Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

One Life

Eu não conseguia respirar.
Bom, o mecanismo do sistema respiratório eu sabia, inspire pelo nariz, o oxigênio passará para os seus pulmões, e depois, expire para eliminar o gás carbônico. Era uma tarefa simples, e por mais que eu soubesse que meu corpo estivesse fazendo isso involuntariamente, o oxigênio não parecia estar acertando o caminho. Minhas mãos estavam alarmantemente gélidas, meu estômago prestes a desabar, e meus ombros estavam tensos o suficiente para que eu passasse um dia inteiro na massagista.
— Vai ficar incrível — Caleb colocou a mão sobre meu ombro, sentindo minha tensão refletir por todo o cômodo.
— Não sei se incrível o suficiente para alguns dos convidados — segurei sua mão com ternura, demonstrando gratidão pelo apoio.
Não era de hoje que ele estava ao meu lado, como meu irmão dois anos mais velho, Caleb cumpria muito bem seu papel. Seu sorriso de covinhas costumava pelo menos me acalmar, era extremamente familiar e reconfortante em meio ao caos. Seus olhos castanho escuros estavam geralmente dotados de uma serenidade influenciável, embora seu corpo fosse grande o bastante para entrar numa briga de luta livre, ou ao menos fazer um papel de galã em algum filme pretensioso.
— Queria que você estivesse aqui amanhã — suspirei insatisfeita, passando meus olhos ao redor da sala que transbordava os quadros pintados por mim.
Ser uma estudante de artes em Harvard podia ser interessante, eu adorava grande parte do curso, e talvez estivesse cometendo um crime por não ter certeza de que queria isso para o resto da minha vida quando eu estava terminando o quinto semestre.  Como consequência, eu não tinha confiança o suficiente para uma exposição, mesmo que eu amasse pintar, uma coisa que me distraía, me acalmava. Então, eu tinha um bom acervo de quadros em casa, e meus pais, que foram os responsáveis pela minha escolha de curso, não desistiram até me persuadir a fazer uma exposição inaugural, mesmo que eu ainda não estivesse com diploma em mãos.
— Alguém tem que representar os Evans — ele passou o braço em cima dos meus ombros com uma pitada de sarcasmo na voz.
Nossa vida se baseava em status, aparência e elegância. Por mais que tentassem negar, essa era uma grande prioridade para meus pais. Era uma grande responsabilidade ser filho de Bryan e Eleanor Evans, gestores de uma das empresas mais bem sucedidas dos Estados Unidos da América.
Que sorte a nossa.
— Vai levar a Cassie? — olhei para seu rosto a fim de captar qualquer emoção que aparecesse.
— Não sei — confessou com indecisão e me soltou, ficando desconfortável. Esse não era um de seus assuntos preferidos.
Não insisti, seu relacionamento iô-iô era última coisa com a qual eu precisava me preocupar agora.
— Você deveria dormir para estar bem disposta amanhã — e lá estava ele me dispensando.
Revirei os olhos pela sua tentativa.
— Não se preocupe, não vamos falar dela, mas se quiser se retirar, fique a vontade.
Ele deu de ombros e encarou o quadro à nossa frente.
— Conseguiu convencê-los a expor este? — seu tom era um pouco surpreso.
Dei um sorriso de satisfação, esta fora uma luta a mais nas minhas conquistas.
— Eu concordei em fazer a exposição, o mínimo que poderiam fazer era me deixar escolher os quadros.
Passei para o cômodo seguinte, a entrada da casa, espaço que também utilizamos para pendurar os quadros, tendo em vista que era basicamente vazio, com apenas a escada grande de veludo, o lustre de cristais  e uma pequena mesa no canto com as flores preferidas de mamãe, orquídeas.
Eu já havia olhado tudo pelo menos umas quinze vezes, fazendo uma reavaliação dos quadros em si, ordenando-os como eu achava melhor, sempre procurando algum detalhe inacabado. Caleb me fazia companhia, sempre fazendo comentários positivos, refutando minhas críticas inseguras. Ele aguentou minha ansiedade excessiva pacientemente, mas ambos sabíamos que no dia seguinte estaria pior.
