Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

One Love 25

— Oi, galera, essa é a minha amiga Maya. Acho que Ryan, Caitlin e Rafael se lembram dela — decidi ser a primeira a falar, aproveitando-me do choque deles. Eu não queria que Caleb e Hanna soubessem da historia trágica que envolvia minha ligação com Maya. Para isso, eu teria que contar o motivo de estar em Minneapolis, depois, que ela me ameaçara — meu abdômen ainda se ressentia pelo golpe que levei. Seria muita reprovação para um encontro só.
Ryan, Caitlin e Rafael se entreolharam. Passei direto por eles, abandonando Maya para trás e abrindo meus braços para Hanna.
— Han! — forcei um pouco mais animação do que eu sentia, no intuito de amenizar a possível raiva que a dominava.
Hanna sempre foi bem maleável, ela era mais coração do que cérebro. Então, se inicialmente foi como abraçar uma pedra, gradualmente foi amolecendo e envolvendo os braços ao meu redor, quase me esmagando contra ela.
— Sua jumenta! Te odeio! — sua voz já estava trêmula.
Naquele abraço, percebi o quanto sentia falta dela mesmo que não pensasse nisso. Convivi com Hanna diariamente durante três anos. Antigamente, ninguém me conhecia como ela. Chegamos a um nível de intimidade que tínhamos praticamente uma conversa inteira só com o olhar. Éramos Yin-yang, Chris e Greg, ou simplesmente, Faith e Hanna.
Emotiva como estava, senti o impulso de abrir minha alma pra ela como sempre. Desde que Justin aparecera, eu tinha vontade de gritar para o mundo inteiro que ele existia não apenas na minha mente. Entretanto, com Hanna era diferente. Contar-lhe uma coisa dessas parecia mesmo fazer toda a diferença no meu mundo.
Hanna me afastou pelos ombros para me fitar, o rosto levemente corado e os olhos úmidos. A expressão chorosa adquiriu um traço de curiosidade conforme me encarava. Subestimei sua capacidade de ver através de mim, então, com medo de que visse demais, me desvencilhei dela, partindo para Caleb.
Ele me envolveu protetoramente. Às vezes, eu odiava os abraços de Caleb. Fazia-me sentir extremamente frágil, vulnerável, como se ele fosse minha casa, onde eu podia deixar aflorar os mais profundos sentimentos. Foi pior o fato de ele não ter dito nada, apenas me dando um beijo na testa, provando que sempre seria meu ponto de apoio.
Barrei a nova onda de sentimentalismo, evitando que o aperto na garganta expulsasse as lágrimas não desejadas.
— Senti falta de vocês — admiti, me afastando antes que me desmanchasse.
Eles deram meio sorrisos, se entreolhando. Entendi a mensagem que trocavam como “Como podemos jogar bronca agora?”.
— Acho que precisamos conversar — Caleb disse com hesitação.
Como eu poderia lhe contar uma coisa daquelas?
— Claro. Eu só vou... — procurei por Maya ainda estagnada para fora da porta feito um animal sob ameaça. Caitlin não lhe dava espaço para passar. Estendi minha mão a ela — Vamos, Maya. Só preciso acomodá-la — dei o aviso geral — Já volto.
Puxei-a comigo, e só assim ela conseguiu passar pela barreira. Eu escapara de uma bronca inicial, mas a tensão se solidificava a minha volta, um aviso sútil de que a tempestade só se fortalecia.
Apressei o passo pelo corredor e abri o quarto, trancando quando já estávamos dentro. A partir daí, me esqueci da presença de Maya, correndo para a janela ao lado da cama. Destravei a tranca e empurrei o vidro para cima. Esperava pelo menos um guincho como alerta de que eu a abrira, mas só se ouvia minha respiração.
Coloquei metade do meu corpo para fora e chamei num sussurro:
— Justin!
O carro ainda estava ali, pelo menos. Apertei os olhos para procurá-lo dentro da lataria. O lado do motorista estava vazio.
