Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

One Love 29

Charles surgiu sob a luz artificial do fundo de casa que auxiliava o brilho emanado pelas estrelas e através da lua.
— Aí está você — me saudou.
Na hora mais inoportuna Clarissa não podia segurar seu homem? Abri um sorriso apressado enquanto juntava a mão atrás das costas entre ele e a piscina. Desviei o olhar para as estrelas, esperando que entendesse minha inexistente receptividade e fosse embora.
— Uma dança e tanto com o Capitão América, hein?
Não, Charles, bater papo agora não. Assenti, superficialmente cordial.
— Eu não deveria estar impressionado por vocês conseguirem esse feito. Não é lenda a capacidade de um Evans, nos dois sentidos da coisa.
A estratégia do voto de silêncio não estava funcionando. Apelei para outra:
— Aposto que Clarissa também adorou, sei que ela gosta dele — destaquei o nome de sua namorada e apontei para uma crise de ciúmes que o levaria daqui.
— De fato, o está adulando agora mesmo. Só por isso sou um elfo livre — brincou. Ele não se importava? Ah, desgraça — Vejo que também queria um pouco de ar livre. Veio para cá sozinha mesmo? Pensei ter ouvido alguma coisa — esticou-se para olhar atrás de mim. Imediatamente dei um passo para o lado.
— Sim. Às vezes preciso de um tempo sozinha — mais claro do que isso só água. Se toca, homem!
Notei certa desregulação em minha respiração. Meu organismo se atrelava de tal forma à Justin que funcionava como se eu estivesse embaixo d’água.
— Compreendo — fez-se silêncio, pensei alegremente que ele iria embora — Faith, eu nunca tive oportunidade de te dizer... o quanto eu sinto muito por tudo o que te aconteceu. No seu lugar eu também me afastaria da cidade.
Troquei de peso nos pés.
— Obrigada, Charles.
— Acho que até já sinto falta do soco dele.
Se eu não estivesse tão preocupada estaria rindo de verdade. Reprimi a vontade de dizer que se ele não saísse de uma vez eu mesma podia lhe dar uma amostra grátis.
— Enfim, acho que agora posso te dar um abraço digno de feliz aniversário — estendeu os braços. Pai do Céu — Espero que não tenha ficado chateada com Clarissa, ela é meio...
Lhe dei tapinhas nas costas e já me afastei.
— Entendo. Conheço Clarissa — dotei minha fala de destreza e a enfeitei com um ponto final marcante.
Ele ficou indeciso entre esboçar um sorriso ou não forçar expressão alguma. Deu meia volta e eu calculei quantos passos seriam necessários para Justin poder sair — nove longas passadas dos pés médios de Charles —, mas, repentinamente, virou-se para mim outra vez. Quase soltei um grito de desespero.
— Eu te fiz alguma coisa, Faith? Está chateada comigo?
Mal esperei que terminasse de falar, afogando em agonia.
— Não, Charles — me abracei, fincando as unhas na minha pele sob o tule — Só preciso ficar um pouco sozinha mesmo — nem mesmo eu entendi o que acabara de dizer, atropelando as palavras.
Talvez tenha sido um pouco grossa, ideia que tirei da sua fisionomia ligeiramente perplexa. Charles pareceu prestes a se desculpar, mas se limitou a abrir um sorriso sem graça.
— Claro — e fez o caminho na metade dos passos que contei, ansioso para se ver livre daquela situação desconfortável.
A porta mal tinha fechado e corri para perto da piscina.
— Justin? — sussurrei alarmada. Eu não conseguia segurar a respiração nem por trinta segundos. Quantos minutos já haviam se passado? Cinco? Um ser humano podia ficar sem respirar por cinco minutos? Qual era o record? Um? — Justin! — Chamei de novo, varrendo a piscina com olhos. Não vi nada que me acalmasse, nem mesmo bolhas interrompiam o líquido sufocante.