Era exatamente uma hora da manhã quando subi para o segundo andar, quase arrastada por meu pai para que eu fosse dormir, ele me acompanhou com os olhos pelo corredor de seis cômodos — meu quarto, o de Caleb, dos meus pais, dois de hóspedes e um banheiro — até que eu entrasse na última porta à direita e a fechasse, Caleb deu uma risadinha antes de fechar a sua própria em frente a minha.
Meu quarto agora parecia maior que antes, a cama no centro, grande o suficiente para três pessoas — com a colcha azul escura encoberta por meus ursinhos de pelúcia — parecia distante demais dos outros móveis; um sofá branco pequeno no extremo direito bem embaixo de duas prateleiras com meus livros preferidos; a tela pequena de pintura em branco no extremo esquerdo para quando eu estivesse com pressa ou preguiça de subir ao terceiro andar onde estava meu ateliê; a penteadeira bem ao lado da porta de entrada com um espelho grande e os mais diversos itens embelezatórios embutidos. A sacada que ficava entre a cama e o sofá estava fechada, a cortina azul marinho combinava com o restante do quarto pintado em um tom de azul claro; o banheiro ao lado do sofá estava fechado, e o closet ao lado da tela de pintura também, ainda havia uma televisão apoiada na parede em frente à minha cama.
Eu sentia o impulso de ligar para Hanna, minha melhor amiga, ou então de chamar Caleb, para dormirem aqui e me fazerem companhia. A ansiedade parecia me sufocar.
Respirei fundo algumas muitas vezes e peguei um pijama de seda para me vestir, tentando me manter ocupada com cada fase preparatória para dormir. Escovei os dentes meticulosamente após tomar um banho por estar calor demais; pensei em relaxar na banheira, mas assim eu teria muito tempo para pensar. Depois, me joguei na cama com Billy, meu panda gigante — que fora um presente de natal de Caleb —, e tentei esvaziar a mente.
O processo levou muito mais tempo do que eu pensava, e eu rolei na cama por duas horas antes de conseguir fechar os olhos para levantar às sete com meu despertador inconveniente.
Era previsível que minha mãe reparasse nas minhas olheiras assim que entrasse na sala de jantar e me repreendesse por isso, mas ainda assim me deixou um pouco irritada, provavelmente resultado de sono e ansiedade que me deixavam bipolar, parecendo um zumbi com um dedo na tomada.
— Eu não consegui dormir — justifiquei o óbvio, me sentando na mesa.
— Seu pai me disse que teve que te arrastar para que fosse se deitar — repreendeu . Bryan balançou a cabeça, confirmando. Traidor.
O fuzilei com os olhos antes de responder.
— Não faria diferença alguma — contestei, colocando um pouco de bacon e ovos mexidos em meu prato.
— As maquiadoras darão um jeito nisso.
Suspirei cansada.
— Então não vou poder fazer do meu jeito mesmo?
— Aquele papo de "transparecer seu natural'? Não é para essas festas — discordou sem nem ao menos me olhar, sua forma de demonstrar que o assunto não estava em discussão.
Fechei a cara e tratei de comer rápido, não havia muito o que eu pudesse fazer hoje já que eles se ocupariam de toda a organização, mas ser o alvo de Eleanor em um dia como esse não era uma boa ideia. Além do mais, ela fizera questão de marcar o dia no spa para mim e Hanna, que me pegaria às oito e meia.
Me retirei da mesa após engolir de uma vez o suco de laranja, um pouco triste por não poder apreciá-lo como merecia, e corri para a cozinha, dando um beijo na bochecha de Fleur que lavava a louça.
— Bom dia Flê!
Ela sorriu para mim, quase rindo por meu estado de espírito agitado. Fleur era nossa doméstica desde antes de eu nascer, então sempre fora como uma segunda mãe para mim, muitas vezes até a primeira. Ela veio da França com seu marido e dois filhos, que uma vez crescidos foram trabalhar em Cleveland; por isso, eu e Caleb supríamos grande parte da ausência deles, já que também éramos considerados seus filhos. Nicole e Jean até tentaram levá-la para morar com eles, afirmando que Flê não precisaria mais trabalhar, mas com extrema fidelidade ela recusava-se a abandonar-nos, embora nós mesmo disséssemos dar conta do recado.