— Justin? — tentei de novo, um pouco mais alto.
Meus nervos começaram a se atacar, os neurônios prestes a apertarem o botão de “pane”. E se ele não tivesse me dado ouvido? E se tivesse desaparecido de novo?
O próximo pensamento foi inevitável: E se nunca tivesse voltado e eu inventara todas as últimas horas?
— Jus... — me interrompi no meio quando ouvi o ruído atrás de mim.
A porta do banheiro se abriu e Justin simplesmente passou por ela, me olhando ingenuamente.
Eu poderia ter perguntado como ele conquistara o feito de entrar por uma janela trancada. Ou eu havia deixado aberta quando saí? De qualquer forma, não era segredo sua habilidade, tão estimada por ele, de invadir lugares. Como meu coração, por exemplo.
Fechei a boca, atenta ao olhar mortal que ele direcionou para Maya ao flagrá-la a centímetros de seus punhos. Apressei-me para me colocar entre os dois.
— Ok — pude ouvir o alivio em minha voz — Preciso conversar com eles lá fora... — parei para pensar as probabilidades de homicídio caso eu os deixasse sozinhos entre quatro paredes. Eram muitas para o meu gosto. Por outro lado, eu também não queria Maya xeretando meus assuntos — Maya vem comigo. Justin não sai daqui — Caitlin não gostaria da minha ideia.
Ele não pareceu se incomodar tanto com o fato de ter que ficar no quarto, se sentando tranquilamente na cama e se acomodando nela como se fosse sua. Eu não duvidava que fosse. O que me alertou foi o silêncio que ele ainda se recusava a quebrar. Se estava tentando me deixar louca, merecia um troféu e tudo.
Guardei mais um pouco de seus detalhes em minhas memorias, entalhado ali na cama, descansando a cabeça em cima de um braço. Aquele bico resignado de discordância lhe dava um toque especial no charme. Seus olhos lampejaram do celular para mim quando notou que eu não me movia.
Saí do quarto, empurrando Maya para o cômodo da frente onde Caitlin e Ryan se refugiaram a noite.
— Não saia daí — avisei-a.
Maya pareceu bem ansiosa para obedecer. Eu mesma me senti disposta a lhe fazer companhia quando recebi cinco pares de olhos extremamente exigentes na minha direção. Sentei-me naturalmente no sofá, aparentemente despreocupada.
— Vocês não querem se sentar? — ofereci.
Nenhum deles respondeu.
— Então essa é a pessoa com quem saiu para achar o contrato? — Caleb começou, os braços cruzados.
— O quê?
— Eles — apontou com a cabeça para Ryan e Caitlin — disseram que você achou alguém para te ajudar, mas garantiram que não haveria risco.
Fechei a cara para Ryan e Caitlin. Uma pessoa. Para. Me. Ajudar. A achar. O contrato.
Caitlin deu de ombros, claramente sem se importar. Eu diria que até fizera de propósito só para me ver de cabeça quebrada para arrumar desculpas.
Assenti de mau gosto.
— Ela meio que trabalha na Companhia.
Boa ideia, Faith, se você está querendo conhecer Jesus mais cedo.
— Ela o que?! — Hanna e Caleb arfaram juntos. Uma ótima sincronia, aliás.
— Mas só como assistente. E agora está com problemas por ter me ajudado.
Mil e uma broncas passaram pelos olhos do meu irmão. De algum modo, sua reprovação era uma das piores que eu podia receber. Encolhi os ombros, preparando-me para a enxurrada de palavras.
Ele passou a mão no cabelo liso, agarrando-o no couro por alguns segundos antes de soltar juntamente com sua respiração.
— E então, conseguiram alguma coisa?
Preferi que voltássemos à bronca por ter me envolvido com Maya. Mordi a boca. Meu calcanhar deu pulinhos no chão. Caleb também tomaria como verdade aquele nome. Para ele, aparências sempre foram suficientes para ensejar consequências muitas vezes desastrosas. Utilizava-se do argumento de que era melhor pedir desculpas depois do que correr o risco de não ter feito nada quando deveria.