Sem precisar pensar duas vezes, embora não pudesse ser considerada nadadora profissional, muito menos salva vidas, me joguei na piscina, errando tão feio no mergulho que caí de barriga, espalhando uma ardência chata por minha pele. Consertando meu erro, afundei a cabeça e abri os olhos embaixo d’água para enxergar, ignorando o fato de que me deixava terrivelmente incomodada. Pisquei para reajustar minha visão, e, de repente, eu estava de volta a superfície, a água batendo no meu peito. 
— O que está fazendo? — Justin disse entrecortado antes que eu o visse bem na minha frente. Soltou meu braço, contendo um sorriso molhado cômico.  
Eu respirei, sem saber se minha falta de ar se devia ao susto de imaginá-lo se afogando e poder recorrer exclusivamente à Caitlin por ajuda ou por ter esquecido de tomar fôlego antes de mergulhar.
— Eu ia... salvar você — balbuciei. Ele apertou os lábios para não rir, despertando minha fúria outra vez como se funcionasse por um disjuntor em suas mãos. Passei as mãos no meu rosto para expulsar a água, num impulso só as levei ao meu cabelo, passando-o inteiramente para trás — Mas parece que você é capaz o suficiente de brincar com o ar como o faz com as pessoas — usei os braços como remos para me levar a beirada da piscina a fim de sair e decidir como proceder em seguida. Seria genial entrar pingando em casa no meio da festa sem explicações lógicas para dar. Entretanto, mal encostei no chão e Justin me virou de volta para ele. O humor cedera espaço para a seriedade em seu rosto.
— Não estou gostando muito das suas acusações de hoje.
Tentei não me intimidar com sua proximidade e olhar penetrante. E daí que eu via perfeitamente a água escorrer da ponta do seu nariz e cair diretamente nos lábios franzidos como se ele fosse um maldito modelo posando de terno dentro da piscina?
— Se fosse para te agradar eu não as faria — rebati entredentes.
Ele assentiu, simulando que finalmente entendera alguma coisa.
— Pode me dizer de uma vez o que a está perturbando?
— Você diz o fato de passar por cima de mim outra vez?
— Não é só isso. Tem alguma coisa subentendida.
— Se você não fez aulas de interpretação a culpa não é minha.
Planejei fazer minha saída triunfal dramática. A realidade foi que ele terminou de me encurralar, estendendo os dois braços ao lado do meu corpo para se segurar na beirada. Precisei encostar na parede para ficar longe da zona de risco de pensamentos desalinhados. Justin só queria me confundir e eu não admitiria isso. Levantei o queixo, esperando parecer uma rainha das águas ao contrário de gato molhado que eu me sentia.
— Estamos chegando lá. Admita.
— Admitir o quê?
— Que você tem alguma mágoa aí dentro pulsando para vir à tona. Algo que ainda não me disse.
Eu já tinha ouvido que guardar mágoas podia causar até mesmo doenças crônicas. Porém, parte de mim preferia pagar pra ver a jogar aquela verdade na roda. O fato de saber da existência dela demonstrava que eu me importava. E a última coisa que eu queria era me colocar em mais desvantagem do que já estava.
— Admita — insistiu.
Endureci a mandíbula.
— Nós não sairemos daqui até que me diga.
Revirei os olhos.
— Quem vai me impedir? Você?
Ele se inclinou sobre mim, ficando na mesma altura do meu rosto. Dificultava todo o meu processo para regularizar a respiração, não havia ao menos como disfarçar que sua presença não me afetava mais do que o normal.
— Olha nos meus olhos, Faith, e diga que não tem nada a me falar.
Determinada, fitei sua íris cor de mel tão líquida quanto a água límpida que nos cercava. Pensei realmente que pudesse bater de frente com a sua persuasão e sair ilesa. Acabei caindo na sua provocação barata, interpretando como se me julgasse covarde a ponto de não conseguir acusá-lo. Então reverti meu orgulho para outro ponto. Afiei minhas palavras:
— Só acho cômico que tenha esquecido dos sentimentos — fiz aspas com as mãos — que tinha por mim com tanta facilidade. Podemos ir agora? — terminei com naturalidade, declarando o fato como verdade absoluta incontestável. Assim não parecia tanto uma humilhação. Não havia nada que pudéssemos fazer sobre.