"Acha que alguém cuidará da minha família melhor do que eu?" — ela perguntara com as sobrancelhas franzidas, a autoridade em sua voz de 50 anos tendendo para uma bronca coletiva.
E foi assim que ela venceu dois meses de discussão.
— Bom dia Faith, pronta para se divertir no spa? — sua voz era zombeteira, todos sabiam o quanto eu era agitada demais para um lugar desses me suportar.
— Sou a próxima rainha Elizabeth — fiz reverência e saí da cozinha, mesmo que na teoria as pessoas que deveriam me reverenciar, ouvindo sua risada baixa.
Ainda que eu não estivesse exatamente atrasada, subi as escadas correndo, esbarrando em Caleb no corredor.  Ele estava carrancudo, seu humor matinal costumeiro, acrescentando que era sábado e ele teria que trabalhar,
— Um bom dia de spa para você — ele carregou a voz de acusação com os olhos semicerrados. 
Dei risada.
— Você pode vir comigo se quiser — ofertei.
Entrei no quarto e fui direto ao closet, escolhendo uma roupa. Não era uma tarefa muito importante, já que eu passaria praticamente o dia todo de roupão. Peguei um shorts jeans simples e uma regata um pouco grande com um desenho patriota. Calcei uma rasteirinha e deixei o cabelo solto. Quando me olhei no espelho fiquei satisfeita com a simplicidade, por conseguinte, mamãe ficaria decepcionada. 
Meu celular informava que ainda era oito horas, então me joguei na cama após pegar o controle da Tv e liguei a mesma. Eu não costumava assistir muito televisão, mas era um ótimo programa para absorver o cérebro e fazer as horas passarem rápido. Zapeei pelos canais esperando que alguma coisa me chamasse atenção. Eu poderia pegar meu notbook e assistir CSI, mas Hanna chegaria antes que eu terminasse o episódio, e eu odiava parar uma serie no meio. Acabei optando por assistir Gloob, estava passando Alvinnn e os esquilos e eu tinha uma espécie de adoração por esse desenho.
Como planejado e esperado, parecia haver se passado segundos quando Fleur apareceu na porta.
— A senhorita Hanna está te esperando, Faith.
Dei um pulo da cama.
— Se ela ouvir você dizendo senhorita vai brigar contigo. Nada de formalidades! — repreendi calçando a rasteirinha.
Ela deu um sorrisinho.
— Vai assim, menina? — me analisou dos pés a cabeça e eu assenti — Sorte sua que sua mãe já saiu, estava atrasada, então mandou te dar os recados.
— Sobre como me comportar no spa? — perguntei entediada.
Ela riu, balançando a cabeça.
— Já sei de tudo Flê, nos poupe — beijei sua bochecha ao passar ao seu lado e corri escada a baixo.
Han não estava no andar de baixo, então abri a porta e a vi com o carro parado na entrada. Ela estava de óculos escuros e cantando uma música animada que tocava alta no rádio.
— Temos aqui uma legítima Cinderela a caminho da fada madrinha — comentou assim que me viu.
Mostrei a língua e pulei para o banco do carona.
— Bom dia Hanna.
— Preparada para o nosso dia de princesa? — ela sorriu abertamente. Han parecia mais filha da minha mãe do que eu.
— Empolgadíssima! — fingi um sorriso e ela me deu um tapinha acompanhado de uma risada.
Eu deveria confessar que pelo menos das funcionárias do spa eu gostava, elas sempre nos recebiam com um sorriso agradável no rosto, a expressão serena e a simpatia ao extremo; mas ser recepcionada com uma aula de ioga não era exatamente meu forte. Recebemos alguns olhares de repreensão por darmos algumas risadas quando era para estar em silêncio. Todas as vezes que eu era obrigada a vir, acabava atrapalhando a professora Lilian, ela provavelmente me odiava.