Dei uma olhadinha receosa para Rafael. Ele também não podia participar dessa conversa. Os ânimos ficariam deveras exaltados e ele acabaria percebendo do que se tratava toda essa confusão.
— Entendi — ele deu um meio sorriso, um pouco tristonho demais para me deixar aliviada — Vou estar no quarto.
Antes que eu pudesse pensar se o queria com Justin no mesmo espaço, Rafael já estava no meio do corredor. Da última vez que conversaram o resultado não foi bom. Já conseguia imaginar de quais outras formas Justin poderia tentar empurrar Rafael para cima de mim.
— Você sabe quem é — Caleb deduziu depois de ouvirmos a porta se fechar.
— Não sei se aquele era o documento certo, tudo indica que tenha sido fraudado.
— Tudo o que? Quem é, Faith? — pressionou, desconfiado.
Eu não queria dizer. Mas também não podia mentir na cara dura para o meu irmão sobre uma questão que lhe afetava diretamente. Talvez eu estivesse me precipitando por pensar que ele teria uma reação exagerada. Talvez Caleb deixasse as emoções de lado e pensasse racionalmente antes de decidir fazer alguma coisa.
Então, incentivada por essa onda repentina de positividade, me vi despejar de uma vez, como fazia para tirar um curativo. E todos eles começaram a brincar de estátua. Entrei no jogo, quase ninguém conseguia ficar parado como eu. Quase se podia ouvir, entretanto, as engrenagens de vários cérebros trabalhando dobrado no momento instante.
Ryan foi o primeiro a perder.
— Vou ver se Rafael precisa de ajuda com alguma coisa — ele saiu de escanteio com Caitlin no seu encalço. Possivelmente, já haviam entendido que Justin se escondera no quarto e queriam um relato fiel do que acontecera.
As sobrancelhas de Caleb começaram a se mover, tentando uma união que não aconteceria no meio da testa. Por vezes sua expressão séria me amedrontava. Essa era uma delas.
— Como vocês conseguiram essa informação?
— Maya pegou diretamente com George — respondi imediatamente. Se ele soubesse que na verdade fora Annelise, podia dar mais crédito a minha história de fraude. Mas eu não podia mencioná-la sem colocar Justin na história. E atenta ao fato de que não gostara de saber que eu trabalhara com uma assistente da Companhia, muito pior seria com a assassina responsável por nosso contrato. Com certeza, me internariam por ficar me envolvendo com gente que tenta ou quer me matar.
— Me dê um argumento plausível para acreditar que a assistente do diretor, a qual está em apuros por isso agora, recebeu o documento errado de seu chefe?
Porque foi Annelise, e ambos me odeiam, pensam que peguei os irmãos de Justin, como também o ajudei a colocar fogo na sede de Boston e estou encobrindo sua suposta morte. Sendo que só a última parte é verdade agora.
Esse argumento estava fora de cogitação.
— A nossa vida toda...
— Sentimentalismo não. — Ele me cortou, rude.
Ótimo, Caleb também acreditava.
Busquei conforto em Hanna, mas ela já começava a transparecer uma indignação acusatória.
— Caleb, pensa comigo...
Ele pegou sua mala azul pequena perto da lareira, se direcionando para a porta.
— O que está fazendo? — me levantei.
— Pegando um Uber — seu celular já estava na mão.
— Você não pode divulgar nossa localização assim! Se a Companhia descobrir esse lugar...
— Então quem vai nos levar ao aeroporto?
— Aonde nós vamos?
— Para Boston.
— Caleb, por favor...
Hanna também pegou sua malinha rosa.
— Ele está certo, Faith. Não podemos ficar aqui. Eles estão viajando, então quase certeza que estão Minneapolis. Disseram que só voltam para a festa. Ah meu Deus, a festa! — ela ficou mais afobada — Temos que cancelar tudo e...