Engano meu outra vez. Minha afirmação foi levada como um insulto, um dos grandes, capaz de distorcer toda sua fisionomia com repulsa. Acho que ofender sua mãe não resultaria numa expressão tão violenta quanto aquela.
— Você está se ouvindo? — pronunciou cada palavra feito um xingamento que acabara de inventar.
Recuei instintivamente, só para me lembrar depois de que eu não deveria me sentir constrangida por expor a realidade. 
— Você realmente acha isso, Evans? — Fiquei em dúvida se ele queria que eu respondesse à pergunta. De qualquer forma, não planejava responder, o achava bem inteligente para diferenciar sozinho uma suposição de afirmação. E de fato era, a conclusão o deixava quase insano de raiva, vi em seus olhos o filtro da decência ser descartado pela necessidade de rasgar seu peito — Não faz a menor ideia do inferno que foram esses dias. Ficar longe de você é insuportável, então imagine como é te ver e não poder fazer qualquer tipo de interação? Pior, te ver sofrendo e ser impedido de te consolar, com a consciência de que a situação deve ser perene. Cômico é pensar que eu me condenei a essa sentença, achei que estivesse pagando finalmente por todos os meus pecados. Você me fez ser altruísta pela primeira vez na vida, e quanto mais doía mais parecia certo, porque pra te ver viva eu aceitaria qualquer condição imposta — deu um sorriso amargo — E eu sei que meu nome é sinônimo de morte. Pode me chamar de manipulador, insensível, traidor, ignorante, discordar das minhas ações, que seja, mas nunca ao menos pense que seu valor pra mim é menor do que minha própria vida. A verdade é que não consigo dar um passo mais sem estar pensando em você. Acha que se existisse alguma fórmula de te esquecer eu já não teria descoberto? Temo admitir que ainda que existisse, eu não a quereria.
Ouvi cada palavra sua ecoar, as assisti se transformarem em uma bolha e me envolverem num só ato. Parecia mais um furacão, me girando sem direção certa, me desnorteando e finalizando em um lugar qualquer dentro de mim. Abandonei-me, sem a menor ideia de para onde ir depois.
Ele fechou os olhos, balançando ligeiramente a cabeça, preso no tormento interno que me desenhara, visualizando os estragos que hipoteticamente havia feito na casa que existia dentro de si, infeliz.
— Eu não sei nem porque estou te dizendo isso. É assim que você me deixa — voltou a dizer com a voz rouca, abrindo os olhos — Vulnerável, embaixo dos seus pés para que pise em mim se precisar — pigarreou — Sei que as coisas podem ser diferentes agora, que você não... não pensa em mim como antes e eu provavelmente não deveria dizer que...olhar pra você é minha forma particular de volúpia e tormento — lentamente para que eu tivesse conhecimento de suas intenções, levou a ponta de seus dedos para minha mandíbula, traçando um caminho até a base do meu pescoço, acompanhando o movimento com o olhar. Um arrepio frio desceu até a ponta dos meus pés — Te desejo tanto que arde, e parece que você me provoca sem saber. Está sendo quase impossível falar com você sem te beijar agora — observei seus olhos descerem por meu corpo vagarosamente.
Fiquei estática, uma linha firme se formando em meus lábios, conscientemente esperando uma explicação de tudo o que ele dissera. Tinha certeza de que o ouvira afirmar a Rafael que não tinha interesse algum em mim. Por outro lado, para os meus hormônios a questão já era bem mais simples.
— Eu te vi algumas vezes com alguns caras estúpidos nas baladas te tocando — assumiu outra vez a fachada enfurecida. Não consegui impedir o rubor injustificável que tomou conta do meu rosto — Nenhum deles sabia o que estava fazendo. E quis insaciavelmente te provar que posso fazer melhor do que eles.
Antes que eu pudesse perceber que me manifestaria, meus lábios já se moviam:
— E você faz — sussurrei. Burra, o que está fazendo? Só pode ser um jogo dele.
A perplexidade devolveu sua atenção ao meu rosto. Se ele não percebia que ainda me tinha nas mãos, eu estava fazendo mesmo um bom trabalho em acobertar minhas emoções ultimamente.
