Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

One Life 29

Eu podia ouvir o martelar que ecoava pelo corredor, o som não estava muito alto, mas foi suficiente para me fazer abrir os olhos.
— Justin? — chamei confusa, tateando minha cama em busca de seu corpo.
O quarto estava escuro, janela e porta fechadas. Eu deveria ter previsto sua intenção de me fazer dormir quando me deitou em seu peito, acariciando meu braço e intercalando perguntas num bom espaço de tempo. Sua respiração leve e seu perfume tão suave eram como canção de ninar.
Entristeci-me por não poder me despedir dele, que provavelmente estava trabalhando. Seu horário laboral parecia bem flexível para mim, mas era lógico que eu não poderia ter sempre sua atenção. Talvez fosse até ganância da minha parte esperar que pelo menos me deixasse um bilhete de despedida quando havia altas probabilidades de ter ficado comigo devido ao meu estado caótico e inconsolável.
O motivo de minha depressão momentânea preencheu novamente minha cabeça de forma que não pude evitar. Rolei para fora da cama, não querendo me afundar no poço sozinha, sentindo uma necessidade até aquele instante adormecida, pintar.
Saí do meu quarto na ponta dos pés, no intuito de passar despercebida. Eu não sabia que horas eram, mas não queria correr o risco de encontrar alguém.
— Paradinha aí mesmo — Flê ordenou bem atrás de mim.
Virei-me para ela de mau gosto, respirando fundo. Flê estava com as mãos na cintura, os olhos apertados de censura, mas assim que viu meu rosto transmutou para preocupação.
— Está tudo bem? — ela perguntou devagar, fazendo menção de se aproximar de mim.
Recuei um passo por instinto, imediatamente recalculando meus planos.
— Sim. Eu estou indo… na casa de Wren. Ele não estava muito bem e me convidou para jantar — inventei.
Eu estava mesmo devendo uma visita a ele, e ficar com Flê e toda a sua preocupação que gerava uma atenção exagerada não era uma opção.
Era claro em seus olhos que minha desculpa de última hora não caíra muito bem.
— Faith, seja lá o que for você sabe que pode contar comigo... — começou.
— Sei Flê, obrigada. Depois eu volto — dei um beijo em sua cabeça, indo para o lado contrário, em direção as escadas.
Não esperei uma resposta, esquecendo até mesmo de pegar meu celular na pressa de sumir dali. Willian, entretanto, estava bem na porta de entrada. Contive meu suspiro, sabendo não ter outra saída assim que seus olhos captaram minha presença.
— Vamos ao vizinho? — chamei para a situação ficar menos desconfortável, me daria a falsa sensação de estar na companhia por livre e espontânea vontade de um amigo, e a ele amenizaria a percepção da obrigação de ser jogado de um lado para o outro como uma marionete.
Willian fez um sinal positivo com a cabeça e abriu a porta, apesar dos meus esforços, até sua postura exalava um dever. Não deveria ser agradável seguir uma garota mimada e imprudente. Eu bem poderia tornar seu fardo mais leve.
— Então… Você tem filhos? Esposa? Namorada? — puxei o assunto, caminhando pela calçada. O sol estava se pondo no horizonte, anunciando a chegada de mais um fim.
Meu interlocutor me olhou com uma surpresa disfarçada nos olhos causada por minha repentina interação.
— Hm, não para todas as perguntas. É bem mais acessível este emprego para alguém solteiro.
Assenti, dando um sorrisinho.
— Acredito. Você está apenas no terceiro dia e já viveu altas emoções. Peço desculpas por isso, não sei por que meus dias têm sido tão loucos.
No sábado quase morri queimada, no domingo briguei com Hanna e Nicole, além de receber uma declaração no meio da rua, na segunda presenciei uma cena de fúria de Justin e encontramos Erin, por fim, na terça nos deparamos com um corpo sem vida. Era muita informação para uma cabeça só.
— São ossos do ofício da juventude — ele banalizou com uma expressão compreensiva.
Eu não deixava de concordar, mas também era claro que toda essa agitação se agravara quando Justin entrou na minha vida. Era inimaginável que toda aquela serenidade e segurança dele transmitissem uma tempestade.
Lúcio abriu a porta no instante em que toquei a campainha, sempre atento.
— Boa noite, senhorita Evans. Como está? Fiquei sabendo que foi parar no hospital, estava preocupado — sua testa se enrugou um pouco mais.
