final da frase, quase me fazendo sorrir.
Fiquei grata assim que chegamos a casa e passei direto para meu quarto, trancando a porta atrás de mim. Flê pensaria que meu isolamento ainda era causado pela discussão com meus pais, então eu tinha tempo até que resolvesse subir para ver como eu estava.
Joguei a bolsa no chão mesmo e me desmanchei na cama, deixando os olhos na parede lisa e bege. Abracei o travesseiro contra meu peito, lamentando mais uma vez a perda dos meus ursos de pelúcia. 
Deixei-me consumir por completo da sensação que assolava meu peito desde que encontramos Erin. Era incrível como um instante podia mudar tudo.
— Faith? — o chamado inesperado e cauteloso veio de trás de mim, me assustando. Virei-me para ele sem nem me importar em como havia entrado. Talvez Flê houvesse deixado Justin subir.
Eu já havia dado liberdade para meus impulsos, então não consegui conter as lágrimas que ameaçavam cair dos meus olhos.
Meu estado chicoteou em seu rosto, distorcendo sua expressão em agonia. Ele rapidamente deu a volta na cama, se ajoelhando na minha frente. Sua mão afagou minha bochecha, recolhendo agilmente as gotículas lacrimais. 
— Não faz isso — pediu com intensidade, ansioso para que eu parasse de chorar. Isso que eu nem havia começado.
— Desculpa — murmurei baixo, incapaz de dizer com clareza o que eu queria.
Ele estalou a língua, infeliz.
— Isso também não.
Peguei sua mão que estava em meu rosto, juntando entre as minhas para intensificar o apelo.
— Você não entendeu. Isso é culpa minha. Eu insisti para que fôssemos a casa dela, pode ser a causa do suicídio, agora da sua dor e também...
Ele negou com a cabeça, me interrompendo:
— Para com isso. Para de falar besteira.
— Não é besteira — retruquei — E eu poderia ter sido mais prestativa, mostrar que ela não estava sozinha, que realmente poderíamos ajudar...
— Faith.
— Ela só queria os filhos de volta, Justin. Eles vão crescer sem mãe! — balbuciei.
Meu choro se intensificou, então virei de costas para ele, escondendo meu rosto no travesseiro. Eu não queria que me visse assim, e não suportava a ideia de ser a causa da morte de sua 'madrasta', da perda do endereço de sua mãe e da chance de encontrar seus irmãos. Como pude ser tão negligente?
Senti a cama balançar embaixo de mim, entregando a proximidade de Justin antes que ele abaixasse o travesseiro do meu rosto, divido entre me repreender e me consolar.
— Faith, não seja boba. Você não tem nada a ver com isso. Nem sabemos se o que ela dizia era verdade. Não assuma coisas que não estão sob seu controle — ele disse com firmeza, segurando meu queixo quando tentei desviar o rosto.
Estava expresso que não concordaria comigo, mas a recíproca era verdadeira, então me escondi em seu peito, decidindo não retrucar. Uma discussão não tornaria a situação melhor.
Justin me deixou chorar baixinho em sua camisa, afagando minhas costas na tentativa de me acalmar. Ele era um ponto de refúgio, um conforto, mas na situação específica não tinha muito efeito. Além do mais, não era certo ele estar me consolando por uma situação que o afetava mais do que a mim.
Tentei recuperar o controle o mais rápido possível, dizendo a mim mesma que nada daquilo adiantaria. Eu já havia estragado tudo, agora deveria pensar numa forma de consertar meu erro, não ficar me lamentando. Mais do que antes, eu tinha a missão de reunir Justin com sua mãe e irmãos, independentemente do preço a ser pago.
Enxuguei meu rosto, me recompondo e afastando a cabeça para olhar em seus olhos. Ele foi mais rápido que eu, ainda transparecendo angústia.
— Te ver chorar é devastador.
Repuxei o canto da boca, tentando dar um sorrisinho.
— Sei que minha cara já é péssima alegre, mas perdão, são as leis da natureza.