Desconfiado, continuou:
— Mas Rafael me supera — não soube identificar se aquela era uma pergunta ou afirmação, mas respondi:
— Eu não saberia te dizer, não tivemos esse tipo de intimidade. Somos amigos. — Você não precisa se explicar para ele, Faith Evans! 
Parecendo pensar sobre o assunto, mordeu a boca. Entramos em um impasse, próximos demais para ser aceitável, olhos nos olhos, trocando o calor emanado por nosso corpo — o meu exponencialmente alto —. Embaixo do céu, o mundo acabou, simplesmente deixou de existir, restando no vácuo criado apenas eu e aquele projeto de homem. Burra, só pode ser um jogo. 
— Prometi a mim mesmo que não faria isso — resmungou baixo, perturbado, vincando a testa — Mas você mesma disse que sou péssimo em cumprir promessas.
Estarei mentindo se disser que tentei entender sobre o que falava, eu estava muito preocupada em mensurar quanto tempo levaria para lhe roubar um beijo. Meu organismo secara e implorava que sua boca saciasse aquela sede ilógica.
Burra, só pode ser um...
O ar entalou na minha garganta quando ele se aproximou precisamente, olhando para minha boca. Por estar prestando atenção em tudo o que lhe envolvia, pude perceber assim que sua respiração perdeu o compasso.
— Faith... — o teor de seu tom deixava claro que ele planejava dizer alguma coisa, porém, perdeu-se por um instante.
Burra, só pode ser...
Feito um imã, provocávamos um campo magnético a nossa volta, eu representava o polo sul atraído pelo polo norte que ele materializava. Nossos dipolos não podiam ser separados, foi essa percepção que tive quando entreabriu a boca a um centímetro do meu rosto, tão resistente quanto eu. Ambos recebíamos comandos de rejeição para não insistir em um erro declarado, só que aquilo era maior do que nós dois.
Burra, só pode...
Não percebi quando fechei os olhos, sentindo seus lábios roçarem os meus vagarosamente, experimentando um sabor perdido há tempos. As substâncias derivadas dele tiveram efeito imediato, reverberando em cada parte do meu sistema, despertando o vício até então contido. Pensei que meu coração explodiria devido a palpitação desesperada, e a única coisa que desejei foi morrer ali mesmo em seus braços, sem nenhum espaço que pudesse se colocar entre nós. Assim posto, espalmei suas costas com uma das mãos, trazendo seu peito para descansar no meu, juntando finalmente as duas metades. Firmei os dedos da mão direita em sua nuca, implicitamente implorando que não se afastasse tão rápido.
Burra, só...
Entendendo a deixa, Justin ganhou mais confiança, contornando as formas da minha cintura embaixo d’água para entrelaçar os braços nas minhas costas. De selinhos ininterruptos, aprofundou aquele reencontro com a língua delicadamente abrindo espaço para entrar em contato com a minha, refutando minha tese de que meu coração não poderia acelerar mais. Perdi a consistência dos ossos, me mantendo em pé exclusivamente por estar prensada contra ele.
Burra...
Sonhei com aquele beijo mais vezes do que posso contar nos últimos meses, e previsivelmente, Justin superava minhas expectativas, me levando ao ápice da insanidade. Embora tenha me esforçado tanto para guardá-la fresca em minhas memórias, a doçura de sua boca detinha fascinação imensurável.
...
Ele não se afastou para respirar, preferindo expelir lufadas de ar quente em minha bochecha, ponta da orelha e, enfim, meu pescoço, deixando formigamento por onde passara. A ponta de seu nariz pintou a trilha da perdição por ali.
— Sou obcecado pelo seu cheiro — sussurrou com ardor contra minha pele, descendo até onde o tule impedia. Eu podia me visualizar rasgando o material para lhe dar total liberdade sobre mim. Para conter o impulso, fechei as mãos em punho bem onde estavam.
Ainda presa no transe só o ouvi resmungar:
— Droga, de novo?