— Boa noite, Lúcio, achei que já houvéssemos conversado sobre me chamar pelo primeiro nome — o repreendi e ele deu um sorrisinho — Estou bem. Foi só um susto, e como estão as coisas por aqui? Aliás, este é Willian — apresentei enquanto entrava.
Eles se cumprimentaram cordialmente e Lúcio se voltou para mim após fechar a porta.
— Tudo muito bem. Apenas Wren está em casa, no jardim.
Assenti.
— Por que não conversa um pouco com Willian enquanto falo com Wren? Apresente a ele como sobreviver em meio a toda loucura que é nosso mundo. Bryan o contratou como meu segurança — pedi, no intuito de diminuir seu tedio.
— Ninguém deve entrar despreparado — ele concordou com um ar tenebroso.
Dei uma risadinha, deixando os dois sozinhos. Willian estava em boas mãos.
Adentrei o corredor até o final, e já que a porta de acesso ao jardim era transparente, pude ver Wren sentado no banco branco em meio aos lírios preferidos de sua mãe. Ele lia um livro grosso e puído, a expressão tranquila, diferente do que eu esperava.
Corri a porta devagar para não assustá-lo, mas imediatamente ele disparou os olhos na minha direção, embora eu pensasse não emitir som algum.
Seus olhos se arregalaram de surpresa e ele colocou o livro de lado, levantando-se com um sorrisinho.
— Faith! — me saudou, vindo ao meu encontro.
Abracei-lhe assim que estava perto o suficiente, o apertando com firmeza contra meu corpo.
— Sinto muito não ter te visitado em casa assim que voltou do hospital, as coisas tem estado uma loucura. Como você está? — ele me afastou pelos ombros, me olhando com ansiedade.
— Estou ótima. Vim saber de você.
Wren me puxou até o banco e ali nos sentamos, como se fosse um assunto ruim o suficiente para que aguentássemos o peso em pé. E realmente era.
Ele olhou para o chão, brincando com minha mão de nervosismo.
— Acho que você já está sabendo, não é?
— Estou… — respondi hesitante, ainda temendo que me culpasse — Hanna é meio impulsiva e louca.
Sua risadinha não foi reconfortante, me pareceu terrivelmente apaixonada e triste. Eu quase podia ver sua mente associando meus adjetivos com momentos em que ela demonstrou ser assim, o que provavelmente era uma das causas para fisgar seu coração.
— Sim, ela é.
Esperei que ele dissesse mais alguma coisa, mas sua atenção estava sendo sugada por suas memórias. Meu coração se partia só de olhar a expressão entalhada em seu rosto, e eu não sabia o que dizer para tornar aquilo melhor.
Repentinamente, seus olhos se voltaram para mim, transmitindo a esperança de que tudo ia ficar bem.
— Não a culpo, eu mesmo não namoraria comigo.
Sua piada teve o efeito contrário, apertando meu peito. Eu mataria Hanna.
O censurei com meus olhos, dando um tapinha em sua mão.
— Não seja ridículo, você é encantador, o sonho de qualquer garota, o melhor partido dos Estados Unidos.
Ele franziu a testa para minha empolgação.
— Achei que fosse Caleb — me lembrou.
Eu não podia negar que estava me gabando do quão maravilhoso Caleb era o tempo todo.
— Mas ele não é um partido porque já está namorando — argumentei.
Ele riu, balançando a cabeça para fingir que concordava.
— Suponho que Justin Bieber também não esteja mais nessa lista então... — ele jogou a isca, introduzindo o assunto e direcionando o centro da conversa para mim.
Foi minha vez de desviar os olhos. Fingi que estava distraída com os lírios.
— Hm, não sei. Deve perguntar a ele isso.
—O quão apaixonada por ele você está? — ele foi direto, me encurralando.
Fiz uma careta, desprezando a palavra e toda a vulnerabilidade que a envolvia. Contudo, me senti na obrigação de responder.
— Até que ponto podemos nos apaixonar por alguém? — refleti, indiretamente lhe dizendo que eu estava perdida, soterrada e sufocada de sentimentos por aquele homem.
— Entendo bem — concordou com pesar.
O olhei com compaixão, imaginando o que eu faria se a situação fosse comigo. Não era muito difícil de acontecer, Justin só aparentava estabilidade.
Apenas a possibilidade dele me deixar, me deu calafrios. Expulsei a sensação, me focando na realidade que importava no momento.
