Leitoras com Swag

Hey garotas, beliebers ou não beliebers. Só estava faltando você aqui! Nesse blog, eu, Isabelle, faço IMAGINE BELIEBERS/ FANFICS. Desde o começo venho avisar que não terá partes hots nas Fics, em nenhuma. Repito, eu faço 'Imagine Belieber' não Imagine belieber Hot. A opinião da autora - Eu, Isabelle - não será mudada. Ficarei grata se vocês conversarem comigo e todas são bem vindas aqui no blog. Deixem o twitter pra eu poder seguir vocês e mais. Aqui a retardatice e a loucura é comum, então não liguem. Entrem e façam a festa.
" O amor não vem de beijos quentes. Nem de amassos apertados. Ele vem das pequenas e carinhosas atitudes."- Deixa Acontecer Naturalmente Facebook.
Lembrem-se disso. Boa leitura :)

Com amor, Isabelle.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

One Love 22

Recobrando a consciência, a primeira coisa que senti foi a rigidez do meu corpo, a ponto de provocar uma dorzinha constante e chata, principalmente em meus ombros. Tentei me mexer antes de notar que o espaço era extremamente limitado, e depois, a textura, contraditoriamente macia e lisa sob meus dedos, me obrigou a abrir os olhos.
Tive, então, a visão mais gloriosa que poderia ter nesta terra. Eu não sabia como aquilo acontecera, mas, minha cabeça repousava na curva do pescoço de um Justin vivo — o que explicava o aroma masculino quente e levemente suado que meu nariz acusava —. Eu espalmava seu peito desnudo com a mão direita, a esquerda fechada em punho entre nós dois. Ele me abraçava com o braço esquerdo enquanto o outro pendia do sofá onde nos encaixávamos.
Subi meu olhar para seu rosto, ali tão perto do meu e extremamente sereno, as feições limpas de quem tinha um sono tranquilo. Prestei atenção no levantar mínimo de seu peito conforme inspirava e expirava. Ouvi mais uma vez o som do seu coração e me policiei severamente para que não iniciasse uma série de carinhos e beijos. Daquela forma, era muito fácil imaginar que ele era meu, que nada entre nós havia mudado — mesmo com seu novo corte de cabelo.
Praticamente, senti minhas pupilas se dilatando. O coração batendo forte e saudável. A conversa de Justin e Rafael parecia ecoar em minha mente de poucos em poucos segundos, mas, naquele momento, se dissipou. Consegui subir mais alto nas nuvens do que um avião. Devido a este fato, percebi quando a vozinha no fundo da minha cabeça me avisou que não se passava de um sonho ou mera alucinação.
Não me importava. Ignorei os protestos da minha musculatura cansada e me aconcheguei nele, notando que, mesmo naquela posição desconfortável, aquela havia sido a melhor noite de sono que eu tivera em meses, sem sonhos perturbadores e inquietações.
Quando dei por mim, analisava os detalhes de sua boca rosada e pequena. A noite de inércia deixara que se enrugasse um pouco. Uma coisa muito bonita de se ver, diga-se de passagem. Muito convidativa. Me afastei da tentação, e ali estavam, seus olhos bem abertos me encarando. 
Paralisei. Não era nada estranho acordar com alguém secando seus lábios, claro. Mas Justin não pareceu perturbado. Pelo contrário, seu mel se derreteu diante de mim, e pensei ter visto ele dando uma leve espiada na minha boca também depois de dar um sorriso mínimo. Foi tão rápido que eu podia estar inventando tudo aquilo — o que era mais provável. Sentia-se a intensão numa linha imaginaria onde nosso olhar se encontrava. Não precisou de dois segundos para que eu começasse a tremer, e depois me perder, dentro do universo vasto de estrelas caramelizadas e bem guardadas de todo o restante do mundo que eram seus olhos.
Um pigarro desconfortável atrás de mim nos tirou do transe. Rafael pareceu querer desaparecer da entrada da sala, não sabendo onde colocar o olhar.
Sem planejar muito bem, me sentei, empurrando o peito de Justin como apoio. Ele soltou o ar com um pouco mais de força. Uma gemida rouca e inoportuna.
— Rafael... Bom dia — falei desajeitada, a sensação de estar sendo pega fazendo algo errado.
Não consegui me levantar, me enrolando nas pernas de Justin. Senti o olhar dos dois sobre mim. Não me ajudava com a coordenação motora.