Se eu estivesse em meu perfeito juízo talvez tivesse relacionado os pontos um pouco mais rápido, mas a vergonhosa verdade foi que tive outras ideias indecentes quando ele afundou na água outra vez. Precisei de segundos inteiros para perceber que a maldita porta se abrira. Engolindo meu desespero, vi Bryan se aproximando um pouco confuso ao me ver.
— Hm, Faith, o que está fazendo aí? — sua perplexidade era tanta que não cedera espaço para a repreensão.
Apoiei os cotovelos na beirada da piscina, forçando uma postura relaxada. Importunamente, no meio da construção da expressão as mãos de Justin seguraram minhas pernas. Ele claramente estava me usando como apoio para manter-se submerso, mas eu não conseguia explicar isso para minhas glândulas empolgadas. Tive que manter as mãos ocupadas em abaixar a saia do tule que insistia em boiar — e eu reparara apenas naquele momento.
— Estou... pegando um ar — uma justificativa um tanto ineficaz já que eu estava tendo certos problemas em respirar.
Suas sobrancelhas se uniram como quando Eleanor tentava lhe explicar a diferença entre Chanel e Prada.
— Dentro da piscina? Sozinha? No meio da festa?
Muito inteligente mesmo da minha parte. Seria mais fácil explicar que pulara na piscina para salvar um rato que se afogava. O que não fugia tanto assim da verdade.
Enchi meu peito de dignidade.
— Sim. Tem algo a reclamar sobre isso também? — na ocasião, o ataque era de fato minha melhor defesa.
Ele pestanejou, temendo dizer alguma coisa que me espantasse de casa outra vez. Só a sua hesitação já era surpresa para mim, mas foi seu ato de relevar que realmente me derrubou do cavalo.
— Eu só... — eliminou as rugas de sua testa uma a uma — queria conversar com você um segundo antes de cantarmos parabéns. Sua mãe quer liberar aqueles que ficam apenas por dever para que vocês fiquem mais à vontade.
Imediatamente fiquei desconfiada, eu investigaria mais a fundo se não tivesse um homem já sem ar no meio das minhas pernas — e não de modo muito agradável para ele.
Concordei ligeiramente.
— Claro. Pode me dar mais um minuto? Já entro, conversamos lá dentro.
Ele repuxou o lábio um pouco incomodado. Pelo que eu me lembrava, Bryan nunca segurara alguma bronca que quisera me dar. Que pena, para tudo tem uma primeira vez.
— Se quiser passar no seu quarto para se trocar depois, suas coisas ainda estão da maneira que deixou — ficou evidente que aquele era um apelo. Bryan não sabia se eu estava louca a ponto de ficar pingando no meio da casa pelo restante da festa. Seu conhecimento de sua própria filha se tornara por fim um exercício de pisar em ovos.
Assenti outra vez.
Bryan girou nos calcanhares, elegantemente se distanciando, bem diferente da forma desajeitada com que Charles saíra. Nem a minha rejeição o faria perder a compostura.
Tomei a liberdade de pegar os cotovelos de Justin para puxá-lo a superfície, ansiosa. Não tinha certeza de que tomara fôlego antes de privar-se de oxigênio. Ele limpou o rosto com um sorriso malicioso.
— Não posso dizer que estava ruim lá embaixo — murmurou brincalhão entre os intervalos que tomava para respirar. Semicerrei os olhos, ruborizando — Mas acho que seria melhor entrar, se mais alguém nos interromper eu serei obrigado a usar uma arma.
Lamentei em silêncio, estava longe de me dar por satisfeita de sua presença, sem ter certeza em que ponto estávamos. Me dava fadiga pensar no trabalho que teríamos para alcançar aqueles sentimentos outra vez.
— Preciso me trocar. Posso te arrumar alguma roupa de Caleb se quiser, só não sei como passaremos os dois despercebidos encharcados.
— Só garanta que a janela de Caleb estará aberta — ele espiou o quarto do meu irmão de onde estava, preparando sua mágica.
Segui seu olhar, imaginando as mil formas como podia dar errado. Eu tinha uma mente muito criativa para negatividade. Mentalizei as inúmeras vezes em que ele invadira ileso meu quarto para me dar um pouco mais de calma. Só não sabia dizer se em todas elas dera um de homem-aranha.