Sua careta desaprovava minha piadinha. Ele afastou o cabelo que caía em meu rosto, me olhando como se eu fosse quebradiça.
— Não quero que você fique pensando nisso. O que acha de sair comigo? Só eu e você e qualquer outro assunto?
Esbocei um sorrisinho mínimo, mas genuíno pela oferta mais generosa do que eu merecia.
— Não posso sair sem Willian — o lembrei, dividindo meu pesar.
Ele pensou, torcendo a boca.
— Hm... E o que acha de nos internarmos no seu quarto mesmo? Podemos fazer o que você quiser — suas sobrancelhas se levantaram duas vezes rapidamente, numa expressão sugestiva.
Dei uma risadinha para sua tentativa bem sucedida de me fazer rir e afirmei com a cabeça. Se perto dele eu já estava me sentindo mal, longe seria insuportável.
— Preciso saber, está com fome? — perguntou atencioso.
Neguei com a cabeça.
— Comi muito na faculdade. E você?
— Também não. Então o que quer fazer? Sugiro um filme.
Acatei a ideia de bom grado, eu só queria poder tirar todas aquelas coisas da minha cabeça para pensar direito em qual seria meu próximo passo. Agir com a emoção sempre era uma péssima ideia para mim.
Levantei-me da cama sem muita vontade de sair do aconchego em que estava, então peguei rapidamente meu notebook em cima da mesinha de madeira branca bem ao lado da porta e voltei para o ninho. Estiquei-me para conectar o carregador a tomada ao lado da cama. Vi de relance que Justin se sentava, afofando os dois travesseiros na cabeceira da mesma pra servir de apoio. Em seguida, ali se recostou e envolveu os braços em minha cintura, me puxando para me deitar nele. Obedeci sem protestar, ligando o notebook em meu colo.
— Tem alguma preferência de categoria? — indaguei, digitando a senha assim que apareceu o loggin. 
Senti a ponta de seu nariz abrindo caminho entre meu cabelo, e seus lábios se pressionarem levemente em minha nuca. Não pude conter o arrepio violento que desceu pela minha espinha.
— O que acha de terror? — ele falou ali mesmo em meu pescoço.
Eu não era boba para não perceber toda sua desenvoltura para me distrair. E egoistamente, eu não poderia ser mais grata a ele.
— Acho bem clichê — repreendi e sua risadinha bateu em meu ombro — De qualquer forma, não acho que quero ver mais pessoas sem vida hoje.
A morte nunca me incomodara tanto como naquele momento. Eu era abençoada por jamais ter sofrido a perda de alguém querido, então nunca havia parado para pensar de fato no que isso significava. Como cristã, eu sabia que morrer não era o fim em si, mas também não deixava de ser o desfecho de muitas coisas. Aceitar isso era o grande ponto da questão, e por sermos meros mortais, às vezes estes misteriosos finais eram incompreensíveis.
O silêncio repentino de Justin durou até que eu abrisse o navegador.
— Não são todos os filmes de terror que tem morte. Acho que você está é com medo — ele argumentou, debochando de mim, e estrategicamente se desviando do assunto que sem querer eu retomava.
Virei a cabeça para olhá-lo, perdendo um pouco meu foco de acusação ao me surpreender com sua proximidade. Seu rosto a um palmo de distância do meu era distração na certa.
— Sei que o gato não comeu sua língua porque não sou canibal, então tem alguma acusação a fazer, senhorita?
Concentrei-me, fitando sua testa para não perder o fio da meada.
— Não tenho medo. Tem algum em mente já, gatinho? — brinquei.
Eu tinha medo. Muito medo. Mas isso nunca fora capaz de me impedir de ver. E de qualquer forma, ficar com medo me paralisava de tal modo que eu não conseguia pensar em mais nada, o que era meu objetivo no momento.
— Invocação do mal 2 — sua voz soou mais grave e rouca perto do meu ouvido. Certamente sua intenção era de me amedrontar, mas não foi bem o que senti.