— Você já contou aos seus pais? — perguntei.
Ele concordou com a cabeça brevemente.
— Mas eu disse que eu fui o responsável pelo término, que Hanna é a melhor pessoa que conheci, mas que ainda não estou pronto para ela e preciso de um tempo para me organizar.
Se antes meu coração trincava, agora derretia, eu sentia isso na minha expressão. Wren era uma preciosidade e precisava ser protegido. Meu primeiro impulso foi abraçá-lo, de repente com vontade de arrancar as tripas da minha melhor amiga.
— Ai Wren, por que você é assim?
Ele riu, retribuindo um abraço surpresa.
— Só quero que ela seja feliz.
O soltei para olhar seu rosto e constatar que existia mesmo, sem resposta para tamanho altruísmo.
— Mas chega de falar nisso. O que acha de jogarmos algumas partidas de Mortal Kombat? Também estou te sentindo um pouco apagadinha.
Meus olhos se arregalaram de empolgação e me coloquei em pé, tão animada para jogar quanto para escapar da direção que a conversa tomava.
— Você ainda tem? Nada seria melhor do que um pouco de nostalgia! Apenas devo alertar que estou muito enferrujada. Qual foi a última vez que jogamos? Natal do ano retrasado? — tagarelei, quase dando pulinhos no chão.
Wren riu da minha energia e tentou me acompanhar pelo caminho. Alguma coisa em simplesmente apagar os eventos desastrosos recentes era atraente, para quando nada mais importava do que decorar códigos e vencer os meninos para provar que as meninas faziam um trabalho e tanto também. Sempre tive uma fera feminista dentro de mim, disposta a provar meu valor, descrente que houvesse uma coisa apta ao sexo masculino que a mim não. Arrumei alguns arranhões, broncas da minha mãe e dores corporais por me meter em “coisas de meninos”.
“Faith, meninas devem cruzar as pernas”
“Meninas não devem jogar bola”
“Meninas não podem ser agressivas”
“Meninas não elevam a voz”
Era tanta besteira que entrava por meus ouvidos pela boca de Eleanor que não era surpresa a quantidade de cera em meus ouvidos. Talvez por essa razão eu fosse um pouco mais competitiva do que deveria.
Perdi a noção do tempo, então, tentando vencer pelo menos um round de Wren. A luta estava justa, ambos havíamos perdido nossas habilidades adquiridas em longas tardes de esforço. Estávamos empatados e assim permanecemos até Elizabeth chegar e abrir um sorriso do tamanho da anaconda que comia meu estômago ao me ver. Eu deveria saber que era só Wren estar solteiro para a esperança renascer em seu peito, por mais que soubesse muito bem por quem eu me interessava, já que não perdia uma fofoca da rua.
Portanto, minha visita ficou menos agradável com seus olhares e insinuações, entretanto, era melhor do que lidar com um Bryan furioso querendo me proibir de ver o dono dos meus maiores sorrisos por minha recente rebeldia de fazer minhas próprias decisões. Ademais, o jantar de Allie estava excepcionalmente convidativo.
— Não senhorita, sempre que eu chegava na frente era você quem batia o pé e me acusava de roubar! — Wren protestou enquanto me levava até a porta e discutíamos quem era o mais infantil dos dois. Bom... Eu tinha meus motivos!
— Você tem sorte é do meu pé não parar na sua cara.
Ele riu, balançando a cabeça com desaprovação.
— Você sabia que violência não é a resposta para tudo?
Dei de ombros.
— Mas serve para muita coisa — atestei incapaz de conter o riso, influenciada pelo seu.
Ele abriu os braços com um sorriso grande.
— De qualquer forma, o amor sempre funciona.
Revirei os olhos dramaticamente só para ser do contra, mas aceitei seu abraço.
— Tchau menino. Vê se se cuida. Qualquer coisa sabe que estamos bem na casa ao lado — me despedi, desejando mesmo que me chamasse caso se sentisse mal. Eu tinha mais de um motivo para me sentir responsável por seu estado emocional.
Recebi um sorriso grato em resposta, e tornei como meu propósito para os próximos dias.