Trocamos um rápido olhar antes que eu decidisse sair da piscina de uma vez, se aguardasse um pouco mais, não arranjaria forças para deixar nosso ninho de conforto. Antes que eu me endireitasse, Justin já estava lá fora me estendendo a mão para ajudar. A força que usou nos trouxe uma proximidade maior do que planejada. Olhou-me fixamente.
— Vê se consegue não escorregar e bater a cabeça, por favor.
Impedi-me de impor uma condição desproporcional para o trabalho banal. Eu não podia esperar que mais beijos acontecessem a partir de agora por causa de um momento de fraqueza de ambos.  
— Vá.
Tive a impressão de sair cambaleante em direção à sala de jantar. Policiei-me a não olhar para trás e perder todo o propósito. Vacilei apenas dentro da sala de jantar e o que eu vi me fez dar graças pelo controle de todo o caminho. Justin certamente estava achando graça de alguma coisa, mas ao mesmo tempo parecia me despir com os olhos. Essa última imagem me fez correr pela casa. Fui interrompida logo na cozinha, obrigada a diminuir o passo para não esbarrar na mulher loira com uma bandeja de mini lanches. Praticamente todos os indivíduos do cômodo se voltaram perplexos para mim e apenas um me ofereceu ajuda. Recusei educadamente e guinchei como um pato desajeitado de sapatilhas até tomar a sábia decisão de tirar os saltos escorregadios. O som molhado que eu produzia continuava, porém, pelo menos não tinha a impressão de que cairia a cada passo dado. Senti-me péssima pela bagunça que deixaria na cozinha e torci para nenhum deles levar um tombo. 
A pior parte foi passar pela sala da entrada, recebi sorrisos montados dos amigos dos meus pais indecisos entre fingir que não reparavam no meu desastre e especularem entre si o que raios eu deveria ter aprontado. Flê fez menção de me seguir, só foi preciso levantar a palma da mão para que se detivesse. Mantive os olhos a frente para não chamar mais atenção, então não pude ver a expressão de Eleanor — e muito menos encontrar Caitlin, Clark e Maya. Subi os lances de escada dando pulos a cada dois degraus, chegando rápido no segundo andar.
Confirmei que não estava sendo seguida antes de invadir o quarto de Caleb e destrancar a janela, abrindo-a quase no mesmo instante. A mão de Justin apareceu no parapeito e com um só impulso ele se colocou para dentro. Conduzi-nos ao closet sem parar para pensar.
— O que você quer vestir? Social? Casual? — foi apresentando as opções, lembrando-me de passar reto pelas preferidas de Caleb.
— Alguma coisa que ele não vá sentir tanta falta. O que acha dessa? — mostrou-me uma camiseta lisa preta, uma calça jeans escura e um sapatênis — O evento não é tão formal então...
— Perfeita — o interrompi, mais satisfeita impossível. Jeans sempre lhe cabia muito bem. Camisetas lisas justas e neutras também.
Atravessamos o corredor para o meu quarto e eu não tive tempo de desfrutar um pouco de nostalgia, partindo diretamente para as minhas roupas. A perplexidade me alcançou quando coloquei os olhos no montante. Eu não me lembrava de que eram tantas. Peguei o primeiro vestido que vi na frente, o de mangas longas com a parte de cima preta assemelhada a uma blusa de segunda pele com os ombros a mostra, e a parte de baixo branca com renda preta nas pontas. Lembrei-me de fechar o closet assim que coloquei a mão para tirar o tule. Dei um pulo de susto por ver Justin encostado no batente da porta.
— Vai precisar de ajuda para tirar a roupa? — perguntou sério, simulando uma preocupação genuína.
Ignorei o tremor nas pernas e fechei a cara para ele.
 — Não. Você vai?
Franziu os lábios.
— Suas mãos seriam muito úteis.
Joguei o cabide do vestido nele por me fazer pensar em coisas indevidas. Justin se esquivou, rindo.