Foi minha vez de me intrometer:
— Do que você está falando?
Caleb e Hanna trocaram mais um olhar. Tudo bem, aquilo já estava ficando irritante. Caleb fez um sinal positivo. 
— O aniversário da sua mãe. Ela marcou uma festa para amanhã à noite — Hanna disse com calma, como se seu tom de voz pudesse me deixar relaxada.
Mesmo tendo incentivado, Caleb pareceu insatisfeito que ela tivesse dito.
— O aniversário dela é só dia quinze de Junho — retruquei.
— Ela quis adiantar, alguma coisa a ver com a estação estar melhor agora, mas não importa, temos que voltar e cancelar. 
Tive um breve pensamento inoportuno. Minha mãe estava arranjando uma festa de aniversário para ela e não me convidara? Finalmente esqueceu que tem filha, então. Ou me substituiu mesmo. Uma vez que Hanna dissera "temos que cancelar", no plural, incluindo-se no assunto, ficava explícito que ela ajudara a preparar. 
— Já acabaram? Precisamos ir. Pegue suas coisas, Faith.
Segurei o braço de Caleb, impedindo que tocasse o trinco da porta.
— Você pode ouvir meu plano? — pedi. Ele me fitou com impaciência. Eu tinha segundos para convencê-lo — Precisamos investigá-los primeiro antes de tirarmos qualquer conclusão... — e foi dessa forma que transformei meus segundos em nada. Caleb escapou de minhas mãos.
Corri para ficar na frente da porta, me colando de costas a ela.
— Me deixe terminar! — Caleb me fuzilou com os olhos. Três segundos — Tudo bem. Nós temos que pensar em uma coisa digna para confrontá-los, não podemos chegar simplesmente na fúria achando que podemos contra eles. Se já querem nos matar, dar um tiro na nossa testa não vai fazer diferença. Ficamos por aqui hoje e bolamos o plano central — ele estava prestes a me interromper, então falei mais alto —, eles não vão passar por cima da Companhia para cumprirem eles mesmos o contrato, é contra as regras — eu pressupunha que fosse, pelo menos —. Estamos seguros na cabana, Ryan garantiu. E então vamos para lá amanhã. Não precisa nem cancelar a festa, se conseguirmos falar com tanta gente em volta, ficarão acuados. Só temos que pensar bem em como será essa abordagem. 
Palmas. Eu merecia palmas por improvisar uma argumentação tão bem fundamentada.
Caleb concordou com a cabeça, mas utilizando-se da ironia.
— E o que te faz pensar que eles não vão usar dessa festa para dar a cartada final?
Round 2.
— Eles não sabem que nós sabemos. Estamos um passo a frente. Não vão colocar a cara a tapa, então os pegaremos desprevenidos. 
Eu sinceramente merecia o premio Nobel. O Oscar também serve.
Caleb travou o maxilar. Sinal de que eu conseguira lhe plantar a semente da dúvida. Havia lógica no que eu falava, ele não podia negar. Seu olhar procurou o de Hanna para uma consulta rápida. Ela meneou a cabeça, me dando crédito, embora não quisesse concordar. Acho que temos uma vencedora aqui.

— Amém! — Hanna exclamou baixinho quando Caleb saiu com Ryan para levarem Rafael embora — Eu sei que sempre reclamei da sua impaciência e coisa e tal, mas às vezes Caleb te supera.
Não pude discordar. Quase morremos todos de estresse no dia infinito que foi aquele. Para variar, todos estavam frustrados ou decepcionados comigo. Maya ainda desconfiava de mim, passou o dia todo trancada no quarto — o que foi mais um motivo para Ryan e Caitlin espumarem contra a minha pessoa. Sempre que podia, eu checava se Justin continuava no local combinado, e bastante entretido com o notebook, quase não notava minha presença — aquilo me incomodou mais do que o necessário. Seu silêncio se estendia por minha ideia genial de manter a festa de Eleanor e comparecer nela. Não havia uma alma que concordasse comigo, então suspeitei que estivessem fazendo minha vontade por um misto de culpa e dó. Acrescentando o fato de que o plano deles também não era melhor do que o meu.