Não foi uma promessa difícil de cumprir. Os acontecimentos diminuíram o ritmo conforme os dias se passavam, dependendo do ponto de vista. Bryan e Eleanor decidiram me dar um gela combinado com olhares de acusação. Era a mais nova estratégia para que eu me sentisse mal e voltasse atrás na decisão de mudar para medicina. Não seria eu a anunciar que aquilo não funcionaria, estava muito ocupada planejando momentos em que poderia ver Justin sem precisar deixá-lo a vista cruel dos meus genitores — que pareciam jogar nele toda culpa —, e em seus intervalos cada vez mais escassos. Ele havia me dito algo sobre um prazo que precisavam cumprir  e aquilo o deixava tenso. Então nos restava um curto espaço de tempo entre o final da tarde e a chegada dos meus pais — sem contar a maioria das vezes em que se infiltrava no meu quarto na hora de dormir e me esperava ficar inconsciente em seus braços, ou os sequestros relâmpagos para um almoço.
Sendo assim, eu ficava com Wren desde as duas da tarde — quando ele chegava do trabalho — às quatro umas duas vezes por semana, tentando animá-lo para que não ficasse mal o tempo todo por Hanna, a amiga com que eu era mais rígida agora. Era impossível não descontar essa frustração nela em alguns dias.
— Eles sentiram muito a sua falta. Não é justo porque os conquistou apenas com uma visita. Aliás, Maxon te mandou isso — peguei o desenho dobrado dentro do meu bolso e passei para suas mãos.
Justin parou de acariciar meus cabelos e abriu o papel, dando um sorriso mínimo pelo conteúdo ali. Liguei sua expressão à falta de êxito em encontrar sua família depois que perdemos nossa única pista. Pensei em alguma palavra de conforto para dizer, mas ele foi mais rápido.
— Pensei que demoraria a voltar no orfanato. Foi junto com Willian? — perguntou curioso, ainda sem tirar os olhos do desenho.
Eu não admitiria em voz alta que sua ausência deveria ser suprida por alguma atividade para que eu não enlouquecesse de vez, então pulei para a segunda pergunta.
— Quero ver algum lugar que eu vá e esse homem não esteja atrás.
Ele dobrou o desenho de novo, colocando no bolso de sua camisa e olhando meu rosto apoiado em seu colo com um sorrisinho.
— Talvez eu deva mudar de profissão. O que acha de contratar um novo segurança, senhorita Evans?
O sorriso se espalhou naturalmente por meu rosto antes que eu pudesse responder.
— Você se acha apto para o cargo? Costumo dar muito trabalho.
Ele arqueou a sobrancelha como uma crítica por minha suposta dúvida às suas habilidades e se inclinou sobre mim, beijando de leve meus lábios quase sem encostar. Mais uma de suas provocações.
— Não tenho dúvidas de que posso dar conta de você. E você, pode comigo?
Fiz uma careta para o seu ego. Ele deu uma risadinha.
— E como está seu pai?
Dei de ombros, aparentando indiferença.
— Me ignorando, se afastando de mim. Será que não percebe que isso já deu?
Justin torceu a boca, descontente por mim.
— Uma hora ele aceita.
Concordei com a cabeça.
As linhas de expressão em sua testa não se suavizaram. Estendi a mão e passei os dedos ali para que sumissem.
— E seu prazo? — perguntei, adivinhando o motivo de tanta preocupação.
Ele suspirou, olhando para cima.
— Acabando.
Peguei seu braço direito, passando os dedos em cima das tatuagens recentes — entre elas a palavra confiança, amor, uma nota musical e um diamante — no intuito de distraí-lo.
— Vai me contar quando quiser fazer a próxima? Eu gostaria que me levasse junto.
Justin já havia me dito que as tatuagens eram um meio de acalmá-lo, e ultimamente seu trabalho estava lhe matando, mas eu também sabia que nenhum dos desenhos era desprovido de significado, e mais, contava a história de pessoas que passaram em sua vida. Eu estava morrendo de curiosidade por não saber quem eram essas pessoas novas que o marcaram e por que tantas ultimamente. Meu cérebro relacionava o fato de que ele estava passando menos tempo comigo e por lógica mais com outras pessoas, então eu esperava que fossem OS colegas de trabalho.
— Nunca sei ao certo quando vou fazer uma — ele disse.
Parecia ser verdade, mas em algum momento a decisão era tomada e com certeza havia um tempo até que se dirigisse ao tatuador.
Fitei seu rosto com a expressão de poucos amigos, sem nada dizer. Eu não estava certa se tinha autoridade para perguntar se estava vendo outras mulheres se nem havíamos denominado o que acontecia entre nós. Minha boca continuaria fechada se seu olhar inocente não me causasse tanta desconfiança. As palavras vieram num só impulso.