No final, acabou sendo melhor do que eu pensava. As massagens tiraram a tensão dos meus ombros, embora tenha doído o suficiente para eu querer interromper o procedimento. No pain no gain, eles dizem, mas nesse caso, eu prefiro perder mesmo, não sou do tipo masoquista. 
A limpeza de pele me deixava agoniada, Hanna fez questão de tirar fotos de mim com aquelas mascaras ridículas, e eu devolvera o favor. Graças a Deus, para a depilação a lazer me passaram um creme que deixou a pele anestesiada 30 minutos antes, pois eu sempre sofria com isso — mais um dos motivos para eu não gostar de vir aqui. Entretanto, se havia algo que era realmente agradável nesse lugar era o ofurô.
— Eu te entendo — Hanna murmurou com satisfação assim que entrou na água quente cheia de pétalas.
Todas aquelas luzes com efeito calmante, as velas, as músicas e os óleos me davam a sensação mais maravilhosa que eu sentira na vida, o prazer de estar mais leve que uma pena, como se nada de ruim pudesse acontecer. E foi só naquele momento que a ansiedade me deixou completamente. Talvez eu tenha dormido naquele paraíso, pois rápido demais Annelise apareceu na porta.
— Hora de se arrumarem meninas. 
Abri os olhos, despertando do paraíso, descendo da minha nuvem e quase choramingando por ter que voltar à realidade cruel. Meu estômago girou desagradavelmente por eu me lembrar o motivo pelo qual deveria me aprontar.  
Eu não estava tão nervosa com o penteado que fariam quanto com a maquiagem, e Olívia fez jus a isso. Ela alisou meu cabelo, só para cacheá-lo novamente, fazendo duas tranças em cada lado da minha cabeça com a parte da frente do cabelo que se uniam atrás, depois amarrou com uma fita vermelha, fazendo um laço que eu amei. Hanna apenas alisou todo o cabelo, preferindo deixá-lo livre, já que ela tinha grande costume de passar a mão nele. Ela deu um pequeno gritinho animado ao ver o meu penteado e me puxou para a área da maquiagem.
Quando me sentei na cadeira afofada torci para não ficar parecendo uma drag queen, não era a imagem que eu gostaria de passar. Talvez eu tenha desejado com tanta força que funcionou, ou foi meu pedido para a maquiadora deixar leve. Me encarei no espelho e até que gostei do que vi. Elas eram melhores do que eu pensava, o delineador não tão alongado, o rímel grosso, a sombra dourada e disfarçadamente avermelhada em junção com o batom vinho, casavam em perfeita harmonia. Caroline queria deixar as cores da sombra um pouco mais fortes para que se destacassem, mas eu a convencera de que assim estava ótimo e me levantei antes que ela pudesse me impedir. 
— Caraca mona! — o queixo de Hanna caiu quando ela me olhou — Não é que tem como você ficar ainda mais linda?!
Eu ri e balancei a cabeça, discordando.
— Eu que estou em frente à própria Afrodite.
Olhei no relógio quadrado na parede, reparando que marcava seis e meia da tarde. 
— Ok, temos que nos vestir depressa, eles chegarão às sete — falei apressada, vasculhando o recinto com os olhos para achar os vestidos que minha mãe disse que enviaria para cá, com medo de que se nós duas trouxéssemos amassasse no carro, e eu não era louca de discutir seus tiques.
Hanna parou Caroline que estava saindo do cômodo para perguntar.
— Então garotas, sua mãe ligou e disse que não deu para enviar os vestidos, vão ter que correr para casa e se arrumarem lá.
Arregalei os olhos, mordendo a língua para conter as palavras não muito educadas que eu queria proferir.
— Inacreditável — respirei fundo.
— Talvez não tenha sido proposital — Hanna argumentou com certo receio.
Lhe fitei com sarcasmo, seria inocência dela acreditar numa coisa dessas.