— Desculpa, eu não queria... atrapalhar.
Justin finalmente resolver me ajudar, se sentou, depois estendeu uma mão de apoio para mim. Ele ficou muito perto de novo, e eu posso ter ficado mais lenta por isso. Assim, aceitei a oferta, passando a perna esquerda primeiro para o chão. O movimento despreparado me deixou quase sentada em seu colo, frente a frente com seu rosto amassado de sono.
Vai tomar no cu dessa beleza.
Tive a impressão de que ele queria rir da minha desordem. Quase chutei a cara dele quando passei a perna direita para o chão, me levantando como uma minhoca. Por pouco não parei de cara no chão até me firmar sobre os pés.
Dei um suspiro de esforço e voltei minha atenção para Rafael. Meu rosto pegando fogo.
— Já... usou o banheiro? Digo, para que eu possa ir também.... Que horas são?
A resposta veio de Justin.
— Sete horas — a voz grave e falha me deu arrepios.
Assenti, assumindo uma expressão responsável.
— Preciso ir ao banheiro, depois acordo Ryan e Caitlin e saímos.
— Pode deixar que eu os acordo — Justin sugeriu, pulando atrás de mim.
Passei por Rafael olhando para o chão, Justin me acompanhou pelo corredor. Antes de entrar novamente no quarto, não me impedi de dar uma boa olhada nele. Eu não sabia quando e se o veria naquele estado livre de boa parte de roupas de novo, tinha que aproveitar a oportunidade.
Previsivelmente, ele pegou meu olhar,
— Bom dia, Faith — me abriu um sorriso.
Sua expressão estava gradualmente mais leve do que do dia anterior, quase animado. Era compreensível, todo o peso de seus segredos havia saído de suas costas. Pelo menos a maioria deles.
— Bom dia — respondi embolado, sumindo de sua vista.
Pensei um pouco mais na escolha de roupas daquele dia, coisa que não fazia há um bom tempo — se não fosse para ocasiões especiais da galeria. O primeiro sinal de saudade do meu guarda roupa de Boston apareceu. Se comparadas, as roupas na minha frente não se passavam de trapos.
Numa tentativa rápida de arrumar o quarto para Rafael poder pelo menos entrar na noite passada, eu jogara tudo dentro da minha mala de novo. Agora, tínhamos peças amassadas das mais diversas formas. Tendo em vista a atividade que faríamos, não me restava muitas opções também.
Emburrada, levei uma calça skinny preta e a blusa amarela sem mangas, com babado na entrada dos braços, e um laço preto de fita fina para unir o tecido na parte superior das costas.
Quis tomar outro banho, permitindo que minha pele desfrutasse um pouco mais da sensação reconfortante da água escorrendo. Prendi o cabelo com um medo repentino de desgastar os fios. Enquanto isso, deixei minha mente vagar para a noite anterior no intuito de entender como havíamos parado enlaçados daquela forma.
Eu me lembrava dos assuntos serem conduzidos com cuidado para evitar qualquer comprometimento. Falamos sobre as melhores coisas em Minneapolis e as diferenças de Boston. Falamos sobre o espirito ranzinza da minha chefe e dos clientes que recebíamos. Falamos sobre a carreira de Caitlin — concordávamos que ela ainda faria muito sucesso — e o novo emprego, previsível, de Ryan. Falamos sobre o relacionamento repentino dos dois e como, no fim das contas, eram um casal bonitinho. Falamos sobre uma infinidade de assuntos banais, e em nenhum momento, sobre nós dois. Ele não perguntou do meu relacionamento com Rafael, e eu não mencionei Annelise. Me cocei para perguntar se ele havia me trocado por ela e em que ponto isso nos deixava agora. Mensurei quantas garotas haviam passado por sua vida — ou cama — enquanto ele estava longe. Quis saber se não sentira minha falta em algum momento, ou se não lhe perturbava mais me ver chorar. Tantas questões sacrificadas por uma conversa aparentemente civilizada que ambos parecíamos precisar. O tempo todo permanecemos distantes, pelo que minhas memorias entregavam. Eu estava furiosa com sua insensibilidade, mas, pensando na cena que me deparei ao acordar, nem isso era capaz de me manter longe.
Calcei um tênis preto segundos antes de sair do banheiro. Planejava seguir direto para a sala quando vi meu celular se iluminar no meio da cama.
Tive um estalo.
Caleb e Hanna!
Peguei o aparelho só para ver o monte de mensagens e ligações deixados por eles de novo.