— Justin Bieber, são tatuagens para outras mulheres? — tentei pelo menos moldar o tom para parecer curiosidade mórbida. Não funcionou.
Ele deu uma risadinha, compreendendo minha sugestão. Então segurou meu rosto entre suas mãos, olhando no fundo dos meus olhos.
— Sei que isso vai parecer estúpido, mas, Faith Evans, eu só tenho olhos para você.
Sua sinceridade fez meu coração acelerar, trazendo uma felicidade tão grande que até me amedrontava. Eu estava subindo cada vez mais alto, se caísse, seria letal.
Levantei-me de seu colo, me sentando para ficar a altura de seu rosto.
Trocamos um sorriso cheio de afeto antes que eu o puxasse para um beijo, entregando ali o que eu tinha de mais precioso, meu coração.
Ele abraçou minha cintura para me puxar mais perto quando seu celular apitou. Meu afastei dele insatisfeita e ele riu da minha expressão antes de olhar o aparelho.
Percebi sua fisionomia se endurecer conforme lia a mensagem, roubando toda partícula minha que havia ali. Eu apostava alto que era do seu trabalho.
— Vai lá mostrar como é que se resolve um problema, estarei te esperando com um presente por ser tão eficaz.
Ele me olhou com ceticismo e eu fiz um bico, representando o beijo que ganharia. Quase consegui um sorriso, mas seu rosto estava concentrado em perturbação. Se as coisas continuassem assim eu me empenharia em fazer com que se demitisse. Aquele emprego não era saudável.
— Não acho que consiga vir essa noite — ele se levantou, arrumando o cabelo e as mangas da camisa, na sua obsessão de sempre estar impecável.
Levantei-me atrás dele e esperei que terminasse sua inspeção para olhar pra mim. Quando o fez, envolvi meus braços em seu pescoço e beijei sua bochecha, ansiando acalmá-lo, mas sua mente já estava longe, provavelmente buscando soluções para essa nova questão.
Ele forçou um sorrisinho de lado para mim e beijou minha testa.
— Se cuida, Evans.
E com facilidade se livrou dos meus braços. Eu o acompanharia até a porta de casa, mas antes que eu pudesse pensar, ele já estava no meio da escada, voando para aquele infortúnio que o estava roubando de mim.
Expirei com frustração e me deixei cair sentada na cama, avaliando minhas opções de distrações. Fiz a primeira coisa que se passou em minha cabeça, pintar um quadro. Como eu já tinha meu quarto de volta, como uma cópia perfeita do anterior — sem a televisão por minha escolha —, havia uma tela em branco me esperando ao lado da cama. Era um hobby menos frequente agora, mas não deixava de ser bom.
Aliás, estava bem agradável antes que Caleb resolvesse invadir meu quarto.
— Oi Angel. Estamos te esperando na mesa do jantar.
Não tive tempo de responder meu irmão que parecia estar de péssimo humor, então desci imediatamente atrás dele, deixando a tentativa de desenhar o rosto de Justin interminada.
Todos já estavam sentados em volta do bolo de carne com purê de batatas de Flê, cada um olhando para uma direção diferente. Assim que me sentei, Bryan fez uma oração em agradecimento a comida e ao findar já estava se servindo. O clima estava tão pesado que a carne mal descia por minha garganta, o que estava me incomodando mais do que o necessário. Tomei uma iniciativa.
— Então Caleb, como foi o dia de hoje? — puxei assunto, deixando a voz calculadamente agradável.
Ele não tirou os olhos do prato para responder.
— Terminei com a Cassie. Ela vai se mudar para o Canadá amanhã — disse com a voz morta.
Os olhos dos meus pais se direcionaram para ele e eu parei de mastigar, pasma com a informação totalmente inesperada.
Ele percebeu que estávamos paralisados e levantou os olhos, deu de ombros e enfiou o último pedaço de carne na boca, levantando-se em seguida.
— Vou encontrar Troy agora. Vamos ao boliche — anunciou em direção a cozinha — Não se preocupe, vou levar Tony comigo — ele deu um sorriso fajuto ao meu pai quando voltou só para sair num passo só pela porta.