Caleb passeou pela sala tantas vezes que achei que o chão fosse ceder a nossos pés. Finalmente Ryan lhe convidou para fazer companhia quando Rafael decidiu ir, suspeitei que exclusivamente em razão de também se irritar com toda aquela inquietude. Este último parecia chateado por estar de fora dos assuntos, e tive que me esforçar para convencê-lo a ficar conosco no período da tarde e jantar as pizzas congeladas que tínhamos na geladeira.  No fundo, me indagava se Justin tinha contribuído para seu mau humor, mas decidi que não podia partilhar minhas culpas com ninguém.
— Se eu puder ser útil, me liga — ele dissera ao me abraçar para se despedir, senti um tom de mágoa em sua voz.
Tentei lhe dar meu melhor sorriso. Ele quase não viu.
— Bom, agora me conta qual é a sua com esse bonitão. Quer dizer, se você ainda me vê como sua confidente de segredos — e tinha mais essa, as alfinetadas que Hanna e Caitlin trocaram o tempo todo.
Para ser justa, Hanna era quem estava jogando provocações em geral. Caitlin só parecia mais irritadiça pelo jeitinho peculiar da minha melhor amiga. Hanna sempre foi uma barbiezinha meio rebelde. Caitlin só enxergava a parte do “barbiezinha”. E pelo que me contara, desde criança nunca gostara de Barbie.
Caitlin arfou ruidosamente.
— Não tem nada, Han, ele é só um amigo que conheci na galeria. Hazel vende os quadros dele, que são muito bons por sinal.
Hanna pegou o olhar desacreditado que Caitlin me jogou.
— Se não quiser me contar, tudo bem — murmurou ressentida, os olhos murchos.
Fiz cara feia para Caitlin.
— Sério, Han, não é nada. Ele só me chamou para sair algumas vezes. Eu o conheço há uma semana, teoricamente. Fomos numa exposição de Vladimir Kush na terça feira, depois comemos uma pizza, e só. Apenas amizade.
Não pude lhe contar à parte que Justin Bieber tentava nos unir como um casal.
Hanna arqueou a sobrancelha.
— Você acha que é só amizade, Caitlin?
Cait pareceu abismada que ela tivesse lhe dirigido a palavra.
— Me abstenho dessa discussão.
— Hm. Pois pra mim parece que ele tem interesse. Você não tem?
Neguei.
— Acho que ele daria um bom par com você — falei.
Ela abanou a mão.
— Já estou fazendo um shipp de vocês dois. Seria Rafaith o novo casal do ano? — suas sobrancelhas dançaram.
Eu ri. Parcialmente de nervoso. Eu estava mais presa ao passado do que nunca.
— Prefiro Hannael.
Ela revirou os olhos e me deu um tapinha.
Olhei a hora no meu celular outra vez, torcendo para já estar tarde o suficiente para que eu pudesse dar boa noite. Oito e meia estava bom para mim.
Dei um pulo do sofá, unindo as mãos.
— Bom, parece que já deu a minha hora. Preciso dormir. Dia cheio amanhã, sabe como é. Caitlin, você pode arrumar as coisas aqui na sala para os dois?
— Se você levar aquele pedaço de ser humano para o seu quarto também, por mim tudo bem.
Droga.
— Você vai dormir à uma hora dessas? — Hanna me avaliou de baixo a cima.
Fingi um bocejo.
— Estou muito cansada. Sei que amanhã também terei muitas coisas para lidar. Preciso preparar meu emocional.
Ela semicerrou os olhos.
— Você parece muito animada para estar cansada.
— É nos meus sonhos que encontro conforto ultimamente — soei um pouco gótica propositalmente.