— Tudo bem.
Voltei meu rosto para o computador, contendo-me para não lascar-lhe um beijo na boca.
Estava digitando o nome do filme quando Justin começou a beijar meu pescoço, eu continuaria a escrever, entretanto, simplesmente toda minha linha de raciocínio se rompeu. Fiquei imóvel, esperando que ele parasse. 
No momento em que percebeu minha paralisia, ele riu, abraçando um pouco mais forte minha cintura.
— Algum problema, Faith? Esqueceu o nome do filme?
Revirei os olhos por essa provocação e tentei recomeçar a escrever, só que no exato instante ele voltou com os beijos.
— Justin! — resmunguei, sabendo que ele fazia de propósito.
Ele quase gargalhou, apoiando o queixo em meu ombro. 
— Perdão. Não vai se repetir. 
Como não merecia minha confiança, terminei de digitar num jato, temendo um novo ataque. Cliquei no primeiro link que achei, depois me empenhei em fechar os vírus antes que atacassem meu novo filho.
— Que feio Evans, você sabia que isso é um site pirata? — ele disse, me julgando.
— Você é quem mais vive dentro de ilegalidade, não pode reclamar de nada — contra ataquei.
— Ah é? Dê-me um exemplo.
Olhei seria para seu rosto.
— Como você entrou na minha casa hoje? Flê deu permissão para que subisse?
Ele deu de ombros.
— Tenho permissão por tempo ilimitado de entrar na sua casa, você mesma me deu — argumentou.
— Aham. E quando foi isso mesmo que eu não me lembro? 
Um sorrisinho enfeitou seu rosto antes que respondesse, demonstrando que eu estava justamente onde ele queria.
— Quando fez isso aqui.
Dada a distância mínima que estávamos um do outro, não foi preciso muito esforço para que nossa boca se encontrasse. Ele segurou meu rosto com uma das mãos, garantindo que eu não escaparia. Eu não conseguia ver algum motivo significante para desejar estar longe de seus lábios. Desfiz-me ali de tal forma que afrouxei minha mão no notebook, quase deixando que caísse. Pelo menos meu reflexo ainda estava funcionando, e consegui firmá-lo novamente eu meu colo.
— Acho que você ainda não está preparada para me beijar —Justin fingiu pensar, questionando minha sanidade.
Fiz uma careta pra ele, embora secretamente concordasse.
 — Você deveria tomar um gole de “seje menas”*.
Ele riu se acomodando outra vez no travesseiro.
— Vamos ao filme que você não tem medo.
Suas provocações estavam impossíveis.
Apertei o play e me deitei em seu peito, preparando-me para não pagar nenhum mico na sua frente enquanto me centrava por inteira na produção.
Não foi tão ruim quanto eu pensava.
Foi pior.
Eu estava conseguindo me distrair, e por este motivo de tempos em tempos me sentia mal, pensando em como eu poderia estar ali tranquila desfrutando do máximo de felicidade sendo que eu tinha uma merda fenomenal para consertar. Foi pior porque as crianças do filme sentiam falta de seu pai, e imaginei como deveriam estar os irmãos de Justin sem um pai e uma mãe. Onde eles poderiam estar? Será que eram felizes?
Observando tudo o que Peggy fazia por seus filhos, não pude deixar de me questionar a escolha de Erin. Não era possível que ela se mataria sabendo que nem o pai as crianças tinham mais. Não era possível que desistiria de tudo bem quando aparecera uma luz de esperança. Por que ela se mataria? Só se houvesse descoberto alguma coisa sobre os filhos enquanto estivemos fora, só se estivesse mentindo sobre ter filhos. Era tudo tão confuso que praticamente não tive tempo para ter medo de uma encenação bem feita. Eu tinha questões cruciais se digladiando em minha cabeça.
— E não é que você não tem medo mesmo? — Justin comentou, passando a ponta dos dedos em meu braço.
— Eu te disse — me gabei, aproveitando-me de sua ignorância.
Ele beijou minha bochecha.