Bryan e Eleanor se entreolharam e depois voltaram a comer em silêncio. E lá estava eu novamente estragando alguma coisa que tentava consertar. Por segurança nacional, mantive minha boca fechada enquanto finalizava, me indagando o que raios havia acontecido entre os dois agora.
Assim que meu pai terminou, olhou para mim.
— Como Caleb saiu com o segurança reserva essa noite você não sai — declarou com toda a autoridade que tinha, depois virou as costas, deixando o prato na mesa mesmo.
Eleanor terminou em seguida, levando seu prato e de Bryan para a pia, mas eu tinha certeza que era a única coisa que faria. Ela saiu sem nem olhar para mim.
Suspirei, me perguntando até quando suportaria aquela situação.
Arrumei a mesa e lavei a louça para não deixar para Flê. Assim que terminei de guardar o último prato, voltei para o meu quarto, feliz por poder distrair minha cabeça com o desafio de tentar transpor toda a divindade de Justin em uma tela de pintura.
Estava devaneando enquanto fazia o contorno da boca quando meu celular deu sinal de vida, anunciando uma mensagem de Hanna.
Pelo amor de Deus vem me ajudar. Estou na Wild Life” . O recado vinha junto com uma localização no whatsapp.
O que raios essa garota tinha aprontado agora?!
Deixei inúmeras mensagens pelo aplicativo, mensagens de texto, liguei por ambos dispositivos, e nada. Eu já estava começando a suar de nervosismo, criando péssimas hipóteses em minha cabeça.
Passado dez minutos sem notícia alguma, comecei a bolar um plano para sair. Nem morta meus pais autorizariam, então peguei dinheiro e uma blusa de frio, trancando a porta do quarto para que pensassem que eu dormia. Meu único trabalho seria enganar Tyler e Matt que estavam de seguranças na porta, já que Will e Adrian não estavam em seus turnos e Tony estava com Caleb.
Não havia uma escapatória viável, então liguei para Wren. Assim que atendeu, já fiz meu apelo:
— Por favor, vem aqui em casa distrair os seguranças? — despejei rápido.
— O que? — ele arfou.
— Eu preciso imediatamente ir até Hanna e não posso sair, então preciso que os distraía para mim enquanto saio pela porta dos fundos.
A linha ficou muda enquanto ele pensava. Aproveitei para ser mais persuasiva:
— Não vou contar que você fazia parte do plano caso eu seja descoberta. Eu faço o que você quiser, só me ajuda a descobrir o que Hanna precisa de tão urgente — implorei.
Ele respirou fundo.
— Ok Faith, estou indo — cedeu.
A ligação se encerrou antes que eu pudesse agradecer, então fiquei espiando pela janela para ver quando chegasse. Como era tão pontual não demorou a vir, portando um sorriso simpático e duas xícaras na mão. Wren era um diplomata nato.
Corri para a porta dos fundos e saí, um pouco de adrenalina correndo em minhas veias. Andei sorrateiramente em volta da casa, espiando pela parede. Os dois estavam distraídos tomando o que quer que fosse da xícara de Wren enquanto conversavam animadamente com ele sobre basquete. Puxei o capuz sobre a cabeça e respirei fundo antes de atravessar o quintal como alguém inocente, simulando um simples cidadão passando em frente de casa.
A tensão me fez prender a respiração conforme eu me afastava de casa, esperando que a qualquer momento me flagrassem. Foi quando vi um táxi abençoado passando pela rua. Fiz um sinal afobado e ele parou, me atirei para dentro do carro e estendi o celular sobre o banco para o homem moreno.
— Boa noite, pode me levar para este endereço? — as palavras quase se atropelaram em minha boca.
Ele me olhou intrigado para garantir que eu estava bem, mas resolveu ignorar, digitando os dados em seu gps.
Recostei no banco de cabeça baixa. O alívio só veio quando o carro dobrou a esquina, apenas para ser substituído pela tensão de estar sozinha no carro de um desconhecido. Como uma boa paranoica, deixei o número da polícia pronto no celular para qualquer emergência. Hanna se meteria em encrencas maiores por me fazer passar por tudo isso e ainda não atender a porcaria do celular.
Chegamos mais rápido do que eu imaginava, e dei as notas correspondentes ao valor que eu via no contador.
— Obrigada — agradeci, disparando para fora do carro, apressada para me livrar da sensação ruim.
Dei um sorriso forçado para o engomadinho balançando as entradas bem em frente a porta do Night club, mexendo o corpo conforme o ritmo da música. Eu obrigaria Hanna a me repor o dinheiro gasto nessa droga em batata frita.