Hanna ponderou um pouco, torceu a boca e depois abriu um sorrisinho tristonho. Ela devia estar pensando em como era difícil lidar com a morte de um namorado, fato este que ninguém podia ajudar a tornar melhor. Senti-me péssima por causar-lhe esse desconforto sem motivos.
— Sendo assim, nos vemos amanhã.
Dei-lhe um abraço e acenei para uma Caitlin enfezada no sofá. Se ela não mudasse o humor logo, aquele seria seu estado natural para o resto da vida.
Bati na porta do quarto onde estava Maya para cumprir com meu combinado. Ela parecia pior que antes, nem o batom usava mais. Esforçando-se mais um pouco conseguiria mais um bocado de compaixão minha.
— Precisamos voltar para aquele quarto. Vamos dormir lá — avisei.
Sua testa se franziu.
— Nós três? — questionou baixo, mas a perplexidade bem audível.
Mesmo assim, olhei para os lados como garantia de que Hanna não estava perto bisbilhotando.
— Sim. Vamos.
Justin levantou os olhos da tela pequena diretamente para Maya quando entramos. Quis dizer a ele que não precisávamos de mais nada para que ela se sentisse mais excluída e indesejada.
— Maya vai dormir aqui também — senti a necessidade de anunciar.
Ele olhou pra mim. E baixou a cabeça para o notebook.
Criei diversas formas de se quebrar um notebook em um corpo humano na minha mente por uma fração de segundos. Visto que não colocaria nenhuma delas em prática, me centrei em uma função mais útil. Abri o guarda roupa e achei uma colcha cinza grossa. Arrumei-a no chão, ao lado contrário que Justin estava na cama, e coloquei um dos quatro travesseiros ali também. Enquanto minhas mãos trabalhavam mecanicamente, a mente se ocupava em me deixar louca com a possibilidade de que Justin dividisse a cama comigo. Está certo, havíamos dormido juntos no sofá, mas não foi propositalmente.
— Você pode ficar aí, Maya. Só vou tomar um banho, depois que eu sair, pode tomar um também.
Ela assentiu, lentamente se direcionando para a cama improvisada que eu fizera. Percebi que se afastava o máximo que podia de Justin. Já ele voltou a me encarar.
Levei uma camiseta de alcinhas e um short leve para o banheiro. Embaixo do chuveiro, pensei na possibilidade da minha pele se desgastar devido à frequência com a qual eu queria tomar banho agora. Não podia negar que tinha a ver com Justin estar por perto. Mesmo que não me quisesse, todo mundo merece ficar perto de alguém perfumado. Ele fazia isso por mim — não exatamente por minha causa —, eu podia retribuir o favor.
Fui mais célere que podia, e com os cabelos desgrenhados pingando nas minhas costas, abri a porta num rompante. Vestida eu estava. O quarto permanecia calmo, os dois estavam vivos — sem me dar atenção—, então aproveitei um pouco mais o vapor de água quente que envolvia o banheiro, dotado do aroma bom de banho tomado. Penteei meus cabelos devagar com o pente de madeira armazenado na gaveta, olhando-me no espelho. Repeti para mim mesma que o fato de  poder ver Justin no reflexo não significava nada. Isso até que ele me pegasse encarando-o.
Terminei meu processo de limpeza escovando os dentes minuciosamente, caçando cada pedaço de pizza de pepperoni que pudesse estar escondido. Fiz gargarejo três vezes. Conferi meu cabelo de gato molhado de novo — ele tinha um quê em secar naturalmente, só assim formava cachos nas pontas —. Meu Deus, pensei até mesmo em passar ao menos um brilho nos lábios. Identificando esse traço de paranoia, decidi que já era o suficiente.
— Vai querer alguma roupa emprestada, Maya?
Ela tentou disfarçar a surpresa com meu gesto, se colocando em pé.
— Claro.
— Pode ver o que vai querer da mala.
Busquei não olhar para deixá-la escolher sem censura. Subi na cama, engatinhando para chegar à cabeceira.