Pegamos nossas coisas e nos despedimos das garotas com gratidão, mas quando entrei no carro, bati a porta com um pouco de força demais. 
— Desculpa — pedi, mesmo que mal humorada, e ela só me deu uma olhadinha que queria dizer "calma" - Eu vou perder a recepção da minha própria festa, falei para não fazerem isso.
Então Hanna começou a tagarelar sobre qualquer coisa, tentando me distrair. Ela estava animada com a festa, uma das coisas que mais amava, e grande parte da animação era pela possibilidade de encontrar um novo romance, seus olhos não perdiam nada.
Desci voando do carro quando ela parou, dando um pequeno aceno enquanto ela estacionava; foi então que notei o montante de carros em volta da residência e xinguei. Que imagem eu passaria chegando atrasada na minha própria festa e ainda não pronta? Contive a vontade de gritar e respirei fundo antes de abrir a porta, meu rosto já esquentando pela vergonha que passaria. Mas assim que a abri, não havia ninguém a vista, entretanto eu podia ouvir o barulho vindo da sala que estava de portas fechadas. Pelo menos isso. Subi as escadas e em um segundo estava no meu quarto.
O vestido estava em cima da cama como eu havia deixado, mas o de Hanna não estava lá. Antes que eu pudesse ter alguma reação, escutei atrás de mim:
— Faith, como foi o spa?
Olhei para meu pai, que naturalmente já estava pronto em seu terno cinza.
— Muito bem. Que pena que ocorreu um incidente e cheguei atrasada no meu evento. Por que tantas pessoas já estão aqui? — falei com amargura.
Ele não pareceu envergonhado, nem tentou negar.
— Pedi para que chegassem dez minutos mais cedo. O que posso dizer? Sabe como uma boa apresentação conta.
— Se eles me vissem chegando nesse estado à essa hora seria mesmo uma boa apresentação. Conversaremos sobre isso mais tarde. Agora, onde está o vestido de Hanna?
— Alguns riscos temos que correr. Ele está no andar debaixo, sua mãe cuidará dela.
Eu estava furiosa, mas perder tempo discutindo só me prejudicaria. 
— Ok. Agora se me dá licença, tenho um vestido para colocar. 
Ele saiu do quarto com a expressão tranquila e isso só me deu mais raiva. Fechei a porta e respirei fundo antes de voar pelo quarto. Me troquei com um pouco de dificuldade para que não desmanchasse o penteado e peguei a caixa de sapatos embaixo da penteadeira com minha sandália de salto preta.
Me olhei no espelho para ver se o vestido não estava do avesso e nem nada. O tecido vermelho e liso se moldava ao meu corpo e caía até meus pés com uma abertura na perna direita e um decote pequeno. Eu conseguira deixar meu cabelo intacto, portanto só faltavam os acessórios.
— Faith? — ouvi as batidas hesitantes na porta, reconhecendo a voz de Flê enquanto eu colocava os brincos prata.
— Entre, Flê — falei em meio tom para que ela pudesse ouvir.
— Oh que maravilha! — exclamou ao me ver pelo reflexo do espelho.
— São brincos magníficos não é? Papai comprou Mise en Dior. 
— Estou falando de você mesma, menina. A cada dia mais bela.
— Você é apenas gentil demais — sorri.
— Deixa de bobeira, está pronta? Posso ajudar?
— Hmmm, acho que sim. Só estou fervendo de fúria. Você sabia que ele tinha marcado mais cedo com os meus convidados? — dei uma última olhada no espelho e me voltei a ela indignada.
— Eu sabia que ele queria tudo pronto meia hora antes, apenas, mas seu pai gosta de ser sempre adiantado então não suspeitei de nada — sua expressão era de remorso, como se ela pudesse ter feito algo para impedir.
Bufei. 
— E ele quer que eu esteja sempre atrasada. Eu juro que ele ainda vai me matar de nervoso.
Flê deu uma risadinha, com um olhar compreensivo.