— Se não estivesse assistindo o mesmo filme que você, diria que está entediada. O desempenho de Vera Farmiga está impecável.
— Também acho — concordei.
— Achei bem legal essa ideia de coloca-la como o demônio da casa de Peggy... — ele continuou.
— Sim. Sensacional.
— Faith — sua voz pareceu como uma repreensão, e eu o olhei confusa — Vera Farmiga está interpretando a exorcista, não o demônio. Ou você está tão atenta ao filme que não quer me ouvir, ou não está prestando atenção no filme — me acusou.
— Eu estou prestando atenção — protestei — A filhinha da Peggy está possuída e ela está fazendo de tudo para proteger seus filhos e poder ficar com eles em paz.
Ele estendeu a mão, pausando o filme e me olhando com firmeza.
— Pensei que havíamos conversado sobre não pensar mais nisso.
— No filme? Mas é o que estamos assistindo!
— É o que eu estou assistindo, você mal está prestando atenção.
Fiz menção de retrucar, mas ele negou com cabeça.
— Sei muito bem o que está nessa sua cabeça. Então não quero mais que fique se atormentando com isso. São questões da minha família. Eu vou resolver. O máximo que você pode fazer é ficar contente quando eu encontrar minha mãe e meus irmãos. E eu estou te dizendo, eu vou encontrá-los — ele disse com firmeza e autoridade, olhando no fundo dos meus olhos para que eu entendesse.
Não respondi, não concordando com a parte de deixa-lo sozinho nessa. Eu já havia começado o trabalho e praticamente estragado tudo, então querendo ou não, já fazia parte daquilo.
— Você está entendendo, Evans? — questionou ao me perceber quieta.
Apenas afirmei com a cabeça para satisfazê-lo, então o filme voltou a rodar e eu a arquitetar planos em minha cabeça. 
Não durou muito. Sem que eu pudesse prever o movimento, Justin estava fechando a tampa do notebook.
— Tudo bem. Quer saber? Por que não jogamos? Lembra-se de quando saímos juntos pela primeira vez? Eu falo algumas verdades e você outras — ele sugeriu, se afastando um pouco para que pudesse olhar direito para mim.
Arqueei a sobrancelha.
— Dessa vez você vai jogar de verdade?
Ele levantou a mão solenemente, representando suas intenções honestas.
— Ok. Como você sugeriu o jogo, você começa — eu falei, me lembrando do que ele tinha dito aquela vez.
Seus olhos se desviaram de mim enquanto pensava.
— Hm, o que você pensou de mim na primeira vez em que nos vimos? — ele parecia contente com a pergunta.
Não precisei pensar para responder, mas fiquei um pouco constrangida. Olhei para sua camisa e fiquei mexendo nos botões enquanto respondia.
— Bom, que você era surrealmente bonito, e depois... Inacreditavelmente irritante.
Sua risadinha fez com que eu o olhasse. Minha resposta lhe agradara.
— Confesso que sou muito bonito —ele franziu a sobrancelha, declarando aquilo como se fosse segredo de Estado, e eu torci a boca de reprovação — E que naquela noite eu queria mesmo testar seus limites.
Abri a boca em um perfeito “o” de choque.
— Eu sabia! Você estava mesmo me provocando! Você queria me matar de irritação, não é?
Ele riu, orgulhoso de seus feitos. Dei um tapa em seu peito como punição.
— Se quer saber, eu só te dei um desconto por ter uma cara bonitinha.
Seu sorriso se espalhou pelo rosto.
— Pode me chamar de bonito mais uma vez que eu agradeço.
— Há há há — fiz uma careta para ele — Agora é minha vez. O que você estava fazendo na minha festa aquele dia? Chegou mesmo a receber um convite?
Seus olhos se reviraram e dramaticamente ele encarou a parede.
— Tantas coisas legais a se perguntar e você ainda se atem a essas coisas insignificantes.
Fitei seu rosto até que ele voltasse a me olhar, esperando que confessasse.  Ele bufou antes de dizer.