Justin deixou o notebook de lado, colocando os pés no chão.
— O que está fazendo? — perguntei antes que pudesse se levantar.
— Vou arrumar uma cama pra mim.
— Não seja idiota — rebati — Tem espaço suficiente aqui para nós dois. Não tenho nenhuma doença contagiosa.
Fingindo estar desinteressada em sua decisão, me deitei de costas pra ele, abracei o travesseiro e fechei os olhos. Por outro lado, meus ouvidos se atentaram o máximo para saber se ele deixaria a cama. Pelo que ouvi, ele ainda estava ali. Mas passados alguns segundos, senti necessidade de confirmar o fato com a minha visão. Abri o olho esquerdo e dei uma espiada. Justin se sentara outra vez com o notebook no colo.
O que ele tanto via naquela joça?
— Pensei que quisesse ser meu amigo — cutuquei.
Ele me olhou pelo rabo de olho, cético.
— E o que te faz pensar que mudei de ideia?
Tomei liberdade de me voltar para o lado dele.
— Não sei. Talvez o fato de não estar me dirigindo uma palavra.
— E amigos não podem ficar bravos com amigos?
— Então admite que está bravo comigo?
— Eu não cheguei a negar.
— Você não tem o direito de ficar bravo comigo.
Ele deitou a cabeça para o lado.
— E por que você acha?
— Porque não te dei motivos. E quem está brava com você sou eu.
— Não é porque você está brava comigo que não posso ficar com você. Meu motivo está deitado ao seu lado. Na maioria das vezes, você tem péssimas ideias. Além do mais, essa história de festa foi o ápice.
Sentei-me na cama para olhá-lo da mesma altura, fazendo cara feia.
— Quem vê pensa que suas ideias são ótimas. No fundo você sabe que meu argumento para a festa tem pertinência.
Ele negou.
— Não gostei dessa história.
— Caleb já avisou Eleanor e Bryan sobre o contratante estar de volta, então eles dobraram os seguranças. Tudo bem que não sabem de quem vocês suspeitam, mas uma jogada perigosa é mínima para a festa. O que favorece uma conversa civilizada.
— Vamos fazer da sua forma — ele concordou, mas seu tom de voz sugeriu um complemento que eu não gostaria muito — Se der errado, faremos da minha. Temos um trato?
Colei meus lábios. Não era justo que eu tivesse de abrir mão de uma decisão que teoricamente caberia exclusivamente a mim.
Ele respirou fundo.
— Prometo não fazer nada antes de te consultar — cedeu, contrariado.
Levantei o dedo mindinho.
— Promete mesmo?
O canto do seu lábio se repuxou em um sorriso engraçado.
— Prometo — seu dedo mindinho abraçou o meu.
— Isso é uma promessa muito séria, ninguém pode quebrar promessas de dedo mindinho.
Dessa vez ele quase riu.
— Eu sei.
Investiguei a seriedade em seu rosto e só depois soltei seu dedo. Descaradamente, olhei a tela de seu notebook.
— O que está mexendo tanto assim?
Havia, no mínimo, umas dez abas abertas em seu navegador, e num julgamento prévio, eu não conhecia nenhum daqueles sites. O que estava selecionado naquele instante parecia uma espécie de google maps.
— Pegando a localização deles. Consegui rastreá-los. Estão na Califórnia.
Só então notei um pontinho vermelho piscando na Califórnia, dando movimentos mínimos. Meu queixo caiu.
— Como você consegue fazer esse tipo de coisa? — perguntei abismada. Só de pensar no trabalho que dava, os músculos das minhas costas endureciam.
Massageei meus ombros, fazendo um caminho com a ponta dos dedos até o meio das costas e voltando. Eu não havia percebido que realmente havia pedras descansando em cima dos meus ossos. Um dia no spa favorito de Eleanor não parecia péssima ideia agora. Não havia nós rígidos o bastante para eles extinguirem.
— Habilidades inerentes... Está tudo bem por aí?