Era ridículo, os dois tinham algum tipo de complexo comigo. Todo bendito evento que faziam, me mantinham ocupada o suficiente para que boa parte dos convidados chegasse e eu fizesse o show de exibição na escada. Adoravam a expectativa que minha entrada dava, era como um ritual, e eu deveria estar sempre impecável para este momento. Esta era a coisa mais doente que eu conhecia, e eu implorei para que pelo menos neste dia não fizessem isso. 
— Você sabe como eles são, Faith, não se irrite — Flê intercedeu.
Grunhi e apertei as mãos em punho, tendo o estranho impulso de socar alguma coisa.
— Você sabe que isso não faz sentido. Qual o problema deles?! Eu não sou uma marionete!
Ela deu de ombros e torceu a boca.
— Não fique tão estressada agora, respire fundo, você tem uma noite para conduzir, depois pode surtar a vontade — me instruiu, segurando minha mão. 
Sentei-me na cama, tentando esvair a fúria do meu corpo a cada ciclo respiratório. Flê ficou me olhando com um sorrisinho de compaixão.
— Tudo bem — eu disse após um minuto, invocando o auto controle, e me levantei, pensando no quanto eu queria que essa noite desse certo — Esqueci alguma coisa? — perguntei, me olhando no espelho novamente e fazendo eu mesma uma análise.
De relance, vi que ela se dirigia à penteadeira, e quando me dei conta, suas mãos estavam passando o colar de brilhantes em meu pescoço.
— Se não descesse com esse colar, seu pai te enforcaria com ele.
Dei um meio sorriso. Era mais provável eu enforcá-lo com ele depois dessa.
— Você sempre salva minha vida.
— Agora vamos descer de uma vez, já deve ter gente o suficiente esperando o prato principal — ela disse após um sorriso.
— Ugh, isso é pior do que ser chamada de cereja do bolo — franzi a testa e ela riu.
— Depois de você, querida. 
Flê gentilmente abriu a porta e eu respirei fundo mais uma vez antes mesmo de pensar em me aproximar. Eu queria poder ter evitado a escadaria, era difícil me lembrar de colocar um pé na frente do outro. Mas eles estavam na sala, não me veriam até que eu chegasse lá, me lembrei.
Caminhei até a porta com a maior delicadeza que podia, ensaiando meus passos para quando chegasse a vista das pessoas. Eu nunca me acostumava com toda atenção desnecessária, o que mudava na vida deles saber o que eu estava vestindo? Queria que se centrassem nos meus quadros pelo menos essa noite, então agradeci que não estivessem ali para ver o espetáculo do meu pai. Se bem que, se eu bem o conhecia, ele já teria dado seu jeitinho, provavelmente colocara as pessoas ali na entrada quando deixou meu quarto.
— Está linda — Fleur me disse, transmitindo segurança com seus olhos calorosos.
Sorri em sua direção e expirei o ar que prendia, ansiosa para ver se os convidados estavam mesmo na sala, me poupando daquele massacre de olhares que quase me faziam tropeçar. Assim que dei um passo para fora do meu quarto vi o aglomerado de pessoas que já se atentavam a mim.
Eu iria vomitar.
Por favor, que eu não vomite.
Eu precisava sobreviver a esta noite. 






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Olá, terráqueos, já faz tempo que postei aqui, mas resolvi postar hoje novamente! Sinto muitas saudades de tudo desse blog, mas sei que a maioria das meninas se foi, e agora eu posto no anime mesmo. Mas, vamos garantir que o texto não suma, não é mesmo?
Aqui está então!

2 comentários:

  1. Ahhhhhh Isa!!!!!Amoooooo vc e suas histórias!!! Eu não sabia que vc tinha voltado para o blog!! Não te acompanho mais no anime, mas vou voltar lá tbm! Suas histórias são as minhas preferidas!! Espero que não suma,hein? Tudo de pra vc é um feliz Ano Novo ������

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    1. Socorro mulher!!! Se identifique para que eu possa te agradecer direito spodkspodk obrigada de coração!!! Prometo não sumir, de coraçãozinho! muito obrigada mesmo, pra tu tb <333

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O que achou do capítulo? Conte pra mim, eu não mordo ><