— Não recebi o convite, se quer tanto saber. Minha vez agora — disse apressado, como se pudesse passar despercebido.
— Eu sabia de novo! Que feio Justin Bieber, uma pessoa tão bonita invadindo festas — fingi desaprovação, balançando a cabeça como se falasse com uma criança.
— Já sabemos que gosto de invadir lugares. E você me chamou de bonito de novo. Estou lisonjeado — ele colocou a mão no peito, fingindo comoção. O sorriso, contudo, era verdadeiramente deleitoso.
— Eu só te suporto porque te acho bonito, então quero frisar bem isso — inventei, distraindo-o do fato de que sua beleza me distraía.
Ele me fuzilou com os olhos, exageradamente ofendido.
— Faith Evans, sua interesseira. Não ganhará nunca mais um beijo meu.
Eu arregalei os olhos, pasma com a consequência mesmo que fosse brincadeira.
— Isso é golpe baixo! — reclamei já me içando para beijá-lo a força.
Ele riu, desviando o rosto como podia do meu. Tirei o notebook do meu colo, colocando no chão, e parti para a guerra. Sentei-me em cima de suas pernas, de frente para ele, e segurei seus punhos em uma mão só enquanto usava a outra para segurar firme seu rosto, apertando as bochechas para formar em sua boca um bico. Eu sabia que ele não estava lutando de verdade — caso contrário eu já estaria caída embaixo da cama no momento em que pensei em imobiliza-lo —, mas o teatro prosseguiu, mesmo que não parássemos de rir, eu me inclinei para ele e beijei sua boca uma dúzia de vezes.
— Você é doente — ele disse risonho quando parei.
Mostrei a língua para sua hostilidade fajuta e permaneci em cima dele como pirraça, esperando que me derrubasse.
Não foi o que aconteceu. Não sei em que momento nosso olhar de desafio se transformou em admiração, mas no próximo segundo, ele estava libertando suas mãos para abraçar minhas costas, me puxando mais para cima e contra seu corpo, tomando meus lábios com certa urgência. Abracei seu pescoço, nem um pouco a fim de dar o troco e fingir que não estava desesperada por um beijo seu, embora parecesse insano. Ficamos ofegantes rapidamente, e eu também não sabia explicar isso. Parecia que quanto mais ele causava oxitocina em meu organismo, menos oxigênio circulava.
A situação se agravou quando sua mão sorrateiramente entrou por baixo da minha camiseta, dedilhando seus dedos em minhas costas. Neste instante, subitamente ele inverteu nossa posição, me jogando para o lado e subindo em cima de mim, sem interromper o beijo e a forma como estávamos. Passeei meus dedos por seu cabelo tão afável e ele afastou a boca da minha para respirar, distribuindo beijos por meu rosto, descendo até a base do meu pescoço. Sua mão esquerda trilhou um caminho por minha perna dobrada ao lado de seu corpo com um domínio estonteante, aumentando ainda mais a temperatura do meu corpo. Puxei sua boca novamente para a minha, mordendo seu lábio levemente. Ele puxou minha perna em volta da sua cintura, fixando-a ali.
Meu coração palpitava tão alto que quase não ouvi quando ele deu um suspiro forte, se livrando de minhas mãos entrelaçadas de todas as maneiras nele, e se lançando ao meu lado com todo seu peso. Olhei para seu rosto tentando entender o que acontecia, seus olhos estavam fechados e ele expirava devagar pela boca, buscando controle. Lembrou-me da noite de sábado em que ele se esgueirou para meu quarto no meio da madrugada. Não era uma reação que eu pudesse entender, mas podia respeitar.
Voltei minha atenção para o teto do quarto, concentrada em regularizar minha própria respiração, tentando fazer minha pele parar de arder. Foi quando ouvi sua voz entrecortada.
— Qual foi a última vez que você foi à praia?
 E assim recomeçamos o jogo.

Um comentário:

O que achou do capítulo? Conte pra mim, eu não mordo ><