Rodei a cabeça em meia lua para trás, ouvindo estalos de uma velhota de cem anos. Eu realmente deveria parar de faltar às aulas de Krav Maga.
— Sim. Meio desgastada apenas. Continue dizendo.
Dei tapinhas nos ombros. Massagem não era exatamente uma coisa que eu soubesse fazer.
— Aqui — ele se inclinou para colocar o notebook no chão, voltando-se para mim — Deixa que eu faço.
Engasguei com a saliva. Ele queria fazer massagem em mim?!
Antes que eu pudesse desobstruir a garganta, ele me virava pelos ombros de costas pra ele. Meu Senhor do Céu me dê forças!
Senti suas mãos grandes se apoiarem em cada ombro meu, os dedões iniciaram movimentos circulares, se encontrando no meio das minhas costas. Em um estalar de dedos, minha pele toda já queimava.
Pai. Eterno. Me segura.
— Caramba, Faith, já pensou em relaxar um pouco? Parecem duas rochas.
No momento relaxar era a última coisa que eu faria.
Os arrepios desceram junto com a nova qualidade que eu descobria sobre ele. Justin era um ótimo massagista. E com ótimo eu queria dizer o melhor de todos. A corrente elétrica ajudava-o a descontrair meus músculos, bambeando todos os meus ossos.
— Com licença.
Ele passou a mão para dentro da minha camiseta quando esta impediu o contato com a minha pele. Mordi os lábios, temendo um arfar constrangedor. Já era ruim o bastante que ele provavelmente sentisse meu coração esmurrando as costelas desordenadamente. Ritmo de respiração? Há tempos eu não sabia o que era.
— Estou te machucando? — ele perguntou com receio. Cacete, a porcaria da voz dele batia no meu pescoço.
Sem saber a forma que minha voz tomaria fiz apenas um breve sinal negativo com a cabeça.
— Então tente respirar um pouco mais fundo. Você está muito tensa.
Soltei o ar devagar, entrecortado.
Ele tirou as mãos de mim só para colocá-las de novo na base das costas, subindo a camiseta conforme massageava. Suas palmas não eram totalmente ásperas ou macias, estavam no meio termo. Um maravilhoso meio termo.
Aquilo era, com toda certeza, homicídio na forma tentada. Ele estava tentando me matar outra vez.
Fechei os olhos com força, ingenuamente pensando que fosse me ajudar. Entretanto, na ausência de todos os outros elementos a minha volta, afundada na escuridão, só havia o seu toque friamente quente. O perfume dele ganhou mais força, me afogando em sua presença. Tudo o que eu respirava era ele. Entrei num estágio de deleite tão extremo que poderia afirmar estar flutuando pelo quarto, deitada em plumas e recebendo uvinhas na boca. Todas as memórias e sentimentos construídos durante todo esse tempo de nós dois ganharam liberdade para bagunçar meu sistema. Quando se tratava dele, nada mais fazia sentido, todo o meu corpo fazia questão de me lembrar disso.
Sim, suas mãos mágicas conseguiam desatar os nós em meu corpo, mas ao mesmo tempo, estreitavam nossos nós, enlaçavam-me nele de tal forma que eu me perguntava como consegui viver sem tê-lo comigo por quase seis meses. Justin Drew Bieber deveria ser considerado uma droga potencialmente nociva.
— Melhor? — com a ajuda da minha imaginação, ele pareceu mais rouco e sério, irresistível e sedutor. Se você quiser massagear minha boca também, estamos aí.
Não tinha mais controle de mim mesma, mas pensei ter afirmado com a cabeça.
— Faith?
É, talvez não.
Abri os olhos e virei para olhá-lo tão perto de mim. A sede insaciável dele me atacou de forma desnorteante.
Eu o odeio por ser assim.
Ele não pareceu estranhar meu silêncio. Soltou um suspiro esquisito e sorriu torto.
— Acho que sim — concluiu por si só.

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