— Quanto? — perguntei indo direto ao assunto.
Ele arqueou a sobrancelha pra mim e abriu a porta.
— Mulheres não pagam. Não desse jeito — seu sorrisinho de lado era nauseante.
Não contive minha careta para o topete vivo, e a voz inteligente/medrosa no fundo da minha mente me mandou ir embora o mais rápido possível. Hanna precisava de mim, então marchei para dentro do estabelecimento, estufando meu peito como se nada pudesse me atingir. Já dentro, reconheci a música The hills embalando a multidão, e não poderia se encaixar mais com as pessoas que pareciam almas perdidas em carne podre. Estar com um shorts curto não era reconfortante, não da maneira com que os homens cercavam as mulheres. Parecia um grande aquário cheio de tubarões no qual eu havia sido jogada esfaqueada.
Hanna com certeza rebaixara o nível, ali a última preocupação que tinham era dançar. Mas o pior mesmo era o palco do DJ onde dançarinas praticamente nuas se esfregavam em um cano. A bile subiu pela minha garganta, me dando vontade de correr para longe. Entretanto, se Hanna estava naquele lugar, precisava mais de mim do que eu pensava.
Eu não queria continuar olhando em volta, mas era a única alternativa para achar a desmiolada loira. Persisti em ligar para seu celular enquanto andava ali em voltas, me esquivando com repulsa das pessoas e seus olhares predadores.
Sem sucesso, decidi perguntar ao rapaz ruivo que fazia as bebidas no bar.
— Você viu uma garota loira, olhos azuis, meio perdida? Ela se chama Hanna — gritei, inclinada no balcão.
Ele se limitou a negar com a cabeça, finalizando a bebida de uma das dançarinas seminua.
A raiva e frustração quase esmagaram meu peito e planejei por um segundo todas as formas em que poderia torturar Han.
— Hanna, não é? —a voz masculina veio do meu lado direito.
Ele não parecia estar tão fora de si quanto a maioria das pessoas daquele lugar, seus olhos eram puxados e escuros, a pele clara e o cabelo preto e liso organizado em um moicano.
— É minha amiga, você a viu?
Ele tomou um gole de sua bebida antes de responder, dando um sorriso estranho.
— Você é a Faith? — assenti, desconfiada e impaciente — Ela mandou te avisar que você demorou demais, acabou a bateria do celular que usava, então caiu fora. Acho que ameaçou te matar amanhã na faculdade — ele riu.
Fiquei alguns segundos estática, apenas desfrutando meu sangue ferver em minhas veias por ser trazida ao inferno a custo de nada. Mordi a boca, contendo a coletânea de xingamentos que eu tinha em mente.
O estranho observou minha reação, achando graça.
— Olha, se não quer perder a viagem, poderíamos nos divertir ali — ele apontou com a cabeça para trás de si, empolgado.
Por puro reflexo olhei para saber o que falava. Era uma espécie de área VIP com sofás vermelhos e espaçosos para seções privadas de sacanagem. Algumas das dançarinas estavam ali divertindo o público selecionado.
Eu estava prestes a dar uma resposta nada educada ao metido a japonês quando um dos rostos ali me chamou atenção. Ele estava servindo seu copo com alguma coisa, então só consegui identificá-lo direito quando levantou a cabeça para ver a morena que rebolava em seu colo vestindo apenas um fio dental. Foi nesse momento que nossos olhos se encontraram e eu tive certeza, aquela carcaça de ser humano era o mesmo que me beijava horas atrás.
O impacto que aquilo teve em mim foi desnorteante. Tanta emoção misturada de uma vez só em meu corpo me deixou tonta.  Eu só conseguia entender uma delas, nojo, o mais forte que senti em toda minha vida, o que me deixou paralisada.
Isso só podia ser um pesadelo. Faith, por favor, acorda.
Fechei os olhos e os abri algumas vezes, para ter certeza de que eu não estava sonâmbula, mas ele permanecia ali. A mesma pessoa que praticamente acabara de me dizer que não tinha olhos para outras mulheres. 
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Aloooooo, não posso dizer a honra que é te ter aqui lendo minha história, Srta Lerman!!!!! Muito obrigada pelo incentivo coisa linda maravilhosa <333 vc me deixou felizassa s dsokpdspokd <3333 Beijustin pra vc!!!!



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