“Você não está no apartamento. Já saiu para trabalhar?”
“A galeria ainda não abriu, estamos te esperando aqui na frente.”
Contive a vontade de jogar o celular na parede e dar um ataque de histeria. Se eles soubessem que apenas estavam me dando mais trabalho...
Fora do quarto, o cenário era quase cômico. Os quatro estavam vestidos, na sala, em extremidades diferentes, empenhados em não conversar. Achei estranho que eu fosse a pessoa que menos odiavam ali, geralmente era o contrário. Me senti uma espécie de cola ambulante quando todos me olharam parcialmente aliviados. Rafael não fazia parte do time, mas eu ainda teria a missão de unir os outros três.
— Deixei que você apresentasse sua proposta para os dois — Justin me disse com um quê de “boa sorte”.
Assenti e coloquei as mãos na cintura, a postura ereta de Mulher-Maravilha tanto para mim quanto para eles acreditarem na convicção de minhas palavras.
Pigarreei.
— Justin e eu... — não se atreva a sorrir por essa frase boba, Faith Evans — Justin e eu vamos conversar com Maya, depois, vamos para a empresa e eu vou entrar na sala de George — Ryan deixou escapar um murmúrio descrente — Caitlin e Ryan vão deixar Rafael na galeria e pegar Caleb e Hanna. Se quiserem, podem nos esperar aqui na cabana mesmo ou dar uma... — quase perdi a firmeza com as expressões intrigadas e furiosas na minha direção — volta pela cidade.
Ryan quase não me esperou terminar.
— Meu Deus, filha, o que você tem na cabeça?! Miolos que não são. Espera mesmo entrar na sala de George e me deixar de fora da festa?
Justin só levantou uma sobrancelha para mim, retificando tacitamente.
— Você acha que só seus planos são bons? Não tem essa de estar fora da festa. Vocês vão cuidar de Hanna e Caleb para mim.
— E como a Megamente espera entrar na sala de George?
— Do mesmo jeito que Justin faria. Ele me passa as técnicas e eu estarei lá. Dúvida da minha capacidade?
— Ninguém entra na sala de George sem ser convidado.
Demorou um pouco para cair minha ficha. Lancei um olhar violento para Justin.
— Você estava pensando em bater um papinho com George?
Ele inclinou a cabeça um pouco para o lado inocentemente, como se não houvesse mais alternativa.
— E você concordou com isso? — repreendi Ryan — Vocês são doentes ou o quê? Sorte que algum de nós pensa. Eu conversarei com George.
Tremi por dentro, apesar de falar com tanta eloquência. Não havia coragem em meu corpo, renovada ou não, que fosse capaz de apagar o “receio” que eu tinha daquele homem. George se portava como o dono do mundo, pegava o que queria, descartava o que não lhe era útil, simples assim.
— Nenhum de vocês pensam — Caitlin se manifestou antes de dar uma olhada rápida para um Rafael bem atento — Eu sou a única pessoa que George não odeia, tenho mais chances do que qualquer um aqui.
George não impediria que entrássemos, agora, sair era uma conversa bem diferente.
— Vai sonhando — Ryan e Justin falaram juntos.
Ficamos naquele impasse, nos entreolhando por segundos inteiros.
— Posso oferecer minha ajuda? — Rafael disse.
Fiz um breve sinal negativo com a cabeça, os outros o ignoraram.
— Meu plano está ótimo. Vamos de uma vez.
Eles não me deram crédito.
— Eu não vou ficar de babá.
Justin respirou fundo devagar e estalou os dedos.
— Ryan e Caitlin, para a galeria. Faith, vamos.
Não tive tempo de dar um sorriso presunçoso e surpreso por ele ter concordado comigo.
— Até porque da última vez que te demos ouvidos deu tudo certo — Caitlin ironizou.
— Tecnicamente, deu. Agora só preciso colocar o ponto final.
Para ele a ferida emocional não parecia ser tão relevante quanto a física. Então, sim, tecnicamente fomos bem-sucedidos. Tecnicamente deveríamos estar gratos por esses últimos meses sem sua presença. Tecnicamente, eu também podia esfolar seu rosto no asfalto quente do Rio de Janeiro.
— Da última vez vocês não quiseram ouvir minha opinião. — Olhei para cada um deles — Nenhum de vocês. E olha onde viemos parar. Agora, o problema é meu de novo, e a decisão também deveria ser, ao menos uma vez na vida, minha. Eu posso arcar com as minhas consequências. Mas não vou ser obrigada a lidar com a de vocês de novo.