— Nunca diga que não ofereci — fechou a porta do closet para mim, dando as costas todo engraçadinho.
Balancei a cabeça rindo sozinha e comecei a levantar o tule. Para meu infortúnio, o tecido molhado colara em minha pele do quadril pra cima com a vontade que eu tinha de agarrar Justin. Pronunciei todos os xingamentos que conhecia e ao mesmo tempo rezei para conseguir fazer aquilo sozinha. Cogitei rasgar o vestido inútil e maldito para não ter de dar o braço a torcer por minutos inteiros.
Respirei fundo, mantendo a calma. Não havia necessidade de nervosismo, o tule era transparente, Justin não veria novidade nenhuma se me ajudasse só um pouquinho. Pigarreei.
— Justin — chamei baixinho, com a mesma força de vontade que me fazia convidá-lo a caçoar da minha cara. Obviamente, não me ouviu — Justin — aumentei um pouco o tom. Talvez fosse melhor abrir a porta. Coloquei a minha cabeça entre o vão, o banheiro estava aberto — Justin? — tentei de novo.
Não demorou para que ele aparecesse por lá, dando ré. Meus ovários explodiram assim que o notei com a calça jeans e sem camisa. Seu corpo majestoso nunca deixaria de me surpreender
— Diga.
Acovardei-me instantaneamente.
— Quer saber? Deixa pra lá.
— Você precisa mesmo de ajuda para tirar a roupa, não é? — me olhou de cima a baixo, segurando uma risada.
— Acho que vou cortar mesmo — dei de ombros.
— Não seja ridícula. Venha aqui.
Praticamente me arrastei até o meio do quarto, não sabendo aonde enfiar a cara. Ele tomou a barra do tule das minhas mãos.
— Levante os braços, Faith — pediu quando não o fiz de livre e espontânea vontade.
Obedeci devagar, fechando os olhos para não ter que o ver tão perto de peito desnudo, minando minha imaginação fértil. Senti o tecido passar pela minha cabeça e me preparei para correr. Justin se adiantou à minha intenção de me esconder no closet, enganchando a mão na minha cintura. Logo seu peito estava contra o meu de novo. Dessa vez, apenas meu sutiã se colocava entre o contato de nosso tronco, eu podia sentir sua barriga malhada na minha, me dando arrepios em lugares que eu nem sabia da existência.
— Pensei que você fosse cair. Consegue andar sozinha?
— Eu tenho pernas, não?
— Olhe para mim, Faith.
O fiz de malgrado, entretanto, sabia que era o caminho mais rápido para me ver livre.
— É o momento certo para confessar que sou dependente da sua boca? — molhou os lábios.
Quem era a Companhia Bieber inteira diante do poder homicida que Justin tinha sobre mim?
Não me manifestei, dando liberdade para que nossa boca se encontrasse mais uma vez. Talvez pela visível falta de roupas, todo o meu corpo reagiu intensa e rapidamente demais. Com um autocontrole impressionante, como se eu tivesse levado um choque, consegui afastá-lo pelo peito — aquele peito glorioso — antes que caísse dura no chão. No próximo segundo já estava trancada no closet, trocando de roupa o mais ligeiro possível para não ter tempo de mudar de ideia.
Depois de pentear o cabelo, tive que esperar um pouco mais para que minha respiração se acalmasse e só então me dar a carta de alforria. Eu não admitiria ser escrava dos meus desejos.
Justin já estava devidamente vestido, a minha espera, fascinante como só ele sabia ser. Sorriu pra mim, curtindo alguma piada interior.
— Eu volto do mesmo lugar que vim. Mesmo esquema. Tudo bem?
Nada bem. Ele me desestabilizava e esperava que eu ficasse sozinha sabe-se lá por mais quanto tempo?
— Certo — consegui dizer.
Deixamos meu quarto e ele segurou o trinco da porta de Caleb.
— Você está linda, a propósito — piscou, me deixando para trás no meio do corredor.
Perdi as contas de quantas vezes ele havia me matado só naquela noite. Talvez Justin ainda estivesse cumprindo seu contrato do ano passado, e eu não podia me conter para não cometer o mesmo erro.

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