Não me senti tão bem por jogar parte da culpa do inferno que passei nas costas de Ryan e Caitlin — apesar de não ter mentido em nada do que disse —, mas os resultados foram os que eu esperava.
Minutos depois, Justin me entregava uma sacola parda de rosquinhas e dois cafés. Foi sua ideia passar no Drive Thru para comprar café da manhã. Parecíamos uma espécie de dupla dinâmica para o crime, ou policiais locais dos filmes.
Ele me esperou estar com a boca cheia para falar.
— Você não está esperando que vai falar com Maya sozinha, certo?
Estava mesmo bom demais para ser verdade.
— Eu vou — respondi abafado através da rosquinha triturada, vagamente me lembrando de uma época em que eu levaria um tapa de Eleanor por isso.
Sua cabeça fez um sinal negativo.
— Eu vou junto. Ficarei quieto, prometo.
Olhei séria para ele. Mesmo sem me ver, ele sentia minha desaprovação. Então, já sabendo qual era minha preocupação, se inclinou sobre o câmbio e abriu o porta-luvas. Me encostei no banco o máximo que podia.
Justin tirou uma touca preta de lá e estendeu na frente dos meus olhos. Investiguei o tecido antes do som ser produzido no fundo da minha garganta. Não pude evitar, eu estava mesmo rindo. E, surpreendentemente, aquilo não me pareceu estranho como o era ultimamente.
Justin me olhou com receio.
— O que você está esperando fazer com isso? Assaltar um banco? — eu disse, rindo outra vez.
Ele estreitou os olhos.
— Como você espera que eu não seja reconhecido?
— Se pensasse em você disfarçado, imaginaria uma coisa mais Batman, com aquele modificador de voz e tudo.
— Dois chifres, uma capa e a cueca por cima da calça? Não, obrigado.
Só precisou de meio minuto para o carro explodir com nossas gargalhadas oriundas da projeção que fazíamos do seu figurino. Eu podia imaginá-lo perfeitamente vestido de Batman. O destaque que a máscara daria para sua boca não o deixaria tão patético afinal.
— Batman também é meio sombrio, você não pode discordar.
— Tudo bem, mas sejamos um pouco justos e arrumemos alguém para você ser também.
Não precisei pensar.
— A Mulher-Maravilha, com certeza.
Com o rabo de olho, ele me varreu de cima a baixo. Depois, tentou não sorrir.
— Concordo, mas não é o que eu chamaria de justiça. Não tem nada cômico em te imaginar com aquela roupa.
Disfarcei a satisfação particular redirecionando novamente a atenção.
— Você não ficaria tão ruim assim de Batman.
Sempre pensei que a voz do Batman interpretado por Christian Bale me dava certos arrepios. Justin não precisava ao menos engrossar um pouco ela.
— "Para controlar o medo você precisa se tornar o medo" — ele disse grave, recitando um dos personagens do filme.
— É isso o que estou dizendo.
Estacionamos em frente a casa de Maya conforme as instruções que eu dera. Da última vez que estive aqui, ela saíra para trabalhar bem depois das sete, e faltavam exatamente dez minutos para às oito. Eu queria descer e conferir o portão branco, mas Justin me fez mandar uma mensagem primeiro.
“Vamos conversar” Enviei.
Quase imediatamente, ela respondeu.
“Naquele mesmo pub. 18:30”
— Ela está na retaguarda. Seja pelo motivo que for. É oito ou oitenta. Pode ser extremamente inofensiva ou nociva. Mas se quer um lugar público, não deve estar planejando muitas coisas — Justin pensou alto — Mesmo assim, não gosto da ideia dela escolher o lugar e a hora. Com um intervalo tão grande de tempo, consegue adaptar o encontro da maneira que quiser.
— Mas, como você disse, não há problema por ser em um lugar público.
— É mais complicado. Só que dependendo do treinamento dela, não faz tanta diferença ter público ou não.
— Para você faz?
Alguma emoção passou por seus olhos.
— Não.
Eu tinha certeza de que Justin já havia se tornado o próprio medo há muito tempo. Me vi pensando em quantas pessoas ele feriu aos olhos de muita gente.
— Marque com ela no shopping, no mesmo lugar da última vez, hora do almoço.
Automaticamente, meus dedos já digitavam a mensagem, quando me toquei da tamanha familiaridade com que ele dissera aquilo.
— Última vez? — sondei sua expressão.
Aquele mesmo músculo de tensão saltou em seu maxilar.
— Como ficou sabendo?
Ryan podia simplesmente ter lhe dito, mas, somando isso ao fato deles terem trocado de veículo hoje, me gerava algumas dúvidas. Quando Ryan me pegou no shopping terça-feira com um porshe preto, eu havia pensado imediatamente em Justin. Claro, seu antigo veículo fora tomado pela Companhia, porém, ele podia ter assumido uma espécie de paixão pelo modelo a ponto de querer outro igual. E eu não tirava da cabeça aquela alucinação na praça de alimentação do menino com um balão em formato de avião passar na frente da minha visão.
Ele abriu a boca para responder. Reformulou o planejado, e tentou de novo, contrariado:
— Eu meio que... estava lá — alguma coisa em minha expressão fez com que continuasse falando — Ryan queria conversar com Annelise pessoalmente, perto do shopping, mas não podíamos te deixar sozinha, então eu fiquei te vigiando para o caso de ocorrer algum problema. Acabei me descuidando e você me viu... então tive que sumir, e quando te procurei de novo, estava com problemas com Maya. Me segurei para não intervir enquanto chamava Ryan, mas se ela chegasse um pouco mais perto... Só que você conseguiu se virar sozinha. Dei as chaves para Ryan e o resto você sabe. Voltei para conferir que seu amigo ficaria bem, e depois ela sumiu, caso contrário, a cabeça dela seria encontrada do outro lado da cidade.
Parei os trilhos dos meus pensamentos quando vi que estava prestes a me culpar por não vê-lo antes. Se eu não tivesse me defendido, ele entraria em cena.... A culpa era apenas dele. A escolha era dele. Eu não podia fazer isso comigo mesma. Justin escolheu me deixar. Me perguntei se ele viu a desolação arder em meu rosto quando ele sumiu atrás do balão e se sentiu alguma empatia com isso. Provavelmente não, para a segunda sentença.
Olhei pela janela, o queixo duro.
— Por que não podemos invadir? — apontei para a casa.
Ele demorou um pouco para aceitar a mudança brusca de assunto.
— Hm, não sabemos como é o perímetro.
— Podemos estudá-lo agora.
— Não sabemos o que há lá dentro.
Me voltei para ele.
— Sinceramente, isso já foi capaz de te impedir antes?
Ele estava na defensiva.
— Não, mas não vou arriscar sua segurança.
Revirei os olhos.
— Podemos resolver o problema com o contrato agora, Maya não é uma prioridade. Você pode conversar com ela no almoço, não há pressa.
Não respondi, fingindo estar interessada numa senhora com roupa esportiva laranja florescente caminhando com um labrador esbaforido. Ele lutava a todo custo contra a coleira para correr em liberdade. Me identifiquei com ele de tal modo que quase desci do carro e o libertei das mãos frágeis da senhora.
— Faith, por favor.
Não olhei para sua cara impecável de persuasão, já era o bastante ouvir sua voz melodiosamente doce pronunciar meu nome daquela maneira para me convencer.
— Você ao menos planeja me deixar entrar na sala de George?
Houve uma pausa.
— Você tem que ouvir meu ponto de vista...
Abri a porta do carro, jogando minhas pernas para fora. Eu não sabia se teria coragem de fazê-lo se não soubesse que ele viria atrás de mim, mas no momento, não me importava. Toda a questão se resumia a mim, e eu o faria entender isso por bem ou por mal.
— Faith... — ele chamou logo após abrir a porta.
Não cheguei a dar um passo e o zumbido do portão de Maya ganhou vida. Antes que o portão pudesse se mexer mais de dois centímetros, as mãos de Justin agarraram meus braços. Em um segundo, eu estava batendo as costas contra a lataria do carro, Justin armava um cerco protetor a minha volta, os olhos tensos fixos nos meus. Não respiramos.
— J, você conhece uma coisa chamada celular ou está muito ocupado acrescentando mais um nome no seu livro de conquistas?
Nos viramos para a Annelise bem-humorada dentro da propriedade de Maya, seu sorriso cínico de um gloss melequento chegava a brilhar no sol para apresentar a façanha de ter invadido antes de nós. Ela deitou a cabeleira loura para ver atrás de Justin, me localizando, mas eu duvidava que não houvesse me visto antes.
— Ah, oi, Evans.  

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